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segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

O problema da educação está no 1º Ano do Ensino Básico

 
Editorial do Estadão aponta que o problema da educação nacional está no Ensino Médio ao admitir que alunos de 19 anos mal conseguem ler e pouco compreendem da leitura.

Por Edson Joel Hirano Kamakura e Souza

Um editorial do jornal O Estado de São Paulo, de 14 de janeiro deste ano, intitulado "A tragédia do ensino médio" tenta mostrar o caos da educação no país. Porém, mostra também a ignorância jornalística de um dos principais jornais brasileiros.

O autor lamenta a crise na educação "que vem sacrificando o futuro de novas gerações" sustentando-se em pesquisas do movimento Todos pela educação - grupo sem fins lucrativos que reúne pedagogos e gestores escolares - que apontam que 4, de cada 10 jovens na faixa etária de 19 anos, não concluíram o Ensino Médio na idade considerada para esse ciclo. E que, do total de brasileiros nessa faixa, 62% já estão fora da escola e 55% abandonaram ainda no ensino fundamental. Diz ainda que o Brasil está longe de atingir as metas projetadas que previam 90% dos jovens com ensino médio completo (em 2018 só 63,5% concluíram o curso).

Os dados levantados estão corretos mas, as conclusões apresentadas para justificar o atraso escolar dos alunos do ensino médio, completamente erradas. Absurdamente falsas.

Diz o editorial sobre o ensino médio:

"E, como a qualidade desse ciclo educacional é ruim, entre os alunos que conseguem concluí-lo muitos apresentam conhecimento insuficiente em leitura, ciências e matemática, enfrentando problemas para ler palavras com mais de uma sílaba, identificar o assunto de um texto, reconhecer figuras geométricas e contar objetos. Na Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2017, o ensino médio alcançou o nível 2 de proficiência, numa escala de 0 a 9 – quanto mais baixo é o número, pior é a avaliação. Com excesso de matérias, currículo desconectado da realidade socioeconômica e conteúdos ultrapassados, o ensino médio é considerado o mais problemático de todos os ciclos do sistema educacional. E é justamente por isso que ele se destaca por altas taxas de abandono e de reprovação."

O diganóstico está na frase "insuficiente em leitura, enfrentando problemas para ler palavras com mais de uma sílaba, identificar o assunto de um texto".

A alfabetização ocorre nos primeiros anos do Ensino Básico e não no Ensino Médio. Um aluno na faixa dos 19 anos, que tem dificuldades para ler e compreender o que conseguiu balbuciar, simplesmente não foi alfabetizado nos anos iniciais do básico. Só isso. Portanto, não é excesso de matérias, desconexão com a realidade sócioeconômica ou conteúdos ultrapassados que colocam os jovens do Ensino Médio nas piores posições da educação mundial. E, pior, um aluno que passou pelo básico e não foi alfabetizado, jamais se recupera.

O problema brasileiro está no método de alfabetização, que não alfabetiza - lastreado em teorias condenadas pela ciência - e não no ensino médio. Bastaria o articulista pesquisar um pouco mais e não ficar sentado em press-release que mostra pesquisas e conclui os caminhos a seguir, sem lógica. O desinteresse dos alunos do ensino médio decorre de um fato simples: eles não conseguem ler. Não sabem matemática porque tem dificuldades de interpretar um simples enunciado. A raiz chama-se 1º ano do ensino básico, quando a criança é alfabetizada. O método utilizado no Brasil, não alfabetiza. Vejam todos os números disponíveis em inúmeras avaliações.

Pior que os péssimos resultados da educação é a insistência dos nossos "doutores em educação" insistir corrigir erros no lugar errado. O método fônico alfabetiza em menos de 9 meses. Em Xangai ou em Brejo Santo, no Ceará. Granja, cidade com o penúltimo IDH do Ceará tem escolas com índice de proficiência em matemática no nível 9 da escala Saeb. 

O problema nem está em investimentos de vulto. Basta lembrar que a Coreia do Sul investe infinitamente menos que os Estados Unidos e seus alunos estão na ponta do PISA, programa que avalia estudantes na faixa de 15 anos, em mais de 75 países.

A condição sócio econômica pode, sim, provocar algum dano no avanço escolar mas, para destruir esse argumento como grande trava no avanço escolar brasileiro, basta citar que os alunos mais pobres de Xangai, Japão e Vietnã sabem mais matemática que os alunos mais ricos da Europa. Estes assuntos estão nos Mitos da Educação, derrubados por profundas pesquisas e análises do PISA. Há 4 anos a Unesco publicou a avaliação no Ensino Básico dos países latino americanos. O Brasil ficou nas últimas colocações.

sábado, 8 de agosto de 2015

Enem: O que uma escola classificada em 4.071º lugar pode comemorar?


Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

A escola Estadual de tempo integral Professor Eduardo Velho Filho, de Bauru, foi matéria dos jornais e emissoras de tv da região e elogiada pela conquista do primeiro lugar, no Enem, entre as escolas públicas do Estado de São Paulo, conforme ela mesma anunciou. 

Num dos jornais a diretora enalteceu o construtivismo e apresentou os diferenciais da escola pela conquista desta almejada posição. Afinal, um primeiro lugar não é todo dia que se conquista. As comemorações foram festivas com inúmeras entrevistas e congratulações da diretoria de ensino.

Mas, na verdade, a escola está classificada em 4.071º lugar no ranking nacional do Enem 2014 e em 1.342º lugar no Estado de São Paulo, entre escolas privadas e públicas. Então, pergunta-se, comemorar o que, nestas posições?

Para "conseguir se classificar em primeiro" entre as escolas públicas do estado a direção do Eduardo Velho Filho fez uma subtração de 138 escolas técnicas, também públicas, que estavam à sua frente (com notas muito melhores) e retirou 1.205 escolas particulares do topo da lista. 

Oras, a educação brasileira não se divide em escolas particulares, públicas e públicas técnicas. Avaliações como essas, entretanto, servem para indicar claramente que o construtivismo é um engano pedagógico completo e suas vertentes radicais ajudaram a piorar o quadro da educação brasileira. Apenas 9 escolas públicas estão entre as 100 melhores do Enem. E estas 9 ou são federais ligadas a universidades ou colégios militares. As demais são escolas particulares que não comungam com as crendices de Piaget e apostam no método fônico para alfabetização. 

Pior que o injustificável festejo são as notas baixas da escola: 498,52 em matemática; 550,25 em linguagem; 533,78 em ciências naturais; 599,01 em ciências humanas e 503,8 em redação. Nas particulares as notas, em média, estão muito acima, como do Colégio Objetivo que conquistou o 1º lugar do ranking nacional: 865.93 em matemática; 661.11 em linguagem; 728.25 em ciências naturais; 716.55 em ciências humanas e 774.76 em redação. Mesmo pareando a escola bauruense com o mesmo nível sócio econômico de uma escola particular, a vantagem é bem superior para a privada. Curioso é que os alunos do Eduardo Velho Filho que conquistaram notas acima de 650 vieram de escolas particulares.

A exclusão de escolas privadas do topo da lista para permitir que escolas públicas possam comemorar a liderança entre as piores é um critério nada honesto, pouco ético e exageradamente falso quando se trata de abordar a qualidade da educação de um país que já vem sofrendo há 30 anos com métodos e metodologias de alfabetização... que não alfabetizam. 

O Brasil classificou-se em 60º lugar no Pisa - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - entre 76 países avaliados (58º entre 64 até a penúltima edição) no Ensino Médio e nas últimas posições na Educação Básica conforme a Unesco divulgou na semana passada, no Chile. Os aluninhos brasileiros conseguiram as últimas posições (I e II numa escala de IV).

Com resultados tão pífios a educação brasileira não tem nada para comemorar.

PS: antes de criticarem a abordagem, se perguntem porque os alunos do ensino básico das escolas públicas (que deveriam ser alfabetizadas no primeiro ano) chegam ao 5º ano ainda analfabetas, lendo precariamente e não compreendendo nada do texto lido? A neurociência sabe porque.