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quarta-feira, 14 de outubro de 2015

A confusa guerra na Síria

Homem anda sobre escombros em um local atingido por forças leais ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, no distrito de al-Shaar de Aleppo. (Foto: Saad AboBrahim/Reuters)

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Quase 300 mil mortos em quatro anos de combates e mais de 15 milhões de desabrigados: este é apenas um dos resultados da guerra quase nada civil que atormenta a Síria e sua vizinhança. O país está destroçado. Sem infraestrutura e economia destruída o povo foge em busca de uma só coisa: sobrevivência. Mais de 5 milhões de sírios abandonaram o país e cerca de 2 milhões vagam pela Europa, aumentando a tensão na região.

Afinal, o que realmente acontece na Síria?

Essa pergunta, na verdade, é o pior caminho para tentar explicar os fatos naquele país. Tão multifacetado como os prédios em ruínas são os grupos de combatentes e seus apoiadores, inclusive os internacionais, que darão variadas e conflitantes justificativas para a guerra. Nem mesmo os mais experientes estudiosos da geografia política do oriente médio conseguem explicar tanta confusão.

A Síria tem 23 milhões de habitantes, de maioria sunita (60%) e é governado por Bashar al-Assad que pertence a minoria alauita. Lá os cristãos sírios, cerca de 10% da população, apoiam Assad da mesma forma que os xiitas ismaelitas, duodecimanos e drusos (que somam 13% com os alauitas). Se Bashar al-Assad cair, será um massacre. 

Instigados pela primavera árabe, no Egito, jovens começaram a promover protestos contra Bashar al-Assad que tentou contornar a acusação de ditador dando ares de democracia, eleições livres, etc.

As esporádicas beligerâncias das forças oficiais sírias contra os grupos sunitas moderados continuaram até que sunitas extremados buscaram apoio armado dos terroristas da Al Qaeda. Os confrontos se tornaram violentos e quase 60% do país estão nas mãos dos rebeldes. A oposição sunita ao regime está fragmentada.

Pelo lado do governo sírio lutam os membros do Hezbollah, grupo xiita armado com base no Líbano, as forças russas - que declararam apoio incondicional a Assad - e o Irã que ajuda com 15 bilhões de dólares por ano para sustentar o regime Sírio já que a economia do país se transformou em caos. A Síria consegue rendas com petróleo (40%) e agricultura, já que tem boas terras.

Para piorar a situação, o chamado Califado Islâmico (sunitas que odeiam xiitas) entrou no território sírio causando sérios danos. E, a título de combater os mesmos inimigos de americanos e europeus, Putin aproveita para jogar suas bombas nos sunitas opositores de Bashar al-Assad e nos moderados apoiados pelos americanos.

Contra o ditador sírio pesam acusações de torturas contra jovens e crianças - que ele refuta e acusa essa prática aos rebeldes - e uso de armas químicas. A favor dele a certeza de que o país viverá o maior dos massacres com a chegada dos sunitas rebeldes extremistas, apoiados pela Al Qaeda ou sunitas do Estado Islâmico ao poder. Afinal, perto dos cortadores de cabeça, qualquer um, até mesmo Bashar al-Assad vira santo.