A demanda das ruas era clara desde os primeiros momentos se se tivesse observado o comportamento das massas pelas redes sociais (já que faltou sensibilidade política): prioridade nos investimentos, combate a corrupção, saúde, transporte, educação, segurança, clamor que ainda se mantém perigosamente vivo para a classe política.
Tal e qual a revolução francesa que começou com um violento protesto contra o preço do pão e abriu um leque de queixas acabando com a queda da Bastilha em 14 de julho de 1789, o brasileiro foi para as ruas protestar primeiro do preço das tarifas do transporte urbano. Depois contra o desdém dos governantes. Mais claro só se desenhar.
O Brasil de hoje se compara a França pouco antes da revolta. Lá os nobres, aliados ao clero, arrombavam os cofres levando o país a uma grave crise na economia sempre paga pelos povo que sofria com os altos impostos. Os nobres políticos brasileiros se incumbiram dos assaltos aos cofres públicos - do mensalão, corrupção, cabide de empregos, uso da frota aérea de defesa do país para assistir futebol e festas de casamentos, investimentos em estádios - e malversação do dinheiro em detrimento dos serviços oferecidos ao povo. Só para lembrar, em 2012 mais de 60 bilhões foram para o esgoto da corrupção.
Proporcionalmente os Estados Unidos e a Suíça arrecadam menos impostos que o Brasil. Lá a carga é de 27% e 29% do PIB, respectivamente. Aqui, 36%. A diferença é que os serviços oferecidos naqueles países tem qualidade. Na Suíça, mesmo investimento menos em saúde - 7% do PIB - a taxa de mortalidade infantil é de 4 para cada grupo de 1000 contra 20 no Brasil. Portanto, o problema não é investir mais dinheiro, mas qualidade de gestão.
A educação vai mal não apenas por falta de investimentos, mas pela infraestrutura montada sobre interesses políticos e não profissionais e por métodos de alfabetização que comprovadamente não funcionam. Somos os últimos colocados em todas avaliações em educação. Quem vai contestar?
O país não precisa de plebiscito, mas de vergonha na cara dos seus governantes e gestão de qualidade. Ou a Bastilha cai.