Corpo do guerrilheiro, após sua prisão e execução
Arrogante e egocêntrico, destemperado e cheio de soberba. Assim narram testemunhas que conviveram com Che. Apenas alguns poucos viveram uma vida totalmente de acordo com sua vontade. As frases coletadas de seu diário mostram que o argentino era um psicopata.
Félix Rodrigues conta que uma mulher tentou salvar a vida de seu filho, preso por ter escrito contra a revolução. Ela conseguiu uma audiência com Che e lhe implorou pela vida do menino que seria executado na segunda feira. Era uma sexta feira. A mãe acreditou que tinha conseguido salvar o filho quando Che perguntou pelo nome dele. Ele gritou para os soldados: "Fuzilem o filho desta senhora hoje mesmo para que ela não tenha que esperar até segunda-feira'”, contou Felix em depoimento.
O jornalista cubano Jacobo Machover, autor da biografia "El rostro oculto del Che" mostra que a imagem construída destoa da verdade. Machover conta que Che foi responsável pela "Comissão Purificadora" de uma prisão em Havana e, entre outras funções, supervisionava os fuzilamentos no "paredon". Pelo menos 180 pessoas foram fuziladas depois de um julgamento sumário presidido por ele mesmo. Che assistia às execuções fumando charuto.
"Che subia num muro e, deitado de costas, observava as execuções enquanto fumava um charuto", disse Jiménez. Segundo o escritor americano Lawrence Osborne, a retórica de Che era carregada de ódio. "Todos os seus discursos eram fascistas" afirma. Ele cita o final de um pronunciamento do líder revolucionário em que ele dizia que "o incontrolável ódio ao inimigo nos impulsiona e nos transforma em máquinas de matar efetivas, frias e seletivas".
Na Onu, Guevara defendeu os fuzilamentos no paredão de centenas de opositores "condenados" sumariamente por uma corte revolucionária. "Vamos continuar fuzilando" - repetiu ele em seu discurso.
Seus próprios companheiros de guerrilha o acusam de assassino violento, péssimo comandante e traidor. Num dos episódios ocorridos no México, um grupo de revolucionários cubanos foi preso depois da confissão de Guevara. A afirmação está no documentário Che Guevara, anatomia de um psicopata. Odiava os negros cubanos e não gostava dos gays, embora fosse um deles.
As frases abaixo são conhecidas dos escritos no diário do guerrilheiro e mostram sua personalidade.
“Enlouquecido com fúria irei manchar meu rifle de vermelho ao abater qualquer inimigo que caia em minhas mãos! Minhas narinas se dilatam ao saborear o odor acre de pólvora e sangue. Com as mortes de meus inimigos eu preparo meu ser para a luta sagrada e me junto ao proletariado triunfante com um uivo bestial.”
"Não posso ser amigo de quem não compartilha das mesmas ideias que eu".
"Adoro o ódio eficaz que faz do homem uma violenta, seletiva e fria máquina de matar".
“Para mandar alguém para o pelotão de fuzilamento, as provas judiciais são desnecessárias. Esses procedimentos legais são um arcaico detalhe burguês”.
(coletadas do Diário de Che Guevara)
Revista Veja
Há 50 anos Che Guevara era preso e morto na Bolívia
Em suas últimas horas de vida, o guerrilheiro se preocupou com o destino de seu Rolex, menosprezou os africanos e apostou na "delação premiada"
Por Leonardo Coutinho / Revista Veja / 8 out 2017, 14h02
O guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara, preso na Bolívia, em 1967 (VEJA/Reprodução) |
Em 1967, a Bolívia era o país e mais pobre da América Latina e possuía uma das forças armadas mais desequipadas da região. Mesmo assim, um grupo de soldados raquíticos, com armas da II Guerra Mundial e quase nenhuma proficiência de combate foi capaz de subjugar e prender aquele que os movimentos armados idolatraram como seu guerrilheiro máximo. Sob a mira dos bolivianos, ele suplicou: “Não me matem. Sou Che Guevara. Para vocês valho mais vivo do que morto”.
Há exatos cinquenta anos Ernesto “Che” Guevara fora vencido pelo pelotão comandado pelo então capitão Gary Prado Salmón. Ao longo da tarde e noite daquele dia 08 de outubro de 1967, Che e Prado compartilharam cigarros, tomaram café e conversaram. O guerrilheiro queixou-se que os soldados haviam lhe roubado o relógio Rolex que Fidel Castro havia lhe dado de presente. Che estava convencido que sairia ileso e, por isso, se dava ao luxo de se preocupar com o seu relógio.
O general Gary Prado, em sua casa Santa Cruz de la Sierra. Ele comandou a operação que
capturou Che Guevara (VEJA/AP)
O militar relembra o desdém que Che demonstrava para com aqueles ele não o seguiam em seus projetos revolucionários. Quando perguntado sobre a experiência no Congo, onde Cuba havia planejado exportar a revolução, Che disse “deu errado porque a gente quis fazer a revolução em um lugar onde as pessoas ainda viviam pendurada em árvores”.
Prado disse a VEJA que neste 50º aniversário da prisão e morte de Che Guevara, ele espera exorcizar o passado. “Não aguento mais todo ano a mesma história. A mesma obsessão em torno da morte dele e de todos os mitos decorrentes desses eventos.
A execução de Che no dia seguinte colocou um fim na pretensões do guerrilheiro de colaborar com as autoridades. “Ele acreditava que seria mantido vivo pelo valor estratégico que tinha”. Mas a decisão do governo da Bolívia de matá-lo impediu o que seria o primeiro acordo de delação premiada da esquerda latino-americana.
Hoje, Prado e outros veteranos inaugurarão em Santa Cruz de la Sierra um memorial em homenagem aos 54 bolivianos que morreram em combate com a guerrilha castrista. “São heróis nacionais que ficaram esquecidos pela história, ofuscados pelo mito Che Guevara”.
O agora general da reserva Gary Prado relembra que quando Che foi preso ele estava em frangalhos e ferido. O odor de seu corpo era tão insuportável, que depois de sua execução uma enfermeira pediu autorização para lavar o cadáver.
Corpo após a execução e asseio pós-mortem: Guevara transformou-se no maior produto da propaganda cubana.
O que os militares bolivianos jamais poderiam imaginar era que o asseio post-mortem ajudaria reforçar o mito do martírio de Che. As fotografias do corpo limpo e bem arrumado estendido sobre a pia de cimento passou a ser comparada à pintura A lamentação sobre Cristo morto do renascentista Andrea Mantegna (1431-1506). Se vivo Che valeria muito para os seus captores. Morto, ele teve uma valor inestimável para Fidel Castro. Transformou-se no maior produto da propaganda cubana.
“Surgiram uma infinidade de relatos sem nenhuma conexão com a realidade”, diz o ex-militar. Segundo ele, jamais houve um discurso de despedida, como retratado em filmes e relatado em livros. “Não houve tempo de Che dizer nada. O militar que o executou o encontrou se voluntariou para fazer isso. Entrou no local onde Che estava e o fuzilou com uma rajada de metralhadora”.
O fato de ter comandado a captura de Che Guevara quase custou a vida de Gary Prado. Em julho de 1968, menos de um ano depois da morte do argentino. Prado foi alvo de uma tentativa de atentado.