quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Amuleto da sorte?


Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Mesmo não sendo supersticioso, você já deve ter ouvido falar em amuletos da sorte como pé de coelho, trevo de quatro folhas, ferradura ou figa. Essa crença, entre brasileiros, é muito comum.

A origem da figa, dizem, é grega, mas foi muito difundida entre os romanos. Alguns defendem que esse amuleto é de origem italiana - Mano Figa, mano é mão e figa a genitália feminina. E o que significa? Olhe bem para o amuleto: a mão fechada e o polegar entre o indicador e médio. Analise a imagem e responda o que te parece?

Resposta: o polegar é um pênis penetrando uma vagina. A figa, então, é a representação do ato sexual. Exatamente isso. Surpresos? Fácil explicar.

Os povos usavam a figa como amuleto da sorte e ela representava a fertilidade, muito cultuada então. Arqueólogos, ao escavarem Pompéia, localizaram, além de figas, esculturas e desenhos de pênis de vários tamanhos. De início acreditaram que se tratava de um povo promíscuo e que a região escavada seria a zona de prostituição. Ao descobrirem que os falos estavam em quase todas as casas romanas, inclusive esculturas de jardins, acabaram concluindo e confirmando depois, que a exposição do falo masculino era comum e não causava nenhum constrangimento.

Muitos são crentes em seu poder, outros só observam como objetos folclóricos.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Biografia manchada

Aos 35 anos de idade, Nelson Granciere, o ex escriturário municipal, galgou os degraus da fama de forma meteórica e era considerado um jovem de sucesso. Em pouco tempo assumiu a chefia de gabinete de Mário Bulgareli, com quem trabalhou na Emdurb e, pouco depois, a secretaria da Fazenda.

O comando político passou pelas suas mãos e Mário demonstrou-lhe gratidão quando se reelegeu numa campanha disputadíssima contra o filho do seu ex amigo e ex companheiro político Abelardo Camarinha de quem foi vice durante anos e hoje tornou-se seu principal oponente. O comando financeiro também escorreu para as mãos do jovem Nelsinho. Uniu o poder político e a tentação do dinheiro farto, a receita da perdição. Breve começou a construção de uma moderna casa cujo valor estava estratosfericamente incompatível com seu salário, uns seis mil e quinhentos reais.

Não resistiu e sonhou em ser prefeito. As delícias auferidas pelo poder permaneceriam pelo menos oito anos se fizesse o primeiro mandato bem convincente. Lançou-se na aventura política acreditando que sua experiência já era vasta e suficiente para confrontar-se com as raposas. Não era. Nelsinho, acusado de corrupção, foi afastado pela justiça dos seus cargos, permaneceu despachando na prefeitura e fez da sua casa um grande arquivo de documentos impróprios.

Nelsinho não é um jovem de sucesso porquê escolheu o lado errado. Ele está preso, acusado de corrupção. Sua biografia está manchada. Definitivamente.

Nota oficial da Gaeco sobre a prisão de Granciere

Operação do MP e da PF prende ex-chefe de Gabinete da Prefeitura de Marília

 O Ministério Público do Estado de São Paulo, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) – Núcleo Bauru e pela Promotoria de Justiça de Marília, em conjunto com a Polícia Federal de Marília, deflagrou operação, nesta sexta-feira (9), que resultou na prisão do chefe de Gabinete da Prefeitura e secretário de Finanças de Marília, Nelson Virgílio Grancieri.
Afastado dos dois cargos que acumulava na Prefeitura, por força de decisão em ação civil pública movida pelo MP, Grancieri foi preso por volta do meio-dia, em sua residência. Ele teve prisão preventiva decretada na quarta-feira pela 1º Vara Criminal da Comarca de Marília a pedido da Promotoria local e do GAECO, cujos promotores denunciaram o secretário por crimes de concussão e coação a testemunhas.
Perícia realizada nos materiais apreendidos na residência de Grancieri revelou evidências de que ele, durante sua gestão como chefe de Gabinete e mesmo depois de afastado do cargo, gerenciava um esquema de pagamento de valores incompatível com suas rendas a diversos aliados, partidos políticos e pessoas de Marília, em quantias que ultrapassavam R$ 500 mil por mês.
A ação desta sexta-feira complementou a operação realizada dia 24 de novembro pelo MP, em conjunto com a Polícia Federal de Marília e a Polícia Militar, para o cumprimento de 10 mandados de busca e apreensão nas cidades de Marília e Bauru.
A operação foi resultado de investigações realizadas pela Promotoria de Justiça de Marília, pelo GAECO e pela Polícia Federal sobre atos de corrupção, concussão, lavagem de dinheiro e corrupção de testemunhas envolvendo um grupo encabeçado por Nelson Virgílio Grancieri.

Os crimes de Granciere na Prefeitura de Marília

Lilian Graziela do JCNET

O Ministério Público do Estado de São Paulo obteve a prisão, no início da tarde desta sexta-feira (9), do ex-chefe de gabinete e ex-secretário de Finanças de Marília (100 quilômetros de Bauru) Nelson Virgílio Grancieri. A prisão preventiva do investigado foi pedida pela promotoria de Justiça de Marília, que atua em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na Operação Dízimo, deflagrada ontem.

O pedido de detenção teve como fundamento a denúncia já oferecida à Justiça imputando ao investigado crimes de concussão e coação a testemunhas. O esquema de corrupção teria movimentado cerca de R$ 2 milhões, segundo apuração da Promotoria de Justiça.

Afastado dos dois cargos que acumulava na administração do prefeito Mário Bulgarelli (PDT) desde outubro, por força de liminar em ação civil pública movida pelo MP, Grancieri foi preso por volta do meio-dia, em sua residência. Ele teve a prisão preventiva decretada na última quarta-feira pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Marília, a pedido da Promotoria de Justiça local. Na ação civil, que também tem como réu o ex-assessor de gabinete André Felizario Jacinto, a promotora Rita de Cássia Bérgamo acusa o secretário de exigir 10% do valor a ser recebido por empresa de construção que venceu licitação para realização de obras em três escolas municipais. A propina foi exigida para que fossem liberados pagamentos da prefeitura para a empresa.

Como parte do pagamento da propina exigida por Grancieri, a empresa depositou R$ 14.250,00 na conta bancária dele, além de quitar seus débitos pessoais. A empresa pagou, por exemplo, dois boletos de cartão de crédito da esposa de Grancieri, nos valores de R$ 4 mil e de R$ 1.244,98, além de um boleto no valor de R$ 685,00, emitido por uma loja de material de construção. O cálculo é de que o secretário recebeu indevidamente o total de R$ 75.890,22.

Perícia realizada nos materiais apreendidos na residência de Grancieri revelou evidências de que, durante a sua gestão como chefe de Gabinete e, mesmo depois de afastado do cargo, ele gerenciava um esquema de pagamento de valores incompatível com suas rendas a diversos.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Um hino na véspera de Natal


Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Quase véspera de Natal a empresa em que eu era diretor de marketing, a Cia Fotográfica Hirano, promoveu sua tradicional festa de fim de ano. O evento foi realizado num grande anfiteatro e todos os seiscentos funcionários estavam lá. Coube-me a função de apresentador e, logo na abertura, interpretei uma mensagem que emocionou e fez chorar a platéia. Muito distante dos tradicionais e festivos textos natalinos, o que li era uma lição que levava qualquer um a refletir sobre a data e o questionar seu papel na face da terra.

O título era "Eu odeio o Natal" e o autor narrava a festa da ceia, risos, champagne, comida farta e muitos presentes quando alguém bate à porta. Era apenas um menino maltrapilho pedindo um pedaço de pão.

Naquele momento ele confronta a cena daquele pedinte faminto com o "natal" que se comemorava em sua casa. Imagina a família daquele garoto em torno de uma mesa simples, coberta por um plástico vagabundo e e se fartando de migalhas caídas de alguma mesa abundante . E chora ao se lembrar dos molambos, prostitutas, drogados e outras minorias perambulando pelas ruas como um cordão de desgraçados, sem futuro, sem esperanças. Por minha conta acrescento que é nesta época que as diferenças ficam muito mais evidentes. Terminada a mensagem, afastei-me do microfone e aguardei o final dos aplausos.

Durante longos segundos passei os olhos pela platéia observando a reação de cada um. Homens e mulheres choravam e, se muito, disfarçavam pra não deixar rolar algumas lágrimas. Outros soluçavam. Os diretores, postados à mesa de honra, no palco, não fizeram questão de demonstrar que foram tocados pela emoção da mensagem. Todos tinham os olhos úmidos e avermelhados. Findo os aplausos, aproximei-me do microfone e solicitei, em tom solene:

- Peço que todos estejam de pé, com a mão no coração e cantem o hino que o povo adora e ama em todo Brasil.

De pé e conforme pedira, vi os seiscentos funcionários e diretores se levantarem. Quando todos se postaram com a mão no peito, olhei para o lado - onde ficava o controle de som - e, com um aceno de cabeça, autorizei rodar o hino. O operador de som apertou a tecla de play e todos puderam ouvir a todo volume.

- Salve o Corinthians, campeão dos campeões, eternamente dentro dos nossos corações... Salve o Corinthians....

Certamente ouvi uns 595 funcionários cantando, aplaudindo, gargalhando e festejando a improvisada brincadeira que tomou conta do anfiteatro. Tomei o cuidado de arriscar um olhar para meu lado esquerdo, onde estavam os demais diretores. O Eizi Hirano, são paulino, desconcertado disse-me sorrindo:

- Segunda feira passa no DP que você será despedido, seu irreverente.
- Tudo bem Eizi, mas, por favor, você já pode tirar a mão do peito - respondi gargalhando ao ver que ele continuava "respeitosamente" com a mão no coração.

Durante longos e longos segundos só se ouviu risos descontraídos e muita comemoração. Instantes antes, todos estavam chorando.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Como se vingar das irritantes vendedoras telemarketing

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Você não se irrita com as inoportunas ligações das vendedoras de telemarketing?
Eu encontrei uma maneira de me vingar. E isso tem me divertido muito.

VENDENDO JORNAL

Ontem, por exemplo, um mala com voz de locutor de FM - operador de telemarketing é locutor frustrado - nem esperou meu alô à sua chamada e disparou:

- Sr. Edson, a Folha está com nova programação visual, tornou um jornal lindo sem contar que tem a melhor qualidade editorial. Preenchendo um cadastro novo (assinei a Folha durante 20 anos e o Estadão uns 30) nós lhe enviaremos 15 dias de jornal grátis e caso o senhor não se manifestar entre o 10 e o 15º dia do início da entrega, nós consideraremos como assinante. O cara pediu meus dados, preencheu o pedido. Eu só respondia ao que ele perguntava. Depois de tudo pronto ele arrematou:

- O senhor gostaria de ver nosso jornal?
- Não, não gostaria de ver seu jornal - disse, pesaroso.
- Como assim, são 15 dias grátis e mesmo assim o senhor não quer ver?
- Não! - resumi.
- Não porque senhor? - insistiu o mala.
- Porque sou cego - falei de mansinho e resignado, mas querendo gargalhar.
- Hããã, bom, quer dizer, éééé, desculpe senhor - se atrapalhou ele, sem saber o que dizer mais.

- A Folha já publica em braile? perguntei, provocando.
- Não senhor - respondeu e agradeceu com o tradicional "a Folha agradece, me desculpe e tenha um bom dia senhor."

Minha mulher, explodiu em gargalhadas.
Ela rio tanto quanto outra vingança que pratiquei numa manhã de sábado. O dia estava maravilhoso até que uma telemarketing me ligou.

A moça desconfiou que algo diferente estava acontecendo porque, entre um alô e uma resposta, eu suspirava ofegante e ritimado e, vez ou outra, pedia um momento. E sussurrava palavras melosas e apaixonadas. Até ela me perguntar, curiosa:

- O senhor está passando bem?
- Sim, estou. O problema é que o ar condicionado desse motel está quebrado - respondi, sugerindo a ela que eu estava muito ocupado.
- Senhor, desculpe, deveria ter me avisado que estava ocupado e não podia me atender - reclamou ela.
- Imagina que eu ia perder essa sua promoção! - exclamei, rindo, gargalhando e me vingando.

Faça isso você também.


A Vingança

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Egoismo

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Como o ensino público é péssimo e você tem dinheiro, seus filhos estudam em escola particular, certo? 

Como a saúde pública é uma vergonha e você tem dinheiro, você optou por um convênio hospitalar particular, certo? 

Como a violência aumentou no país e não existe segurança pública, você também aumentou a altura do muro da sua casa e equipou com alarmes, porque você tem dinheiro, certo?

Como os roubos explodiram nesse país e não existe justiça que coloque bandidos na cadeia, e como você tem dinheiro, o seguro que você paga é uma garantia se for roubado, certo?

Pois é, o Brasil está nesse caos exatamente porque, ao invés de você brigar por um ensino público bom, melhores hospitais, mais segurança e melhor policiamento, você preferiu, porque é egoísta, pagar por serviços que o estado deveria oferecer. E os que não tem recursos, que se danem?

Isso se chama egoismo. Bem que você poderia pagar por esses serviços ao mesmo tempo que lutasse a favor de escola, saúde, educação e segurança com qualidade. Você faz isso?

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O recado do banheiro

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Durante uma reunião com diretores de uma empresa paulista, fabricante de câmaras fotográficas, observei a intensa preocupação deles em promover ações que levassem os funcionários a compreender a filosofia do grupo e, assim, "vestirem a camisa" da empresa.

No intervalo para o café pedi licença para ir ao banheiro. Foi lá que descobri que não é preciso muita técnica e pesquisa para analisar como anda uma empresa, nacional ou multi. Bem produzidos e assinados pelo gerente nacional da corporação, li vários cartazetes orientando seus usuários:

"Por favor, não urine fora do vaso. Não jogue absorvente no sanitário. Após usar, dê descarga."
Voltei pra reunião e, sem medo de ferir suscetibilidades e não pretendendo ser educado, disparei:

- Se vocês tem funcionários que precisam ser orientados como usar um banheiro, imagine se eles estão preocupados em assimilar a filosofia da empresa. Fico desconfiado quando me deparo com avisos alertando para se manter a pia limpa e fechar a porta da sala com ar condicionado. E estremeço quando o gerente tem que administrar a mira do xixi dos seus colaboradores.

O presidente da multinacional fixou seu olhar nipônico nos meus e permaneceu calado por alguns segundos. Silenciosamente levantou-se da poltrona, arqueou-se no tradicional gesto oriental de reverência e terminou a reunião.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Hoje eu morri, de novo

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Eu não sabia, mas hoje eu morri, pela terceira vez na vida.

De repente, no Facebook, um amigo de longa data deixou um recado, no mínimo tétrico: condolências à família do Edson Joel. E narrou minha trajetória no rádio (comecei a trabalhar, como locutor, aos 13 anos de idade na rádio em que ele era gerente) e a última vez que me viu.

Quando abri a página e me deparei com o recado fúnebre, ri, no começo. Gargalhei depois. E passei o dia rouco de tanto contar a mesma história das outras vezes que morri.

A primeira foi dramática. Era jornalista em Tupã e comandava o programa Cidade x Cidade, na TV Tupi, no programa do Silvio Santos. Ganhamos 4 fuscas e só saímos do programa porque ocorreu um acidente com o carro que conduzia as meninas da equipe feminina de beleza. Próximo de Agudos, em noite chuvosa e fria, o Galaxie da prefeitura saiu da pista e capotou. As meninas, felizmente, sofreram ferimentos leves. Mas, ao chegar a cidade, a notícia era de que eu tinha saído desta pra melhor. 

A segunda morte que sofri foi no Paraguai. O avião caiu. Quando retornei de Assunção fui alertado pela família para "andar pelo centro da cidade, tomar café nos bares populares e contar piada de são paulino" pra que todos soubessem que era eu mesmo e que ainda continuava vivinho, lindo, maravilhoso e humilde. Gozado era ver a expressão das pessoas que me tinham "falecido".

Hoje, morri de novo! Tudo porque o meu sobrinho Thiago postou um recado no Facebook perguntando "então o Joel morreu?", referindo-se a uma crônica que escrevi no meu blog - A Vingança - onde narro como me divirto com os vendedores de telemarketing. Quando insistem em falar com o Edson Joel, chorando, eu digo que ele esta sendo velado mas que podem falar com a viúva. Dai alguém pegou a conversa pela metade "e me matou de vez".

Pra alegria dos que me amam e tristeza dos meus inimigos, continuo vivo. Pra quem não sabe, tenho 50 anos. Mas, juro, quando uso calça jeans e tênis aparento 49. Bom, né? He, he, he!

domingo, 2 de outubro de 2011

Vagas de emprego

Por Miriam Nitcipurenco de Souza

Hoje, vasculhando a internet, deparei-me com um anúncio num desses sites bem conceituados de recolocação profissional.

PROFESSOR:
Salário: R$ 1.187,97
Carga: 40 horas semanais
Benefícios: gratificações, vale-alimentação (R$ 2,18 por dia trabalhado) e vale transporte (pra cobrir ¼ dos dias trabalhados)
Exigência: Licenciatura (4 anos)
Descrição da atividade: Ensinar crianças e jovens em todas as faixas etárias (Educação Infantil, Fundamental e Médio)

AUXILIAR DE LIMPEZA:
Salário: R$ 920,00
Carga: 40 horas semanais
Benefícios: assistência médica, medicina em grupo, assistência odontológica, participação nos lucros, seguro de vida em grupo, tíquete-alimentação, vale-transporte. Exigência: ensino fundamental. Descrição da atividade: execução de limpeza em empresa e organização do material de limpeza.

Não estou menosprezando as auxiliares de limpeza, mas indignada com o menosprezo dos governos – junte todos os partidos, bata no liquidificador e você não conseguirá meio copo de gente séria, honesta e competente – e com a ausência de ações pra melhorar a educação neste país e os salários dos professores.

Lembrei-me, então que o nosso glorioso Supremo Tribunal Federal, em abril deste ano, considerou constitucional a fixação do piso salarial para professores da rede pública de ensino: R$ 1.187,97. Pra receber esse salário miserável é preciso pelo menos uma licenciatura, equivalente a quatro anos de faculdade – a maioria tem duas e muitos são pós graduados, mestres ou doutores.

Eles não tem assistência médica, odontológica, jurídica ou seguro de vida. Participação nos lucros? Ora, não há lucro, diz o Estado, “é a nossa obrigação”! Ontem, na sala de aula, um aluno me fez uma pergunta difícil.

- Para quê estudar, professora? Para trabalhar como você e ganhar que nem minha mãe que é quase analfabeta? Minha mãe “trabaia” numa fábrica varrendo o chão e ninguém manda ela tomar no cú, não!

Para ganhar “milão” é melhor varrer o chão!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Educação vergonhosa

Por Miriam Nitcipurenco de Souza

A instabilidade, a vulnerabilidade e a transitoriedade na Educação se dá exatamente porque a nossa política educacional é pobre, desnorteada, sem metas, sem objetivos e traçada por políticos tão ou mais absurdamente indoutos quanto o mais analfabeto dos seres que habita o nosso extenso país.
 
Isso é uma vergonha nacional e internacional! Por semanas, a revista Veja tem trazido em suas páginas aquilo que o resultado do que temos feito, enquanto educadores, em nosso cotidiano: a colocação desastrosa dos alunos do Brasil no PISA, no ENEM, no SAEB, no SARESP e em tantos outros mecanismos de avaliação e a derrocada da educação.

O fim é sempre o mesmo: não chegamos nem aos pés dos resultados de países desenvolvidos. No mundo globalizado, a nossa posição é nada. Nossos alunos NUNCA poderão competir de igual para igual com um chinês, um sul coreano, um irlandês, um cingapurense, um estadunidense, um inglês, um sueco. E não venham me dizer que é por causa do dinheiro ou que escola particular é diferente.

É absurdo o valor gasto em educação! E digo: é gasto com muita gente que não quer ser educada, que não quer aprender. Pagamos a conta de gente desleal, que finge que aprende e de alguns outros desleais, que fingem que ensinam.

Fazemos isso não porque concordamos, mas porque nos cobram posições e atitudes que sigam “a cartilha que vem de cima”, do alto escalão do governo, dos pensadores de plantão, dos teóricos de botequim. Muitas vezes não concordamos, mas acatamos, como bons funcionários estaduais que somos.

Somos eficientes, mas não somos eficazes.

Quando tivermos a coragem de olhar para um PCN que diz que “Corrigir um aluno que pronuncia erroneamente uma palavra em Português é Preconceito Lingüístico”, e acharmos que essa forma de pensar é uma merda e que vai contra tudo o que chamamos de “educação”, quando jogarmos fora uma bosta de livro didático impresso pelo governo federal que afirma estar correta a frase “Nós foi pescar os peixe” e nos recusarmos a participar de tal absurdo e de tantos outros, então, talvez nós passemos de um estágio de uma pseudo-eficiência para uma pré-eficácia.

Poderá ser este um começo, mas fica a pergunta: temos mesmo coragem de dizer que tudo isso é uma merda?

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Antropológico

Daniel 
Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Dani, um dos meus netinhos, é carismático e vive cercado de garotas adultas na escola, onde faz sucesso. Então, instintivamente, se permite aos carinhos melosos acompanhados de elogios. Em qualquer festa ele sempre é visto recebendo beijinhos, das mocinhas. Seu vocabulário é rico e ele consegue se expressar com facilidade. Ontem ele me contou um segredo.

Cercado de mistérios - que mistério há num bebê de 3 aninhos? - aproximou-se e confessou ter visto a calcinha da Bruna, uma garota sorridente - e descuidada - de 17 anos. Fiz ares de surpresa e ele continuou a narrativa secreta concluindo que a peça íntima da mocinha era rosinha. Pra cada reação minha, de surpresa, ele se animava a contar mais detalhes do grande acontecimento.

- Era rosinha?
- Sim, era rosinha de oncinha.
- E como você viu?
- Ela estava descendo do carro.
- E você estava fazendo o que?
- Eu estava esperto, vô - disse, com um sorriso de safado.

Puramente antropológico!

Quanto pesa um vaso de orquídea?

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Fiz aniversário e fiquei feliz em receber um lindíssimo vaso de orquídea, na manhã de 14 de setembro. Minha esposa e eu adoramos contemplar a natureza. Recentemente voltávamos do Tayaya, um maravilhoso resort às margens da represa Chavantes, quando percebemos uma lua resplandecente surgindo na escuridão e espelhada nas águas, como uma pintura. Descemos do carro e, abraçados, lá ficamos observando um espetáculo da natureza que muitos ignoram.

Como toda russa, ela adora flores, particularmente orquídeas. E as que recebi são os melhores exemplos de beleza. Mas, antes de achar tudo muito lindo e maravilhoso, devo confessar que fiquei assustadíssimo quando elas chegaram. O entregador entrou na sala, com o vaso nas mãos e perguntou:

- Sr. Edson?

Minha esposa me olhou, indagativa - que significa dizer "quem te mandou essas flores?" - e eu permaneci imóvel, olhando para o vaso e para os seus olhos azuis, normalmente quando ela está calma e verdes nos segundos que antecedem uma explosão. Pausa dramática.

O vaso deveria ter uns 600 gramas e pouco e, certamente, faria um belo estrago na cabeça de qualquer um. Vasos, por inconfessáveis razões, deveriam pesar bem menos. Pelos mesmos motivos, prefiro os netbooks - muito mais leves que os pesadões notes.

Relutei mas tomei uma decisão e, bravamente, anunciei ao entregador de flores.
- Espera um instante porque, dependendo de quem enviou, você leva de volta.

Empurrei o vaso com o cartão pra ela. Silenciosamente abriu e leu, sem esboçar nenhuma reação. Segunda pausa dramática. O entregador, calado, parecia assistir uma partida de tênis, ora olhando pra mim e ora pra ela. Com ar de mistério, ela passou o cartão pra minhas mãos.

Só então suspirei aliviado ao ver Rede Globo, Marcelo Assunpção, Adriana Berzotti, Jacques..., funcionários da emissora, desejando um feliz aniversário.

Ufa!, suspirei o suspiro dos inocentes.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A Vingança

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Certamente você já se irritou alguma vez com telefonemas de telemarketing que te pegam sempre em horários inoportunos. Aliás, ligações desse tipo importunam em qualquer hora. Quando menos se espera a sua reunião é interrompida por um vendedor de cartões de crédito ou uma doce voz feminina tentando te chantagear para conseguir sua doação para alguma entidade beneficente - geralmente golpe do tipo LBV que pagava gente famosa pra visitar suas creches e testemunhar que a obra era verdadeira - e, diante da sua negativa, elas gemiam frases do tipo "o senhor terá coragem de deixar essas criancinhas passarem necessidades?"

Muitos se irritam e perdem a compostura descarregando na vendedora um caminhão de melancias. 

Se quer saber como evitar esse tipo de chateação, basta entrar em contato com o Procon - www.procon.sp.gov.br/BloqueioTelef/ - e preencher um pequeno cadastro colocando os números de telefones que não aceitara receber ligações desse tipo. Isso é lei. Pronto, problema resolvido. 

Mas, sinceramente, pessoalmente eu desaconselho essa solução. E não é porque eu gosto de ser chateado pelos inoportunos vendedores ao telefone. Mas porque eu aprendi a lidar com eles. Pra ser bem honesto, eu me divirto com eles. Verdadeiramente eu não saberia mais viver sem eles. E vou explicar porque.

Outro dia uma telemarketing que se identificou como Selma Solange, de uma empresa de telefonia, ligou para o meu celular.

- Senhor Edson?- Quem é? - perguntei.
- Eu sou Selma Solange e tenho uma proposta de novas linhas de telefone, sem assinatura e com bonus para consumir em ligações interurbanas. Posso falar com o Sr. Edson?- Lamento, mas o Sr. Edson não poderá te atender - respondi eu mesmo.
- Quem está falando?
- Meu nome é João e sou amigo do Sr. Edson.
- E porque ele não pode me atender? - perguntou ela, irritada.
Com voz de tristeza, quase chorando e falando baixinho, avisei:

- Senhora Selma, desculpe-me. O Sr. Edson não poderá mais te atender porque ele morreu. Eu estou no velório dele, todos os amigos estão aqui - disse, dramatizando. Ela levou um choque e se lamentou, desculpando-se. Mas, como vingança, comecei a chorar e contei:

- Olha Selma, eu estou à frente do caixão dele. Fiquei com o telefone pra comunicar os amigos que ligarem. Vou te contar: ele era um santo homem. Corajoso, bom, um bom pai e marido exemplar. Ela, desconcertada, quis cair fora da ligação. Mas comecei a contar "causos" do Sr. Edson. E arrastei a conversa por um bom tempo como minha vingança pessoal.

- Selma, pensa num homem bom. Era ele em pessoa. Hoje, coitado, está aqui, mortinho. Esticado. Uma vez ele brigou o o Paulo Maluf, xingou o ex secretário da Segurança Pública e chamou um prefeito de panaca. Na época da revolução ele transmitia as assembleias de professores grevistas em Tupã e foi proibido pelos militares de dar notícias da greve. E, no final, ainda perguntei pra Selma:

- Quer falar com a viúva? Ela está chorando aqui do lado. Você pode passar os planos pra ela. Quer? 
Selma desculpou-se, mandou seus pêsames pra família e disse que a "Telefônica agradece sua atenção". 
Quando eu já estava quase explodindo de gargalhar e sentido-me vingado, a desgraçada ainda conseguiu me tirar do sério.

- Sr. João, o Sr. Edson morreu do que?
- De infarto, irritado com as ligações de telemarketing, sua anta!

Nunca mais a Selma me ligou de novo.


segunda-feira, 25 de abril de 2011

Confiança

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza 

Certa vez um amigo confessou-me ter dúvidas a respeito de outro amigo.

- É que eu estou meio desconfiado dele – explicou.

Confiança é um crédito que uma pessoa concede a outra mediante a consideração de provas ou apenas informações e que permitam formar um conceito sobre ela. Quando duas pessoas são capazes de prever o comportamento uma da outra, cria-se um padrão para análise de valores compatíveis. Então, nasce a confiança. Para Drummond de Andrade, a confiança dispensa raciocínio por ser um ato de fé.

Porém, a desconfiança é um veneno potente e perigoso que ignora qualquer crença ou poesia.

- Você quer dizer que acredita 50% e desacredita outros 50%? – questionei. Nunca ouvi alguém dizer que acredita 80% e desconfia 20%. Mesmo porque se a desconfiança for de 0,1% será veneno suficiente pra matar qualquer amizade.

Confiança você tem ou não tem. Ou é 100% ou não existe. Confiança é como uma peça de cristal, nobre, pura, transparente, desejada. Mas, se cair, quebra. Se quebrar, jamais será recomposta. 

A confiança, também.

Decisão é um ato de coragem

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Meu pai, um mineiro de coração imenso e pavio exageradamente curto, sempre dizia que decisão é um ato de coragem. Qualquer que seja. E culpava os indecisos por todos os problemas do planeta. Só os líderes decidem, argumentava.

Vaguei na minha adolescência com essa frase – e outras que martelaram minha cabeça – até que passei a entender o sentido de cada uma, de tantas. Poty, seu apelido e José, seu nome, repetia alguns conselhos que segui, desde então.

- Ao iniciar ou finalizar um relacionamento, contratar ou despedir um funcionário, elogiar ou criticar pessoas, são decisões que podem produzir efeitos duradouros, bons ou ruins, na vida delas e na sua. Haja com justiça e tenha coragem para assumir sua decisão e as consequências dela. Portanto, antes de decidir, pense uma, duas, até três vezes. Mas, pelo amor de Deus, não passe a vida inteira pensando.

Muito mais tarde ouvi isso de um grande empresário que complementou: - Na hora de decidir você pode até pecar por excesso, mas nunca cometa a bobagem de pecar por omissão.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

A História Oficial de Marília

Vídeo completo (3 partes) com duração de 25'45"

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

A História de Marília é um documentário, em vídeo, produzido em 2000, para a Comissão de Registros Históricos da Câmara Municipal de Marília. O filme tem duração de 25'45" gravado em sistema Betacam Sony e registrado em DVD.

Marília, na verdade, foi fundada por Antônio Pereira e seu filho José Pereira e nasceu chamando-se Alto Cafezal. As fotos registradas datam 1919 como o início da fundação do patrimônio. Antônio, um português de Aveiro, chegou a região em dezembro de 1918. Junto vieram dois filhos, um deles, José Pereira, então com 19 anos. O outro faleceu aos 15 anos de idade. Em 1923 o patrimônio Alto Cafezal já era conhecido em todo país. Foi nesse ano que a igreja Santo Antônio começou a ser construída.

Em 1925, Bento de Abreu Sampaio Vidal, então deputado, passou pela região e comprou a Fazenda Cincinatina, do médico carioca Cincinato Braga. Em 1º de abril de 1927 Bento de Abreu começou a construção do patrimônio de Marília, vizinho do Alto Cafezal. Bento de Abreu foi um dos fundadores da cidade e o seu maior benfeitor.

O nome Marília surgiu na viagem que Bento fez à Europa no final de 1925 e começo de 1926. A bordo do vapor Júlio Cesare leu o poema Marília de Dirceu, de Thomaz Antônio Gonzaga. O nome do patrimônio deveria começar com a letra "M", por decisão da estrada de ferro que chegava à região. Observe que a partir de Agudo, todas as cidades obedecem a ordem alfabética: Agudos, Bauru, Cabrália Pta, Duartina, Fernão, Garça, etc. A estação seria Lácio. Mas decidiu-se por nova estação no Alto Cafezal.

O nome Marília surgiu entre 1925 e 1926. durante o recesso parlamentar quando Sampaio Vidal viajou para a Europa. Em 25 o deputado já tinha apresentado um projeto de lei criando o Distrito de Paz de Lácio. Em 1926, Bento simplesmente trocou o nome de Lácio para Marília.  O projeto foi aprovado no final de 1926 e o distrito de Paz de Marília foi instalado em 1927. E o Alto Cafezal passou também a se chamar Marília, nome do patrimônio de Bento de Abreu.

Ficha técnica:
Produtora: TV Marília Produções
Produtora executiva: Maira Andréia de Souza Lopes
Pesquisas: Paula Thais Souza e Edson Joel
Edição e pós finalização: Edson Joel Júnior
Roteiro e direção: Edson Joel

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Que delícia ser vô!

Buninho, 6 anos

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Bruno é meu neto de 6 anos, filho do Jr. Vive surpreendendo com seu rico vocabulário. Depois de desenhar uma abelha no computador, mostrou ao seu irmão, Leo e a um amigo dele e perguntou:

- O que parece isso, rapazes? O irmão titubeou e, diante da cara de dúvida, o Bruninho emendou:
- É óbvio que é uma abelha. Não percebem?

Para me assegurar que ele sabia o que estava dizendo, perguntei o que era “óbvio”. E não tive dúvidas que o moleque é fera. - Ta na cara, né, vô! Dâââarrrrr!

Outro dia o pai dele o encontrou, na sala, estourando plástico bolha.
- O que vc está fazendo? - esperando como resposta algo do tipo"tô estourando bolhas". O moleque se virou pra ele, com cara de desolado e respondeu:
- Tô entediado!

“Que delícia ser pai" disse o Junior, em seu orkut.
Digo eu, que delícia ser vô.