quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Comandante Rolim: uma entrevista no ar

Rolim Adolfo Amaro nasceu no dia 15 de setembro de 1942, em Pereira Barreto (SP) e morreu no dia 8 de julho de 2001, aos 59 anos, em acidente com helicóptero.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

De certa forma eu já era figurinha conhecida entre os passageiros da TAM, particularmente no voo Marília-São Paulo-Campo Grande. Nas datas festivas ganhava todos os brindes possíveis e imagináveis, sorteados na ida... e na volta. Sendo de Marília, conhecia bem a história da TAM.

Naquela época a empresa aérea patrocinava o São Paulo Futebol Clube. Como corinthiano não perdi a piada quando me encontrei com o Comandante Rolim, no portão de embarque de Congonhas, como ele costumava fazer para recepcionar seus clientes no tapete vermelho.

- Parabéns, Comandante! Feliz em poder te encontrar aqui e saber que essa história que você acorda cedo para receber seus passageiros é verdadeira - disse ao dono da TAM - que significava Transportes Aéreos Marília - cidade onde ele começou seus negócios.

Rolim perguntou meu nome e de onde era. Quando soube que vinha da sua antiga base curioso quis saber sobre a cidade, falou de seus amigos e me desejou uma boa viagem.

Porém, antes de entrar pelo portão fiz uma pergunta que o deixou curioso e surpreso:

- O ar condicionado das suas aeronaves foram trocados por novos?
- Não! Por que? - respondeu indagativo.
- Eles estão bem mais frescos - afirmei com um sorriso provocativo e olhando para o avião que ostentava um gigantesco símbolo do SPFC.

O Comandante Rolim olhou para a aeronave... e, três segundos depois, gargalhou com a brincadeira.
- Que maldade! - exclamou, rindo.

Entrevista no ar

Em 1979 a TAM abriu uma linha regional em Lins e o voo inaugural foi comandado pelo próprio Rolim. Para comemorar o evento, como rádio repórter, fiz uma surpresa aos ouvintes: transmiti, ao vivo, uma entrevista com o dono da TAM enquanto ele pilotava a aeronave Bandeirante, sobre a cidade.

- Confesso que estou emocionado porque é a primeira vez que sou entrevistado, ao vivo, enquanto piloto minha própria aeronave.

O comandante falou de seus projetos regionais e o sonho de inaugurar os voos internacionais, o que só ocorreram por volta de 1995.

A Táxi Aéreo Marília nasceu em 1961 criada por um grupo de dez jovens pilotos. Em 64 Rolim tornou-se um dos funcionários. Em 1966 Rolim deixou a TAM mas, dez anos depois, foi convidado a voltar para a empresa então comandada por Orlando Ometto, como sócio minoritário. Em 1970 foi criada a Transportes Aéreos Regionais e, cinco anos depois, Rolim se tornou único dono.

Em 80 inaugurou os serviços com o Fokker F-27 e, em 89, com os jatos F-100. Em 95 iniciou os voos internacionais com os Airbus 330-220.

sábado, 19 de dezembro de 2015

Educação na Finlândia despenca: de primeiro para 12º no Pisa

Método phenomenon learning: estudantes decidem o que aprender

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Por volta do ano de 2000 a Finlândia atingiu seu ápice na educação e passou a ocupar a disputada posição de primeiro lugar no PISA, um programa internacional de avaliação de estudantes mantido pela Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico. A cada três anos o PISA avalia estudantes na faixa dos 15 anos de idade em mais de 73 países. Até 2012 eram 65.

O modelo finlandês, na época, aplicava exames obrigatórios, mantinha supervisores em salas de aula e impunha um programa rígido na formação de professores. Mais tradicional e sem invencionices pedagógicas, a educação finlandesa tornou-se referência mundial.

Mas o processo começou a ser prostituído com ideias formatadas nos mofados ambientes acadêmicos onde prevalecem teorias pedagógicas de concessão total de liberdade aos estudantes que decidem o que querem aprender. O professor, no método denominado "phenomenon learning", não tem mais controle do processo de aprendizagem, agora nas mãos dos alunos. Os defensores do método apostam que os estudantes devem ter papel ativo no planejamento, pesquisa e avaliação do processo.

Sala tradicional em escola da Finlândia

Para Marjo Kyllonen, um tipo de secretário da educação de Helsinque, "o método tradicional que divide matérias diferentes não está preparando as crianças para o futuro". Segundo ele "as crianças, no futuro, precisarão de uma capacidade de pensamento transdisciplinar, olhar os mesmos problemas a partir de perspectivas diferentes e usando ferramentas diferentes". Na verdade os professores perderam o controle sobre seus cursos e concedeu-se liberdade para que os estudantes "digam o que querem aprender".

A implantação do "phenomenon learning" já tem 3 anos mas as ideias vem sendo implantadas, de verdade, faz uma década. Neste período a Finlândia caiu na avaliação do PISA.

Estudantes criticam o método, embora considerem diferente e divertido. "Espero que isso não dure o ano inteiro porque o método tradicional cumpre bem sua função" - disse um aluno de Hensinque.

Depois da introdução de novos processos na educação do país (fim da avaliação, por exemplo) a Finlândia despencou na avaliação internacional: de primeiro  lugar em 2000, despencou para o 12º (matemática) em 2013.

PISA 2012
Desempenho dos países em matemática


1. Xangai (China) 613 pontos
2. Cingapura 573 pontos
3. Hong Kong (China) 561 pontos
4. República da China 560 pontos
5. Coreia 554 pontos
6. Macau (China) 538 pontos
7. Japão 536 pontos
8. Liechtenstein 535 pontos
9. Suíça 531 pontos
10. Holanda 523 pontos
11. Estônia 521 pontos
12. Finlândia 519 pontos

13. Polônia 518 pontos
14. Canadá 518 pontos
15. Bélgica 515 pontos
16. Alemanha 514 pontos
17. Vietnã 511 pontos
18. Áustria 506 pontos
19. Austrália 504 pontos
20. Irlanda 501 pontos

(O Brasil classificou-se em 58º lugar, entre 65 países avaliados em matemática)

PISA 2012
Desempenho dos estudantes em leitura

1. Xangai(China)  570 pontos
2. Hong Kong (China) 545 pontos
3. Cingapura   542 pontos
4. Japão   538 pontos
5. Coreia   536 pontos
6. Finlândia   524 pontos
7. Canadá   523 pontos
8. República da China  523 pontos
9. Irlanda   523 pontos
10. Polônia   518 pontos
11. Estônia   516 pontos
12. Liechtenstein  516 pontos
13. Austrália   512 pontos
14. Nova Zelândia  512 pontos
15. Holanda    511 pontos
16. Macau (China)  509 pontos
17. Suíça    509 pontos
18. Bélgica   509 pontos
19. Vietnã   508 pontos
20. Alemanha   508 pontos

(O Brasil classificou-se em 55º lugar, entre 65 países avaliados em leitura)

PISA 2012
Desempenho dos alunos em ciências

1. Xangai (China) 580 pontos
2. Hong Kong (China) 555 pontos
3. Cingapura   551 pontos
4. Japão   547 pontos
5. Finlândia   545 pontos
6. Estônia   541 pontos
7. Coreia    538 pontos
8. Vietnã   528 pontos
9. Polônia   526 pontos
10. Liechtenstein  525 pontos
11. Canadá   525 pontos
12. Alemanha   524 pontos
13. República da China 523 pontos
14. Holanda   522 pontos
15. Irlanda   522 pontos
16. Macau (China)  521 pontos
17. Austrália   521 pontos
18. Nova Zelândia   516 pontos
19. Suíça    515 pontos
20. Eslovênia    514 pontos

(O Brasil classificou-se em 59º lugar, entre 65 países avaliados em ciências)