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segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Escolas particulares são piores que Sobral

O mais preocupante, além de Ideb de 7,1 das escolas particulares, comparável a escolas públicas gratuitas, é a lenta evolução. Em 2017 as escolas avaliadas pelo Saeb evoluíram apenas 1,2 ponto em 12 anos.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Faz dias um pai ligou-me contando que seu filho não sabe ler e tem imensa dificuldade de escrever. Ele estuda no terceiro ano do Ensino Básico de uma escola municipal que utiliza método construtivista. Queria um conselho e perguntou-me se escola particular seria uma solução. Essa é uma dúvida comum entre pais que escolhem as escolas para seus filhos considerando tudo, menos o método e metodologias de alfabetização. Considerando que nem mesmo secretários da educação, coordenadores pedagógicos e diretores sabem sobre alfabetização, além das teorias mofadas de Piaget, imagine para um pai.

Se soubessem não repetiriam as mesmas propostas pedagógicas, anos e anos, com péssimos resultados. A maioria das cidades que usa método construtivista evoluiu, em 10 anos, apenas 1 ou 1,5 pontos no Ideb. E, por total ignorância em processos de alfabetização, continuam repetindo as mesmas bobagens pedagógicas, sem resultados.

Pior que tudo isso é o rio de dinheiro jogado no lixo. Garça, no Estado de S. Paulo, até novembro de 2019 investiu cerca de R$ 34 milhões na sua rede escolar de 23 escolas e cerca de 3 mil alunos (salários, transportes, materiais didáticos, merenda...) e o resultado de tanto investimento e esforço de um ano inteiro de trabalho será, provavelmente, o mesmo dos últimos 10 anos: evolução de 0,1 ponto. Resultado irrelevante e grave para uma cidade que vê tanto dinheiro desperdiçado, sem avanço significativo.

E não raciocinam, não mudam, não pensam em novos caminhos, não tem coragem de buscar ou pelo menos conhecer método com resultados excelentes, evidentes, claros, visíveis, irrefutáveis e sentidos em todas as avaliações produzidas interno e externamente. Muitos mal consultam ou analisam os índices e se assustam com escolas paupérrimas que conseguem atingir notas acima de 9 no Ideb.

As mesmas dificuldades encontradas nas redes públicas estaduais ou municipais estão nas escolas particulares, também. Tanto que as escolas pagas evoluem tão lentamente quanto as públicas e suas notas de Ideb são próximas. A média nacional das escolas particulares ficou em apenas 7,1 enquanto cidades como Sobral, no Ceará batem 9,1 pontos com índice de proficiência em matemática entre 8 e 9 (numa escala de 1 a 9).

Quanto se foca nas metas propostas pelo MEC e na evolução nos últimos anos, a situação piora: escolas conduzidas por métodos sócio construtivistas apanham das unidades trabalhadas com metodologia fônica, como são as escolas de Sobral. E as diferenças são enormes.

Entre 2005 e 2017, Sobral evoluiu 5,1 pontos no IDEB (3,5 pontos acima da meta) contra 1,2 pontos das escolas particulares em todo Brasil que ficaram abaixo da meta. Além de Sobral várias outras escolas cearenses ultrapassaram a meta com facilidade inclusive as 12 cidades do Vale da Rapadura que adotaram o mesmo método fônico de Sobral.

Escolas de cidades pobres, com IDH baixo, índice de violência alto e renda per capita pequena, são melhores que as suntuosas escolas particulares. Pelo menos o Ideb escancara esses números incontestáveis. As pobres cidades cearenses que adotaram método fônico de alfabetização são melhores que as fantásticas, maravilhosas, equipadas e propagandeadas escolas do Sesi. Só uma escola Sesi obteve 7,1 no Ideb e fez espalhafatosa comemoração.

Teresina, capital de um dos mais pobres estados brasileiros e com alto índice de violência, chegou em primeiro lugar nos anos iniciais entre todas as capitais do país. Esse resultado cala os discursos das "doutoras" em educação que passaram os últimos 20 anos justificando que a condição social baixa do aluno era um grave problema para se obter resultados melhores na educação brasileira. Teresina tem IDH-M de 0,751, considerado alto ficou em primeiro lugar entre todas as capitais brasileiras, inclusive S.Paulo com o seu pomposo IDH-M de 0,833. Ocorre que Teresina jogou no lixo as invencionices pedagógicas de Piaget - usadas em S. Paulo - e usa método fônico.

IDEB 2017 SOBRAL (CE) ANOS INICIAIS
Com método fônico, Sobral
evolui 5,1 pontos entre 2005 e 2017.
Exatos 3,5 pontos acima da meta estabelecida
pelo MEC.
IDEB 2017 BRASIL ESCOLAS PARTICULARES
ANOS INICIAIS
No mesmo período as escolas particulares
evoluíram apenas 1,2  pontos em 12 anos, só
0,1 ponto, por ano. E ainda ficou
abaixo da meta.

Quem consulta o QEdu percebe que muitas escolas particulares fogem das provas do Saeb (Sistema de Avaliação do Ensino Básico) que indicam os índices do IDEB, com medo de notas baixas. Muitas particulares contrataram coordenadores pedagógicos do Estado, onde se pratica o construtivismo e, ao longo de poucos anos, essas escolas despencaram o nível do ensino nos anos iniciais.

O Sesi, com suas majestosas e propagandeadas super escolas equipadas, só conseguiu colocar uma unidade (em MG) com nota 7,1. O Sesi usa método de alfabetização condenado pela neurociência e seu Ideb é menor que muitas escolas paupérrimas que usam método fônico.

O quadro acima (Sobral x Escolas Particulares) responde a pergunta.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Governo mudará método de alfabetização

Stanlistas Dehaene, neurocientista que há 30 anos estuda o impacto do processo de alfabetização no cérebro da criança diz, claramente, que o método utilizado no Brasil, o construtivismo, ensina o lado errado do cérebro.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

O jornal BBC News Brasil publicou, em seu site, matéria sobre possíveis mudanças no método de alfabetização no Brasil. O atual, utilizado nas redes públicas e defendido por "doutores em educação" do Ministério da Educação, é lastreado em teorias condenadas pela ciência e seus resultados são inquestionáveis: 80% dos alunos que chegam às universidades brasileiras são analfabetos funcionais e, no ensino médio, nossos alunos estão entre 60º e 66º lugares no PISA. O Enem mostra, todos os anos, como nossos estudantes estão mal. Não tem como filosofar em cima de números.

Alunos que deveriam ser alfabetizados já aos nove meses do primeiro ano do Ensino Básico, chegam ao Ensino Médio sem conseguir ler palavras com mais de duas sílabas. Mal conseguem ler e pouco conseguem compreender do texto. Isso é resultado único do método de alfabetização defendido, por exemplo, pela professora Magda Soares, considerada "emérita da Universidade Federal de Minas Gerais" e "premiada" recentemente com o prêmio Jabuti nas categorias Educação e Pedagogia.

O presidente do Grupo Editorial Record, Sérgio Machado, deixou o prêmio por não compactuar com uma "comédia de erros na avaliação e disse que o Jabuti virou um concurso de beleza com critérios de programa de TV e interesses políticos.


A "emérita da UFMG" e ganhadora do "Prêmio Jabuti": Magda Soares sentiu-se ofendida pelo posicionamento de Carlos Nadalim sobre a alfabetização defendida por ela. Nadalim aplicará o método fônico que pode alfabetizar em menos de um ano.

A matéria foi escrita pela jornalista Mariana Schreiber (que se esforça em ressalvar a idade da professora de 86 anos e sua solicitude em atender jornalistas, mesmo saída de uma cirurgia) não evolui para justificar porque o Brasil está pessimamente mal colocado no PISA (Programa de Avaliação de Estudantes mantido pela OCDE e coordenado por Andreas Schleicher, matemático, físico e estatístico alemão que criou o Programme for International Student Assessment). Faz quase 30 anos que o método atual é aplicado no Brasil com péssimos resultados. Alguém contesta os números brasileiros?

O Brasil, que participa do PISA desde do ano 2000, se mantém nas ultimas colocações entre 76 países. As provas são realizadas a cada 3 anos entre alunos de 15 anos envolve língua, matemática e ciências. O Brasil está no beirando o 60º lugar, próximo das nações africanas. A última colocação coube à Gana, na África e os analfabetos funcionais são muito mais que os 29% que o nunca confiável Ibope anunciou recentemente.

Faz 5 anos a Unesco publicou resultados da Educação Básica na América Latina. A avaliação considerou o desempenho de 134 mil alunos do ensino fundamental, de 15 países, em matemática, leitura e ciências. Na disciplina de matemática 60,3% dos alunos do 4º ano e 83,3% dos alunos do 7º ano ficaram nos níveis I e II. Somente 12% (do 4º ano) conseguiram atingir o nível IV e só 4% dos alunos do 7º ano chegaram neste patamar.

Em leitura 55,3% do 4º ano e 63,2% do 7º ano ficaram nos dois primeiros piores níveis da avaliação. O vexame continua: 80,1% dos alunos brasileiros do ensino básico ficaram nas classificações mais baixas em ciências naturais.

Isto é, as teorias de Jean Piaget e Vygotsky (crendices, como diria José Morais, professor emérito da Universidade Luxenburgo) não funcionam, mas os "doutores" da nossa educação insistem na prática construtivista. Stanislas Deheane, um dos mais importantes neurocientistas do planeta e estudioso do assunto, já disse que o construtivismo ensina o lado errado do cérebro. E ambos estranham porque o Brasil insiste num método de alfabetização que não alfabetiza. E um aluno que não for alfabetizado nos anos iniciais chegará ao Ensino Médio ou universidade analfabeto funcional.

Em que mundo vive a vovó Magda, "vencedora do prêmio Jabuti"? Se os resultados são péssimos, todos os anos, não há espaço para filosofia. Vai se culpar a falta de investimento? Ou a condição sócioeconômica do aluno? Apenas para esclarecer: os alunos mais pobres de Xangai, Japão, Vietnã, Coreia... sabem mais matemática que os alunos mais ricos da Europa. E a Coreia investe infinitamente
menos que os Estados Unidos, por exemplo, e o país lidera o PISA. São mitos derrubados.

CARLOS NADALIM ASSUME SECRETARIA DE ALFABETIZAÇÃO


Carlos Nadalim, o método fônico alfabetiza em menos de um ano 

Uma das principais causas do analfabetismo funcional no Brasil é o método construtivista. Nadalim defende o "método fônico", que apresenta as crianças às letras e aos sons da fala antes de iniciá-las em atividades com textos.

O objetivo de Carlos Nadalim é apenas provar que, depois de 30 anos se utilizando de métodos e metodologias com resultados catastróficos, o fônico alfabetiza em menos de um ano. Diz a neurociência que o "velho e bom fônico" é o melhor método para uma criança aprender ler e escrever. As provas disso estão em todos os países que lideram o PISA.

Segundo a BBC News, Nadalim diz que "uma das causas principais do alto analfabetismo funcional (quando a pessoa reconhece as letras, mas não consegue interpretar textos simples) no Brasil é a prevalência nas diretrizes do Ministério da Educação de métodos de ensino "construtivistas" - abordagem em que a criança é vista como construtora do conhecimento e o aprendizado do alfabeto ocorre de forma integrada com o uso social da leitura e escrita. Nadalim defende como alternativa o "método fônico", que apresenta as crianças às letras e aos sons da fala antes de iniciá-las em atividades com textos.

Stanlistas Dehaene, neurocientista que há 30 anos estuda o impacto do processo de alfabetização no cérebro da criança diz, claramente, que o método utilizado no Brasil, o construtivismo, ensina o lado errado do cérebro.

Dehaene – Verificamos, por meio de várias experiências, que o método mais eficaz de alfabetização é o que chamamos fônico. Ele parte do ensino das letras e da correspondência fonética de cada uma delas. Nossos estudos mostraram que a criança alfabetizada por esse método aprende a ler de forma mais rápida e eficiente. Os métodos de ensino que seguem o conceito de educação global, por outro lado, mostraram-se ineficazes. (No método global, a criança deve, primeiro, aprender o significado da palavra e, numa próxima etapa, os símbolos que a compõem.)

ÉPOCA – No Brasil, o construtivismo, que segue as premissas do método global para a alfabetização, é amplamente disseminado. Por que os sistemas que seguem o método global são ineficazes?

Dehaene – Verificamos em pesquisa com pessoas de diferentes idiomas que o aprendizado da linguagem se dá a partir da identificação da letra e do som correspondente. No português, a criança aprende primeiro a combinação de consoantes e vogais. A próxima etapa é entender a combinação entre duas consoantes e uma vogal, como o “vra” de palavra. Essa composição de formas, do menor para o maior, é feita no lado esquerdo do cérebro. Quando se usam metodologias para a alfabetização que seguem o método global, no qual a criança primeiro aprende o sentido da palavra, sem necessariamente conhecer os símbolos, o lado direito é ativado. Mas a decodificação dos símbolos terá de chegar ao lado esquerdo para que a leitura seja concluída. É um processo mais demorado, que segue na via contrária ao funcionamento do cérebro. Num certo sentido, podemos dizer que esse método ensina o lado errado primeiro. As crianças que aprendem a ler processando primeiro o lado esquerdo do cérebro estabelecem relações imediatas entre letras e seus sons, leem com mais facilidade e entendem mais rapidamente o significado do que estão lendo. Crianças com dislexia que começam a treinar o lado esquerdo do cérebro têm muito mais chances de superar a dificuldade no aprendizado da leitura.

Em palestra para diretores e coordenadores pedagógicos de Santa Catarina, Dehaene garantiu que “embora desagrade a muitos, não se aprende a ler de cem maneiras diferentes. Cada criança é única, mas, quando se trata de alfabetização, todas têm basicamente o mesmo cérebro que impõe a mesma sequência de aprendizagem. Quanto mais respeitarmos sua lógica, mais rápida e eficaz será a alfabetização”.

Milhares de estudos em laboratório mostram que "os cérebros ativam os circuitos corretos para a leitura quando a criança aprende a relação de sons e símbolos gráficos ganhando velocidade e autonomia para lerem palavras novas, de forma muito mais rápida", disse o cientista. "O atual método utilizado no Brasil, o construtivismo, é ineficaz e isso está provado não apenas em laboratório mas em centenas de experimentos realizados em inúmeros países. E esses conhecimentos científicos estão reorientando as políticas públicas em vários deles" - cita o site da Secretaria da Educação de Santa Catarina.

O que a vovó defende?
"As crianças aprendem com mais interesse e entusiasmo quando se alfabetiza com base em palavras e frases de textos reais, lidos pela professora, e em tentativas de escrever, de modo que aprender as relações fonema-grafema ganham sentido", defende.Mentira! Todas as avaliações, no Brasil e no mundo, contrariam essa afirmação da vovó. Particularmente no Brasil.

PS: Stanislas Deheane e Carlos Nadalim nunca receberam um prêmio Jabuti.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Ineficácia do método global/construtivista é provada em laboratório

Método fônico alfabetiza melhor e mais rápido, diz neurocientista
Stanislas Dehaene: a ineficácia do método construtivista está provada não só em laboratório, mas em centenas de experimentos realizados em inúmeros países.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza / Atualizado em 12.03.2020

Stanislas Dehaene, matemático e neurocientista francês, afirmou que o método fônico é o mais eficiente e que uma criança pode ser alfabetizada, em português, em menos de um ano. Na maioria das escolas públicas brasileiras, com métodos lastreados em teorias construtivistas, as crianças chegam ao 9º ano com sérias dificuldades para ler, escrever e interpretar o que leu. Todas as avaliações indicam isso, inclusive a última, patrocinada pela Unesco: nossos alunos do Ensino Básico atingiram níveis de proficiência "abaixo do básico e básico" e muito pouco do adequado e quase nada do avançado.

Esta foi uma das mais importantes conclusões de Dehaene durante uma palestra no seminário promovido pela Secretaria da Educação de Santa Catarina e transmitida, ao vivo, para mais de 2000 diretores, supervisores, coordenadores e professores da rede estadual.

O cérebro impõe a sequência

Segundo matéria publicada na página da Secretaria da Educação de Santa Catarina, Dehaene garantiu que “embora desagrade a muitos, não se aprende a ler de cem maneiras diferentes. Cada criança é única, mas, quando se trata de alfabetização, todas têm basicamente o mesmo cérebro que impõe a mesma sequência de aprendizagem. Quanto mais respeitarmos sua lógica, mais rápida e eficaz será a alfabetização”.

Milhares de estudos em laboratório mostram que "os cérebros ativam os circuitos corretos para a leitura quando a criança aprende a relação de sons e símbolos gráficos ganhando velocidade e autonomia para lerem palavras novas, de forma muito mais rápida", disse o cientista. "O atual método utilizado no Brasil, o construtivismo, é ineficaz e isso está provado não apenas em laboratório mas em centenas de experimentos realizados em inúmeros países. E esses conhecimentos científicos estão reorientando as políticas públicas em vários deles" - cita o site da Secretaria da Educação de Santa Catarina. Portugal é um deles.

Método global: construindo cidadãos analfabetos

O novo ministro da educação de Portugal, Nuno Crato, aboliu as teorias de Piaget e colocou a neurociência na sala de aula. Ferrenho crítico do que ele chama de "eduquês", Crato sempre questiona como o método construtivista quer construir cidadãos que chegam ao ensino médio, analfabetos: "o jovem não consegue entender o que lê numa revista ou jornal. Que cidadão e esse?" - pergunta. Em pouco menos de três anos promoveu uma grande revolução no ensino português, até então, como o Brasil, nas últimas colocações do Pisa. Nuno Crato não abre mão de um ensino rigoroso, lastreado em conteúdos curriculares (Português, Matemática, História, Geografia, Ciências e Inglês), metas, avaliações e mérito.

O construtivismo propõe que as crianças não sejam "adestradas" com a repetição de sílabas mas se preocupa em fazer as crianças darem mais atenção ao significado das palavras. 

"O problema é que o cérebro precisa decodificar para ler, só consegue prestar atenção no significado quando a leitura ganha certa velocidade e que conseguimos isso muito mais rápido com o método fônico", explicou Dehaene.

Classes iguais, resultados diferentes

E o cientista contou uma experiência realizada na França que resume bem a situação vivida nos países que utilizam a teoria do método global. Crianças, do mesmo nível socioeconômico, foram divididas em dois grupos: um foi alfabetizado pelo método global e o outro, pelo fônico. No final da escolarização os alunos que haviam sido alfabetizados pelo método global/construtivista não só liam mais lentamente, como tinham mais dificuldades para compreender textos, dos que os que haviam aprendido pelo método grafo-fonológico.

A explicação é simples: as crianças alfabetizadas pelo método fônico são ensinadas, primeiro, a decodificar e, após, conhecer a relação dos sons/letras. Na sequência elas são ensinadas a ganhar fluência com a leitura automatizada - o cérebro não é ocupado para decodificar, mas para compreender o que lê - conquistando total autonomia no processo de leitura/compreensão. O diagnóstico clássico de alunos ensinados pelas teorias construtivistas é o oposto: os alunos, depois de uma leitura difícil, não se lembram do começo da frase.

Em português uma criança de 5 anos levaria bem menos de um ano para aprender a ler, compreender e escrever. Porém, mesmo diante de evidências científicas, o Ministério da Educação do Brasil - que vinha sendo conduzido por por políticos e não por especialistas na área, como em 2019 - insistiam no mesmo projeto pedagógico, todos os anos, ao longo dos últimos 30, com péssimos resultados. Todas as avaliações internas e externas mostram isso.

Como funciona o ensino estruturado

Dehaene aponta algumas sugestões: - A escola precisa ser organizada para a aprendizagem. Um ambiente atrativo facilita o processo da leitura. O docente tem que observar em que nível de progressão a criança se encontra e uma avaliação permanente, por parte do professor e a autoavaliação do aluno, são essenciais para esse processo.

Além do método fônico, ele destacou a importância do ensino estruturado, que é feito uma sequencia que respeita a lógica de como o cérebro aprende, começando do simples para o complexo, ensinando uma letra de cada vez, começando pelas mais regulares na sua relação com os sons, as mais fáceis de serem pronunciados separadamente e pelas mais frequentes. Ele também destaca a importância dos erros e da recompensa, o reconhecimento pelos avanços. “Os erros são mais úteis para a aprendizagem do que os acertos, mas só se a criança receber logo o feedback da correção. Ela não deve ser castigada, mas deve ser corrigida e reconhecida, elogiada por seus avanços”.

- Exercícios abundantes e diversificados adequados ao nível de progressos da criança são outros elementos da receita de sucesso de Dehaene. “Se não diversificarmos, as crianças memorizam os exercícios sem aprender a decodificação que lhes permitirá ler qualquer palavra”. Os programas Alfa e Beto foram mencionados pelo pesquisador como bons exemplos de ensino estruturado de alfabetização a partir do método fônico.

O projeto piloto de Jafa


Com a concordância da secretaria da educação municipal, a diretora da Escola Emeief Norma Mônico Truzzi, de Jafa (distrito de Garça, SP) elaborou um projeto piloto com método fônico para ser aplicado nos últimos 70 dias letivos de 2019. Recém empossada, Miriam Nitcipurenco de Souza não aceitava o mesmo projeto pedagógico que vinha sendo repetido por décadas, com péssimos resultados. Utilizando apenas os livros de português, do método Alfa e Beto, os alunos terminaram o ano com total autonomia em leitura e escrita. Em 2020 a secretaria adotou o método para a sua escola.

"Antes do fônico a gente falava uma língua estranha que os alunos não compreendiam. Hoje até a disciplina melhorou, eles conseguem ler, compreender, elaborar textos estruturados, respeitando pontuação, paragrafação.


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