Lilian Graziela do JCNET
O Ministério Público do Estado de São Paulo obteve a prisão, no início da tarde desta sexta-feira (9), do ex-chefe de gabinete e ex-secretário de Finanças de Marília (100 quilômetros de Bauru) Nelson Virgílio Grancieri. A prisão preventiva do investigado foi pedida pela promotoria de Justiça de Marília, que atua em conjunto com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na Operação Dízimo, deflagrada ontem.
O pedido de detenção teve como fundamento a denúncia já oferecida à Justiça imputando ao investigado crimes de concussão e coação a testemunhas. O esquema de corrupção teria movimentado cerca de R$ 2 milhões, segundo apuração da Promotoria de Justiça.
Afastado dos dois cargos que acumulava na administração do prefeito Mário Bulgarelli (PDT) desde outubro, por força de liminar em ação civil pública movida pelo MP, Grancieri foi preso por volta do meio-dia, em sua residência. Ele teve a prisão preventiva decretada na última quarta-feira pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Marília, a pedido da Promotoria de Justiça local. Na ação civil, que também tem como réu o ex-assessor de gabinete André Felizario Jacinto, a promotora Rita de Cássia Bérgamo acusa o secretário de exigir 10% do valor a ser recebido por empresa de construção que venceu licitação para realização de obras em três escolas municipais. A propina foi exigida para que fossem liberados pagamentos da prefeitura para a empresa.
Como parte do pagamento da propina exigida por Grancieri, a empresa depositou R$ 14.250,00 na conta bancária dele, além de quitar seus débitos pessoais. A empresa pagou, por exemplo, dois boletos de cartão de crédito da esposa de Grancieri, nos valores de R$ 4 mil e de R$ 1.244,98, além de um boleto no valor de R$ 685,00, emitido por uma loja de material de construção. O cálculo é de que o secretário recebeu indevidamente o total de R$ 75.890,22.
Perícia realizada nos materiais apreendidos na residência de Grancieri revelou evidências de que, durante a sua gestão como chefe de Gabinete e, mesmo depois de afastado do cargo, ele gerenciava um esquema de pagamento de valores incompatível com suas rendas a diversos.