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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Pós e mestrados tem pouco impacto no desempenho de alunos, diz pesquisa


Pesquisas apontam evidências ignoradas pelos governantes. (Foto Getty Images)

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

As análises foram realizadas pela Consultoria iDados, do Instituto Alfa e Beto e foram publicadas no documento "Para desatar os nós da educação: Uma nova agenda", assinado pelo especialista na área, professor João Batista Araújo.

Esse documento analisa, entre outros assuntos, a evolução da matrícula e financiamento, qualidade da educação, as determinantes do desempenho escolar e apresenta propostas de longo e curto prazos como "transformar o magistério numa carreira atraente para pessoas com elevado desempenho acadêmico; substituir a cultura de leis e regulação por políticas baseadas em evidências, incentivos e resultados; inserir as políticas de educação no contexto da formação de capital humano; estabelecer um currículo de qualidade e implementar as medidas decorrentes em relação aos livros didáticos; reformar a reforma do ensino médio; aprimorar o sistema de avaliação; dar chances para a juventude engajar-se no mundo do trabalho e equacionar o financiamento da educação."

Os estudos da Consultoria iDados concluíram, também:

- É praticamente nula a relação entre tamanho da população de um município e o desempenho dos alunos da rede pública, em Matemática.
- Não há diferenças no desempenho das redes estaduais x redes municipais.
- Maior volume de despesas pelos municípios não gera impacto significativo na qualidade.
- O ensino em tempo integral apresenta resultados modestos e gera custos altos.

Professores com títulos melhoram notas dos alunos?

Destacam-se dois assuntos que chamam a atenção: a irrelevância da correlação Professores com títulos x Desempenho dos alunos e Salários x Desempenho escolar.


- Títulos de pós-graduação aumentam entre 0,2 e 1,4 pontos na prova de Matemática do 5º ano – essa prova tem um desvio-padrão de 50 pontos, portanto são aumentos irrelevantes.
- O mesmo ocorre nas séries finais. Seria de se esperar um aumento significativo devido aos cursos de Mestrado, pois estes deveriam contribuir para um maior nível de conhecimento dos conteúdos ensinados.


A pesquisa científica do iDados também concluiu que o salário do professor tem pouco impacto no desempenho dos alunos.
 
- As figuras acima mostram o ganho de pontos em função do salário dos professores do 5° e 9° anos, comparado com um salário referência de R$ 1.405,00.

- Os ganhos são modestos. Nas séries iniciais, cada R$ 500 aumenta um ponto na nota, nas séries finais, os aumentos precisam ser mais vultosos para impactar nas notas. Vale observar a diferença entre 2,8 e 3,2 mil reais e um salário de mais de 6,5 mil reais: é o dobro do custo para um aumento de apenas 2 pontos.

- A maior diferença é de 6 pontos (meio ano escolar) para uma diferença salarial de mais de 5.000 reais/mês. Essa diferença é estatisticamente significante.

Fonte: Instituto Alfa e Beto

quarta-feira, 22 de novembro de 2017

Professores brasileiros têm salário adequado e benefícios acima da média, diz Banco Mundial

Docentes têm evolução salarial e previdência melhores do que a maioria dos países; segundo estudo, chave para melhoria é incentivo por desempenho.

Por Gabriel de Arruda Castro
22/11/2017 / 14h41

As queixas sobre a falta da qualidade da educação no Brasil costumam incluir uma premissa inquestionável: a de que os professores de escolas públicas são mal pagos e que essa é uma das principais razões para os maus resultados do ensino. Mas um novo estudo do Banco Mundial sustenta que essa premissa está errada.

O relatório, divulgado nesta terça-feira, aponta outras causas para a péssima relação entre o gasto público e os resultados das escolas: o desperdício, a ineficiência e a falta de incentivos para os docentes.
Eis o que diz o documento sobre os salários dos professores:

O piso salarial dos professores brasileiros está em linha com o que é pago em outros países com renda per capita similar. No entanto, os salários dos professores no Brasil aumentam rapidamente após o início da carreira. Devido às promoções automáticas baseadas nos anos de serviço e da participação em programas de formação, em 15 anos de carreira os salários se tornam duas a três vezes superiores ao salário inicial, em termos reais. Essa evolução supera significativamente a maioria dos países no mundo.

Além disso, vale destacar que os professores brasileiros têm direito a planos previdenciários relativamente generosos quando comparado a outros países da OCDE. Essa generosidade dos benefícios previdenciários é muito superior aos padrões internacionais.

De acordo com o relatório, seria possível aumentar a qualidade do ensino fundamental em 40% e a do ensino médio em 18% sem aumentar as despesas com educação. Bastaria aumentar a eficiência na aplicação dos recursos e acabar com o desperdício.

Roberto Ellery, professor de Economia da Universidade de Brasília, concorda com as linhas gerais do estudo: “Existe um problema de gestão gigantesco. Não é pequeno, é gigantesco. Sem resolver isso, nem vale a pena botar mais recurso, porque existe a chance de ele ser mal aplicado”, avalia.

Para o especialista, há ainda outros tabus que precisam ser enfrentados no universo educacional no Brasil, que passam pela questão pedagógica. Entre eles, o tamanho das salas de aula. “Na Ásia, você tem turmas grandes com resultados muito bons”, pondera. “Isso tudo são propostas. Se você leva isso para uma escola, te acusam de fascista”, diz.

Já Gilmar Bornatto, professor da PUCPR, questiona a metodologia usada pelo estudo do Banco Mundial e diz que a condição salarial no Brasil é, sim, um fato importante para a melhoria do magistério. “Os talentos acabam fugindo do magistério e a qualidade acaba caindo”, afirma.

“Esse jovem que tem uma formação boa no ensino médio acaba procurando outra profissão. O que acaba vindo para o magistério vem de uma escola deficitária, da periferia, já trabalha, estuda à noite. E aí gera um professor que tem que correr atrás”, diz Bornatto.

O documento do Banco Mundial também afirma que a profissão é desprestigiada, mas aponta outras explicações para o problema: a pouca seletividade na contratação desses profissionais e a falta de uma relação entre o salário e o nível de desempenho do professor.

O texto aponta alguns exemplos já aplicados e que mostram ser possível, melhorar a educação com recursos limitados.

O governo do Ceará, por exemplo, distribui os recursos do ICMS para os municípios de acordo com o índice de qualidade da educação de cada um.

No Amazonas, os professores passam por uma avaliação de desempenho no início da carreira e podem ser desligados se não cumprirem os requisitos. Os estados do Rio de Janeiro e de Pernambuco já adotam um bônus financeiro por desempenho para os professores.

“Todas essas experiências se mostraram efetivas, não somente melhorando o desempenho dos alunos, mas também aumentando a eficiência do gasto público em educação”, afirma o documento.

Fonte: Gazeta do Povo

sábado, 21 de março de 2015

Salário dos professores brasileiros: Pátria Educadora, onde?


Revista Veja

Dados da OCDE (Organização para a Cooperação Desenvolvimento Econômico) mostram que os salários dos professores brasileiros são extremamente baixos quando comparados a países desenvolvidos. Divulgados nesta terça-feira (9), os valores fazem parte do estudo Education at a Glance 2014, que mapeia dados sobre a educação nos 34 países membros da organização e 10 parceiros, incluindo o Brasil.

De acordo com o estudo, um professor em início de carreira que dá aula para o ensino fundamental em instituições públicas recebe, em média, 10.375 dólares por ano no Brasil. Em Luxemburgo, o país com o maior salário para docentes, ele recebe 66.085 dólares. Entre os países membros da OCDE, a média salarial do professor é de 29.411 dólares. Quase três vezes mais que o salário brasileiro.

Até mesmo em países da América Latina como Chile e México, os professores recebem um salário consideravelmente maior que o brasileiro, 17.770 e 15.556 dólares respectivamente. Entre os países mapeados pela pesquisa, o Brasil só fica à frente da Indonésia, onde os professores recebem cerca de 1.560 dólares por ano. Os valores são de 2012, com dólares ajustados pela paridade do poder de compra (PPC).