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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Erros velhos na economia

Alvaro Gribel e Valéria Maniero

Os últimos 30 meses foram marcados por erros antigos sendo novamente cometidos na economia brasileira. Juros caíram com inflação acima da meta; empresas escolhidas receberam crédito subsidiado; reajustes de preços foram adiados a pedido da Fazenda.

Estatísticas de gastos públicos receberam maquiagem; o real foi desvalorizado para proteger a indústria e os efeitos sobre a inflação foram minimizados.

A lista é longa e não termina aqui. O incentivo ao consumo foi colocado em primeiro plano, como se fosse suficiente para estimular investimentos. Bancos públicos sofreram pressão para conceder crédito, se expondo a riscos com aportes bilionários do Tesouro.

A crise internacional foi subestimada, marcos regulatórios foram alterados a toque de caixa, medidas econômicas passaram a ser anunciadas em cadeia nacional de televisão, como uma benesse do governo à população.

Muitos economistas emitiram alertas sobre esses equívocos. O PIB baixo, a inflação novamente elevada, a ameaça de rebaixamento da nota do país e, principalmente, a queda da popularidade da presidente aumentaram a sensibilidade do governo às críticas.

O Banco Central deu meia-volta na política monetária e voltou a subir os juros, de forma unânime, endurecendo o discurso. Começou a reverter a situação, mas o custo foi alto: as expectativas para o IPCA fugiram do centro da meta de 4,5% para um período de 24 meses à frente.

Na política fiscal, tudo é ainda ambíguo. No mesmo dia em que volta a falar de austeridade, o governo anuncia uma nova emissão de dívida para injetar dinheiro na Caixa e estimular o consumo.

A despesa do governo com juros caiu de 5,69% do PIB, em agosto de 2011, para 4,81%, em abril deste ano, por causa da redução da Selic. Mas, ainda assim, o déficit nominal subiu, de 2% para 2,92%, no mesmo período.

As declarações do ministro Guido Mantega são um flanco aberto na credibilidade da política econômica. Disse na quarta-feira que a inflação está caindo de forma consistente, mas, na verdade, está em alta no acumulado de 12 meses e, em junho, deve estourar o teto da meta pela décima vez no governo Dilma. Ainda é possível mudar o rumo, mas é inevitável a constatação de que muito tempo foi perdido.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

A economia brasileira segundo visão do Raul Velloso

Economia brasileira: credibilidade ameaçada
Por Raul Velloso, economista

Credibilidade é tudo em economia. A nossa foi gradualmente dilapidada ao longo de várias “décadas perdidas”, e agora estamos diante de uma nova ameaça. Enfrentamos a crise da dívida de 1982 praticamente sem dólares no caixa, deixamos a situação social se deteriorar, e finalmente chegamos à hiperinflação. Até bem pouco, assim, a percepção externa era de que o Brasil estava preso num labirinto, sem chances de encontrar uma saída racional.

De 1995 a 2008, o quadro mudou radicalmente, pois domamos a inflação instituindo o tripé metas de inflação/superávits fiscais altos/câmbio flutuante e passando a controlar a dívida pública; reduzimos consideravelmente os índices de pobreza; e, sem recursos públicos, colocamos em prática um modelo de expansão dos serviços públicos baseado fortemente no capital privado. Graças a isso, o crescimento sustentável do PIB passou de 2,7% para algo ao redor de 5% ao ano.

Há várias áreas problemáticas da atuação pública que ainda precisam ser azeitadas, algo que demandará bastante tempo. Temos sido incapazes de realizar uma reforma administrativa com letras maiúsculas, e, assim, uma área crítica é a de administração e gestão. O problema previdenciário tende a se agravar consideravelmente nos próximos anos. Ou seja, há muito o que reestruturar.

Enquanto a produção industrial do mundo inteiro desabava com a crise de 2008/2009 e até hoje muitos continuam abaixo do pico prévio, a do Brasil caía igualmente, mas fomos campeões em recuperá-la ao nível prévio em apenas um ano. Já em 2010, o PIB passava a crescer a 7,5%, deixando o mundo perplexo. Dobraram, assim, as apostas no Brasil como um dos principais destinos para investimento estrangeiro. Parecia que a crise, em que pese sua gravidade, não fora capaz de abalar a credibilidade construída ao longo da década precedente.

Só que, de lá para cá, tudo parece mudar no sentido oposto, criando-se rapidamente uma nova percepção desfavorável sobre o Brasil no exterior. As análises sintetizam a deterioração do quadro econômico com a constatação de que, apesar das promessas de algo melhor, o PIB só cresceu 2,7% em 2011 e deve crescer apenas 1% em 2012, longe dos 5% que parecia ser a taxa sustentável. E, em adição, há cinco trimestres a razão investimento global/PIB só cai, depois de longo período em que subia seguidamente. Em parte, esse desempenho se explica pela desabada da produção (e talvez do investimento) industrial que, desde a rápida recuperação inicial pós-crise, só cai, em que pese medidas de apoio e a desvalorização do real. Além disso, os resultados fiscais, computados sem manobras contábeis, vêm caindo sistematicamente, embora sem por em risco, ainda, a trajetória declinante da razão entre a dívida pública e o PIB.

E no setor de serviços, por que os investimentos não crescem mais? Ali, maiores rentabilidades seriam garantidas por demanda crescente e impossibilidade de importar. Nesse caso, contudo, sujeito a forte intervenção governamental, o ambiente de negócios para o setor privado em geral vem se tornando crescentemente desfavorável, diante da transição, que vem sendo posta em prática desde 2003, para um modelo de expansão que pode ser caracterizado como de capitalismo de estado, após a escalada liberal da era FHC.

Por essa visão, que guarda um certo paralelismo com o movimento antiliberal que se esboça no mundo desenvolvido em crise (veja, a propósito, o artigo de Dani Rodrik no “Valor” de 10/01/13), o ideal seria o próprio Estado atuar diretamente em vários segmentos da área de serviços, e oferecer os menores preços imagináveis para a sociedade. Sem recursos, busca-se, alternativamente, um certo compadrio com segmentos do setor privado. Nesse esquema, o governo exige que o concessionário do serviço público cobre a menor tarifa imaginável pela prestação de serviços, em troca de empréstimos oficiais subsidiados e outras benesses que atenuem os efeitos deletérios sobre a as respectivas rentabilidades.

A maior limitação que trava essa transição aparece, contudo, no lado operacional. Na prática, as agências reguladoras estão se tornando parte da administração direta, e nesta a gestão pública é caótica. Dessa forma, as coisas não andam, e, por exemplo, o desempenho das concessões da infraestrutura de transportes pós-2007, claramente sob um esquema de compadrio, tem sido abaixo da crítica. É só comparar o montante de investimentos realizados nessa com os da fase anterior, e a situação das rodovias nos dois casos.

Setúbal, do Itaú, estava certo quando destacou recentemente, na “Folha de S.Paulo”, a importância de retornos atrativos para atiçar o espírito animal de empresários. A visão de que o capital privado só se excita quando vê demanda crescendo é míope. Para investir, é preciso ter retorno. Se voltarmos a querer tocar o Brasil a partir de ideias populistas e estatizantes, que já não deram certo no passado, achando que há espaço fiscal para gastar mais (quando na realidade não há), daremos com os burros n’água. Perderíamos credibilidade e o atual governo estaria queimando a herança bendita das últimas décadas.


Publicado no Facebook do Noblat 

sábado, 29 de dezembro de 2012

O Brasil perdeu credibilidade: Dilma está mandando mal

As constantes intervenções do governo na economia, de forma atabalhoada, tem causado mais problemas que ajudado o setor produtivo. Traduzindo, a iniciativa privada não confia mais em tantas trapalhadas e não investe.

A presidente acredita que basta uma lei ou medida provisória e tudo se resolve. E não é assim. Nunca foi. A lei da oferta e procura ignora tudo isso. Na tentativa de segurar a inflação e aumentar o Produto Interno Bruto, Dilma desonerou a folha de pagamento das empresas, mudou o ICMS nos estados, baixou a conta de luz, lançou pacotinhos de estímulos à indústria e tenta forçar a queda da taxa de juros de forma artificial. Pior que tudo é a falta de previsibilidade. Ninguém acredita em Mantega e suas previsões que viraram chacota mundial.

O governo deveria fortalecer a cadeia produtiva reduzindo custos (tributário e trabalhista, por exemplo), o que melhoraria a competitividade dos produtos nacionais e não sobretaxar produtos importados em 30%, como fez na linha automotiva. Os automóveis importados chegam mais completos e com valor menor que os nacionais, grande parte graças a impostos cobrados pelo governo que ultrapassam 38%. O tiro saiu pela culatra e os investimentos estrangeiros caíram e a insegurança jurídica aumentou. Isso lembra a reserva de mercado criada no governo militar para o setor de informática e o consequente atraso na área com restrições de importação de produtos similares. 

Mesmo os setores "beneficiados" pelos pacotinhos econômicos frearam seus investimentos: a iniciativa privada, que gera as riquezas do país, não confia nas regras do jogo. Pior é que, para se obter "os benefícios" do governo, as empresas enfrentam sérias barreiras burocráticas. 

Dilma. vendida como gerentona do PAC, está mandando mal.
Basta olhar para as previsões da inflação e crescimento.