quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Amuleto da sorte?


Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Mesmo não sendo supersticioso, você já deve ter ouvido falar em amuletos da sorte como pé de coelho, trevo de quatro folhas, ferradura ou figa. Essa crença, entre brasileiros, é muito comum.

A origem da figa, dizem, é grega, mas foi muito difundida entre os romanos. Alguns defendem que esse amuleto é de origem italiana - Mano Figa, mano é mão e figa a genitália feminina. E o que significa? Olhe bem para o amuleto: a mão fechada e o polegar entre o indicador e médio. Analise a imagem e responda o que te parece?

Resposta: o polegar é um pênis penetrando uma vagina. A figa, então, é a representação do ato sexual. Exatamente isso. Surpresos? Fácil explicar.

Os povos usavam a figa como amuleto da sorte e ela representava a fertilidade, muito cultuada então. Arqueólogos, ao escavarem Pompéia, localizaram, além de figas, esculturas e desenhos de pênis de vários tamanhos. De início acreditaram que se tratava de um povo promíscuo e que a região escavada seria a zona de prostituição. Ao descobrirem que os falos estavam em quase todas as casas romanas, inclusive esculturas de jardins, acabaram concluindo e confirmando depois, que a exposição do falo masculino era comum e não causava nenhum constrangimento.

Muitos são crentes em seu poder, outros só observam como objetos folclóricos.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Biografia manchada

Aos 35 anos de idade, Nelson Granciere, o ex escriturário municipal, galgou os degraus da fama de forma meteórica e era considerado um jovem de sucesso. Em pouco tempo assumiu a chefia de gabinete de Mário Bulgareli, com quem trabalhou na Emdurb e, pouco depois, a secretaria da Fazenda.

O comando político passou pelas suas mãos e Mário demonstrou-lhe gratidão quando se reelegeu numa campanha disputadíssima contra o filho do seu ex amigo e ex companheiro político Abelardo Camarinha de quem foi vice durante anos e hoje tornou-se seu principal oponente. O comando financeiro também escorreu para as mãos do jovem Nelsinho. Uniu o poder político e a tentação do dinheiro farto, a receita da perdição. Breve começou a construção de uma moderna casa cujo valor estava estratosfericamente incompatível com seu salário, uns seis mil e quinhentos reais.

Não resistiu e sonhou em ser prefeito. As delícias auferidas pelo poder permaneceriam pelo menos oito anos se fizesse o primeiro mandato bem convincente. Lançou-se na aventura política acreditando que sua experiência já era vasta e suficiente para confrontar-se com as raposas. Não era. Nelsinho, acusado de corrupção, foi afastado pela justiça dos seus cargos, permaneceu despachando na prefeitura e fez da sua casa um grande arquivo de documentos impróprios.

Nelsinho não é um jovem de sucesso porquê escolheu o lado errado. Ele está preso, acusado de corrupção. Sua biografia está manchada. Definitivamente.

Nota oficial da Gaeco sobre a prisão de Granciere

Operação do MP e da PF prende ex-chefe de Gabinete da Prefeitura de Marília

 O Ministério Público do Estado de São Paulo, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) – Núcleo Bauru e pela Promotoria de Justiça de Marília, em conjunto com a Polícia Federal de Marília, deflagrou operação, nesta sexta-feira (9), que resultou na prisão do chefe de Gabinete da Prefeitura e secretário de Finanças de Marília, Nelson Virgílio Grancieri.
Afastado dos dois cargos que acumulava na Prefeitura, por força de decisão em ação civil pública movida pelo MP, Grancieri foi preso por volta do meio-dia, em sua residência. Ele teve prisão preventiva decretada na quarta-feira pela 1º Vara Criminal da Comarca de Marília a pedido da Promotoria local e do GAECO, cujos promotores denunciaram o secretário por crimes de concussão e coação a testemunhas.
Perícia realizada nos materiais apreendidos na residência de Grancieri revelou evidências de que ele, durante sua gestão como chefe de Gabinete e mesmo depois de afastado do cargo, gerenciava um esquema de pagamento de valores incompatível com suas rendas a diversos aliados, partidos políticos e pessoas de Marília, em quantias que ultrapassavam R$ 500 mil por mês.
A ação desta sexta-feira complementou a operação realizada dia 24 de novembro pelo MP, em conjunto com a Polícia Federal de Marília e a Polícia Militar, para o cumprimento de 10 mandados de busca e apreensão nas cidades de Marília e Bauru.
A operação foi resultado de investigações realizadas pela Promotoria de Justiça de Marília, pelo GAECO e pela Polícia Federal sobre atos de corrupção, concussão, lavagem de dinheiro e corrupção de testemunhas envolvendo um grupo encabeçado por Nelson Virgílio Grancieri.

Os crimes de Granciere na Prefeitura de Marília

Lilian Graziela do JCNET

O Ministério Público do Estado de São Paulo obteve a prisão, no início da tarde desta sexta-feira (9), do ex-chefe de gabinete e ex-secretário de Finanças de Marília (100 quilômetros de Bauru) Nelson Virgílio Grancieri. A prisão preventiva do investigado foi pedida pela promotoria de Justiça de Marília, que atua em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na Operação Dízimo, deflagrada ontem.

O pedido de detenção teve como fundamento a denúncia já oferecida à Justiça imputando ao investigado crimes de concussão e coação a testemunhas. O esquema de corrupção teria movimentado cerca de R$ 2 milhões, segundo apuração da Promotoria de Justiça.

Afastado dos dois cargos que acumulava na administração do prefeito Mário Bulgarelli (PDT) desde outubro, por força de liminar em ação civil pública movida pelo MP, Grancieri foi preso por volta do meio-dia, em sua residência. Ele teve a prisão preventiva decretada na última quarta-feira pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Marília, a pedido da Promotoria de Justiça local. Na ação civil, que também tem como réu o ex-assessor de gabinete André Felizario Jacinto, a promotora Rita de Cássia Bérgamo acusa o secretário de exigir 10% do valor a ser recebido por empresa de construção que venceu licitação para realização de obras em três escolas municipais. A propina foi exigida para que fossem liberados pagamentos da prefeitura para a empresa.

Como parte do pagamento da propina exigida por Grancieri, a empresa depositou R$ 14.250,00 na conta bancária dele, além de quitar seus débitos pessoais. A empresa pagou, por exemplo, dois boletos de cartão de crédito da esposa de Grancieri, nos valores de R$ 4 mil e de R$ 1.244,98, além de um boleto no valor de R$ 685,00, emitido por uma loja de material de construção. O cálculo é de que o secretário recebeu indevidamente o total de R$ 75.890,22.

Perícia realizada nos materiais apreendidos na residência de Grancieri revelou evidências de que, durante a sua gestão como chefe de Gabinete e, mesmo depois de afastado do cargo, ele gerenciava um esquema de pagamento de valores incompatível com suas rendas a diversos.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Um hino na véspera de Natal


Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Quase véspera de Natal a empresa em que eu era diretor de marketing, a Cia Fotográfica Hirano, promoveu sua tradicional festa de fim de ano. O evento foi realizado num grande anfiteatro e todos os seiscentos funcionários estavam lá. Coube-me a função de apresentador e, logo na abertura, interpretei uma mensagem que emocionou e fez chorar a platéia. Muito distante dos tradicionais e festivos textos natalinos, o que li era uma lição que levava qualquer um a refletir sobre a data e o questionar seu papel na face da terra.

O título era "Eu odeio o Natal" e o autor narrava a festa da ceia, risos, champagne, comida farta e muitos presentes quando alguém bate à porta. Era apenas um menino maltrapilho pedindo um pedaço de pão.

Naquele momento ele confronta a cena daquele pedinte faminto com o "natal" que se comemorava em sua casa. Imagina a família daquele garoto em torno de uma mesa simples, coberta por um plástico vagabundo e e se fartando de migalhas caídas de alguma mesa abundante . E chora ao se lembrar dos molambos, prostitutas, drogados e outras minorias perambulando pelas ruas como um cordão de desgraçados, sem futuro, sem esperanças. Por minha conta acrescento que é nesta época que as diferenças ficam muito mais evidentes. Terminada a mensagem, afastei-me do microfone e aguardei o final dos aplausos.

Durante longos segundos passei os olhos pela platéia observando a reação de cada um. Homens e mulheres choravam e, se muito, disfarçavam pra não deixar rolar algumas lágrimas. Outros soluçavam. Os diretores, postados à mesa de honra, no palco, não fizeram questão de demonstrar que foram tocados pela emoção da mensagem. Todos tinham os olhos úmidos e avermelhados. Findo os aplausos, aproximei-me do microfone e solicitei, em tom solene:

- Peço que todos estejam de pé, com a mão no coração e cantem o hino que o povo adora e ama em todo Brasil.

De pé e conforme pedira, vi os seiscentos funcionários e diretores se levantarem. Quando todos se postaram com a mão no peito, olhei para o lado - onde ficava o controle de som - e, com um aceno de cabeça, autorizei rodar o hino. O operador de som apertou a tecla de play e todos puderam ouvir a todo volume.

- Salve o Corinthians, campeão dos campeões, eternamente dentro dos nossos corações... Salve o Corinthians....

Certamente ouvi uns 595 funcionários cantando, aplaudindo, gargalhando e festejando a improvisada brincadeira que tomou conta do anfiteatro. Tomei o cuidado de arriscar um olhar para meu lado esquerdo, onde estavam os demais diretores. O Eizi Hirano, são paulino, desconcertado disse-me sorrindo:

- Segunda feira passa no DP que você será despedido, seu irreverente.
- Tudo bem Eizi, mas, por favor, você já pode tirar a mão do peito - respondi gargalhando ao ver que ele continuava "respeitosamente" com a mão no coração.

Durante longos e longos segundos só se ouviu risos descontraídos e muita comemoração. Instantes antes, todos estavam chorando.