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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Yoani Sánchez: Dilma está “brincando com fogo” sobre situação em Cuba

Yoani Sánchez, jornalista cubana

No Dia Internacional da Liberdade de Expressão, blogueira fala ao Estado sobre sua viagem ao Brasil, sobre o futuro de Cuba, sobre Chávez e sobre seus projetos pessoais. 

GENEBRA – A presidente Dilma Rousseff está “brincando com fogo” sobre a situação em Cuba e Havana estaria usando a disposição do Brasil para dialogar para adiar qualquer tipo de reforma mais significativa em seu regime. O alerta é da ativista e blogueira, Yoani Sanchez. Em entrevista a este blog durante sua passagem por Genebra às vésperas do Dia Internacional da Liberdade de Expessão, a dissidente cubana revelou que ficou surpreendida com a violência das ações contra ela durante sua passagem pelo Brasil, há um mês. Mas acredita que a ação foi organizada pela prórpria embaixada cubana em Brasília e insiste que as “intimidações” não vão conseguir que ela abandone seu questionamento sobre o regime. Eis os principais trechos da entrevista:

P – Como a sra avalia a posição do governo brasileiro em relação à Cuba…

Yoani Sánchez - Dilma está brincando com fogo com Havana. O governo brasileiro está fazendo uma aposta de que o regime quer mudar. E, normalmente, o governo de Havana usa muito bem isso a seu favor. Ela acha que pode reformar o sistema por dentro, influenciar. Mas vai ser enganada. O governo vai usar isso para se manter. É ainda assim útil ter países com essa visão do Brasil. Mas acredito que não terá resultado.

P – Durante a passagem da sra pelo Brasil, vimos vários protestos contra a sra. Como avalia isso…

Yoani Sánchez – Não ocorreu apenas no Brasil e foram sempre organizadas pela embaixada cubana nos países em que estive. Eu optei por ir ao Brasil primeiro e sabia que não seria o mais fácil. Mas não queria ir para os EUA. Isso daria margem para que me dissessem que, assim que pude, fui justamente ao colo dos americanos. No Brasil, alguns casos chegaram a ser violentos, até puxando meu cabelo, com ofensas. A embaixada cubana inclusive entregou um dossiê sobre minha pessoa a vários grupos, inclusive a funcionários do governo brasileiro. Mas acredito que eles mesmos viram que não funcionou e até tiveram de mudar de estrategia. Posso confirmar, porém, que em certos momentos foi muito difícil. Mas decidi continuar e vou até o final.

P – E qual o resultado que a sra acredita que teve sua viagem ao Brasil…

Yoani Sánchez – Acredito que ajudou a entender o que é que vivemos em Cuba e o povo brasileiro talvez saiba mais hoje. A realidade é que, nos dias que passei pelo Brasil, meus seguidores no Twitter aumentaram em 38 mil. Quero muito voltar ao Brasil e espero que isso possa ocorrer logo.

P – A sra. se dispôs a viajar por 80 dias pelo mundo. Porque acredita que o governo cubano a deixou sair…

Yoani Sánchez – Não acredito que a palavra “deixar” é a correta. Eles não tinham opção. Eu fiz um pedido para sair em 20 ocasiões durante cinco anos. Quando a reforma de imigração foi anunciada, eu fui a primeira a aparecer para pedir um passaporte. Eles não tinham opção. Era a credibilidade da reforma que estava sendo testada. Acho que calcularam o seguinte: essa mulher é o termômetro de nossa reforma. Se não deixarmos ela sair, vão nos questionar se a reforma é real. Mas acho também que calcularam outra coisa: desprestigiariam meu nome por onde eu fosse e iriam me intimidar.

P – Enquanto a sra. esteve fora, Hugo Chavez morreu. Como a sra avalia o impacto de sua morte para as autoridades de Cuba…

Yoani Sánchez - Não existe chavismo sem Chavez e não existirá o castrismo sem os Castros.

P – Mas Nicolas Maduro não venceu…

Yoani Sánchez - Maduro pode fazer sobreviver as ideias de Caracas por algum tempo. Mas não será para sempre e isso preocupa as pessoas em Havana. Até agora, o que tem mantido o sistema são os subsídios venezuelanos. As autoridades estão muito preocupadas, pois sabem que Nicolas Maduro tem uma pressão forte para reduzir sua ajuda à Havana e ajudar a economia venezuelana. Havana está fazendo muita pressão sobre Maduro para que não desmonte o sistema de ajuda. Mas eu tenho a impressão de que Maduro terá de optar entre ajudar Cuba e garantir sua própria economia e isso assusta Havana.

P – As reformas adotadas por Raul Castro podem levar a uma melhoria do sistema…

Yoani Sánchez - A reforma não irá melhorar o sistema. O que ocorrerá é que essa reforma vai derrubar o regime. O sistema cubano é como uma casa na Havana Velha que, apesar de estar caindo aos pedaços, está se aguentando. Um dia, o proprietário decide mudar de porta e tirar um parafuso. Nesse momento, a casa cai. Isso é o que vai ocorrer com as reformas e o sistema.

P – Qual seria o impacto de uma reforma política em Cuba para a América Latina…

Yoani Sánchez – O que ocorrer com a reforma política em Cuba definirá o destino da América Latina por cerca de cem anos. Se ela ocorrer e passarmos para uma democracia, vários movimentos na América Latina vão perder força. É verdade que os cubanos se consideram o umbigo do mundo. Mas, realisticamente, se a transição política fracassar e o regime for mantido, temo por uma onda de regimes populistas por anos. Mas essa transição também depende da ação da comunidade internacional. Não digo uma intervenção. Ela terá de ocorrer de dentro mesmo de Cuba. Mas a comunidade internacional terá de estar preparada para, no dia seguinte, estar lá para nos ajudar. Vamos precisar de linhas de crédito e muito mais.

P – A sra. se ve ocupando um cargo político numa Cuba sob um novo sistema…

Yoani Sánchez – Não. Dizem isso para mim. Mas na minha vida sempre tomei um caminho diferente. Quero ter um jornal.

P –O que poderia acelerar a transição…

Yoani Sánchez – O fim de embargo americano e a chegada de tecnologia. Já hoje estamos vendo que a tecnologia está gerando uma ruptura do monopólio informativo do governo e sabemos o que isso significa. Há muita informação clandestina circulando por Cuba. Bairros se organizam e uma família tem uma antena parabolica escondida em um tanque de água. De la, cerca de 300 famílias podem captar o sinal e pagam uma taxa por mês. Hoje, vemos séries americanas, novelas brasileiras, CNN e todo o tipo de informação que seria oficialmente proibido.

P – Como a sra acredita que será recebida de volta em Cuba, depois de fazer tanto barulho pelo mundo…

Yoani Sánchez – Haverá um fusilamento midiático. O governo te lincha na televisão, te acusa publicamente dos piores delitos. Mas o segredo é manter a cabeça fria. Inclusive, eles usam até isso contra mim, dizendo que essa reação de calma que tenho é uma prova que fui treinada pela CIA. Fui sequestrada em quatro ocasiões. A tortura psicológica a qual fui submetida não tem palavras. Tive de tirar minha roupa e ameçaram me entregar a dois homens. Também me disseram que, se meu filho andasse de bicicleta, ele deveria ter cuidado, pois há muito acidente de trânsito.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

¿Por qué los dictadores temen Yoani?


- Tentam me calar porque divulgo a Cuba real.

É assim que a Revista Veja manchetou sua entrevista com Yoani Sanches, a blogueira cubana que denuncia a ditadura em seu país. Presa e torturada várias vezes, Yoani não cedeu e continuou sua luta de denúncias contra um regime totalitarista que não respeita liberdades. Em 2012 foram mais de seis mil e seiscentas prisões arbitrárias de dissidentes. Para viajar ao exterior só com autorização do governo. Antes, nem isso. Era proibido sair. E os que tentavam fugir pelo mar eram presos e fuzilados. Cuba mantém presos de consciência e muitos morreram no "paredon" sob ordens de um grande assassino chamado Che Guevara, um guerrilheiro de competência duvidosa e conhecido pelo mal cheiro. Seu apelido era rim cozido.

Jornal, só um, o oficial Granma, jornaleco do Partido Comunista. Tal e qual a televisão que Fidel discursa durante seis horas intermináveis nas comemorações oficiais da revolução. Agora o povo cubano tem outra opção para audiência de TV: o canal da Venezuela até então comandada pelo falecido Hugo Chavez. Os celulares somente agora estão chegando ao país. 

O sistema de saúde cubano está falido. Os pacientes tem que levar as roupas de cama, toalhas, desinfetantes, além de esparadrapos, algodão e linhas de sutura . E, para serem atendidos, os cubanos pagam "agrados" aos médicos cujos salários não passam de equivalentes US$ 25 mensais. Nos poucos hospitais falta tudo, até água corrente. Banho e escovação de dentes as vezes são feitos com água de recipientes levados aos hospitais. Quatro hospitais com melhores condições atendem estrangeiros ou cubanos casados com estrangeiros, militares e políticos em geral.

Em troca de 100 mil barris diários de petróleo Cuba manda para a Venezuela 30 mil médicos e dentistas. E, para fugir das péssimas condições de trabalho na ilha, muitos fogem para os Estados Unidos. De 2 mil que pediram visto americano, desde 2006, 500 vieram da Venezuela.

Para sobreviver em Cuba os trabalhadores roubam das fábricas, todas estatais, como a de charuto cubano vendidos pelas ruas e praças concorrendo com o produto estatal. Quem se opuser ao regime é tratado como traidor da revolução.

Yoani Sanches, recebida com protestos por meia dúzia de jovens controlados pelo PT e pela embaixada da Cuba no Brasil, sugere algo simples aos baderneiros: que morem em Cuba para conhecer a “realidade de um mercado racionado, dualidade monetária, falta de liberdade e impossibilidade de se manifestar na rua”.

Um "agrado" ao médico para garantir atendimento rápido
Médicos ganham US$ 60 por mês

A dissidente cubana disse que não se amedrontou com as provocações porque já conhece os métodos em Cuba: coação e difamação. Pior que isso: já esteve presa e foi torturada"Cuba não vive um comunismo, mas um capitalismo de estado. Recomendaria que cada um deles morasse um tempo em Cuba para viver na pele a realidade de um mercado racionado, dualidade monetária, falta de liberdade, impossibilidade de se manifestar na rua. Depois desse tempo, duvido que continuem a defender o governo cubano. Tentam me calar porque divulgo uma Cuba menos parecida com o discurso político e mais parecida com a rua. Uma Cuba real" diz Yoana. 

Ela conta que as pessoas escondem suas opiniões com medo de represálias, jovens querem imigrar por falta de expectativa, o estado controla tudo e os trabalhadores roubam das fábricas do governo para sobreviver. Aposentado ganha 15 dólares conversíveis e, por isso, é comum vê-los vendendo cigarros na rua. 

Tudo em Cuba é racionado. Mas todos tem direito a uma cota de alimentos com preços subvencionados pelo governo que dá para duas semanas. No resto do mês se socorrem ao salário de 20 dólares em média, cerca de R$ 40. Considere que um litro de leite em Cuba custa R$ 3,60. Para sobreviver, roubam das fábricas do estado para vender no mercado negro, exercem atividades ilegais - como dirigir táxis - ou se prostituem. Segundo Yoani, Cuba hoje depende dos dólares enviados pelos cubanos que conseguiram fugir.

Uma coisa chateia Yoana: os jovens cubanos se fascinam pelos americanos que eles chamam de "yuma", uma expressão não pejorativa. 

Falta tudo nos hospitais cubanos, até água corrente
Cada paciente leva lençóis, desinfetantes, agulhas, linhas de sutura
Banheiros imundos e sem água corrente. A higiene em muitos hospitais é feito com água levada pelo próprio paciente.
A "revolucion" foi o caminho para a ditadura
Cotidiano em Cuba
Muita propaganda e nenhum resultado: o ídolo Che Guevara foi um guerrilheiro de competência duvidosa
Aposentados ganham 15 dólares conversíveis por mês

Shopping cubano

Fidel Castro: o herói na derrubada de Fulgêncio e ditador assassino quando assumiu o poder

Apenas 4 hospitais em melhores condições para atender estrangeiros, cubanos casados com estrangeiros, militares e políticos