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sábado, 9 de fevereiro de 2013

A realidade da saúde na ilha de Fidel

Assistência à saúde, que antes da revolução já foi modelo para o mundo, sofre colapso

Leda Balbino, enviada a Havana, Cuba | 19/10/2010 08:03

Ao entrar na ala de atendimento do Hospital Calixto García, em Havana, o visitante não consegue ignorar o cheiro de urina. Inicialmente é difícil identificar a origem do odor. Mas após percorrer o corredor, observando no caminho um ventilador gigante que tenta em vão renovar o ar interno e algumas pessoas que se protegem com máscaras, encontra-se no fim um banheiro que parece não ver água há bastante tempo.

Segundo muitos, as condições na ala de atendimento do Calixto García são apenas uma mostra dos problemas do sistema de saúde pública de Cuba, priorizado por Fidel Castro desde a Revolução Cubana (1959) e considerado modelo para o mundo até a década de 90.

Banheiro com péssimas condições de higiene do Hospital Calixto García, em Havana, Cuba / Foto: Leda Balbino
Prédio do Hospital Calixto García (Havana) com as janelas avariadas. Foto: Leda Balbino

Ao ser internados, muitos cubanos levam de casa lençóis e toalhas para se garantir. Como em alguns hospitais não há água corrente, também relatam levar recipientes com água para que possam tomar banho e escovar os dentes. Quando seu pai teve de ser internado no Hospital Fajardo, uma cubana conta ter comprado um esfregão e produtos de limpeza para higienizar o quarto em que ele ficaria. Mas o banheiro do cômodo não tinha esperança. De tão encardido, o próprio médico a advertiu para que não o banhasse ali. “Se o fizesse, correria o risco de o meu pai pegar uma infecção”, afirmou sob condição de anonimato.

FALTAM MEDICAMENTOS  E HIGIENE

Além da falta de higiene, boa parte das instalações e equipamentos está deteriorada e faltam medicamentos. Dos cerca de 25 hospitais gerais e especializados de Havana, apenas quatro são apontados como tendo boas condições. Seriam a Clínica Central Cira García, que atende estrangeiros, diplomatas e familiares de cubanos casados com estrangeiros; o Cimeq, que recebe dirigentes e militares; a Clínica 43, que também atende dirigentes; e o Hermanos Ameijeras, onde em 2006 funcionou a Operação Milagre, em que bolivianos e venezuelanos foram tratados em Cuba de doenças oculares sob patrocínio da Venezuela de Hugo Chávez.

Os únicos que escapam incólumes das críticas são os médicos, cujos salários médios equivalem a US$ 25. “Tive de fazer uma operação na vesícula e, apesar das condições do Calixto García, confiei no meu médico. O atendimento é sempre muito bom”, afirmou outra cubana, que fez a ressalva de que o hospital é antigo e recentemente começou a ser reformado.

A mão de obra qualificada vem sendo usada pelo governo no programa “médicos por petróleo”, em que Cuba manda para a Venezuela mais de 30 mil médicos e dentistas para atender à população carente e fornece treinamento a 40 mil funcionários de saúde venezuelanos. Como pagamento, Caracas envia a Cuba 100 mil barris de petróleo por dia.

Ironicamente, o programa vem auxiliando na fuga de cérebros de Cuba. Por causa das dificuldades de trabalho e os problemas econômicos do país, alguns dos médicos enviados à Venezuela usam o país caribenho como rota para fugir para os EUA. Segundo a comunidade de cubanos exilados em Miami, cerca de 2 mil médicos e outros profissionais do setor fugiram do regime desde 2006 e pediram vistos americanos. Destes, 500 vieram da Venezuela só no ano passado.

CRISES ECONÔMICAS

O sistema de saúde totalmente gratuita, que compõe com a educação pública os dois pilares da Revolução, começou a sofrer com a falta de investimento no “período das necessidades especiais”, quando a Ilha parou de receber subsídios após o colapso da aliada União Soviética, em 1991. Na década de 90, outro fator que prejudicou o sistema foi o embargo americano contra Cuba, que dificultou a exportação de remédios e equipamentos para a Ilha.

Com perda de rendimentos na exportação do níquel, por causa da queda nos preços internacionais, e também no turismo, Cuba indicou que o setor de saúde sofrerá ainda mais por causa da atual crise econômica do país. Em 6 de outubro, o jornal estatal Granma anunciou que o governo começou a reduzir “os gastos irracionais” no sistema para alcançar mais eficiência econômica.

Segundo o jornal, a área de saúde passará por um processo de reorganização, compactação e regionalização, indicando que instalações médicas serão fechadas e funcionários do setor estarão entre os mais de 500 mil que serão demitidos até o fim de março de 2011.

A verdade sobre a saúde em Cuba

A "fé" na saúde cubana

Ana Carolina Boccardo Alves - 5.8.2011

Pensei muito antes de escrever essa carta, mas por fim decidi fazê-lo. Sei que ela será polêmica, pois toca num dos pilares da revolução, a saúde. 

O que vou contar agora foi o resultado de meses de relatos de pessoas próximas. Não tenho dúvidas de que as histórias são verdadeiras. Algumas inclusive eu testemunhei. Quero deixar claro que não estou negando as conquistas de Cuba nesse setor. Acho louvável os esforços de médicos cubanos ao redor do mundo, bem como os índices do país em termos de mortalidade infantil e expectativa de vida.

Inúmeras doenças raras e graves são tratadas aqui como em qualquer país desenvolvido. No entanto, no dia a dia dos hospitais, as pessoas sofrem com a falta de infraestrutura e equipamentos.

Médicos, desmotivados por baixos salários e alta carga horária, atendem mal e induzem a família do paciente a trazer "presentinhos". Uma senhora, cuja filha tem uma doença reumática, foi aconselhada pelo especialista que não voltasse pois ele "não podia mais fazer nada". Ela juntou todas as suas economias e levou alguns CUCs (divisas que valem o mesmo que o dólar) ao médico. Desde então, ele deu sequência ao tratamento.

Quando se é internado é necessário levar um kit: lençóis, travesseiro, ventilador (acredite, para o calor insuportável daqui é necessário, já que não há ar condicionado), comida, água para beber e também para a higiene do paciente, pois falta água no hospital.

A falta de reagentes para exames é outro problema grave. Uma jovem precisava fazer exame de sangue para quatro diferentes testes. Foi pedido a ela que voltasse em três dias distintos para furar o braço, já que esses eram os únicos dias em que cada reagente estaria disponível. Quanto ao quarto reagente, não havia.

Tomografias e raios x são outros itens complicados. Uma senhora caiu das escadas e bateu o rosto, de frente, no chão. A tomografia dela demorou tantos dias (??!!) para ser aprovada que ela faleceu antes, de hemorragia interna. Faltam máscaras de esterilização, bisturis, luvas, seringas descartáveis.

Medicamentos então, um capítulo à parte. Todo e qualquer medicamento aqui se consegue na farmácia, mediante receita. Até mesmo uma aspirina precisa de receita. E para quem pensava, não são gratuitos, não. O problema é que alguns tipos de remédio simplesmente não existem aqui. Quem precisa deles, tem que conseguir no exterior.

A piada corrente é que "cubano que fica doente tem que ter "FÉ" (Família no Exterior). E posso garantir que, por aqui, a FÉ é a única que não costuma falhar.
Ana Carolina é jornalista, couchsurfer e autora do blog "Eu moro onde você tira férias" / Enviado por Ana Carolina Boccardo Alves - 5.8.2011 | 14h02m Post in blogdonoblat.oglobo.com


Situação precária da saúde pública em Cuba: muita propaganda e pouco resultado

Cena de um dos melhores hospitais cubanos

Necrotério cubano
Cada um leva seu lençol, toalhas e higiene

Falta de infra-estrutura na saúde cubana
Na falta de ambulância, socorro com carriola