quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Governo mudará método de alfabetização

Stanlistas Dehaene, neurocientista que há 30 anos estuda o impacto do processo de alfabetização no cérebro da criança diz, claramente, que o método utilizado no Brasil, o construtivismo, ensina o lado errado do cérebro.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

O jornal BBC News Brasil publicou, em seu site, matéria sobre possíveis mudanças no método de alfabetização no Brasil. O atual, utilizado nas redes públicas e defendido por "doutores em educação" do Ministério da Educação, é lastreado em teorias condenadas pela ciência e seus resultados são inquestionáveis: 80% dos alunos que chegam às universidades brasileiras são analfabetos funcionais e, no ensino médio, nossos alunos estão entre 60º e 66º lugares no PISA. O Enem mostra, todos os anos, como nossos estudantes estão mal. Não tem como filosofar em cima de números.

Alunos que deveriam ser alfabetizados já aos nove meses do primeiro ano do Ensino Básico, chegam ao Ensino Médio sem conseguir ler palavras com mais de duas sílabas. Mal conseguem ler e pouco conseguem compreender do texto. Isso é resultado único do método de alfabetização defendido, por exemplo, pela professora Magda Soares, considerada "emérita da Universidade Federal de Minas Gerais" e "premiada" recentemente com o prêmio Jabuti nas categorias Educação e Pedagogia.

O presidente do Grupo Editorial Record, Sérgio Machado, deixou o prêmio por não compactuar com uma "comédia de erros na avaliação e disse que o Jabuti virou um concurso de beleza com critérios de programa de TV e interesses políticos.


A "emérita da UFMG" e ganhadora do "Prêmio Jabuti": Magda Soares sentiu-se ofendida pelo posicionamento de Carlos Nadalim sobre a alfabetização defendida por ela. Nadalim aplicará o método fônico que pode alfabetizar em menos de um ano.

A matéria foi escrita pela jornalista Mariana Schreiber (que se esforça em ressalvar a idade da professora de 86 anos e sua solicitude em atender jornalistas, mesmo saída de uma cirurgia) não evolui para justificar porque o Brasil está pessimamente mal colocado no PISA (Programa de Avaliação de Estudantes mantido pela OCDE e coordenado por Andreas Schleicher, matemático, físico e estatístico alemão que criou o Programme for International Student Assessment). Faz quase 30 anos que o método atual é aplicado no Brasil com péssimos resultados. Alguém contesta os números brasileiros?

O Brasil, que participa do PISA desde do ano 2000, se mantém nas ultimas colocações entre 76 países. As provas são realizadas a cada 3 anos entre alunos de 15 anos envolve língua, matemática e ciências. O Brasil está no beirando o 60º lugar, próximo das nações africanas. A última colocação coube à Gana, na África e os analfabetos funcionais são muito mais que os 29% que o nunca confiável Ibope anunciou recentemente.

Faz 5 anos a Unesco publicou resultados da Educação Básica na América Latina. A avaliação considerou o desempenho de 134 mil alunos do ensino fundamental, de 15 países, em matemática, leitura e ciências. Na disciplina de matemática 60,3% dos alunos do 4º ano e 83,3% dos alunos do 7º ano ficaram nos níveis I e II. Somente 12% (do 4º ano) conseguiram atingir o nível IV e só 4% dos alunos do 7º ano chegaram neste patamar.

Em leitura 55,3% do 4º ano e 63,2% do 7º ano ficaram nos dois primeiros piores níveis da avaliação. O vexame continua: 80,1% dos alunos brasileiros do ensino básico ficaram nas classificações mais baixas em ciências naturais.

Isto é, as teorias de Jean Piaget e Vygotsky (crendices, como diria José Morais, professor emérito da Universidade Luxenburgo) não funcionam, mas os "doutores" da nossa educação insistem na prática construtivista. Stanislas Deheane, um dos mais importantes neurocientistas do planeta e estudioso do assunto, já disse que o construtivismo ensina o lado errado do cérebro. E ambos estranham porque o Brasil insiste num método de alfabetização que não alfabetiza. E um aluno que não for alfabetizado nos anos iniciais chegará ao Ensino Médio ou universidade analfabeto funcional.

Em que mundo vive a vovó Magda, "vencedora do prêmio Jabuti"? Se os resultados são péssimos, todos os anos, não há espaço para filosofia. Vai se culpar a falta de investimento? Ou a condição sócioeconômica do aluno? Apenas para esclarecer: os alunos mais pobres de Xangai, Japão, Vietnã, Coreia... sabem mais matemática que os alunos mais ricos da Europa. E a Coreia investe infinitamente
menos que os Estados Unidos, por exemplo, e o país lidera o PISA. São mitos derrubados.

CARLOS NADALIM ASSUME SECRETARIA DE ALFABETIZAÇÃO


Carlos Nadalim, o método fônico alfabetiza em menos de um ano 

Uma das principais causas do analfabetismo funcional no Brasil é o método construtivista. Nadalim defende o "método fônico", que apresenta as crianças às letras e aos sons da fala antes de iniciá-las em atividades com textos.

O objetivo de Carlos Nadalim é apenas provar que, depois de 30 anos se utilizando de métodos e metodologias com resultados catastróficos, o fônico alfabetiza em menos de um ano. Diz a neurociência que o "velho e bom fônico" é o melhor método para uma criança aprender ler e escrever. As provas disso estão em todos os países que lideram o PISA.

Segundo a BBC News, Nadalim diz que "uma das causas principais do alto analfabetismo funcional (quando a pessoa reconhece as letras, mas não consegue interpretar textos simples) no Brasil é a prevalência nas diretrizes do Ministério da Educação de métodos de ensino "construtivistas" - abordagem em que a criança é vista como construtora do conhecimento e o aprendizado do alfabeto ocorre de forma integrada com o uso social da leitura e escrita. Nadalim defende como alternativa o "método fônico", que apresenta as crianças às letras e aos sons da fala antes de iniciá-las em atividades com textos.

Stanlistas Dehaene, neurocientista que há 30 anos estuda o impacto do processo de alfabetização no cérebro da criança diz, claramente, que o método utilizado no Brasil, o construtivismo, ensina o lado errado do cérebro.

Dehaene – Verificamos, por meio de várias experiências, que o método mais eficaz de alfabetização é o que chamamos fônico. Ele parte do ensino das letras e da correspondência fonética de cada uma delas. Nossos estudos mostraram que a criança alfabetizada por esse método aprende a ler de forma mais rápida e eficiente. Os métodos de ensino que seguem o conceito de educação global, por outro lado, mostraram-se ineficazes. (No método global, a criança deve, primeiro, aprender o significado da palavra e, numa próxima etapa, os símbolos que a compõem.)

ÉPOCA – No Brasil, o construtivismo, que segue as premissas do método global para a alfabetização, é amplamente disseminado. Por que os sistemas que seguem o método global são ineficazes?

Dehaene – Verificamos em pesquisa com pessoas de diferentes idiomas que o aprendizado da linguagem se dá a partir da identificação da letra e do som correspondente. No português, a criança aprende primeiro a combinação de consoantes e vogais. A próxima etapa é entender a combinação entre duas consoantes e uma vogal, como o “vra” de palavra. Essa composição de formas, do menor para o maior, é feita no lado esquerdo do cérebro. Quando se usam metodologias para a alfabetização que seguem o método global, no qual a criança primeiro aprende o sentido da palavra, sem necessariamente conhecer os símbolos, o lado direito é ativado. Mas a decodificação dos símbolos terá de chegar ao lado esquerdo para que a leitura seja concluída. É um processo mais demorado, que segue na via contrária ao funcionamento do cérebro. Num certo sentido, podemos dizer que esse método ensina o lado errado primeiro. As crianças que aprendem a ler processando primeiro o lado esquerdo do cérebro estabelecem relações imediatas entre letras e seus sons, leem com mais facilidade e entendem mais rapidamente o significado do que estão lendo. Crianças com dislexia que começam a treinar o lado esquerdo do cérebro têm muito mais chances de superar a dificuldade no aprendizado da leitura.

Em palestra para diretores e coordenadores pedagógicos de Santa Catarina, Dehaene garantiu que “embora desagrade a muitos, não se aprende a ler de cem maneiras diferentes. Cada criança é única, mas, quando se trata de alfabetização, todas têm basicamente o mesmo cérebro que impõe a mesma sequência de aprendizagem. Quanto mais respeitarmos sua lógica, mais rápida e eficaz será a alfabetização”.

Milhares de estudos em laboratório mostram que "os cérebros ativam os circuitos corretos para a leitura quando a criança aprende a relação de sons e símbolos gráficos ganhando velocidade e autonomia para lerem palavras novas, de forma muito mais rápida", disse o cientista. "O atual método utilizado no Brasil, o construtivismo, é ineficaz e isso está provado não apenas em laboratório mas em centenas de experimentos realizados em inúmeros países. E esses conhecimentos científicos estão reorientando as políticas públicas em vários deles" - cita o site da Secretaria da Educação de Santa Catarina.

O que a vovó defende?
"As crianças aprendem com mais interesse e entusiasmo quando se alfabetiza com base em palavras e frases de textos reais, lidos pela professora, e em tentativas de escrever, de modo que aprender as relações fonema-grafema ganham sentido", defende.Mentira! Todas as avaliações, no Brasil e no mundo, contrariam essa afirmação da vovó. Particularmente no Brasil.

PS: Stanislas Deheane e Carlos Nadalim nunca receberam um prêmio Jabuti.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

O problema da educação está no 1º Ano do Ensino Básico

 
Editorial do Estadão aponta que o problema da educação nacional está no Ensino Médio ao admitir que alunos de 19 anos mal conseguem ler e pouco compreendem da leitura.

Por Edson Joel Hirano Kamakura e Souza

Um editorial do jornal O Estado de São Paulo, de 14 de janeiro deste ano, intitulado "A tragédia do ensino médio" tenta mostrar o caos da educação no país. Porém, mostra também a ignorância jornalística de um dos principais jornais brasileiros.

O autor lamenta a crise na educação "que vem sacrificando o futuro de novas gerações" sustentando-se em pesquisas do movimento Todos pela educação - grupo sem fins lucrativos que reúne pedagogos e gestores escolares - que apontam que 4, de cada 10 jovens na faixa etária de 19 anos, não concluíram o Ensino Médio na idade considerada para esse ciclo. E que, do total de brasileiros nessa faixa, 62% já estão fora da escola e 55% abandonaram ainda no ensino fundamental. Diz ainda que o Brasil está longe de atingir as metas projetadas que previam 90% dos jovens com ensino médio completo (em 2018 só 63,5% concluíram o curso).

Os dados levantados estão corretos mas, as conclusões apresentadas para justificar o atraso escolar dos alunos do ensino médio, completamente erradas. Absurdamente falsas.

Diz o editorial sobre o ensino médio:

"E, como a qualidade desse ciclo educacional é ruim, entre os alunos que conseguem concluí-lo muitos apresentam conhecimento insuficiente em leitura, ciências e matemática, enfrentando problemas para ler palavras com mais de uma sílaba, identificar o assunto de um texto, reconhecer figuras geométricas e contar objetos. Na Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2017, o ensino médio alcançou o nível 2 de proficiência, numa escala de 0 a 9 – quanto mais baixo é o número, pior é a avaliação. Com excesso de matérias, currículo desconectado da realidade socioeconômica e conteúdos ultrapassados, o ensino médio é considerado o mais problemático de todos os ciclos do sistema educacional. E é justamente por isso que ele se destaca por altas taxas de abandono e de reprovação."

O diganóstico está na frase "insuficiente em leitura, enfrentando problemas para ler palavras com mais de uma sílaba, identificar o assunto de um texto".

A alfabetização ocorre nos primeiros anos do Ensino Básico e não no Ensino Médio. Um aluno na faixa dos 19 anos, que tem dificuldades para ler e compreender o que conseguiu balbuciar, simplesmente não foi alfabetizado nos anos iniciais do básico. Só isso. Portanto, não é excesso de matérias, desconexão com a realidade sócioeconômica ou conteúdos ultrapassados que colocam os jovens do Ensino Médio nas piores posições da educação mundial. E, pior, um aluno que passou pelo básico e não foi alfabetizado, jamais se recupera.

O problema brasileiro está no método de alfabetização, que não alfabetiza - lastreado em teorias condenadas pela ciência - e não no ensino médio. Bastaria o articulista pesquisar um pouco mais e não ficar sentado em press-release que mostra pesquisas e conclui os caminhos a seguir, sem lógica. O desinteresse dos alunos do ensino médio decorre de um fato simples: eles não conseguem ler. Não sabem matemática porque tem dificuldades de interpretar um simples enunciado. A raiz chama-se 1º ano do ensino básico, quando a criança é alfabetizada. O método utilizado no Brasil, não alfabetiza. Vejam todos os números disponíveis em inúmeras avaliações.

Pior que os péssimos resultados da educação é a insistência dos nossos "doutores em educação" insistir corrigir erros no lugar errado. O método fônico alfabetiza em menos de 9 meses. Em Xangai ou em Brejo Santo, no Ceará. Granja, cidade com o penúltimo IDH do Ceará tem escolas com índice de proficiência em matemática no nível 9 da escala Saeb. 

O problema nem está em investimentos de vulto. Basta lembrar que a Coreia do Sul investe infinitamente menos que os Estados Unidos e seus alunos estão na ponta do PISA, programa que avalia estudantes na faixa de 15 anos, em mais de 75 países.

A condição sócio econômica pode, sim, provocar algum dano no avanço escolar mas, para destruir esse argumento como grande trava no avanço escolar brasileiro, basta citar que os alunos mais pobres de Xangai, Japão e Vietnã sabem mais matemática que os alunos mais ricos da Europa. Estes assuntos estão nos Mitos da Educação, derrubados por profundas pesquisas e análises do PISA. Há 4 anos a Unesco publicou a avaliação no Ensino Básico dos países latino americanos. O Brasil ficou nas últimas colocações.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Os filhos não podem tudo. Cabe aos pais impor limites


Por Içami Tiba

As crianças aprendem a comportar-se em sociedade ao conviver com outras pessoas, principalmente com os próprios pais. A maioria dos comportamentos infantis é aprendida por meio da imitação, da experimentação e da invenção. Se os pais permitem que os filhos, por menores que sejam, façam tudo o que desejam, não estão lhes ensinando noções de limites individuais e relacionais nem lhes passando noções do que podem ou não podem fazer.

Os pais usam diversos argumentos para isso: “Eles não sabem o que estão fazendo”. “São muito pequenos para aprender.” “Sabemos que não devemos deixar…, mas é tão engraçadinho.”

Buscando platéia

É preciso lembrar que uma criança, quando faz algo pela primeira vez, sempre olha em volta para ver se agradou alguém. Se agradou, repete o comportamento, pois entende que agrado é aprovação – e ela ainda não tem condições de avaliar a adequação do seu gesto.

Portanto, cada vez que os pais aceitam uma contrariedade, um desrespeito, a quebra de limites, estão fazendo com que seus filhos rompam o limite natural para seu comportamento em família e em sociedade. Apesar de serem mais fortes, os pais que não reagem à quebra de limites dos filhos acabam permitindo que estes, muito mais fracos, os maltratem, invertendo a ordem natural de que o mais fraco deve respeitar o mais forte.

Estabelecer limites

A força dos pais está em transmitir aos filhos a diferença entre o que é aceitável ou não, adequado ou não, entre o que é essencial e supérfluo, e assim por diante.

Pedir um brinquedo é aceitável, mas quebrar o brinquedo meia hora depois de ganha-lo e pedir outro, é inaceitável. É importante estabelecer limites bem cedo e de maneira bastante clara, pois, mais tarde, será preciso dizer ao adolescente de quinze anos que sair para dar uma volta com o carro do pai não é permitido, e ponto final.

Responsabilidade

O estudo é essencial; portanto, os filhos têm obrigação de estudar. Caso não o façam, terão sempre que arcar com as consequências de seus atos, e estas deverão ser previamente estabelecidas pelos pais. Só poderão brincar depois de estudar, por exemplo. Naquilo que é essencial, os pais deverão dedicar mais tempo para acompanhar de perto se o combinado está sendo respeitado. Os filhos precisam entender que têm a responsabilidade de estudar e que seus pais os estão ajudando a cumprir um dever que faz parte da “brincadeira” da vida.

Fonte: Livro Disciplina – Limite na medida certa, de Içami Tiba. Editora Integrare.