Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza
O PT passou a vida carregando a bandeira contra as privatizações e acusando a direita de entregar o patrimônio público para a iniciativa privada. Discursos históricos marcaram a diferença ideológica entre PT e PSDB, neste campo.
Pois é, contrariando as teses do próprio partido, Dilma Rousseff lançou terça feira, 11 de junho de 2015, um imenso pacote de privatizações nos mais importantes segmentos da infraestrutura do Brasil: ferrovias, estradas, portos e aeroportos vão para a iniciativa privada. O valor financiado do pacote chamado de Programa de Investimentos e Logística é de R$ 198,4 bilhões.
Isso ocorre no exato momento dos preparativos para a organização do 5º Congresso do Partido dos Trabalhadores que será realizado de quinta a sábado, em Salvador, que pretende discutir, pasmem, a reestatização dos setores da economia. O anúncio se choca frontalmente contra todas as teses que o partido vem pregando durante sua existência, particularmente a outorga de serviços públicos na infraestrutura. O tiroteio confronta os vários setores do partido que vê a administração petista se transformar num governo neoliberal comandado por Joaquim Levy, o representante máximo do mais capitalista neoliberal do país.
O PT ficou sem discurso.
O modelo adotado para as "concessões socialistas" é idêntica a da "privataria tucana". Some-se a rendição do PT às privatizações com as bandeiras já arriadas, como a de dar um salário mínimo decente ao trabalhador, por exemplo. Segundo o Dieese, o salário mínimo necessário, hoje no Brasil, deveria ser de R$ 3.118,62 (levando em conta os gastos de uma família com alimentação, saúde, moradia, educação, higiene, vestuário, transporte, lazer e previdência) e não os R$ 788 oferecidos pelo governo atual.
Ao contrário do discurso oficial, Dilma Rousseff começou seu novo governo tirando benefícios do trabalhador, roubando os pensionistas, mantendo um salário de fome e privatizando.
As bandeiras do PT se transformaram em panos de chão.