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domingo, 28 de abril de 2013

O Corinthians perdeu o título mas eu não perdi a piada

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

As vezes ser criativo é uma necessidade.

O Corinthians estava na final contra o São Paulo FC. Na rádio eu brincava com os são paulinos e no jornal escrevia provocações contra o time adversário. Brincadeiras, apenas.

Na diretoria da empresa onde trabalhava, a Cia Fotográfica Hirano, todos eram são paulinos. Na reunião da sexta me alertaram que, se o timão perdesse, que eu nem me atrevesse aparecer lá. Dito e feito. O Corinthians perdeu o jogo e o título.

Eu não tinha como me ausentar na segunda. E lá fui eu trabalhar. 

Percebi que a multidão de são paulinos me aguardava em frente da empresa... pra me trucidar. Passei direto e procurei uma farmácia que começava erguer as portas e pedi ao farmacêutico Sakae pra enfaixar meu braço e parte do meu rosto e jogar bastante mercúrio cromo. Ele ficou estupefato:

- Joel, você tá louco? Não vejo nenhum machucado.
- Sakae, faça o que te peço e pronto. É questão de vida e morte - brinquei. 
O farmacêutico fez o que pedi, sugerindo com tantos curativos que eu tinha sofrido um acidente. Fui pra firma, entrei pelo estacionamento da diretoria e caminhei, sem ser visto, até minha sala.

Deu oito horas e meu telefone começou a tocar, sem parar. Todos queriam falar comigo. A secretária, orientada, dizia que eu não estava. 

- Cadê o corinthiano? - perguntou o  Diretor Eizi Hirano para minha secretária, ao lado do Paveloski e a cambada são paulina que invadiu a minha sala.

Quando eles me viram enfaixado, braço engessado e um monte de mercúrio e com uma cara de atropelado, levaram um susto. Um baita susto.

- O que foi isso Joel? - perguntou o Eizi, com cara de surpresa e muito dó.
- Mobiliete, uma mobilete me atropelou - contei com a boca torta e demonstrando dor.
- Vou chamar o motorista pra te levar pra casa. Fica lá descansando. Pelo amor de Deus, nem deveria ter vindo. Lamentável! - disse ele.

Eu, todo "machucado", vítima de um acidente, ainda estava lá, trabalhando. Entre comentários do tipo "essas mobiletes são um perigo" todos foram embora e se esqueceram do jogo. E de me gozarem pelo título perdido.

Depois do almoço voltei "normal", sem os falsos curativos.
Entrei e cumprimentei o porteiro mirim que me olhou com cara de surpreso do tipo "ué, cadê os curativos do atropelado". Em um minuto minha sala estava cheia de são paulinos, de novo.

- Filho da puta! A gente morrendo de dó e você tirou um sarro na nossa cara - disseram eles, rindo, porque a vontade de "me matar" já tinha passado. Foi muito engraçado.

As vezes ser criativo é questão de sobrevivência.
He, he, he! Eu morri, mas de rir.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Globo comemora audiência com vitória corinthiana

Timão dá garantia de audiência
GLOBO 36.5   BAND 12.7  RECORD 1.8  SBT 1.1  REDE TV  0.6

A Globo está comemorando mais que os corinthianos. A transmissão do jogo deu 32 pontos, em média, de Ibope para a emissora, com picos de 36,5, um número inédito para as manhãs de domingo que nunca passam dos 10 pontos. A Band, que também transmitiu, ficou com 12. No mesmo horário o SBT amargou 2 e a Record, 1. As demais emissoras, traços. Todas as vezes que a Globo transmite jogos do timão, a audiência é sempre maior que outros times.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Confusão no consultório de traumatologia

Faz algum tempo senti dores de uma tendinite que passou a me incomodar. Isso já vinha da época do futebol de salão. Goleiro, quando vai na bola, acaba socando os cotovelos no piso duro da quadra. As vezes, quadra de concreto. Como a irritação continuou, procurei ajuda médica.

Os tendões são fibras muito resistentes entre os músculos e ossos e podem inflamar. E o primeiro sintoma é dor. Chamava-se antes de L.E.R, lesão por esforço repetitivo. Se não for bem tratado, pode deixar sequelas. O tratamento geralmente consiste de anti-inflamatório e, em casos mais graves, imobilização com talas ou gesso e até mesmo infiltração no local. Isso é o que ninguém quer porque é um procedimento carregado de muita dor.

Depois que deu um "apertão" no local dolorido e ter ouvido um palavrão em resposta ao procedimento, propus um desafio ao médico para que descobrisse o porquê daquela inflamação. Ele olhou com a mão no queixo e cara de esperto, me analisou e atacou:

- Você joga tênis?
- Não.
- Boxe?
- Não.
- Computador?
- O dia inteiro na frente do computador, mas digito pouco.
- Ginástica com peso?
- Não.
- Vou te dar uma dica. Sou Corinthiano - disse ao médico, provocando. 
- É mesmo? E o que tem essa inflamação a ver com o fato de ser Corinthiano? - perguntou intrigado.
- É que nos últimos anos eu vivo balançando a bandeirinha do corinthians... Gol! Gol! Gol! Campeão! Campeão! Campeão! - falava e gesticulava o braço, balançando uma bandeira. - Esfôrço repetitivo, entendeu doutor. Muitos gols, muitos títulos e o nervinho não aguenta - gargalhei na cara dele.

Ele sorriu, sem graça, mas querendo rir e chamou o enfermeiro.
- Jorjão, faz uma infiltração no braço desse engraçadinho e depois engessa - disparou a receita ao mesmo tempo que puxava uma horrorosa bandeirinha do Palmeiras e colocava sobre sua mesa.

No cotovelo que mamãe beijou ninguém vai infiltrar nada. Tô fora! E fui tomar um diclofenaco qualquer.

sexta-feira, 2 de março de 2012

O hino que todos amam

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Quase véspera de Natal a empresa em que eu era diretor de marketing, a Cia Fotográfica Hirano, promoveu sua tradicional festa de fim de ano. O evento foi realizado num grande anfiteatro e todos os seiscentos funcionários estavam lá. Coube-me a função de apresentador e, logo na abertura, interpretei uma mensagem que emocionou e fez chorar a platéia. Muito distante dos tradicionais e festivos textos natalinos, o que li era uma lição que levava qualquer um a refletir sobre a data e questionar seu papel na face da terra.

O título era "Eu odeio o Natal" e o autor narrava a festa da ceia, risos, champagne, comida farta e muitos presentes quando alguém bateu à porta. Era apenas um menino maltrapilho pedindo um pedaço de pão. Naquele momento ele confronta a cena daquele pedinte faminto com o "natal" que se comemorava em sua casa. Imagina a família daquele garoto em torno de uma mesa simples, coberta por um plástico vagabundo e e se fartando de migalhas caídas de alguma mesa abundante . E chora ao se lembrar dos molambos, prostitutas, drogados e outras minorias perambulando pelas ruas como um cordão de desgraçados, sem futuro, sem esperanças. Por minha conta acrescento que é nesta época que as diferenças ficam muito mais evidentes.

Terminada a mensagem, afastei-me do microfone e aguardei o final dos aplausos.

Durante longos segundos passei os olhos pela platéia observando a reação de cada um. Homens e mulheres choravam e, se muito, disfarçavam pra não deixar rolar alguma lágrima. Alguns soluçavam. Os diretores, postados à mesa de honra, no palco, não fizeram questão de demonstrar que foram tocados pela emoção da mensagem. Todos tinham os olhos úmidos e avermelhados.

Findo os aplausos, aproximei-me do microfone e solicitei, em tom solene:

- Peço que todos estejam de pé, com a mão no coração e cantem o hino que o povo adora e ama em todo Brasil.

De pé e conforme pedira, vi os seiscentos funcionários e diretores se levantarem. Quando todos se postaram com a mão no peito, olhei para o lado - onde ficava o controle de som - e, com um aceno de cabeça, autorizei rodar o hino. O operador de som apertou a tecla de play e todos puderam ouvir a todo volume.

- Salve o Corinthians, campeão dos campeões, eternamente dentro dos nossos corações.....Salve o Corinthians....

Certamente ouvi uns 595 funcionários cantando, aplaudindo, gargalhando e festejando a improvisada brincadeira que tomou conta do anfiteatro. Tomei o cuidado de arriscar um olhar para meu lado esquerdo, onde estavam os diretores. O Eizi Hirano, são paulino como os demais, desconcertado disse-me provocativo:

- Segunda feira passa no DP que você será despedido, seu irreverente - brincou ele.

- Tudo bem Eizi, mas, por favor, você já pode tirar a mão do peito - respondi gargalhando ao ver que ele continuava, respeitosamente, com a mão no coração.

Durante longos e longos segundos só se ouviu risos descontraídos e muita comemoração. Instantes antes todos estavam chorando.