sexta-feira, 10 de abril de 2020

Depois da cura com cloroquina, Kalil dá o conselho: tem que ser utilizada

Cardiologista Roberto Kalil: "Se pode salvar vidas, tem que ser ministrada"  
Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza
Roberto Kalil, cardiologista no hospital Sírio Libanês infectado pelo covid-19 e curado após o uso do hidroxicloroquina, foi taxativo durante uma entrevista, ontem: tem que ser utilizado. E foi além ao afirmar que já usou o medicamento em vários pacientes. O estado de Kalil foi considerado grave mas melhorou pouco antes de ser indicado para transferência para a UTI, o que não chegou acontecer.
Duas notas destoam e chamam a atenção dos observadores do noticiário nacional: faz poucos dias que o mesmo médico (curado com cloroquina+azitromicina+zinco em associação com vários outros procedimentos) negou responder para a imprensa se tinha utilizado o medicamento.
A segunda nota destoante foi a expressão utilizado, numa entrevista para a Rádio Jovem Pan, quando iniciou justificando-se que sua posição é científica e não ideológica:

Minha opinião é que, independentemente das ideologias, devemos procurar minimizar o dano à população e evitar mortes. Se existe medicação com evidências que podem trazer benefícios, aliada a outras medicações, numa situação desta, tem que ser utilizada e pronto. Não tem conversa.
Preocupado em não influenciar outros tratamentos, Kalil lembrou que seu estado geral era péssimo chegando ser discutido com a equipe vários tipos de tratamentos, dentre eles a hidroxicloroquina. O quadro da sua pneumonia preocupava. Além do protocolo (cloroquina+azitromicina+zinco) ele afirmou que usou corticoide, anticoagulante, antibiótico além de outros procedimentos.
Seu caso está em estudos e ele está salvo. "Se há uma chance de que o paciente melhore, se pode salvar vidas, tem que ser ministrada", afirmou Kalil. Por que, então, nas primeiras abordagens da imprensa, não disse isso?

O chefe da operação contra o Covid-19, David Uip, secretário da Saúde do governo do estado paulista, foi outro que negou responder o uso do protocolo com cloroquina causando desconfiança geral. "Não há nenhuma importância o que eu tomei ou deixei de tomar" - disse Uip e cuja resposta foi interpretada como "tomou".

Dois dias após muitas críticas e publicamente, confessou que sim. Mas o desgaste da primeira negativa já tinha criado suspeita de ter usado uma questão técnica de saúde pública como tema político.