O desempenho dos alunos melhora consideravelmente quando os professores utilizam mais tempo em sala de aula com atividades relevantes. |
Por Miriam Nitcipurenco de Souza
Quando se pergunta o que falta para melhorar a educação no Brasil, as respostas são velhas conhecidas e, quase sempre, contrariam a realidade: faltam investimentos, faltam professores, faltam escolas.
Quando se pergunta o que falta para melhorar a educação no Brasil, as respostas são velhas conhecidas e, quase sempre, contrariam a realidade: faltam investimentos, faltam professores, faltam escolas.
Sobre investimentos, estatísticas do Pisa (sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) mostram que investir dinheiro nem sempre significa dar boa educação.
Coreanos e brasileiros
A Coreia do Sul, cujos alunos permanecem entre os líderes do Pisa (particularmente em matemática), investe, em média, bem menos que a maioria dos países integrados na OCDE com resultados muito melhores.
Todas as capitais brasileiras perderam para Teresina, que atingiu o primeiro lugar na lista das melhores notas dos anos iniciais do Ideb, embora se localize num dos estados mais pobres do Brasil. Identicamente os investimentos na educação no Ceará são infinitamente menores que S. Paulo e Campinas mas, em 2017, 82 escolas cearenses estiveram na lista das 100 melhores notas do Ideb do país. Sobral atingiu nota 9,1 em 2017 contra 6 da capital paulista e 6,1 de Campinas.
Granja, um município com pouco mais de 50 mil habitantes, PIB per capita baixíssimo e detentora do segundo pior IDH do estado cearense, colocou três escolas na lista das melhores notas do Ideb do país. A maioria dos matriculados da Escola Esmerino Arruda é pobre mas seus alunos conquistaram nível de proficiência 9 em matemática, nível máxima da escala do Saeb. O método utilizado para alfabetização é o fônico.
Qualidade com equidade
“A demanda por matrículas e professores caiu em todo país e o sistema educacional já expandiu além dos limites”, como disse o professor João Batista Araújo em artigo no Jornal O Estado de S. Paulo. Para ele o desafio agora é “promover a qualidade com equidade e para isso é necessário utilizar melhor o tempo na sala se aula”.
Mais tempo com atividades relevantes
Estudos do Banco Mundial e pesquisas do iDados mostram que o desempenho dos alunos melhora consideravelmente quando os professores utilizam mais tempo em sala de aula com atividades relevantes. A mesma pesquisa mostra que, no Brasil, os professores que usam pelo menos 80% do seu tempo com atividades relevantes ficam entre 35% a 58% no 5º ano e entre 36% a 48% no 9º ano.
Considerando que as escolas públicas do país oferecem entre 4 a 4:30h de aulas por dia e levando em conta o recreio e o tempo desperdiçado acima citado, restam 2 horas/dia de aula, metade das 800 horas anuais e um desperdício de R$ 150 bilhões.
Outro ponto questionado: escola de tempo integral melhora os índices de aprendizado? Os números mostram que não. O aumento de tempo não está correlacionado com o desempenho nas notas da Prova Brasil. Isto é, os benefícios são irrelevantes.
A sugestão é simples: utilizar melhor o tempo em sala de aula (na média internacional os professores usam mais de 80% com atividades relevantes) além de aumentar para 5 horas o tempo das aulas. E um currículo simples e bem estruturado com práticas pedagógicas eficazes
Miriam Nitcipurenco de Souza é pedagoga
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