As vezes ser criativo é uma necessidade.
O Corinthians estava na final contra o São Paulo FC. Na rádio eu brincava com os são paulinos e no jornal escrevia provocações contra o time adversário. Brincadeiras, apenas.
Na diretoria da empresa onde trabalhava, a Cia Fotográfica Hirano, todos eram são paulinos. Na reunião da sexta me alertaram que, se o timão perdesse, que eu nem me atrevesse aparecer lá. Dito e feito. O Corinthians perdeu o jogo e o título.
Eu não tinha como me ausentar na segunda. E lá fui eu trabalhar.
Percebi que a multidão de são paulinos me aguardava em frente da empresa... pra me trucidar. Passei direto e procurei uma farmácia que começava erguer as portas e pedi ao farmacêutico Sakae pra enfaixar meu braço e parte do meu rosto e jogar bastante mercúrio cromo. Ele ficou estupefato:
- Joel, você tá louco? Não vejo nenhum machucado.
- Sakae, faça o que te peço e pronto. É questão de vida e morte - brinquei. O farmacêutico fez o que pedi, sugerindo com tantos curativos que eu tinha sofrido um acidente. Fui pra firma, entrei pelo estacionamento da diretoria e caminhei, sem ser visto, até minha sala.
- Sakae, faça o que te peço e pronto. É questão de vida e morte - brinquei. O farmacêutico fez o que pedi, sugerindo com tantos curativos que eu tinha sofrido um acidente. Fui pra firma, entrei pelo estacionamento da diretoria e caminhei, sem ser visto, até minha sala.
Deu oito horas e meu telefone começou a tocar, sem parar. Todos queriam falar comigo. A secretária, orientada, dizia que eu não estava.
- Cadê o corinthiano? - perguntou o Diretor Eizi Hirano para minha secretária, ao lado do Paveloski e a cambada são paulina que invadiu a minha sala.
Quando eles me viram enfaixado, braço engessado e um monte de mercúrio e com uma cara de atropelado, levaram um susto. Um baita susto.
- O que foi isso Joel? - perguntou o Eizi, com cara de surpresa e muito dó.
- Mobiliete, uma mobilete me atropelou - contei com a boca torta e demonstrando dor.
- Vou chamar o motorista pra te levar pra casa. Fica lá descansando. Pelo amor de Deus, nem deveria ter vindo. Lamentável! - disse ele.
- Mobiliete, uma mobilete me atropelou - contei com a boca torta e demonstrando dor.
- Vou chamar o motorista pra te levar pra casa. Fica lá descansando. Pelo amor de Deus, nem deveria ter vindo. Lamentável! - disse ele.
Eu, todo "machucado", vítima de um acidente, ainda estava lá, trabalhando. Entre comentários do tipo "essas mobiletes são um perigo" todos foram embora e se esqueceram do jogo. E de me gozarem pelo título perdido.
Depois do almoço voltei "normal", sem os falsos curativos.
Entrei e cumprimentei o porteiro mirim que me olhou com cara de surpreso do tipo "ué, cadê os curativos do atropelado". Em um minuto minha sala estava cheia de são paulinos, de novo.
- Filho da puta! A gente morrendo de dó e você tirou um sarro na nossa cara - disseram eles, rindo, porque a vontade de "me matar" já tinha passado. Foi muito engraçado.
As vezes ser criativo é questão de sobrevivência.
He, he, he! Eu morri, mas de rir.
Entrei e cumprimentei o porteiro mirim que me olhou com cara de surpreso do tipo "ué, cadê os curativos do atropelado". Em um minuto minha sala estava cheia de são paulinos, de novo.
- Filho da puta! A gente morrendo de dó e você tirou um sarro na nossa cara - disseram eles, rindo, porque a vontade de "me matar" já tinha passado. Foi muito engraçado.
As vezes ser criativo é questão de sobrevivência.
He, he, he! Eu morri, mas de rir.