O livro vermelho de Mao nas mãos e a delação de opositores do Partido Comunista Chinês: retrato do cotidiano de Mao que matou 70 milhões de chineses entre 1949 e 1976.
Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza
A história recente da China é lastreada de horror, mortes e por completo desprezo pela vida, liberdades, direito de propriedade, leis econômicas, valores morais, éticos, religiosos e tradições, particularmente no período entre 1949 a 1976 quando o país foi governado por Mao Tse Tsung ou Mao Zédong, no chinês tradicional 毛澤東.
Mao liderou a revolta comunista que tomou o poder há 71 anos e governou como tirano. Se Hitler foi superado por Stalin em carnificina, Mao ultrapassou Josef. Os historiadores Jung Chang e Jon Halliday, autores de "Mao, a história desconhecida", afirmam que Mao foi responsável pelo menos por 70 milhões de mortes, desde o início da revolução que promoveu até 1976, quando morreu aos 83 anos.
Seu governo foi marcado pela violência, execuções em massa, tentativas de fechar o país para o mercado, a erradicação da milenar cultura chinesa e intensa perseguição religiosa.
Mao aumentou seu prestígio ao comandar a Grande Marcha para conter, sem sucesso, a invasão do Japão em 1937 (2ª Guerra Sino-Japonesa), conflito que perdurou até 1945 quando o Japão rendeu-se aos aliados na 2ª Guerra Mundial e deixou o território chinês. Antes, entre 1894-1895, ocorreu a 1ª Guerra Sino-Japonesa, com vitória do Japão.
Expurgos e purificações
No poder, a partir de 1949, Mao iniciou as reformas: coletivização das terras, controle da economia e da produção e a nacionalização de empresas estrangeiras. A expurgo de milhares de opositores começou no instante seguinte da tomado do poder, lutas que somaram 9 milhões de mortos. As execuções dos "inimigos da revolução" permaneceram nos 10 anos seguintes e somaram quase 20 milhões. Foi o chamado período da purificação, essencial para a implantação do sistema idealizado pelo alemão Karl Marx: o socialismo que nunca funcionou e provocou um período de grande fome.
Logo no início as terras produtivas transformaram-se em fazendas coletivas após a execução dos seus proprietários, chamados de latifundiários, e a eliminação dos ricos, mesmo sem posses de terras, simplesmente por deterem capital.
Vizinhos passaram a denunciar os "desleais" ao regime sob a pena de perderem direito ao cultivo da terra ou a eliminação. Familiares dos executados também eram torturados. Cerca de 4 milhões de pequenos proprietários morreram e os filhos foram deslocados para as fábricas. Donos de indústrias sofriam retaliações, impostos escorchantes e pressão para coletivizarem a empresa. Por tal, ocorreram muitos suicídios.
Nas cidades, as purificações tinham motivações políticas ou por mero capricho de controlar comportamentos sociais: envolvidos com algum tipo de crime eram executados sem julgamento formal. Bastava uma denúncia de algum "agente da revolução" para que alguém fosse eliminado por comportamento contra revolucionário ou por ter saído a noite, desobedecendo toque de recolher. Os participantes em rebeliões nas prisões lotadas eram juntados em grupo e queimados.
O Grande Salto para Frente
Por consequência da fome, Mao lançou - entre 1959 e 1961 - o programa Grande Salto para Frente, uma reforma na produção agrícola que ele mesmo comandou com terríveis resultados. Ele sugeriu que "as sementes são mais felizes quando plantadas juntas" e, contrariando a experiência, agricultores obedeceram colocando até 10 vezes mais sementes juntas. As plantas morreram e o solo secou. A tragédia matou pelo menos 45 milhões de pessoas, conforme “A Grande Fome de Mao”, livro do historiador Frank Dikötter, então residente em Hong Kong.
Em 1960, a taxa de mortalidade na China subiu de 15% para 68%. Famintas, as famílias comiam tudo que encontravam, por necessidade. Mas o consumo destes animais já existia na década de 50.
Diante da escassez o governo mentia dizendo que as gorduras e proteínas eram desnecessários. Campos de plantio de chás foram substituídos por arroz sob alegação que chá era consumo de burguês. As fazendas coletivas não funcionaram.
Canibalismo: filhos trocados para serem comidos
Um artigo do escritor Lew Rockwell, em Mises Brasil, narra que em 1968 um membro da Guarda Vermelha, chamado Wei Jingsheng, de 18 anos, escreveu que assistiu um banquete que ele já tinha ouvido falar muito durante o período da fome.
"Caminhávamos juntos ao longo do vilarejo... Diante de meus olhos, entre as ervas daninhas, surgiu uma das cenas que já haviam me contado: um dos banquetes no qual as famílias trocam suas crianças para poder comê-las. Eu podia vislumbrar claramente a angústia nos rostos das famílias enquanto elas mastigavam a carne dos filhos dos amigos.
As crianças que estavam caçando borboletas em um campo próximo pareciam ser a reencarnação das crianças devoradas por seus pais. O que fez com que aquelas pessoas tivessem de engolir aquela carne humana, entre lágrimas e aflições — carne essa que elas jamais se imaginaram provando, mesmo em seus piores pesadelos? (O autor dessa passagem foi preso mais tarde e acusado de traição. Foi libertado em 1997).
“Na comuna de Damiao, Chen Zhangying e seu marido Zhao Xizhen mataram e ferveram seu filho de 8 anos, Xiao Qing, e o comeram”. Este tema foi publicado pelo Washington Posta, em 1994, que explicou serem provas coletadas por pesquisadores chineses. Outro caso ocorreu em Wudian onde Wang Lanying não só pegou pessoas mortas para comer, mas também vendeu dois quilos de seus corpos como carne de porco.
A armadilha de Mao
Durante alguns meses de 1957, astutamente, Mao lançou "O Desabrochar das Cem Folhas", período que todos, principalmente intelectuais, eram convidados a usar a transparência para sugerir mudanças ou desabafar sobre as atividades do sistema. Tais manifestações transformaram-se em provas contra os próprios depoentes.
O livro “Holocausto Vermelho”, de Steven Rosefielde, diz que 550 mil deles foram considerados inimigos da revolução e, por conta desse julgamento, Mao ordenou que fossem humilhados, demitidos, presos, torturados ou mortos.
O governo chinês passou a importar comida e permitiu a volta dos camponeses às suas terras e a prática da agricultura tradicional. Os mercados foram autorizados. A fome começou a diminuir, mas já tinha feito milhões de vítimas.
A história recente da China é lastreada de horror, mortes e por completo desprezo pela vida, liberdades, direito de propriedade, leis econômicas, valores morais, éticos, religiosos e tradições, particularmente no período entre 1949 a 1976 quando o país foi governado por Mao Tse Tsung ou Mao Zédong, no chinês tradicional 毛澤東.
Mao liderou a revolta comunista que tomou o poder há 71 anos e governou como tirano. Se Hitler foi superado por Stalin em carnificina, Mao ultrapassou Josef. Os historiadores Jung Chang e Jon Halliday, autores de "Mao, a história desconhecida", afirmam que Mao foi responsável pelo menos por 70 milhões de mortes, desde o início da revolução que promoveu até 1976, quando morreu aos 83 anos.
Seu governo foi marcado pela violência, execuções em massa, tentativas de fechar o país para o mercado, a erradicação da milenar cultura chinesa e intensa perseguição religiosa.
Mao aumentou seu prestígio ao comandar a Grande Marcha para conter, sem sucesso, a invasão do Japão em 1937 (2ª Guerra Sino-Japonesa), conflito que perdurou até 1945 quando o Japão rendeu-se aos aliados na 2ª Guerra Mundial e deixou o território chinês. Antes, entre 1894-1895, ocorreu a 1ª Guerra Sino-Japonesa, com vitória do Japão.
Expurgos e purificações
No poder, a partir de 1949, Mao iniciou as reformas: coletivização das terras, controle da economia e da produção e a nacionalização de empresas estrangeiras. A expurgo de milhares de opositores começou no instante seguinte da tomado do poder, lutas que somaram 9 milhões de mortos. As execuções dos "inimigos da revolução" permaneceram nos 10 anos seguintes e somaram quase 20 milhões. Foi o chamado período da purificação, essencial para a implantação do sistema idealizado pelo alemão Karl Marx: o socialismo que nunca funcionou e provocou um período de grande fome.
Logo no início as terras produtivas transformaram-se em fazendas coletivas após a execução dos seus proprietários, chamados de latifundiários, e a eliminação dos ricos, mesmo sem posses de terras, simplesmente por deterem capital.
Vizinhos passaram a denunciar os "desleais" ao regime sob a pena de perderem direito ao cultivo da terra ou a eliminação. Familiares dos executados também eram torturados. Cerca de 4 milhões de pequenos proprietários morreram e os filhos foram deslocados para as fábricas. Donos de indústrias sofriam retaliações, impostos escorchantes e pressão para coletivizarem a empresa. Por tal, ocorreram muitos suicídios.
Nas cidades, as purificações tinham motivações políticas ou por mero capricho de controlar comportamentos sociais: envolvidos com algum tipo de crime eram executados sem julgamento formal. Bastava uma denúncia de algum "agente da revolução" para que alguém fosse eliminado por comportamento contra revolucionário ou por ter saído a noite, desobedecendo toque de recolher. Os participantes em rebeliões nas prisões lotadas eram juntados em grupo e queimados.
Humilhação e execução pública de um cidadão chinês considerado contra revolucionário: 70 milhões em 27 anos morreram executados ou de fome.
Por consequência da fome, Mao lançou - entre 1959 e 1961 - o programa Grande Salto para Frente, uma reforma na produção agrícola que ele mesmo comandou com terríveis resultados. Ele sugeriu que "as sementes são mais felizes quando plantadas juntas" e, contrariando a experiência, agricultores obedeceram colocando até 10 vezes mais sementes juntas. As plantas morreram e o solo secou. A tragédia matou pelo menos 45 milhões de pessoas, conforme “A Grande Fome de Mao”, livro do historiador Frank Dikötter, então residente em Hong Kong.
Em 1960, a taxa de mortalidade na China subiu de 15% para 68%. Famintas, as famílias comiam tudo que encontravam, por necessidade. Mas o consumo destes animais já existia na década de 50.
Diante da escassez o governo mentia dizendo que as gorduras e proteínas eram desnecessários. Campos de plantio de chás foram substituídos por arroz sob alegação que chá era consumo de burguês. As fazendas coletivas não funcionaram.
Camponeses na campanha Grande Salto a Frente: o objetivo de obter grande produção agrícola e industrial foi um fracasso. Foto de 1958.
Um proprietário de terras chinês de Fukang é executado
Um artigo do escritor Lew Rockwell, em Mises Brasil, narra que em 1968 um membro da Guarda Vermelha, chamado Wei Jingsheng, de 18 anos, escreveu que assistiu um banquete que ele já tinha ouvido falar muito durante o período da fome.
"Caminhávamos juntos ao longo do vilarejo... Diante de meus olhos, entre as ervas daninhas, surgiu uma das cenas que já haviam me contado: um dos banquetes no qual as famílias trocam suas crianças para poder comê-las. Eu podia vislumbrar claramente a angústia nos rostos das famílias enquanto elas mastigavam a carne dos filhos dos amigos.
As crianças que estavam caçando borboletas em um campo próximo pareciam ser a reencarnação das crianças devoradas por seus pais. O que fez com que aquelas pessoas tivessem de engolir aquela carne humana, entre lágrimas e aflições — carne essa que elas jamais se imaginaram provando, mesmo em seus piores pesadelos? (O autor dessa passagem foi preso mais tarde e acusado de traição. Foi libertado em 1997).
“Na comuna de Damiao, Chen Zhangying e seu marido Zhao Xizhen mataram e ferveram seu filho de 8 anos, Xiao Qing, e o comeram”. Este tema foi publicado pelo Washington Posta, em 1994, que explicou serem provas coletadas por pesquisadores chineses. Outro caso ocorreu em Wudian onde Wang Lanying não só pegou pessoas mortas para comer, mas também vendeu dois quilos de seus corpos como carne de porco.
A armadilha de Mao
Durante alguns meses de 1957, astutamente, Mao lançou "O Desabrochar das Cem Folhas", período que todos, principalmente intelectuais, eram convidados a usar a transparência para sugerir mudanças ou desabafar sobre as atividades do sistema. Tais manifestações transformaram-se em provas contra os próprios depoentes.
O livro “Holocausto Vermelho”, de Steven Rosefielde, diz que 550 mil deles foram considerados inimigos da revolução e, por conta desse julgamento, Mao ordenou que fossem humilhados, demitidos, presos, torturados ou mortos.
O governo chinês passou a importar comida e permitiu a volta dos camponeses às suas terras e a prática da agricultura tradicional. Os mercados foram autorizados. A fome começou a diminuir, mas já tinha feito milhões de vítimas.
Humilhação pública: Guardas Vermelhos penduram cartaz no pescoço de um "burguês" com seu nome e sua condição de "classe preta".
A culpa pelo fracassoMao Tse Tsung não admitiu a culpa e passou a buscar os responsáveis pelo fracasso. Este é o período da Revolução Cultural: prisões indiscriminadas e execuções em campos de concentração lotados com 50 mil detidos. Pessoas que não portassem com o Livro Vermelho, de autoria de Mao, podiam ser detidas. As delações feitas por crianças resultavam na prisão do próprio pai ou parente. Os presos eram forçados a trabalhar até morrer. Para resgatar a ordem, os Guardas Vermelhos impuseram terror contra qualquer cidadão, mesmo dentro do Partido Comunista Chinês. Professores, escritores, artistas eram alvos de assassinatos. Esse período ocorreu entre 1966 e 1976. Com a morte do "Grande Timoneiro", toda cúpula foi detida, inclusive a mulher de Mao.
Formada por jovens estudantes, a Guarda Vermelha usava de extrema violência contra opositores ao regime e as maiores vítimas foram professores, intelectuais, religiosos que eram humilhados publicamente, demitidos e destituídos de seus bens.
Execução pública de condenadas por tráfico, homicídio e roubo no estádio de esportes de Lufeng
Liu-Han, empresário chinês, irmão e sócios condenados a morte por deter grande fortuna
Fatos ordenados por Mao
- Como em todo país totalitário, a adoração a Mao Tsé-Tung tinha incentivo do governo comunista que premiava os pais de bebês que falassem o nome de Mao, antes dos nomes dos pais.
- A chamada Revolução Cultural, lançada por Mao, tinha como objetivos neutralizar a oposição e eliminar a cultura tradicional. Milhares de obras de arte foram simplesmente destruídas.
- Crianças participavam de aulas de doutrinação comunista e assistiam execuções de opositores.
- As crianças eram ensinadas amar o líder Mao Tsé-Tung e ganhavam prêmios se delatassem pais contra revolucionários.
- Mao ordenou que toda madeira fosse usada para uso nas fornalhas das fábricas e acabou desmatando todas as florestas do país.
Chinês preso com carga roubada intermediou...
A China mentiu sobre o corona vírus. A OMS, também.
- Como em todo país totalitário, a adoração a Mao Tsé-Tung tinha incentivo do governo comunista que premiava os pais de bebês que falassem o nome de Mao, antes dos nomes dos pais.
- A chamada Revolução Cultural, lançada por Mao, tinha como objetivos neutralizar a oposição e eliminar a cultura tradicional. Milhares de obras de arte foram simplesmente destruídas.
- Crianças participavam de aulas de doutrinação comunista e assistiam execuções de opositores.
- As crianças eram ensinadas amar o líder Mao Tsé-Tung e ganhavam prêmios se delatassem pais contra revolucionários.
- Mao ordenou que toda madeira fosse usada para uso nas fornalhas das fábricas e acabou desmatando todas as florestas do país.
Chinês preso com carga roubada intermediou...
A China mentiu sobre o corona vírus. A OMS, também.