Vicentinho, autor do projeto que "oficializa" a segregação racial em forma de hino à negritude
Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza
- O que vi aqui foi o puro racismo e sua maioria, vindo de negros.
A frase é de Fernando Holiday, um jovem negro de 20 anos e um dos membros do MBL - Movimento Brasil Livre - dita durante seu discurso na cerimônia de comemoração do Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, na Câmara dos Deputados.
Fernando Holiday, coordenador do MBL |
Ele lamentava os pronunciamentos anteriores, um deles, Netinho de Paula, que afirmara, contrariando todo discurso anti-racista, de que "o que nos une é a raça".
Holiday não pensa exatamente como os negros que dizem lutar contra a discriminação e aplaudem um hino (Hino à Negritude, de Eduardo Oliveira e tornada oficial em projeto do deputado petista Vicentinho) segregacionista. "Esse hino é um absurdo. Ele tenta separar o povo entre brancos e pretos, gays e heteros, religiosos e ateus... sem se importar se somos todos uma nação, se somos todos seres humanos" - resumiu Holiday. Os parlamentares e convidados também assistiram, estupefatos, Holiday rasgando o hino e jogando no lixo e finalizando:
- O que vi aqui foram negros rebaixando negros, dizendo que os negros não são capazes de atingir os seus objetivos por suas próprias capacidades. Eu não defendo as cotas raciais... as cotas reforçam o racismo.
Hino à Negritude
Eduardo Oliveira
Sob o céu cor de anil das Américas
Hoje se ergue um soberbo perfil
É uma imagem de luz
Que em verdade traduz
A história do negro no Brasil
Este povo em passadas intrépidas
Entre os povos valentes se impôs
Com a fúria dos leões
Rebentando grilhões
Aos tiranos se contrapôs
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez
Levantado no topo dos séculos
Mil batalhas viris sustentou
Este povo imortal
Que não encontra rival
Na trilha que o amor lhe destinou
Belo e forte na tez cor de ébano
Só lutando se sente feliz
Brasileiro de escol
Luta de sol a sol
Para o bem de nosso país
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez
Dos Palmares os feitos históricos
São exemplos da eterna lição
Que no solo Tupi
Nos legara Zumbi
Sonhando com a libertação
Sendo filho também da Mãe-África
Arunda dos deuses da paz
No Brasil, este Axé
Que nos mantém de pé
Vem da força dos Orixás
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez
Que saibamos guardar estes símbolos
De um passado de heroico labor
Todos numa só voz
Bradam nossos avós
Viver é lutar com destemor
Para frente marchemos impávidos
Que a vitória nos há de sorrir
Cidadãs, cidadãos
Somos todos irmãos
Conquistando o melhor por vir
Ergue a tocha no alto da glória
Quem, herói, nos combates, se fez
Pois que as páginas da História
São galardões aos negros de altivez (bis)