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sexta-feira, 7 de outubro de 2016

A guerra na Síria e a imprensa inocente

Conflito na Síria: terroristas x terroristas. Com o avanço do conflito, muçulmanos buscam
refúgio na Europa.

Por Edson Joel / Atualizado em 11/10/2016

Um repórter da revista Veja demonstrou imensa e temerosa ignorância sobre conflitos armados ao entrevistar um diplomata brasileiro, nas páginas amarelas, sobre a guerra civil na Síria. Em dado momento perguntou se os pilotos do governo de Bashar al-Assad não tinham sentimento ao atacar hospitais ou escolas, matando inocentes.

Na verdade os pilotos não determinam quais alvos devem atacar, mas decolam orientados para atingir pontos selecionados pelo comando. Geralmente decolam sem noção do local e são informados quando já estão no ar.

Os rebeldes, neste tipo de conflito, utilizam escolas e hospitais como QG, para organizar ataques com lançadores de mísseis, para esconder armamentos e combatentes. Crianças e pacientes são usados como escudos humanos. Eles apostam que o adversário não tenha coragem de atacar esses alvos. A morte de inocentes é propaganda negativa. Prova disso são as fotos de crianças, chorando e sangrando, que surgem na imprensa mundial, comovendo o planeta. Essa exploração é uma arma potente. As vezes os próprios rebeldes, aproveitando o sobrevoo de algum avião do inimigo, atacam alvos civis, filmam, fotografam e divulgam culpando o outro. Pergunte-se o que Assad ganharia mandando bombardear escolas e matar crianças, do nada? Aliás, a primeira vitima numa guerra... é a verdade.

O ditador da Síria, Bashar al-Assad, dissimulado de presidente, combate vários grupos de rebeldes sunitas que tem apoio da Al-Qaeda, sunitas moderados e sunitas curdos. E, pior, combate os sunitas do Estado Islâmico. Assad pertence ao grupo religioso muçulmano alauita, minoria no país, como os xiitas, ismaelitas, duodecimanos e 2,5 milhões de cristãos. Somando tudo, uns 14%. Os sunitas sírios representam mais de 65% da população. Sunitas odeiam xiitas em qualquer lugar do mundo e, para piorar a situação, os xiitas são as vítimas preferidas do Estado Islâmico.

Por isso, Bashar al-Assad recebe ajuda militar e financeira do Irã, de maioria xiita, aviões, armas e soldados da Rússia e de alguns grupos terroristas, como o Hezbollah.

Omran Daqneesh, de 5 anos, foi resgatado com seus três irmãos após ataque aéreo
em Aleppo, na Síria

Os Estados Unidos apoiam alguns grupos sunitas moderados contra Bashar al-Assad e luta contra o Estado Islâmico, o grupo sunita fundamentalista. A Arábia Saudita, cujo país é de maioria sunita, apoia os sunitas da Síria, mas atacam os sunitas do EI. A Turquia apoia a coalização dos 60 países liderada pelos americanos (como a França, Canadá, Austrália, Inglaterra, Bélgica, Holanda e Dinamarca) e vários países árabes que tem muito receio dos estrupícios do EI.

Esses países defendem o fim do regime do presidente Bashar al-Assad. Já Rússia e Irã se opõem ao Estado Islâmico, mas apoiam Assad contra os rebeldes sunitas que querem o pescoço do ditador. Assad ainda é garantia de vida para milhões de muçulmanos não sunitas, na Síria. Inclusive cristãos.

Criticados por se omitirem, os muçulmanos em todo mundo, após os últimos atentados na Europa creditados ao EI, passaram a se manifestar contra esse radicalismo com o movimento #NotInMyName - literalmente "Não em Meu Nome" - alertando o ocidente que essa violência não é aceita por eles e que o Islã (إسلام) é unicamente a manifestação da palavra de Deus.

É preciso recordar que foi o ocidente - Papa Urbano II - que iniciou o movimento das Cruzadas, por volta de 1095, com o objetivo de recuperar a Terra Santa, invadido pelos árabes. E na Terceira Cruzada (1189), foi Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra (com a França e Império Romano-Germânico) que cometeu a barbárie de massacrar mulheres, crianças e degolar prisioneiros. Neste período destacou-se a figura do curdo Saladino, herói do Islã, sultão da Síria e Egito  صلاح الدين يوسف بن أيوب

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

A confusa guerra na Síria

Homem anda sobre escombros em um local atingido por forças leais ao presidente da Síria, Bashar al-Assad, no distrito de al-Shaar de Aleppo. (Foto: Saad AboBrahim/Reuters)

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Quase 300 mil mortos em quatro anos de combates e mais de 15 milhões de desabrigados: este é apenas um dos resultados da guerra quase nada civil que atormenta a Síria e sua vizinhança. O país está destroçado. Sem infraestrutura e economia destruída o povo foge em busca de uma só coisa: sobrevivência. Mais de 5 milhões de sírios abandonaram o país e cerca de 2 milhões vagam pela Europa, aumentando a tensão na região.

Afinal, o que realmente acontece na Síria?

Essa pergunta, na verdade, é o pior caminho para tentar explicar os fatos naquele país. Tão multifacetado como os prédios em ruínas são os grupos de combatentes e seus apoiadores, inclusive os internacionais, que darão variadas e conflitantes justificativas para a guerra. Nem mesmo os mais experientes estudiosos da geografia política do oriente médio conseguem explicar tanta confusão.

A Síria tem 23 milhões de habitantes, de maioria sunita (60%) e é governado por Bashar al-Assad que pertence a minoria alauita. Lá os cristãos sírios, cerca de 10% da população, apoiam Assad da mesma forma que os xiitas ismaelitas, duodecimanos e drusos (que somam 13% com os alauitas). Se Bashar al-Assad cair, será um massacre. 

Instigados pela primavera árabe, no Egito, jovens começaram a promover protestos contra Bashar al-Assad que tentou contornar a acusação de ditador dando ares de democracia, eleições livres, etc.

As esporádicas beligerâncias das forças oficiais sírias contra os grupos sunitas moderados continuaram até que sunitas extremados buscaram apoio armado dos terroristas da Al Qaeda. Os confrontos se tornaram violentos e quase 60% do país estão nas mãos dos rebeldes. A oposição sunita ao regime está fragmentada.

Pelo lado do governo sírio lutam os membros do Hezbollah, grupo xiita armado com base no Líbano, as forças russas - que declararam apoio incondicional a Assad - e o Irã que ajuda com 15 bilhões de dólares por ano para sustentar o regime Sírio já que a economia do país se transformou em caos. A Síria consegue rendas com petróleo (40%) e agricultura, já que tem boas terras.

Para piorar a situação, o chamado Califado Islâmico (sunitas que odeiam xiitas) entrou no território sírio causando sérios danos. E, a título de combater os mesmos inimigos de americanos e europeus, Putin aproveita para jogar suas bombas nos sunitas opositores de Bashar al-Assad e nos moderados apoiados pelos americanos.

Contra o ditador sírio pesam acusações de torturas contra jovens e crianças - que ele refuta e acusa essa prática aos rebeldes - e uso de armas químicas. A favor dele a certeza de que o país viverá o maior dos massacres com a chegada dos sunitas rebeldes extremistas, apoiados pela Al Qaeda ou sunitas do Estado Islâmico ao poder. Afinal, perto dos cortadores de cabeça, qualquer um, até mesmo Bashar al-Assad vira santo.