Mostrando postagens com marcador educação no japão. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador educação no japão. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 26 de abril de 2021

Por que as escolas do Japão reabriram durante a pandemia?

Em junho de 2020, as escolas japonesas reabriram no país. A rotina escolar obedece protocolos de segurança e as aulas presenciais são obrigatórias.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Em 1º de junho de 2020, três meses após o corona vírus ser declarado pandemia, os alunos das escolas japoneses voltaram às aulas obedecendo alguns rigorosos protocolos de segurança. Segundo o professor Ademar Oshiro, um brasileiro que dá aulas no Japão, isso não é nenhum problema porque as crianças japonesas são disciplinadas e seguem as regras.

E a correlação volta às aulas x taxas de transmissão de covid é irrelevante, sem aumento significativo de propagação. A vida escolar naquele país segue a rotina de aulas há mais de 10 meses..

Lá as aulas presenciais são obrigatórias ao contrário do que ocorre no Brasil que faculta aos pais a presença dos seus filhos nas salas que ficaram fechadas até abril de 2021.

Uma das medidas de segurança (parte do protocolo japonês), foi reduzir a sala de 40 para 20 alunos, com distanciamento entre carteiras. No Brasil as salas do ensino fundamental são de 30 alunos mas, durante a pandemia, os professores lecionam para apenas 6 alunos, por dia, por sala.  
  • No dia 7 de abril de 2020 o governo do Japão decretou Estado de Emergência, medida que permaneceu até 25 de maio. Em 1º de junho, 99% das escolas reabriram e os alunos retornaram às salas de aulas.
  • Alguns fatores essenciais davam a certeza as autoridades: acesso a tratamento de alto nível com leitos UTI suficientes, excelente nível de higiene pública e consciência dos cidadãos a respeito de higiene e possíveis ações, rápidas e eficientes, contra infecção coletiva, por parte do governo.

Crianças não transmitem e resistem ao vírus

Desde junho de 2020, para os japoneses, estava consolidado um fato: crianças não transmitem covid nem para outras crianças e nem para adultos e a taxa de mortalidade entre elas, segundo os últimos levantamentos, é de 0,0007%.

Cientistas ainda estudam outra constatação: o sistema imunológico das crianças é tão resistente que mata os vírus ou atenua, de tal forma que ficam suficientemente fragilizados para contaminarem outras pessoas. "Crianças vão para a escola e trazem para casa vírus e contaminam seus pais e avós" é uma afirmação falsa.

"A culpa não é das crianças"

Desde setembro de 2020, em plena pandemia, um trabalho intitulado "Transmissão da Covid-19 e Jovens: a culpa não é das crianças", baseado na análise de quatro estudos científicos na época, conclui o mesmo que as autoridades sanitárias japoneses: as crianças não transmitem o vírus. Os especialistas em doenças infecciosas, Benjamin Lee e William Raszka, da Universidade de Vermont, também concluíram que os resultados obtidos foram similares em diversas partes do mundo.

Na China há registro de um único caso de transmissão entre crianças, num hospital de Wuhan. As outras 9 crianças analisadas foram contaminadas por adultos. Em todos os casos os vírus foram mortos pelo sistema imunológico.
 
Na França, um aluno, contaminado por Covid-19 permaneceu estudando durante semanas, entre 80 outros colegas, da mesma escola e nenhum deles foi contaminado. O mesmo estudo concluiu que o vírus influenza tem taxas de contaminação muito maiores dentro das escolas.


Um professor brasileiro no Japão

Ademar Oshiro

Faz 16 anos que o professor Ademar Choyo Oshiro mora e trabalha no Japão. Aos 67 anos, natural de Herculândia (SP), Oshiro ainda não se "acostumou" totalmente a certos costumes do povo japonês.

"Aqui é muito normal observar crianças indo sozinhas, a pé, para suas escolas.  Este fato até hoje me causa estranheza mesmo estando há 16 anos morando por aqui, habituado que estava nos moldes do Brasil." - confessa o professor.

220 mil brasileiros no Japão

Um levantamento publicado em 2019 mostra a existência de 220.000 brasileiros no Japão e próximo de 35.000 estudam no ensino básico, conta Oshiro. Destes, cerca de 7.000 estão matriculadas em escolas japonesas por razões que variam: são de famílias de brasileiros que pretendem ficar no Japão ou por questões financeiras já que as escolas brasileiras custam de 30.000 a 50.000 ienes (em média cerca de R$ 2.000/mês).

Oshiro disse observar que muitos brasileiros estão evitando o árduo trabalho nas fábricas e  buscando outras alternativas. Os jovens que têm fluência na língua japonesa conseguem trabalhos em lojas de conveniência, fast foods e lojas de departamentos. Outros tornam-se empresários nos mais diversos segmentos embora o trabalho como operário seja a maioria.

Escolas e faculdades brasileiras no Japão

Dados levantados junto ao Consulado Geral do Brasil, em 2019, apontam 35 escolas brasileiras homologadas junto ao MEC e em funcionamento naquele país. Nem todas recebem os vultosos benefícios por não estarem vinculados ao Ministério da Educação do Japão.

Muitas faculdades brasileiras mantém polos EAD no Japão para atender jovens e adultos que pretendem prosseguir seus estudos mas, a maioria, apenas conclui o Ensino Médio.

- Mas isso também ocorre entre estudantes japoneses que nem terminam o Koko (ensino médio) e cumprem apenas a obrigatoriedade de concluir o Chugakko (ensino fundamental) - conta Ademar Oshiro. Ele explica:
 

- Nem todos que concluem o Ensino Médio japonês tem condições de acessar suas excelentes universidades por não existir ensino grátis no país. O governo, entretanto, tenta facilitar o acesso com financiamento, tipo Fies, sem burocracia..

Funcionamento das escolas brasileiras em período normal 

"As escolas brasileiras aqui não seguem um calendário escolar brasileiro ou japonês mas, no geral, caminham de acordo com o calendário das fábricas, particularmente em função da Toyota, restringindo as férias em duas semanas (uma em maio e outra em agosto)" - explica o professor.

Isso se deve à conveniência de manterem as crianças em escolas já que a grande maioria dos pais trabalha em fábricas de autopeças. O mês de janeiro é destinado a recuperação de notas e conteúdos de alunos mas muitos pais deixam os filhos sob a guarda da escola uma vez que lá não tem férias prolongadas, como no Brasil. As escolas servem, também, como um local de abrigo principalmente às crianças do maternal, infantil e fundamental I. O ano letivo da maioria das escolas brasileiras inicia oficialmente fevereiro e estarão ativas o ano todo. 

Em período da pandemia 

As escolas brasileiras no Japão seguem normas das respectivas províncias japonesas onde se localizam. Algumas, no início de 2020, chegaram fechar mas reabriram em junho do mesmo ano obedecendo os rígidos protocolos das autoridades de saúde do país. As aulas são presenciais e obrigatórias.

Oshiro lembra que se recorda de uma única vez que houve o afastamento imediato de um aluno com covid e de toda sua sala. Atividades com aglomerações, como festas junina, foram canceladas.
 

Escolas japonesas em período normal e na pandemia.

O professor Ademar Oshiro salienta que a diferença entre o sistema educacional japonês e o brasileiro, particularmente no quesito disciplina, é enorme.  

 - Normalmente os alunos da escola japonesa seguem um rígido ritual de comportamento. Eles são os responsáveis pela limpeza, higiene da escola, distribuição de alimentação onde todos, num esquema de rodízio, participam. Aqui há prática de esportes e atividades culturais e cada aluno escolhe sua preferida. Cada aluno tem um professor responsável que não se limita apenas em enviar recados escritos aos pais mas até mesmo de visitar a casa de cada aluno se detectar algo anormal na sua vida escolar - explica ele, concluindo. 

- Essa experiência eu tive pessoalmente quando, recém chegado do Brasil, matriculei o meu filho numa escola japonesa. Como ele não se adaptava, as visitas da professora dele eram frequentes, sempre tentando ajudar e facilitar sua adaptação.

  • Os alunos do Ensino Básico japonês utilizam 2 máscaras por dia, 2 toalhinhas de mãos, por dia, no Ensino Infantil, higienização permanente com os professores em vigilância constante, incluindo correção no uso de máscaras quando necessária.
  • A alimentação, que é feita cada qual em suas respectivas carteiras, foram colocadas uma carteira na frente da outra com divisão de material plástico, desde o ano passado.
  • A higienização bucal é feita em pequenos grupos, mantendo rigidamente o distanciamento social.
  • No ano passado não aconteceram atividades sociais como reuniões, competições e, principalmente, visitas dos professores responsáveis às casas dos alunos quando no início do ano letivo. Neste ano as visitas foram retomadas, seguindo protocolos de segurança.
  • Nas bibliotecas (muito utilizadas, por sinal), o acesso continua limitado a pequenos grupos e todos os livros são higienizados, após a utilização. 
  • No Japão, cada bairro tem sua escola e os alunos vão em grupos (infantil e fundamental I) sempre liderados por um aluno escolhido pela escola junto à comunidade e, em todas as esquinas do trajeto, grupo de pais ou voluntários se encarregam de cuidar da travessia das crianças. Empresas liberam os pais para essa prática e isso é determinado por lei. 
  • No Japão não se observa aglomerações de carros diante das escolas, exceto em dias de festividades.

Faculdades japonesas na pandemia

No ano passado as faculdades tiveram suas atividades, na maior parte do tempo, sob o regime online. O distanciamento social, durante as aulas presenciais que ocorreram duas vezes por semana, em média, foi rigorosamente imposto e as salas divididas em dois grupos que alternavam nas respectivas frequências.

Casos no Japão
Atualizado em 26 de abr. à(s) 17:05, hora local
Confirmados
566.863
+4.722
Mortes
9.972
+59
Recuperados
504.738
+3.129

Colaborações:
- Ademar Chyo Oshiro é professor, engenheiro civil, matemático e pedagogo e atua no Japão como professor de Matemática, Física e Química em diversas escolas brasileiras, como a Escola Nikken Gakuen, do Sistema Objetivo de Ensino, onde também foi diretor até 2020. Ele atende alunos online com casos especiais - dificuldades de locomoção, ausência de escolas próximas, tutor de home schooling e produz vídeos educativos no seu canal de Youtube (Prof. Adetiam).
- Carlos Shinoda, autor do livro MEC no Japão, profundo estudioso da comunidade brasileira com relação à Educação no Japão.
- Clarissa Cardinalli, mãe de 4 filhos, todos estudando em escolas japonesas. A primogênita faz faculdade de Modas, em Tóquio.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

O que os "doutores em educação" brasileiros devem aprender

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Enquanto as crianças cingapurianas, coreanas, japonesas e chinesas conquistam as primeiras posições na educação (são alfabetizados por método fônico, sem invencionices pedagógicas e muita disciplina) e dominam o mundo, os doutores em educação do MEC assistem, passivos e carregados de justificativas, o caos do Ensino Básico, Médio e Universitário, no Brasil.

Não explicam porque alunos do Fundamental não conseguem compreender um simples enunciado de matemática ou o vexame dos jovens brasileiros no Ensino Médio, últimos colocados no PISA (um programa que avalia jovens de 15 anos em 73 países no mundo). Todos os países bem avaliados no PISA são, igualmente, os melhores também no Ensino Fundamental.

Como o Brasil, Argentina e México ocupam, também, a rabeira da lista dos piores em educação no planeta e, notem a coincidência: esse trio usa métodos e metodologias lastreadas nas crendices construtivistas de Piaget e no radicalismo pedagógico de Emília Ferrero, uma argentina radicada no México. Estamos patinando e o problema não está no Ensino Médio, mas nos anos iniciais.

E não apenas isso: por que há tanta indisciplina em sala de aula ou tanta depredação de escolas brasileiras? Segundo estatística do PISA, o Brasil ocupa o topo da lista quando se fala em violência nas escolas. Muito por conta do Estatuto da Criança e Adolescente, considerado por muitos juízes, delegados e promotores como uma licença para menores praticaram todo tipo de violência, inclusive matar com fartura. Essa lei foi obra da "esquerda intelectualizada" que lotava o governo de Fernando Henrique Cardoso e ainda permanece no MEC.

Fácil entender. Leia a matéria da BBC Brasil que reproduzimos abaixo recheada de exemplos tão possíveis de replicar em nosso país. Mas, pra isso se tornar possível, será necessário demitir um amontado de abobalhados pseudo intelectuais que povoam o MEC.

No Japão, alunos limpam até banheiro da escola para aprender a valorizar patrimônio

Ewerthon Tobace / BBC Brasil / 11 de novembro 2015

Ajudar na limpeza ensina estudantes a terem responsabilidades e consciência social

Enquanto no Brasil escolas que "obrigam" alunos a ajudar na limpeza das salas são denunciadas por pais e levantam debate sobre abuso, no Japão, atividades como varrer e passar pano no chão, lavar o banheiro e servir a merenda fazem parte da rotina escolar dos estudantes do ensino fundamental ao médio.

"Na escola, o aluno não estuda apenas as matérias, mas aprende também a cuidar do que é público e a ser um cidadão mais consciente", explica o professor Toshinori Saito. "Ninguém reclama porque sempre foi assim." Nas escolas japonesas também não existem refeitórios. Os estudantes comem na própria sala de aula e são eles mesmos que organizam tudo e servem os colegas.

Depois da merenda, é hora de limpar a escola. Os alunos são divididos em grupos, e cada um é responsável por lavar o que foi usado na refeição e pela limpeza da sala de aula, dos corredores, das escadas e dos banheiros num sistema de rodízio coordenado pelos professores.

Reunidos em grupos, alunos se revezam nas tarefas

"Também ajudei a cuidar da escola, assim como meus pais e avós, e nos sentimos felizes ao receber a tarefa, porque estamos ganhando uma responsabilidade", diz Saito.

Michie Afuso, presidente da ABC Japan, organização sem fins lucrativos que ajuda na integração de estrangeiros e japoneses, diz ainda que a obrigação faz com que as crianças entendam a importância de se limpar o que sujou.

Um reflexo disso pôde ser visto durante a Copa do Mundo no Brasil, quando a torcida japonesa chamou atenção por limpar as arquibancadas durante os jogos e também nas ruas das cidades japonesas, que são conhecidas mundialmente por sua limpeza quase sempre impecável.

"Isso mostra o nível de organização do povo japonês, que aprende desde pequeno a cuidar de um patrimônio público que será útil para as próximas gerações", opina.


Estrangeiros

Michie Afuso, da ONG ABC Japan, sugere intercâmbio educacional entre Brasil e Japão

Para que os estrangeiros e seus filhos entendam como funcionam as tradições na escola japonesa, muitas prefeituras contratam auxiliares bilíngues. A brasileira Emilia Mie Tamada, de 57 anos, trabalha na província de Nara há 15 e atua como voluntária há mais de 20.

"Neste período, não me lembro de nenhum pai que tenha questionado a participação do filho na limpeza da escola", conta ela.

Michie Afuso diz que, aos olhos de quem não é do país, o sistema educacional japonês pode parecer rígido, "mas educação é um assunto levado muito à sério pelos japoneses", defende.


Prática é aplicada nas escolas japonesas há várias gerações

Recentemente no Brasil, um vídeo no qual uma estudante agride a diretora da escola por ela ter lhe confiscado o telefone celular se tornou viral na internet e abriu uma série de discussões sobre violência na escola.

Outros casos de agressão contra professores foram destaques de jornais pelo Brasil nos últimos meses, como da diretora que foi alvo de socos e golpes de caneta em Sergipe e da professora do Rio Grande do Sul que foi espancada por uma aluna e seus familiares durante uma festa junina.

No Japão, este tipo de abuso dentro da escola é raro. "Desde os tempos antigos, escola e professores são respeitados. Os alunos aprendem a cultivar o sentimento de amor e agradecimento à escola", diz Emília.


Violência


 Educadores explicam que, desta forma, estudantes aprendem a 'limpar o que sujaram'

No ano passado, durante as eleições, a BBC Brasil publicou uma série de reportagens sobre a violência de alunos contra professores no Brasil. As matérias revelaram casos de professores que chegaram a tentar suicídio após agressões consecutivas e apontaram algumas das soluções encontradas por colégios públicos para conter a violência – da militarização à disseminação de uma cultura de paz entre escolas e comunidade.

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que ouviu mais de 100 mil professores e diretores de escola em 34 países, o Brasil ocupa o topo de um ranking de violência em escolas – 12,5% dos professores ouvidos disseram ser vítimas de agressões verbais ou intimidação pelo menos uma vez por semana.

"Assim como o Brasil tem um programa de intercâmbio com a polícia japonesa, poderíamos ter um na área educacional", propõe Michie, da ABC Japan, ao se referir ao sistema de policiamento comunitário do Japão que foi implantado em algumas cidades do Brasil.

A brasileira lembra que a celebração dos 120 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Japão seria uma ótima oportunidade para incrementar o intercâmbio na área social e não apenas na comercial.

"Dessa forma, os professores poderiam levar algumas ideias do sistema de ensino japonês para melhorar as escolas no Brasil", sugere Michie.

Os próprios alunos servem a merenda escolar aos colegas

Nota do autor: quando questionei um desses "intelectuais" da educação, sobre disciplina em sala de aula, ele respondeu que não se pode comparar o povo japonês e sua cultura com nossos alunos, pela condição social que vivem. Quando demonstrei que centenas de crianças brasileiras que frequentam escolas japonesas são tão disciplinadas quanto as nativas, ele se calou. Muitas dessas crianças voltam ao Brasil e se assustam com tanta baderna em sala de aula do país.