terça-feira, 29 de abril de 2014

"Não são gente de minha confiança", diz Lula sobre os mensaleiros

Na TV de Portugal Lula insinua não saber quem são Dirceu e Genoíno

O maior escândalo político do país, em todos os tempos, o mensalão, não existiu para Lula. Na entrevista para a televisão de Portugal ele afirma também os petistas presos "não se trata de gente da minha confiança", afastando-se cuidadosamente dos corruptos petistas levados a julgamento e condenados. Lula repete a mesma balela querendo tornar verdade uma mentira repetida milhares de vezes. E sugere que a história deva ser recontada. Com a nova formação de ministros no STF, dominado por petistas, pode-se tentar "inocentar" os corruptos. Para os portugueses ele afirmou que o julgamento foi "80% político e 20% jurídico.

sábado, 26 de abril de 2014

Educação: diferenças entre o Brasil e Coreia do Sul

Ao contrário do Brasil, nos países orientais dar aula na rede pública é sinônimo de status e garantia de renda

Bárbara Bretanha e Valéria França - Especial para o Estado

SÃO PAULO - "Há um ditado no meu país que diz que um estudante não pisa nem na sombra de seu mestre", diz Sok Jin Oh, professor de língua inglesa, por 32 anos na Coreia do Sul. Ele se refere ao respeito que os alunos têm pelos mestres. No país de Jin Oh, ser um professor da rede pública significa ter bom salário, e status na sociedade.

A Coreia do Sul tem hoje um dos melhores modelos de ensino do mundo. No Programa Internacional de Avaliação de Alunos aparece em sétimo lugar em leitura e matemática. O país foi um dos primeiros do mundo a equipar escolas com internet de banda larga. Um professor como Jin Oh ganha em média US$ 65 mil por ano. Tem casa própria, carro do ano e pode patrocinar o estudo dos filhos em boas faculdades particulares.

No Brasil, a vida de um professor é bem diferente. A paulistana Ana Carolina Cuofano Gomes da Silva, de 30 anos, dá aulas desde os 19. Na época tinha apenas o Magistério. Depois foi obrigada a concluir o ensino superior. Há oito anos, formou-se pela Faculdade de Letras da Universidade São Judas Tadeu. Preferiu a rede pública, porque sentia mais afinidade com os alunos. Outro fator: a escola fica perto da casa dela, Hoje, ela leciona Português para turmas de 7º e 8º anos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Júlio Marcondes Salgado, no Parque Edu Chaves, na zona norte de São Paulo.

"Sinto um respeito muito grande", diz Ana Carolina, que tem sorte. Segundo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp), 44% dos professores da rede pública já sofreram algum tipo de violência na escola.

Casa alugada. Ana Carolina ganha R$ 2,8 mil, em troca de uma jornada de 40 horas semanais. Para complementar a renda, dá aula em outra escola. "A prefeitura oferece uma estabilidade que as escolas particulares não têm", explica. A professora mora de aluguel.

Jin Ho trabalha hoje no Brasil como adido cultural da Coreia. No ano que vem, volta para casa, e retoma a vida acadêmica, mas agora como vice-diretor. Na Coreia os professores, só depois de uma determinada qualificação, podem se candidatar ao cargo de vice-diretor e diretor de uma escola. Jin Ho é doutor em língua inglesa.

Nota do blog: O Brasil classifica-se em 58º no Pisa, entre 63 países pesquisados. Enquanto a tecnologia já está nas salas de aulas na maioria dos países com boa educação, no Brasil os professores mal sabem o que é um notebook. Somente agora é que a Secretaria da Educação de São Paulo começou a implantar a secretaria digital. Até hoje todo tráfego de documentos é feito com papéis e carimbos. Portugal, com seu novo ministro da Educação começou a reação para recuperar quase 30 anos perdidos com métodos falhos de alfabetização - o construtivismo acabou com a educação em grande parte do mundo - e levou a 
neurociência para as salas de aulas.

Os escândalos, maracutaias, armações e negociatas do PT

A grande família petista

26 de abril de 2014 | 2h 04
Estado de S.Paulo

Nem é preciso fazer escavações profundas. Arranhe-se apenas a superfície do sistema petista de poder e, certo como a noite que se segue ao dia, se encontrará um escândalo, uma maracutaia, uma armação, uma negociata, um vexame, um ato mal explicado ou inexplicável à luz da ética pública. E não se diga que é intriga da oposição em ano eleitoral.

Para ficar apenas na safra da semana, ora é uma auditoria da Petrobrás que afirma que em 5 de fevereiro de 2010 alguém foi autorizado verbalmente a sacar US$ 10 milhões de uma conta da Refinaria de Pasadena, na qual a empresa ainda tinha como sócia a Astra Oil. A revelação foi publicada pelo Globo. Quem autorizou, quem sacou, o porquê do saque e o que foi feito com a bolada, isso a Petrobrás não conta. Diz, burocraticamente, que o procedimento seria "uma atividade usual de trading" e nele "não foram constatadas quaisquer irregularidades".

Ora, para variar, são as sucessivas apurações da Polícia Federal (PF) sobre a amplitude da rede de conveniência recíproca em que se situam as ligações do deputado André Vargas, do PT paranaense, com o doleiro Alberto Youssef. O cambista foi preso no curso da Operação Lava Jato, que expôs um esquema de branqueamento de dinheiro, por ele comandado, da ordem de R$ 10 bilhões. O monitoramento, com autorização judicial, das comunicações do já agora réu Youssef trouxe à tona uma história de tráfico de influência que reduz a mera nota de rodapé o pedido de Vargas ao parceiro para que lhe arranjasse um jatinho para levá-lo numa viagem de férias ao Nordeste - descoberto, o favor custou ao favorecido o cargo de vice-presidente da Câmara, ao qual teve de renunciar.

A traficância, essa sim, era coisa graúda. Prometendo a Vargas que, se fizesse a parte dele, os dois conquistariam a "independência financeira" - palavras textuais do doleiro captadas pela PF -, ele acionou o deputado para que o Ministério da Saúde, então chefiado pelo também petista Alexandre Padilha, contratasse com o laboratório Labogen, de que Youssef é controlador oculto, o fornecimento de uma partida de medicamentos contra a hipertensão. O negócio renderia R$ 31 milhões em cinco anos. Quando a tratativa foi noticiada pela Folha de S.Paulo, Padilha imediatamente tirou o time de campo. Deu-se o dito pelo não dito, nenhum contrato foi assinado, nenhum real desembolsado.

Mas Padilha, pré-candidato ao governo paulista, era muito mais do que, digamos, o polo passivo do arranjo. Relatório da PF praticamente sustenta que, em novembro passado, ele ofereceu a Vargas um nome para dirigir o Labogen. Numa mensagem de celular lida pelos federais, o deputado identifica o apadrinhado para o doleiro e lhe dá o número de seu telefone, antes de arrematar: "Foi Padilha que indicou". Dois dias antes, Vargas tinha escrito a Youssef: "Falei com Pad agora e ele vai marcar uma agenda comigo". Naturalmente a PF não pode afirmar com todas as letras de que Padilha, ou Pad, se tratava. Mas quem mais poderia ser?

Afinal, o indicado pelo interlocutor de ambos para ser o executivo da Labogen, Marcus Cezar Ferreira de Moura, o Marcão, tinha sido nomeado pelo ministro, em 2011, coordenador de promoção e eventos da Saúde. No ano anterior, ele trabalhara na reta final da campanha de Dilma Rousseff. Só achando que o ministro era um rematado nefelibata, o suprassumo da ingenuidade, para imaginar que ele considerasse o Labogen um laboratório sério. A sua folha de pagamento não soma mais do que R$ 28 mil. A polícia apurou que foi uma das firmas de fachada usadas por Youssef para remeter ilegalmente ao exterior US$ 444,7 milhões.

Vargas, a PF também averiguou, não é o único petista das relações do doleiro. Outros citados, por ora, são os deputados Cândido Vaccarezza e Vicente Cândido, de São Paulo. Um admite ter se encontrado com o cambista no prédio onde ele e Vargas moram. O outro diz que o conheceu - em Cuba, ora vejam - em 2008 ou 2009. Em suma, formam todos uma grande família com parentes de sangue e por afinidade que às vezes brigam, mas em geral se ajudam a conseguir poder, prestígio e riqueza. Há mais de dez anos o solar da família fica em Brasília. Na sua fachada se lê: "Tudo pelo social".

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Soneca de 50 anos: Revista The Economist diz que brasileiro é 'improdutivo'

FERNANDO NAKAGAWA - Agência Estado

LONDRES - A última edição da revista The Economist traz uma reportagem bastante crítica ao mercado de trabalho no Brasil e em especial à produtividade dos trabalhadores. Com o título "Soneca de 50 anos", a reportagem diz que os brasileiros "são gloriosamente improdutivos" e que "eles devem sair de seu estado de estupor" para ajudar a acelerar a economia.

A reportagem diz que após um breve período de aumento da produtividade vista entre 1960 e 1970, a produção por trabalhador estacionou ou até mesmo caiu ao longo dos últimos 50 anos. A paralisia da produtividade brasileira no período acontece em contraste com o cenário internacional, onde outros emergentes como Coreia do Sul, Chile e China apresentam firme tendência de melhora do indicador.

"A produtividade do trabalho foi responsável por 40% do crescimento do PIB do Brasil entre 1990 e 2012 em comparação com 91% na China e 67% na Índia, de acordo com pesquisa da consultoria McKinsey. O restante veio da expansão da força de trabalho, como resultado da demografia favorável, formalização e baixo desemprego", diz a revista.

A reportagem diz que uma série de fatores explicam a fraca produtividade brasileira. O baixo investimento em infraestrutura é uma das primeiras razões citadas por economistas. Além disso, apesar do aumento do gasto público com educação, os indicadores de qualidade dos alunos brasileiros não melhoraram. Um terceiro fator menos óbvio é a má gestão de parte das empresas brasileiras.

Há ainda a legislação trabalhista. A revista diz que muitas empresas preferem contratar amigos ou familiares menos qualificados para determinadas vagas para limitar o risco de roubos na empresa ou de serem processados na Justiça trabalhista. A revista também cita que a proteção do governo aos setores pouco produtivos ajuda na sobrevivência das empresas pouco eficientes.


A reportagem ouviu um empresário norte-americano que é dono do restaurante BOS BBQ no Itaim Bibi, em São Paulo. Blake Watkins diz que um trabalhador brasileiro de 18 anos tem habilidades de um norte-americano de 14 anos. "No momento em que você aterrissa no Brasil você começar a perder tempo", disse o dono do restaurante BOS BBQ, que se mudou há três anos para o País.

sábado, 5 de abril de 2014

Ipea faz pesquisa por ideologia

IPEA PERDEU A CREDIBILIDADE, DIZ PROFESSOR

Para especialistas, Ipea demorou para detectar e divulgar o erro dos dados, embora a ação tenha mostrado integridade por parte dos pesquisadores
Mônica Reolom - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Especialistas afirmam que o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) demorou ao detectar e divulgar o erro dos dados, embora a ação tenha mostrado integridade por parte dos pesquisadores. No entanto, também reservam críticas à metodologia.

O professor Marcos Fernandes, do curso de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP), disse que o Ipea é uma instituição renomada, mas que está perdendo credibilidade. "É uma fato grave que deveria ser um pouco mais investigado e estudado." Ele criticou a metodologia adotada na pesquisa. "As perguntas têm de ser muito bem feitas, senão, você enviesa a resposta."

Para o professor, o resultado já havia ficado comprometido antes de a inversão dos números vir à tona. "O problema desse trabalho é que ele parece mais guiado por ideologia do que pela ciência. E é muito perigoso quando um instituto de pesquisa permite ser mais guiados por interesses políticos e ideológicos do que pela pura pesquisa para identificar características básicas de como a sociedade brasileira se organiza, de como os brasileiros pensam, sobre suas crenças, e assim por diante", explicou o professor.

Fernandes destacou a repercussão que o dado incorreto causou. O resultado de que 65% acreditam que mulheres com roupas curtas merecem ser atacadas, para o economista, "gerou crenças no âmbito da ciência, da política e da psicologia social, além de debates e programas de televisão, tendo uma visão enviesada do brasileiro e da brasileira".

A professora de Matemática e Estatística da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) Cileda de Queiroz e Silva Coutinho considerou, antes de tudo, que o instituto teve "decência e honradez" ao reconhecer o erro.

"Toda análise de dados pode ter problemas. O cadastramento de variáveis é feito por humanos, que estão sujeito a erros. Foi importante que o Ipea recuasse, ao contrário do que muita gente faz", afirmou a professora, que citou pesquisas eleitorais como exemplo de grande incidência de erros.

Por outro lado, segundo Cileda, não é justificável a falta de checagem nem a demora em divulgar a incorreção. "Antes de publicar, tem de fazer uma verificação e, para evitar erros, você faz mais de um tratamento com os dados. O instituto falhou em não fazer todas as checagens."

Pesquisa do Ipea estupra a verdade

O Ipea, Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, do Governo Federal, publicou uma nota admitindo que errou quando publicou que 65,1% dos entrevistados em sua pesquisa concordaram com a pergunta "Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas". De acordo com o instituto, o percentual correto é 26%.

Isso provocou alvoroço nas redes sociais e campanhas de mulheres semi-nuas dizendo que não querem ser violentadas. Os "pesquisadores" deste instituto - que deveria estar atento a economia - erraram feio. Tanto que Rafael Guerreiro Osório, diretor de Estudos e Políticas Sociais do Ipea, pediu demissão.

O erro foi absurdamente grosseiro para quem trata do assunto e, de repente, o Brasil virou país de estupradores. 

Os números desta pesquisa do Ipea, na verdade, mostram o contrário do que eles mesmos publicaram. Cerca de 91,4% dos pesquisados disseram que concordam que homem que bate na própria mulher deveria ser preso e 81,1% não concordam que mulher que apanha deve se calar para preservar os filhos.

A pesquisa foi realizada entre maio e junho do ano passado e ouviu 3.810 entrevistados dos quais 66,5% são mulheres. O erro foi considerado clamoroso, irresponsável e grotesco. Mas, logo que foi publicado, Dilma e suas ministras entraram em campo "apoiando" as mulheres. Parecia bandeira de campanha política. Pelas redes sociais lançaram-se em defesa das brasileiras desprotegidas e, no final, acabaram estupradas pelo Ipea.

Osório pediu demissão e junto com ele deveria seguir Marcelo Neri, um petista de carteirinha e o presidente do Instituto. No ano passado, diante de um crescimento econômico pífio Neri, em defesa de Dilma, disse que "o Brasil optou por um crescimento de qualidade" tentando justificar a péssima gestão econômica e um PIB de 1%. Claro, virou piada. Estuprada.

PS: O Ipea tem uma "filial" na Venezuela e realiza pesquisas de apoio para o governo do país. As pesquisas nunca mostram que a inflação é altíssima, que há desabastecimento e o descontentamento é geral.