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domingo, 2 de fevereiro de 2014

O dia que "entrevistei" João Figueiredo

João Figueiredo, sobre a
abertura política: "Se alguém
for contra eu prendo e arrebento".
Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

João Baptista de Oliveira Figueiredo, o último dos militares no poder, era barra pesada. Ao empossar como presidente disse que democratizaria o Brasil. Falava pouco com a imprensa e era duro nas entrevistas. E não se continha nas palavras. Perguntado se gostava estar no meio do povo respondeu que preferia o cheiro dos cavalos.

Quando procurado por João Havelange, então presidente da Fifa, para trazer a copa de futebol ao Brasil, João foi razoavelmente contundente com seu xará ao lhe perguntar se conhecia os problemas brasileiros e que não investiria um tostão com estádios diante das carências do país.

Cheguei a "entrevista-lo" na inauguração da rodoviária de Bauru, em agosto de 1980. Ninguém da imprensa estava autorizado a se aproximar dele. O pessoal de TV, rádio e jornal ficou no "chiqueirinho", no mezanino. Eu, então na Lins Rádio Clube, escondi o gravador no paletó e coloquei um fone de ouvido, igual aos usados pelos seguranças do presidente. Lá de cima, do chiqueirinho da imprensa, o Gilberto Barros, na época apresentador de telejornal na Globo de Bauru, gesticulava me perguntando como eu estava lá embaixo, entre as autoridades.

Confundi o pessoal porque passei a circular próximo da comitiva e ninguém me importunou. De vez em quando eu simulava falar em um microfone imaginário, preso ao pulso, como eles. Devo ter ficado parecido porque um deles passou por mim e deu instruções:

- Ele vai entrar pela ala norte - disse o que parecia ser o chefe. Levantei o polegar, confirmando. E, como "segurança" do presidente, entrei naquela do positivo e operante. Quando Figueiredo se aproximou, tirei o microfone e comecei uma pequena entrevista.
- Conhecia Bauru, presidente?
- Gostei da cidade.
- Que investimentos o governo federal tem para a região?
- Esta inauguração é um deles.
- E a abertura?
- Continua andando.

De repente, vapt, algum gorila me pegou pela cintura, me levantou e me tirou do caminho do presidente. He, he, he, a entrevista durou pouco mas fui o único a falar com o homem que disse que ia fazer deste país uma democracia. Do seu jeito, fez. Entregou o governo para os civis e pediu pra ser esquecido.
"Se alguém for contra, eu prendo e arrebento"
(João Figueiredo, sobre a abertura política)

quarta-feira, 6 de março de 2013

Joaquim pede desculpas

Um incidente marcou a semana de Joaquim Barbosa. Numa abordagem da imprensa, Barbosa teria sido ríspido com um deles, Felipe Recondo, do Estado de São Paulo, para quem pediu para deixa-lo em paz. Instantes depois, uma nota da assessoria de imprensa do Presidente do STF se desculpava por isso.

É mais ou menos assim. Não deve um ministro destemperar-se nem em uma abordagem jornalística ou em seus despachos e decisões. Mas deve sim um ministro reconhecer imediatamente qualquer inconveniência e desculpar-se. E, parece-me, foi o que o ministro Barbosa, publicamente, fez. O que vejo são postagens fazendo comparações do tipo "se fosse o Lula ou se fosse a Dilma"... O Senhor Lula fez da sala presidencial, um motel; de uma secretária amante, uma corrupta decidindo como ministro; de um cargo institucional, o quintal de um partido político.
E este senhor, público, foge da imprensa para não explicar. Se é que tem algo para explicar, lamentar, se desculpar.

Quando se tenta justificar práticas criminosas de uns com as ilicitudes de outros é sinal claro e evidente que não há argumentos de defesa. É sinal que se aceita a trapaça que se pratica porque outros já a praticaram. Isso não é prática democrática: é prostituição de ideais. Quem se prostitui assim certamente se prostituirá de todas as outras formas inconfessáveis.

Gostaria, sinceramente, que PSDB e PT (e todos os demais correlatos partidos fisiologistas) explodissem porque são formados - com raras exceções - de homens fracos, frouxos, covardes que não estão preocupados com o bem estar de ninguém.

Vejam os parlamentares: aprovaram o fim do 14º e 15º salários como meio de "melhorar a imagem" diante do povo. Mas a maioria das benesses, tipo plano de saúde vitalício pra ele e toda família, ilimitado, permanecessem.

Não tenho facção, nem direita, nem esquerda.
Deveríamos ser cidadãos e exercer essa cidadania.
Sem afrontas. Mas se for preciso, lutar, com as armas que forem necessárias para que ninguém retire da gente o direito de viver numa democracia.
O link é o áudio que mostra a indelicadeza do ministro com o repórter. http://bit.ly/166wNGG
Eis o pedido de desculpas feito pelo Ministro:

“Em nome do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ministro Joaquim Barbosa, peço desculpas aos profissionais de imprensa pelo episódio ocorrido hoje, quando após uma longa sessão do Conselho Nacional de Justiça, o presidente, tomado pelo cansaço e por fortes dores, respondeu de forma ríspida à abordagem feita por um repórter. Trata-se de episódio isolado que não condiz com o histórico de relacionamento do Ministro com a imprensa.

O ministro Joaquim reafirma sua crença no importante papel desempenhado pela imprensa em uma democracia. Seu apego à liberdade de opinião está expresso em seu permanente diálogo com profissionais dos mais diversos veículos. Seu respeito pelos profissionais de imprensa traduz-se em iniciativas como o diálogo que iniciará no próximo dia 07 de março, quando receberá em audiência o Sr. Carlos Lauria, representante do Comitê para Proteção de Jornalistas (CPJ), ONG com sede em Nova Iorque.”