quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Ser magro não é sinônimo de saúde

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

O culto pelo corpo magro, sem reservas de gorduras, tem levado muita gente cometer excessos perigosos. Dietas milagrosas podem provocar danos seríssimos e nem sempre ser magro é sinônimo de boa saúde.

Juliene Montez Pedro, nutricionista do Hospital Ana Costa, alerta que "as dietas restritivas fazem mal tanto para as pessoas magras como para as obesas". Para ela, a restrição de algum nutriente não é bom. O ideal é a adequação, diz.

A matéria é uma publicação na página do Hospital Ana Costa que explica ser essencial, não apenas para quem fez dietas, ter uma alimentação saudável e rica em nutrientes. Nem sempre peso baixo significa boa saúde, alerta.

O Dr. Charles Felix Simões, do mesmo hospital, diz que "tanto o excesso de peso como a magreza extrema ou perda rápida de peso são indicadores de que algo pode estar errado com a saúde." Para o endocrinologista as pessoas magras também devem ser avaliadas periodicamente. A perda de peso pode estar associada a anorexia, bulimia, doenças crônicas, renais, hepáticas, autoimunes, HIV, câncer ou doenças gastrointestinais, principalmente se a queda do peso for repentina.

Pessoas que comem muito e não engordam - por questões genéticas - também precisam de uma alimentação balanceada.

Na entrevista ao site a nutricionista lembra que "as pessoas que vivem em dieta, sonham com o peso ideal. Mas nem sempre o peso é o maior problema. Antes de tudo é preciso ser saudável. "Equilibrar saúde e peso é ingerir a quantidade de calorias e nutrientes necessários, adequando proteínas, carboidratos, lipídeos, vitaminas, fibras e atividade física. Sempre acompanhado por profissionais" - afirma.

As dietas restritivas podem fazer mal para quem já é magro?

Juliene: As dietas restritivas fazem mal tanto para as pessoas magras como para as obesas. Quando falamos em restritivas significa a restrição de algum nutriente, quando o correto e o ideal é a adequação.

O magro deve ter uma dieta semelhante às pessoas com peso maior?


Juliene: Quanto a qualidade sim, porém em quantidade não. Primeiramente, devemos avaliar a questão saúde e, se estiver tudo certo, ofertar mais calorias, podendo ser oferecido uma maior quantidade e alimentos mais calóricos. Porém, nunca devemos esquecer da qualidade dos alimentos ingeridos.

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Ovo faz mal? De onde veio essa notícia?

O ovo foi resgatado: viva o ovo!

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza   
Atualizado em 18 de fevereiro de 2022

Todas as vezes que ouço alguém debatendo sobre dietas, lembro-me de duas cenas estúpidas que retratam bem o nível de informação de algumas pessoas e a qualidade jornalística da mídia quando uma repórter diz, numa matéria, que o "ovo é um veneno".

Rolam por aí, também, conselhos que taxam açúcar, sal, arroz, farinha e leite como cinco "venenos brancos" causadores de obesidade e doenças. Não é preciso muito para desmentir essa afirmação irresponsável: o Japão é o país com menor índice de obesidade do mundo e sua alimentação se baseia no arroz. A China, também grande consumidora de arroz e farinha, tem menos obesos que muitos países europeus que restringem esses alimentos em suas dietas. Controlar o uso de sal e açúcar parece ser um bom conselho da medicina porque são alimentos essenciais para o corpo. Ou comer de tudo, moderadamente.

Cena 1: a repórter e o Ovo

Uma repórter da TV Record caminha ao lado de uma nutricionista entre entre bancas de uma feira livre, falando sobre alimentos saudáveis. Entre conselhos sobre a propriedade de alguns alimentos e seus benefícios, elas passam por uma banca de ovos. A repórter faz cara de nojo e gesticula uma expressão de afastamento de algo muito perigoso e comenta:

- Ovos, Deus me livre desse veneno! Nem vamos comentar - afirma a repórter.  - Certamente! - concordou a nutricionista.

Onde está o erro desta cena?
Na afirmação irresponsável da repórter - e no consentimento da nutricionista - condenando um alimento que chamou de veneno. Quantos telespectadores se impressionaram com a cena? Quanto mal fez a repórter ao passar para a audiência do programa que ovo é um veneno?

De onde veio isso?

Certamente ela resumiu seu "conhecimento científico sobre ovos" na publicação de um jornal canadense, de 16 de agosto de 2012, escrita por uja matéria dizia que "Um novo estudo sugere que comer três ovos inteiros por semana pode engrossar tanto as artérias como fumar" (A new study suggests that eating three whole eggs a week can thicken the arteries as much as smoking). O estudo foi conduzido na Western University in Canada

Nesta mesma matéria o Dr. Steven Nissen, presidente do departamento de Medicina Cardiovascular da Cleveland Clinic Foundation, afirmou "que o estudo não deveria ser levado a sério porque é uma pesquisa de baixa qualidade que não deve influenciar as escolhas alimentares do paciente."  Ele fez duras críticas, tal e qual outros cardiologistas também, pela forma como os pesquisadores mediram a placa dos pacientes e que não conseguiram se ajustar a outros fatores dietéticos.

Mas, para leitores de uma matéria só, restou a "verdade" de que o ovo é um veneno. Nem se deram ao capricho de ler o boxe que desmentia a pesquisa.

PS: O ovo contém 13 vitaminas essenciais e minerais, gorduras saudáveis, proteínas e antioxidante.

O pão integral pode conter  calorias de um pão feito com farinha branca. A diferença é que sua digestão é mais demorada e complexa comparada ao pão de farinha branca. Por isso engorda menos.
 




Cena 2: a caloria

No corredor de um supermercado uma criança lê algumas informações numa embalagem de alimento e diz em tom de advertência e muito preocupada:

- Mãe, olha que loucura. Esse produto contém 40 calorias.
A amiga da mãe olha para o menino e elogia:
- Olha que maravilha, tão pequeno e tão inteligente.

De certa forma essa criança aprendeu que caloria é ruim, faz mal, que deve ser evitada. E, certamente, ela ouviu isso de alguém. Mas, na verdade, caloria é energia retirada dos alimentos e bebidas, essencial para o corpo funcionar. Você precisa ingerir calorias suficientes para manter sua BMR (taxa metabólica basal que faz coração, rins, cérebro e todo sistema nervoso funcionar) e repor a energia consumida em atividades físicas e suportar o processo digestivo. Aliás, os bilhões de bactérias que vivem nos intestinos comem grande parte dessas calorias. Caloria é vida!

Só o fígado de um adulto em torno de 70 quilos consome 27% de energia, o cérebro 19%, músculos 18%, rins 10%, coração 7% e 19% de outros órgãos (produção de pele e cabelos, sistema imunológico...). Um bebê utiliza quase 50% do total de calorias no cérebro.

01 caloria = energia térmica suficiente para elevara temperatura de 1 grama de água por 01° centígrado.

Ingerir mais calorias do que seu corpo precisa não é bom mas pode ser menos nocivo que consumir uma quantidade menor de calorias que seu metabolismo necessita. Varia para cada pessoa, dependendo da sua idade, altura, idade, sexo... Estabelecer metas de 2.000 calorias para mulher e 2.500 para homens contraria estudos mais recentes que demonstram que um homem de 1,70m, 40 anos e 70 quilos precisa consumir apenas 1920 calorias diárias, muito menos que as 2.500 recomendadas atualmente.

De cada 10 brasileiros, dois são obesos e seis estão com excesso de peso, diz o IBGE. Com a pregação de que é preciso emagrecer, apela-se pra tudo, inclusive restrição de calorias. O metabolismo desacelera. O organismo entende que o emagrecimento pode provocar falência do sistema e produz mais hormônios que aumentam o apetite além de aumentar o estoque de gordura como garantia de sobrevivência.

terça-feira, 1 de agosto de 2017

O pai é você, não o Estado.


Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Depois de muitos anos, encontrei um amigo das antigas. Rodando de carro, pra mostrar a cidade, rolou papo de todo tipo. Mas a conversa foi bem até passarmos por uma loja do McDonald's. Então meu amigo começou a se lamuriar.

- Tenho ódio quando entro aqui porque passo apertado com meus netos - disse ele, referindo-se a canalhice da venda casada de brinquedos e lanches, que dobram os preços.

Não apenas no Mc Donald's mas dezenas de produtos estampam super heróis em ovos de páscoa e alimentos para crianças. O apelo fomenta as vendas e a comilança, mesmo sem fome. Segundo o IBGE, 15% das crianças brasileiras, entre 5 e 9 anos, estão gordinhas. Isso é argumento mais que suficiente para que os "defensores dos fracos e oprimidos" levantem bandeiras pedindo a proibição dessa prática comercial, realmente nada saudável para crianças... e para a carteira dos pais.

- Será que não tem algum deputado para propor a proibição desse tipo de comércio? - esbravejou ele.

- Esse é o problema - respondi. Os pais, sem autoridade sobre seus filhos, esperam que o Estado crie leis e solucione por eles um problema que eles deveriam resolver - ataquei sem me preocupar em ferir suscetibilidades. Curioso, tenho 4 netos com a mesma idade dos seus e nunca tive problemas com isso - respondi ao seu argumento.

- Como assim? - perguntou, meio incrédulo, desejando descobrir a mágica de como ir ao Mc Donald's sem a preocupação de assistir a um festival de crianças birrentas querendo os ridículos e caros brinquedos. Então, calmamente, expliquei:

- Faz muito tempo, quando eram muitos menores ainda, tive uma conversa séria e rápida com eles. Antes de sairmos para a hamburgueria perguntei-lhes se iriamos comer lanches ou comprar brinquedinhos. E fiz uma proposta: quem quisesse brinquedos ficaria sentado esperando que os outros comessem. E só depois sairíamos pra comprar algum brinquedo estúpido em alguma lojinha de 1,99. Todos escolheram seus lanches preferidos... sem brinquedos. E assim foi ao longo dos anos.  

Contei-lhe que um dos netos, então com 5 anos, tinha elaborado uma "pesquisa de preços" onde comparava que o valor de 200 gramas de um bom chocolate triplicava na forma de ovo de páscoa. "Vô, isso é um absurdo!", disse-me o menino. Ou a recusa de um deles em pagar R$ 20 por duas bolas de sorvetes servidas num festival de Food Truck. Penso que aprenderam a lição.

- Eu não aceito que o Estado controle o que meus filhos e netos devam comer na escola ou no McDonald's. Eu não aceito que o Estado diga o que meus filhos e netos devam ler, que programas devam assistir na tv ou se devo ou não dar palmadinhas na bundinha deles. Os pais é que devem educar seus filhos, criar consciência crítica neles e não ficar esperando que o Estado resolva. É preciso lei para que idosos ou gestantes avancem na fila ou bastaria educação?

Penso que, na verdade, os pais perderam o controle sobre seus filhos e se desmancham em terapias pra aprender dizer um simples não a uma criança mimada. Depois, para não se sentirem frustrados, tentam compensar suas incompetências corrompendo-os com presentes imerecidos convencidos pela frase "todo mundo na escola tem, só eu que não".

Certo dia entrevistei uma psicóloga que me contou ser muito comum que antes de suas palestras sobre relacionamento familiar ser procurada por pais que buscam uma resposta para uma antiga pergunta.

- Hoje mesmo uma mãe, dócil e educada me abordou perguntando "Doutora, diante de um mundo tão complexo, ensine-me como dizer não aos filhos". Eu respondi:
- Não! - Ene, a, til, o! Não! Basta isso.

Os pais toleram demais e a tolerância é a mãe de todas as mazelas. Ao chegarem à idade adulta enfrentarão sérios conflitos de relacionamento em todas as áreas... por não aceitarem um não.

O art. 39 do Código de Defesa do Consumidor (CDC) inciso I deste artigo, afirmando que: “é a prática comercial em que o fornecedor condiciona a venda de um produto ou serviço, à aquisição de outro produto ou serviço”.

Um povo que precisa de lei para permitir que idosos ou grávidas tenham preferência numa fila ou que impeça venda casada de hambúrguer e brinquedo está deixando para o Estado decidir o que é responsabilidade dele. Breve o Estado exigirá seu passaporte de vacina pra ir e vir, escolherá sua futura esposa, decidirá se restaurante coloque saleiro na mesa, o que você almoçará...

domingo, 23 de julho de 2017

O fiasco de Lula

Está cada vez mais claro que o ex-presidente só está mesmo interessado em evitar a cadeia, posando de perseguido político.

O fiasco de Lula

O Estado de S. Paulo
23 Julho 2017 | 03h00

Faltou povo no ato que pretendia defender Lula da Silva, na quinta-feira, em São Paulo e em outras capitais. Apenas os militantes pagos - e mesmo assim nem tantos, já que o dinheiro anda escasso no PT - cumpriram o dever de gritar palavras de ordem contra o juiz Sérgio Moro, contra o presidente Michel Temer, contra a imprensa, enfim, contra “eles”, o pronome que representa, para a tigrada, todos os “inimigos do povo”.

À primeira vista, parece estranho que o “maior líder popular da história do Brasil”, como Lula é classificado pelos petistas, não tenha conseguido mobilizar mais do que algumas centenas de simpatizantes na Avenida Paulista, além de outros gatos-pingados em meia dúzia de cidades. Afinal, justamente no momento em que esse grande brasileiro se diz perseguido e injustiçado pelas “elites”, as massas que alegadamente o apoiam deveriam tomar as ruas do País para demonstrar sua força e constranger seus algozes, especialmente no Judiciário.

A verdade é que o fiasco da manifestação na Avenida Paulista resume os limites da empulhação lulopetista. A tentativa de vincular o destino de Lula ao da democracia no País, como se o chefão petista fosse a encarnação da própria liberdade, não enganou senão os incautos de sempre - e mesmo esses, aparentemente, preferiram trabalhar ou ficar em casa a emprestar solidariedade a seu líder.

Está cada vez mais claro - e talvez até mesmo os eleitores de Lula já estejam desconfiados disso - que o ex-presidente só está mesmo interessado em evitar a cadeia, posando de perseguido político. A sentença do juiz Sérgio Moro contra o petista, condenando-o a nove anos de prisão, mais o pagamento de uma multa de R$ 16 milhões, finalmente materializou ao menos uma parte da responsabilidade do ex-presidente no escândalo de corrupção protagonizado por seu governo e por seu partido. Já não são mais suspeitas genéricas a pesar contra Lula, e sim crimes bem qualificados. Nas 238 páginas da sentença, abundam expressões como “corrupção”, “propina”, “fraude”, “lavagem de dinheiro” e “esquema criminoso”, tudo minuciosamente relatado pelo magistrado. Não surpreende, portanto, que o povo, a quem Lula julga encarnar, tenha se ausentado da presepada na Avenida Paulista.

O fracasso é ainda mais notável quando se observa que o próprio Lula, em pessoa, esteve na manifestação. Em outros tempos, a presença do demiurgo petista com certeza atrairia uma multidão de seguidores, enfeitiçados pelo seu palavrório. Mas Lula já não é o mesmo. Não que lhe falte a caradura que o notabilizou desde que venceu a eleição de 2002 e que o mantém em campanha permanente. Mas seu carisma já não parece suficiente para mobilizar apoiadores além do círculo de bajuladores.

Resta a Lula, com a ajuda de seus sabujos, empenhar-se em manter a imagem de vítima. Quando o juiz Sérgio Moro determinou o bloqueio de R$ 600 mil e de bens de Lula para o pagamento da multa, a defesa do ex-presidente disse que a decisão ameaçava a subsistência dele e de sua família. Houve até quem dissesse que a intenção do magistrado era “matar Lula de fome”. Alguns petistas iniciaram uma “vaquinha” para ajudar Lula a repor o dinheiro bloqueado - e a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, durante o ato na Paulista, disse que “essa é a diferença entre nós e a direita: nós temos uns aos outros”.

Um dia depois, contudo, o País ficou sabendo que Lula dispõe de cerca de R$ 9 milhões em aplicações, porque esses fundos foram igualmente bloqueados por ordem de Sérgio Moro. A principal aplicação, de R$ 7,2 milhões, está em nome da empresa por meio da qual Lula recebe cachês por palestras, aquelas que ninguém sabe se ele efetivamente proferiu, mas pelas quais foi regiamente pago por empreiteiras camaradas.

Tais valores não condizem com a imagem franciscana que Lula cultiva com tanto zelo, em sua estratégia de se fazer de coitado. Felizmente, cada vez menos gente acredita nisso.

Editorial do Estadão

quarta-feira, 15 de março de 2017

Brasil é o país que aposenta mais cedo, no mundo.


Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Em meio a discussão sobre aposentadoria, observa-se muita desinformação - proposital ou não - ignorância, manipulação e falta de raciocínio, por todos os lados. No Brasil a média de idade da aposentadoria foi de 58 anos, no ano passado, uma das menores do mundo. Levou-se em consideração as aposentadorias por idade, tempo de contribuição e invalidez. Considerando as aposentadorias por tempo de serviço a média cai para 54,7 anos e, por invalidez, 52,2 anos.

O que está proposto é aposentar o trabalhador que começa a trabalhar aos 20 anos de idade depois de 45 anos de contribuição, isto é, aos 65 anos tal e qual na maior parte dos países mais avançados segundo a OCDE - Organização para Cooperação ao Desenvolvimento Econômico. México, Coreia do Sul, Chile, Japão, Portugal, Islândia, Israel, Nova Zelândia, Suíça, Suécia, Estados Unidos estão entre 65/72 anos.

Aos 65 anos o homem está velho demais? Pelo menos na iniciativa privada, não. Entre 50 e 75 anos homens e mulheres estão no auge da sua vida profissional produtiva. Então, aposentar alguém aos 50/55 anos me parece um crime hediondo, exceto em casos de doença/invalidez.

O Banco Central da Alemanha está propondo elevar a idade mínima para aposentadoria para 69 anos "para manter o sistema sustentável", justifica. Os norte americanos estão revendo suas planilhas, também. Apesar de rigorosos, o sistema previdenciário americano vai explodir brevemente. Ao contrário do Brasil, lá não existe aposentadoria integral para funcionário público. Lá, os aposentados, servidores públicos e privados, recebem 44% do seu último salário numa fórmula que considera  tempo de contribuição e salário e a média é 65 anos para se aposentar. Em 2018 serão US$ 500 bilhões (R$ 1,4 trilhão) para 44,5 milhões de pensionistas nos Estados Unidos.

No Brasil o déficit prevista para 2016 vai passar de 150 bilhões de reais. Entre os funcionários públicos a média de idade para aposentadoria é de 60,7 anos.

Entre tantas regras existem as "aposentadorias especiais", em muitos casos excrecências que devem ser banidas. Políticos deveriam seguir as mesmas regras mas, o que se vê, são aposentadorias com 4 ou 8 anos de atividade parlamentar, em  alguns casos com inúmeros benefícios perenes pagos pelos cofres públicos.

O problema nem deveria ser a idade mínima da aposentadoria de um trabalhador, público ou privado, mas o valor desses benefícios.

COMPARAÇÃO ENTRE MÉDIA DE IDADE DA APOSENTADORIA DOS HOMENS


País
Média de idade
México
72,3
Coréia do Sul
71,1
Chile
69,4
Japão
69,1
Portugal
68,4
Islândia
68,2
Israel
66,9
Nova Zelândia
66,7
Suíça
66,1
Suécia
66,1
Estados Unidos
65,0
Austrália
64,9
Noruega
64,8
Irlanda
64,6
Canadá
63,8
Reino Unido
63,7
Estônia
63,6
Holanda
63,6
Dinamarca
63,4
República Tcheca
63,1
Eslovênia
62,9
Turquia
62,8
Espanha
62,3
Polônia
62,3
Alemanha
62,1
Grécia
61,9
Áustria
61,9
Finlândia
61,8
Itália
61,8
Eslováquia
60,9
Hungria
60,9
França
59,7
Bélgica
59,6
Brasil
59,4
Luxemburgo
57,6

Fonte: Ministério do Trabalho
e da Previdência Social referente a 2012. Os números referentes ao Brasil são de 2015.

segunda-feira, 6 de março de 2017

O grande temor da oposição

Os apoiadores de Dilma Rousseff almejavam que a força da Constituição não fosse suficiente para sustentar Temer no cargo presidencial e que o discurso repetitivo do golpe maculasse a legitimidade do governo.

Editorial O Estado de São Paulo
06 Março 2017 | 05h00

O grande temor da oposição vai-se tornando realidade: a plena consolidação do governo do presidente Michel Temer. Os apoiadores de Dilma Rousseff almejavam que a força da Constituição não fosse suficiente para sustentar Temer no cargo presidencial e que o discurso repetitivo do golpe maculasse a legitimidade do governo. Nada disso ocorreu.

Da mesma forma como havia ocorrido com Fernando Collor, o impeachment de Dilma Rousseff deixou claro que existe lei no País e que ela vale para todos, também para os que estão no cume da hierarquia do poder público.

A consolidação do governo de Michel Temer vai, no entanto, além da questão meramente institucional. Ela é decorrência direta de um governo que, se não isento de erros, até o momento vem mostrando disposição de acertar. Logicamente, há ainda muito a ser corrigido, começando por retirar do governo pessoas que devem antes prestar esclarecimentos à população e, em alguns casos, à Justiça.

Mas isso não obscurece o fato de que o presidente Michel Temer, como há muito tempo não se via no Palácio do Planalto, está disposto a colocar o Brasil nos trilhos. Sua opção por uma equipe econômica de alta qualidade técnica, sem apegos político-partidários, começa a dar resultados. Ainda há uma longa distância para devolver ao País o dinamismo que ele precisa ter, mas é inegável o empenho para fortalecer os fundamentos macroeconômicos, em especial o equilíbrio das contas públicas. Nesse campo, a aprovação da Emenda Constitucional 95, estabelecendo um teto para os gastos públicos, foi uma vitória da racionalidade e da responsabilidade frente a um populismo que perdurou por longos anos, nas administrações de Lula – especialmente em seu segundo mandato – e de Dilma Rousseff.

Também é verdade que o presidente Michel Temer soube vislumbrar, ainda no exercício provisório da Presidência, que o ajuste fiscal, por si só, não seria suficiente para a retomada do crescimento econômico. Talvez aqui esteja a principal razão da consolidação do seu governo frente às frustradas tentativas da oposição de minguar sua legitimidade – a disposição de Temer de levar adiante reformas legislativas que não são fáceis de serem implementadas e, ao mesmo tempo, são tão necessárias.

Se as reformas previdenciária, trabalhista e tributária representam o grande desafio do governo Temer, já que uma eventual rejeição pelo Congresso põe em risco as conquistas até aqui alcançadas, a disposição de levar adiante essas alterações legislativas é, por sua vez, o grande mérito do governo. Seria, portanto, um equívoco pensar que transigências do Palácio do Planalto na tramitação das reformas facilitariam a trajetória de Temer na Presidência. Concessões nesse campo seriam tão somente derrotas.

Deve-se reconhecer que os acertos do governo de Michel Temer ainda não se refletiram em popularidade. As pesquisas de opinião mostram uma avaliação que, se não chega a ser péssima, está longe de trazer tranquilidade a qualquer governante. De toda forma, a capacidade do governo para aprovar as reformas não depende, nesse momento, de sua popularidade. Manter-se firme na disposição de trabalhar pelo bem do País, sem dispor do conforto de um apoio massivo da opinião pública, é o atual desafio do presidente Temer.

A tarefa de reconstrução do País mal começou. Os desafios são enormes. Basta ver as dificuldades que o governo tem pela frente para aprovar uma tímida, porém imprescindível, reforma da Previdência. Agora, é preciso continuar no mesmo rumo, trabalhando com afinco pelas reformas, e corrigir os equívocos. Não é segredo, por exemplo, que há colaboradores de Temer que, mais do que ajudar, trazem sérios problemas ao Palácio do Planalto. Urge trocá-los.

É justamente essa atuação segura de Temer de que tanto o País necessita e que, ao mesmo tempo, faz a oposição ficar tão alarmada. O PT e seus aliados torciam por uma administração débil e, a cada dia que passa, vão percebendo que o impeachment não trouxe um golpe. Trouxe um governo.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Você dá esmolas na rua?

Esmola vicia e acomoda, diz Içami Tiba.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

"All the lonely people, where do they all come from? Where do they all belong?"

Enquanto dirijo ouço os Beatles e faço algo que adoro: observar as pessoas, suas reações, o que fazem, o que falam. As vezes basta uma frase pra você escanea-la e traçar um perfil, o que pensam, do que gostam. Ou odeiam.

Recentemente passei a observar os esmoleiros que constantemente te abordam nos cruzamentos das cidades. De onde vem, pra onde vão, no que se transformarão essas pessoas?. As vezes apenas imploram esmolas expondo suas chagas. Outros, como um conhecido mudo e surdo da cidade, exploram suas deficiências pra ganhar uns trocados.

Mas surgiram os malabaristas para fazer concorrência. Em cada cruzamento, um show. E mais moedas. O mudinho perdeu espaço, apesar da sua simpatia e os shows se diversificaram. Em Floripa um drogado foi explícito e sincero: - Me arranja 10 porque tô na secura e preciso de um pino, senhor.

Entre tantos, um artista de rua me impressionou: vestindo-se de palhaço mas fazendo-se de policial, só nas expressões, repreendia o motorista infrator, sacava o talão e multava. Depois de algum tempo sugeria uma propina, rasgava a multa - olhando para os lados para não ser flagrado - e pegava e colocava a "propina" no bolso que, de verdade, eram  as moedas que ele recebia pela sua performance. Nem Lula faria melhor, apesar de mestre dos mal feitos.

Mas, afinal, você dá esmola na rua?

Alguns filosofam dizendo que "a indiferença é a forma contemporânea da barbárie". Que é preferível dar porque você estará oferecendo uma oportunidade de crescimento. Outros, como o Içami Tiba, discorda e ataca: Esmola vicia e acomoda. A Care Brasil, Ong que combate a pobreza, diz que "esmola não contribui para transformar a condição de miserabilidade dos pedintes".

E você sabe quanto ganha um surdo/mudo/malabarista/artista/esmoleiro de rua? Vamos as contas?

O ciclo de dois minutos de um semáforo permitirá um minuto de carros esperando num dos lados do cruzamento. Se um esmoleiro conseguir uma moeda de R$ 1,00 por minuto, ele terá R$ 30 numa hora considerando que ele "trabalhe" só de um lado. Em um dia de oito horas de atividades ele receberia R$ 240. Em 22 dias (descanso de sábados e domingos) ele terá arrecadado R$ 5.280. Sem impostos. Compare com seu salário.

Entenderam porque o mudinho nunca quis mudar de vida?

Artistas de asfalto podem ganhar de R$ 100 a R$ 300, por dia.
PS: O artigo 254, do Código de Trânsito Brasileiro, proíbe a permanência de pedestres nas pistas de rolamento, exceto para atravessa-la em local permitido. Não é permitido a utilização da rua para a prática de folguedos, esportes, desfiles e similares, sem licença para tal. É considerada infração cabível de multa.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Semáforos sincronizados

Parar e sair consome mais combustível
e polui mais, além da irritação.
Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Semáforos sem sincronização mais causam problemas do que ajudam. Motoristas se irritam com os chamados ciclos curtos porque param a cada quarteirão.

Frenar e sair é o processo que mais causa consumo de combustível e poluição. Com semáforos sincronizados e com ciclos maiores, o motorista pode andar, em velocidade compatível, maiores distâncias, poluindo e consumindo muito menos. Os modelos matemáticos de otimização de tráfego semaforizado são muitos e são complexos. De uma forma mais simplista, porém, é possível explicar.

COMO SE FAZ?

Para se descobrir o ciclo ideal num cruzamento, baseia-se em alguns fatores, como o fluxo de veículos, por minuto, lombadas, carros estacionados ao longo da vida e largura da rua. Ciclo é o tempo que o semáforo faz numa volta completa nas três cores.

Quanto maior for o tráfego no cruzamento, maior será o ciclo. Decidido o ciclo ideal, busca-se distribuir o tempo verde. Ele será muito maior se o congestionamento for grande num dos lados. Após, procura-se fazer a sincronização entre demais cruzamentos. O ideal é criar o que se chama de "onda verde", onde carros possam "andar um espaço maior", sem interrupção, evitando-se o "para e sai".

EVOLUÇÃO DOS SEMÁFOROS

Primeiros semáforos com o aspecto dos
atuais, 1914 - Cleveland
O modelo de semáforo que conhecemos hoje surgiu em 1914, no começo da primeira guerra mundial, em Cleveland, Estados Unidos. Mas o primeiro no mundo foi instalado na cidade de Westminster, bairro de Londres, em 1868. Mais recentemente surgiram os digitais. Alguns fabricantes de carros introduziram tecnologia que permite ao motorista saber, pelo seu painel, quando o semáforo ficará verde.

Países primeiro mundistas instalam semáforos inteligentes que usam sensores no asfalto que calculam em tempo real o fluxo de cada lado, permitindo ajustar o verde no tempo correto. 

domingo, 29 de janeiro de 2017

O muro de Donald Trump

Bill Clinton começou a construção do muro em 1994. Trump disse que vai termina-lo.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

O anúncio da construção de um muro para separar Estados Unidos e México, feito pelo republicano Donald Trump, causou estrondosa repercussão no Brasil, principalmente na esquerda tupiniquim. Nas redes sociais não faltaram críticas contundentes ao presidente americano eleito, taxado com todos os piores nomes possíveis. e imagináveis.

No LinkedIn um cidadão com jeito moralista e com toda pompa de um desses PC - politicamente correto - lamentou que "isso será um retrocesso social e fraterno". Nos faces da vida uma petista disparou que "uma ideia dessas só poderia vir de uma mente doentia como a de Trump".

O que mais impressiona não é nem o plano proposto do muro, mas a ignorância da esquerda brasileira ou pelo menos que se diz petista, inclusive de muitos professores e dos "intelectuais" ignorantes.

O muro já existe


O muro que Trump diz que vai construir para combater a imigração ilegal, já existe em boa parte da fronteira entre os dois países. São mais de 1.130 quilômetros, cerca de um terço de toda divisa e sua construção começou em 1994, durante o governo do presidente democrata Bill Clinton que havia lançado o programa anti-imigração, denominado "Operation Gatekeeper". Clinton não apenas começou a construção do muro mas instalou forte iluminação, detectores de movimento, sensores eletrônicos e policiamento com visão noturna, vigilância com veículos terrestres e helicópteros. A construção continuou nos governos Bush e inclusive, de Barack Obama, que dobrou o número de vigilantes, ampliou seu comprimento e reformou vários trechos, mais recentemente. O muro já cobre mais de 34% da extensão fronteiriça e Trump disse que vai concluir os mais de 3.200 quilômetros restantes.

Por que separar os dois países?

Negros e brancos americanos perderam empregos com a invasão de imigrantes latinos ilegais. Foi exatamente a promessa de combater duramente a imigração ilegal que convenceu a maioria negra do país a votar em Trump.

Considere que, até então, os negros americanos acompanhavam o Partido Democrata. Michele Obama foi a TV impor que "negros tem que votar nos Democratas, independente de quem seja o candidato". Isso causou revolta  entre eles e nas redes sociais do país explodiram frases do tipo "ninguém vai me obrigar a ficar em senzala", referindo-se ao Partido Democrata e chamando Michelle de "Capitão do Mato". Deu no que deu: Trump recebeu a maior votação dos negros americanos, particularmente na Flórida, berço democrata.

Muros foram construídos, ao longo da história, em varias regiões, por questões de segurança, como o Muro da China (21.196 quilômetros) contra a invasão dos bárbaros mongóis, de Israel (760 quilômetros) receiando a chegada de terroristas árabes ou o de Berlin, já derrubado, construindo pelos comunistas para separar ideologias.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Não esperem milagres dos novos prefeitos.

A bomba relógio: a crise instalada pelo petismo explode no colo dos prefeitos

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

A frase "o brasileiro não tem memória" parece ser correta. De repente todos se esqueceram que o país vive sua mais grave crise econômica e institucional - instalada pelo governo petista - e passam a creditar aos novos prefeitos a obrigação e o dever de resolver todas as mazelas que não lhes cabe.

Basta ouvir as manifestações de puro otimismo vindas das quase 5 mil e 500 cidades brasileiras que empossaram seus novos prefeitos e o tamanho da confiança que depositaram neles. Em alguns casos, específicos, até com razão. Mas, na maioria, os governantes municipais eleitos e ungidos como salvadores da pátria viverão os mesmos efeitos da maior crise econômica instalado no país e suas consequências, vividas pelos anteriores, sem por ou tirar. Com certeza, até pior.

Ao apostar que um prefeito possa mudar a paisagem econômica da sua cidade é esquecer que o Brasil está em falência, inflação alta e PIB baixo graças a irresponsabilidade de Lula, Dilma e petistas idiotizados por ideologias que fracassaram no mundo inteiro. E o fundo do poço ainda não chegou. O índice de desempregados aumentou e a atividade industrial não reage. Como um prefeito conseguirá fomentar a economia da cidade diante desse quadro? Sequer os repasses federais e estaduais tem chegado aos municípios e, quando chegam, vem com atrasos imensos. Milagres em economia, não existem. Portanto, não esperem milagres dos novos prefeitos.

Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional de Municípios, diz que os prefeitos eleitos enfrentarão um “cenário terrível” causado pela crise financeira mesmo que reduzam seus quadros de funcionários - geralmente inchado por compromissos com as coalizões eleitorais - como as mais de 45 mil secretarias municipais. “Se os prefeitos deixarem os partidos indicarem ocupantes de cargos, o colapso é garantido”, afirma ele.

Cerca de 77,4% dos municípios brasileiros, dos 3.155 que informaram o seu quadro financeiro ao Tesouro Nacional, estão no vermelho. A informação é da Confederação Nacional dos Municípios divulgada em agosto deste ano. Cerca de 402 prefeituras do Estado de São Paulo registraram déficit e no Rio Grande do Sul, 371 cidades. Mais de 576 prefeituras atrasaram salários. O quadro do trimestre final de 2016 foi de catástrofe considerando que houve queda violenta na arrecadação tributária sem contar que o Fundo de Participação dos Municípios em 2016 tinha previsão de R$ 100 bilhões e não chegará a R$ 80 bilhões. Os custos municipais com a previdência dos funcionários aumentaram quase 14% entre 2014 e 2015 enquanto as receitas subiram apenas 6,81% em cidades acima de 200 mil habitantes.

Com a PEC dos Gastos já funcionando neste ano, os novos prefeitos terão que demitir e reduzir os serviços prestados à população ao nível mínimo. Portanto, diante de um quadro nacional de catástrofe econômica, poucas alternativas restarão aos novos prefeitos. Michel Temer - o que segurou a escada para os ladrões e não objetiva candidatura nas próximas eleições - toma medidas antipopulares tentando ficar para a história como o presidente das reformas da previdência, trabalhista, tributária e política, essenciais para o Brasil sobreviver. A PEC do teto de gastos foi o começo. Mas até os resultados chegarem, vai tempo.

Pelas redes sociais soam infantis, quase ridículas, as manifestações de esperanças que parte da população deposita nos novos prefeitos sob o argumento que o anterior não fez porque não quis. O novo também não fará ou pouco conseguirá, com certeza. E não deverá ser culpado por tal.

sábado, 24 de dezembro de 2016

Jesus não era bonito


Imagem de como seria Jesus baseado em pesquisas de cientistas forenses: um judeu comum

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

A publicação divulgada por um grupo de cientistas forenses em 2001 e que mostrou como seria realmente a imagem de Jesus, causou muitas críticas entre os cristãos que se acostumaram a concepção de um Cristo caucasiano, olhos verdes e cabelos longos e lisos. Relatos bíblicos de Isaias, entretanto, profetizavam que Jesus "não tinha beleza nem formosura e olhando nos para ele, nenhuma beleza víamos para que o desejássemos... (Is.53.2b). Exceto nessa passagem, não há na bíblia referência maior sobre sua aparência.

Essa ausência permitiu aos pintores renascentistas criarem a imagem de Cristo conforme sua concepção de beleza, no caso, retratado como um caucasiano. No cinema, Jesus só foi interpretado por atores altos, brancos e de cabelos lisos. Mas Jim Caviezel, que estrelou Jesus no filme de Mel Gibson, teve seus olhos azuis alterados por lentes castanhas.

A nova concepção científica mostra Jesus como um judeu de pele escura, como qualquer outro homem da região, de aparência comum, baixo (entre 1:55m a 1:65m), cabelos duros e curtos e rosto marcado. O pesquisador britânico Richard Neave, especialista em ciência forense, usou três crânios do século 1 para compor a imagem aproximada do rosto de Jesus. O processo foi elaborado por softwares 3D de modelagem.

Mosaico do século 5 encontrado no Mausoléu Gala de Placídia,em Ravena, Itália: Jesus sem barba

Em 1 Coríntios 11:14 o apóstolo Paulo questiona: "Ou não vos ensina a mesma natureza que é desonra para o varão ter cabelo crescido?" Acredita-se, então, que Paulo não falaria em desonra de homens com cabelos longos se Cristo os tivesse também. Já no século 3 Jesus era representado em pinturas sem barba e com cabelos curtos. Dois séculos após ele já aparecia de barba e cabelos longos, como os imperadores bizantinos e, na Itália, parecido com os nobres brancos, cabelos dourados e olhos claros.

O mesmo Isaias profetizou qual seria a aparência do filho de Deus antes da sua crucificação, após os açoites: "...sua aparência estava tão desfigurada, que ele se tornou irreconhecível como homem; não parecia um ser humano" (Isaías 52:14).

"The Passion of The Christ", filme de Mel Gibson, retrata fielmente os últimos momentos de Jesus e as pesquisas são puramente o evangelho. O filme mostra como realmente foi violenta a agressão que sofreu antes da crucificação. Portanto, próximos dos relatos bíblicos.

Em Mateus 26:67 e 27:30 (Então cuspiram-lhe no rosto e lhe davam murros, outros o esbofeteavam / E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana e batiam-lhe com ela na cabeça) indicam que Cristo foi severamente machucado: "Sua aparência era tão terrível que as pessoas olhavam para Ele com espanto." Por retratar a realidade bíblica, o filme de Gibson foi recusado pelas grandes produtores americanas e, mesmo pronto, bancado pelo ator, as maiores distribuidoras não aceitaram o serviço. O filme foi considerado antissemita.

The Passion of The Christ", fontes bíblicas retrataram a realidade do sofrimento de Jesus

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Roberto Carlos tem perna mecânica?

Por Edson Joel Hirano kamakura de Souza

Faz algum tempo que troquei alguns comentários com Nery Porchia - vice reitor da Unimar por muitos anos - pelo Facebook, sobre a época que ele trabalhou para o Grupo Silvio Santos. Nery coordenava a equipe que organizava e realizava feiras agro-pecuárias, por todo país. Foi nesse período, na feira de Tupã, que o conheci e, junto com ele, o Leon Abravanel, o Leo Santos, irmão do Silvio.

O Leo era grandão e despachado, cara do irmão. Ele apresentava um programa de televisão veiculado nos estados do nordeste. Lá o Silvio Santos era conhecido como irmão do Leo. Ele mesmo fazia questão de contar.

Um dia descobri, no parque da feira, que o Leo tinha uma perna amputada e usava uma prótese mecânica. Ele tinha convidado muitas garotas para brincar e eu, sem saber, chamei todas para o tobogã. Elas subiram comigo. Menos ele, que ficou amuado, encostado na grade nos vendo divertir. Quando quis saber por que ele não subira foi que percebi a gafe que dei. Ele arregaçou a calça mostrando sua perna mecânica e, falando um palavrão, me perguntou "como eu vou descer no tobogã assim".

O Nery me contou que um dia, num elevador lotado, o Leo perguntou ao Roberto Carlos, em voz alta, qual era a marca da perna mecânica dele e ficou comparando as vantagens das próteses de cada um. Roberto, falando baixinho, se limitava a pedir para o Leo parar com aquele papo. Na Feira do Zebu, em Uberaba, jogaram o Leo na piscina, sem a perna. E depois, a perna mecânica.

O despachado Leo nunca fez questão de esconder que usava uma prótese, ao contrário de Roberto Carlos que pediu a proibição de uma biografia não autorizada escrita por Paulo Cesar Araújo - Roberto Carlos em Detalhes - que narra o acidente que amputou sua perna direita, ainda criança, num acidente com uma locomotiva no dia 29 de junho de 1947.

Durante 16 anos Araújo pesquisou a vida do cantor e seu livro foi proibido pela justiça sob alegação de invasão de privacidade. Mais recentemente vários "artistas" apoiaram a ideia da proibição de biografias não autorizadas.

O jornal Notícias Populares, há 30 anos, também sofreu pressão para cessar matérias relativas ao acidente. Mas o fato é que Roberto continua se negando a falar sobre um tema conhecido de todos. O livro de Araújo narra esse episódio.

"Naquele dia, Cachoeiro amanheceu sorrindo e em festa para saudar o seu santo padroeiro que, segundo a Igreja Católica, foi morto e crucificado nessa data em Roma, durante o reinado do imperador Nero, no ano 65 d. C. Era feriado na cidade, dia de desfiles, músicas, bandeiras, discursos, ruas cheias de gente e muita alegria. (…)

Como tantas outras crianças da cidade, naquele dia Roberto Carlos saiu cedo e animado de casa para assistir aos festejos. Era tanta badalação que muitos pais preparavam roupa nova para os filhos estrearem justamente nesse dia. Por isso Zunga (como Roberto era chamado na infância) estava ainda mais contente, porque iria desfilar com os sapatinhos novos que ganhara na véspera. E qual criança não fica feliz ao ganhar uma roupinha ou um novo par de sapatos? Logo que saiu à porta de casa, Roberto Carlos se encontrou com sua amiga Eunice Solino, uma menina da sua idade, que ele carinhosamente chamava de Fifinha. (…)

Pois naquela manhã os dois desceram mais uma vez juntos em direção ao local dos desfiles. Ao chegarem num largo, logo abaixo da rua em que moravam, já encontraram todos em plena euforia. Desfiles escolares, balizas e muitos balões coloriam o céu do pequeno Cachoeiro, ao mesmo tempo em que locomotivas se movimentavam para lá e para cá. Construída na época dos barões do café, no século XIX, quando a cidade era um paradouro de trem de carga, a Estrada de Ferro Leopoldina Railways atravessava Cachoeiro de ponta a ponta.

Por volta de nove e meia da manhã, Zunga e Fifinha pararam numa beirada entre a rua e a linha férrea para ver o desfile de um grupo escolar. Enquanto isso, atrás deles, uma velha locomotiva a vapor, conduzida pelo maquinista Walter Sabino, começou a fazer uma manobra relativamente lenta para pegar o outro trilho e seguir viagem. Uma das professoras que acompanhava os alunos no desfile temeu pela segurança daquelas duas crianças próximas do trem em movimento e gritou para elas saírem dali. Mas, ao mesmo tempo em que gritou, a professora avançou e puxou pelo braço a menina, que caiu sobre a calçada. Roberto Carlos se assustou com aquele gesto brusco de alguém que ele não conhecia, recuou, tropeçou e caiu na linha férrea segundos antes de a locomotiva passar.

A professora ainda gritou desesperadamente para o maquinista parar o trem, mas não houve tempo. A locomotiva avançou por cima do garoto que ficou preso embaixo do vagão, tendo sua perninha direita imprensada sob as pesadas rodas de metal. E assim, na tentativa de evitar a tragédia com duas crianças, aquela professora acabou provocando o acidente com uma delas.

Diante da gritaria e do corre-corre, o maquinista Walter Sabino freou o trem, evitando consequências ainda mais graves para o menino, que, apesar da pouca idade, teve sangue-frio bastante para segurar uma alça do limpa-trilhos que lhe salvou a vida. Uma pequena multidão logo se aglomerou em volta do local e, enquanto uns foram buscar um macaco para levantar a locomotiva, outros entravam debaixo do vagão para suspender o tirante do freio que se apoiava sobre o peito da criança. Com muita dificuldade, ela foi retirada de debaixo da pesada máquina carregada de minério de ferro. “Eu estava ali deitado, me esvaindo em sangue”, recordaria Roberto Carlos anos depois numa entrevista. Mas naquele momento alguém atravessou apressado a multidão barulhenta e tomou as providências necessárias. “Será uma loucura esperarmos a ambulância”, gritou Renato Spíndola e Castro, um rapaz moreno e forte, que trabalhava no Banco de Crédito Real.

Providencialmente, Renato tirou seu paletó de linho branco e com ele deu um garrote na perna ferida do garoto, estancando a hemorragia. “Até hoje me lembro do sangue empapando aquele paletó. E só então percebi a extensão do meu desastre”, afirma Roberto, que desmaiou instantes após ser socorrido. Esse momento trágico de sua vida ele iria registrar anos depois no verso de sua canção O Divã, quando diz: “Relembro bem a festa, o apito/ e na multidão um grito/ o sangue no linho branco…”, numa referência à cor do paletó que Renato Spíndola usava no momento em que o socorreu. (…)

Naquela mesma manhã, no hospital da Santa Casa, o médico aplicou uma anestesia local de novocaína no acidentado e deu início à cirurgia. (…)

Na época, em casos semelhantes, era comum fazer a amputação da perna acima do joelho, prática mais rápida e segura. Mas Romildo tinha acabado de ler um estudo americano sobre ciência médica que explicava que os membros acidentados devem ser cortados o mínimo possível. Assim, a amputação da perna do garoto foi feita entre o terço médio e o superior da canela – apenas um pouco acima de onde a roda de metal passou. Essa providência fez com que Roberto Carlos não perdesse os movimentos do joelho direito e pudesse andar com mais desenvoltura."