quarta-feira, 6 de março de 2013

O assassino Che Guevara

Na ONU defendeu os fuzilamentos de opositores e, em suas últimas horas de vida, preocupou-se com o destino de seu Rolex.

Corpo do guerrilheiro, após sua prisão e execução

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Arrogante e egocêntrico, destemperado e cheio de soberba. Assim narram testemunhas que conviveram com Che. Apenas alguns poucos viveram uma vida totalmente de acordo com sua vontade. As frases coletadas de seu diário mostram que o argentino era um psicopata.

Félix Rodrigues conta que uma mulher tentou salvar a vida de seu filho, preso por ter escrito contra a revolução. Ela conseguiu uma audiência com Che e lhe implorou pela vida do menino que seria executado na segunda feira. Era uma sexta feira. A mãe acreditou que tinha conseguido salvar o filho quando Che perguntou pelo nome dele. Ele gritou para os soldados: "Fuzilem o filho desta senhora hoje mesmo para que ela não tenha que esperar até segunda-feira'”, contou Felix em depoimento.

O jornalista cubano Jacobo Machover, autor da biografia "El rostro oculto del Che" mostra que a imagem construída destoa da verdade. Machover conta que Che foi responsável pela "Comissão Purificadora" de uma prisão em Havana e, entre outras funções, supervisionava os fuzilamentos no "paredon". Pelo menos 180 pessoas foram fuziladas depois de um julgamento sumário presidido por ele mesmo. Che assistia às execuções fumando charuto.


José Vilasuso é advogado e trabalhou com Che na prisão de La Cabaña no preparo das acusações, confirmou que "os fatos eram julgados sem nenhuma consideração dos princípios de justiça". O livro de Jacobo Machover traz o depoimento de um ex-companheiro de guerrilha de Che, Dariel Jiménez Alarcón, que descreve a frieza mantida pelo comandante durante as execuções que presenciava.

"Che subia num muro e, deitado de costas, observava as execuções enquanto fumava um charuto", disse Jiménez. Segundo o escritor americano Lawrence Osborne, a retórica de Che era carregada de ódio. "Todos os seus discursos eram fascistas" afirma. Ele cita o final de um pronunciamento do líder revolucionário em que ele dizia que "o incontrolável ódio ao inimigo nos impulsiona e nos transforma em máquinas de matar efetivas, frias e seletivas".

Na Onu, Guevara defendeu os fuzilamentos no paredão de centenas de opositores "condenados" sumariamente por uma corte revolucionária. "Vamos continuar fuzilando" - repetiu ele em seu discurso.

Seus próprios companheiros de guerrilha o acusam de assassino violento, péssimo comandante e traidor. Num dos episódios ocorridos no México, um grupo de revolucionários cubanos foi preso depois da confissão de Guevara. A afirmação está no documentário Che Guevara, anatomia de um psicopata. Odiava os negros cubanos e não gostava dos gays, embora fosse um deles.


Ernesto Rafael Guevara de la Serna, "Che" Guevara, foi guerrilheiro e médico argentino-cubano que lutou ao lado de Fidel Castro na derrubada de Fulgêncio Batista. Nascimento: 14 de maio de 1928, Rosário, Argentina. Altura: 1,82m. Morto após sua prisão, na Bolívia, onde mantinha a guerrilha, em 9 de outubro de 1967, La Higuera. Tornou-se ícone do regime comunista de Cuba e teve seu lado obscuro mostrado em novas biografias quando se comemora 40 anos da sua morte. Entre os companheiros de guerrilha era chamado de "rim cozido" tamanho seu mau cheiro e sua liderança militar foi posta em dúvida depois de alguns confrontos com muitos parceiros mortos.

As frases abaixo são conhecidas dos escritos no diário do guerrilheiro e mostram sua personalidade.

“Enlouquecido com fúria irei manchar meu rifle de vermelho ao abater qualquer inimigo que caia em minhas mãos! Minhas narinas se dilatam ao saborear o odor acre de pólvora e sangue. Com as mortes de meus inimigos eu preparo meu ser para a luta sagrada e me junto ao proletariado triunfante com um uivo bestial.”

"Não posso ser amigo de quem não compartilha das mesmas ideias que eu". 

"Adoro o ódio eficaz que faz do homem uma violenta, seletiva e fria máquina de matar".

“Para mandar alguém para o pelotão de fuzilamento, as provas judiciais são desnecessárias. Esses procedimentos legais são um arcaico detalhe burguês”.
(coletadas do Diário de Che Guevara)

Revista Veja
Há 50 anos Che Guevara era preso e morto na Bolívia

Em suas últimas horas de vida, o guerrilheiro se preocupou com o destino de seu Rolex, menosprezou os africanos e apostou na "delação premiada"

Por Leonardo Coutinho / Revista Veja / 8 out 2017, 14h02

O guerrilheiro argentino Ernesto Che Guevara, preso na Bolívia, em 1967 (VEJA/Reprodução)

O general Gary Prado, em sua casa Santa Cruz de la Sierra. Ele comandou a operação que
capturou Che Guevara (VEJA/AP)

Prado recuperou a peça e a entregou na mãos do argentino. Che pediu ao militar que a guardasse para evitar que voltasse a ser roubado. Gary Prado manteve o Rolex sob sua guarda até 1984, quando o entregou a um cônsul cubano para que pudesse ser devolvido à família de Guevara.


Entre os vários assuntos que tratou, Prado queria saber o motivo de ele ter escolhido a Bolívia para exportar a revolução. “Nós já havíamos passado por uma revolução com reforma agrária e direitos universais. Que revolução ele esperava fazer, perguntei. Ele me respondeu ‘Me deram uma má informação. Eu não preparei essa missão. As ordens vieram de instancias superiores’. Perguntei de Fidel, mas nunca me respondeu”.

O militar relembra o desdém que Che demonstrava para com aqueles ele não o seguiam em seus projetos revolucionários. Quando perguntado sobre a experiência no Congo, onde Cuba havia planejado exportar a revolução, Che disse “deu errado porque a gente quis fazer a revolução em um lugar onde as pessoas ainda viviam pendurada em árvores”.

Prado disse a VEJA que neste 50º aniversário da prisão e morte de Che Guevara, ele espera exorcizar o passado. “Não aguento mais todo ano a mesma história. A mesma obsessão em torno da morte dele e de todos os mitos decorrentes desses eventos.

A execução de Che no dia seguinte colocou um fim na pretensões do guerrilheiro de colaborar com as autoridades. “Ele acreditava que seria mantido vivo pelo valor estratégico que tinha”. Mas a decisão do governo da Bolívia de matá-lo impediu o que seria o primeiro acordo de delação premiada da esquerda latino-americana.

Hoje, Prado e outros veteranos inaugurarão em Santa Cruz de la Sierra um memorial em homenagem aos 54 bolivianos que morreram em combate com a guerrilha castrista. “São heróis nacionais que ficaram esquecidos pela história, ofuscados pelo mito Che Guevara”.

O agora general da reserva Gary Prado relembra que quando Che foi preso ele estava em frangalhos e ferido. O odor de seu corpo era tão insuportável, que depois de sua execução uma enfermeira pediu autorização para lavar o cadáver.

Corpo após a execução e asseio pós-mortem: Guevara transformou-se no maior produto da propaganda cubana.

O que os militares bolivianos jamais poderiam imaginar era que o asseio post-mortem ajudaria reforçar o mito do martírio de Che. As fotografias do corpo limpo e bem arrumado estendido sobre a pia de cimento passou a ser comparada à pintura A lamentação sobre Cristo morto do renascentista Andrea Mantegna (1431-1506). Se vivo Che valeria muito para os seus captores. Morto, ele teve uma valor inestimável para Fidel Castro. Transformou-se no maior produto da propaganda cubana.

“Surgiram uma infinidade de relatos sem nenhuma conexão com a realidade”, diz o ex-militar. Segundo ele, jamais houve um discurso de despedida, como retratado em filmes e relatado em livros. “Não houve tempo de Che dizer nada. O militar que o executou o encontrou se voluntariou para fazer isso. Entrou no local onde Che estava e o fuzilou com uma rajada de metralhadora”.

O fato de ter comandado a captura de Che Guevara quase custou a vida de Gary Prado. Em julho de 1968, menos de um ano depois da morte do argentino. Prado foi alvo de uma tentativa de atentado.

Na ocasião, ele estudava no Brasil. Fazia um curso da Escola de Comando e Estado Maior do Exército, no Rio de Janeiro. Militantes do Comando de Libertação Nacional (Colina) – organização da qual a ex-presidente Dilma Rousseff viria a fazer parte – montou uma emboscada para “vingar a morte de Che”. Mas os terroristas confundiram o alvo e mataram a tiros o major alemão Edward Westernhagen, que era colega de curso de Gary Prado.