Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza
A Apeoesp decidiu manter a greve diante da recusa do governo no atendimento das suas reivindicações. Segundo a Secretaria Estadual de Educação, apenas 0,7% dos professores aderiram ao movimento no seu primeiro dia. Segundo o comando grevista 25% dos professores pararam.
Maria Izabel Noronha, presidente do sindicato, acusa a Secretaria de Educação "de manipular os dados para enfraquecer o movimento". Em Marília o movimento praticamente não existiu. E muitos professores, membros da diretoria da Apeoesp, abonaram, isto é, nem eles entraram em greve.
Entre as reivindicações estão o aumento de salário de 36,74% e a instituição de lei que estabeleça que 33% da jornada de trabalho seja destinada a preparação das aulas e cursos de atualização dos professores. O governador enviou para a Assembléia Legislativa proposta de reajuste de 8,1% para 415 mil funcionários ativos e aposentados.
O sindicato também luta pela não privatização do Hospital do Servidor Público. O hospital atende mal, não tem infra-estrutura adequada e deve entrar para o PPP, Parceria Público-Privada, abrindo possibilidade para a privatização. Nas mãos do estado, o hospital precariamente atende as mínimas necessidades. Como tudo que é estatal, saúde, educação, rodovias, nada funciona.
Mesmo assim, com mentalidade retrógrada e na contra mão da história, a Apeoesp levanta a bandeira do "o Hospital do Servidor é nosso", típico discurso mofado dos anos sessenta. Se essa bandeira nacionalista tivesse prevalecida na área das comunicações hoje estaríamos usando tambores e fumaça pra se comunicar. Certamente se a educação fosse privatizada hoje, milhares de professores estariam na rua, por incompetência. Principalmente os dirigentes da Apeoesp.
Parece que a banana que o governador paulista quer dar aos professores do estado tem o mesmo tamanho do pepino que o ministro Miojo Mercadante deu aos professores universitários federais.
A Apeoesp recebe, em média, R$ 40,00 de cada professor associado. Supondo que o sindicato tenha 130.000 sindicalizados x R$ 40,00 = R$ 5,2 milhões por mês x 12 meses = R$ 62.4 milhões ano.
É muita grana pra pouco resultado. Pouco resultado? Basta perguntar aos professores se eles estão satisfeitos com os seus salários e com as condições de trabalho.
Somente no Estado de São Paulo são 5,3 mil escolas, 230 mil professores, 59 mil servidores e mais de quatro milhões de alunos. E uma péssima educação. É preciso ser especialista para afirmar isso? Não, basta ver os resultados. Somos os penúltimos em qualquer avaliação internacional.