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terça-feira, 29 de novembro de 2016

A fantástica transformação de um aluno indisciplinado

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Rafael chora compulsivamente na sala da diretora. Ele tem 10 anos e estuda numa escola pública estadual de Marília, desde o primeiro ano do fundamental.

Era conhecido, desde o início, como um aluno desregrado. Não fazia as atividades, ameaçava colegas e enfrentava as professoras. Esta não foi sua primeira vez na diretoria e a mãe já fora notificada de sua indisciplina, outras vezes. Ela é separada e convive com outro drama: um filho de dois anos que sofreu danos cerebrais por falta de oxigênio. Ela não trabalha e vive do Bolsa Família. É considerada "marrenta e mal educada" pelos funcionários da escola. Classicamente Rafael se encaixa na faixa de risco social.

Novo comportamento em 6 meses

Porém, há seis meses, o garoto vinha se comportando bem e participando de todas as atividades escolares. Rafael tinha melhorado consideravelmente seu relacionamento com colegas e vivia sorrindo. Seu aprendizado evoluiu. Estava mais focado. Tinha se transformado de tal maneira que seus professores não conseguiam explicação mais lógica considerando que todas teorias da psicologia moderna tinham sido aplicadas, mas sem sucesso.

Mas uma coisa chamou muita a atenção da diretora: nunca antes Rafael chorara tanto e copiosamente quando advertido em sua sala. Ele sempre contava com a tolerância e com os limites punitivos e pouco se importava com as consequências. Mas, agora, o choro compulsivo denunciava algum fato novo.

O segredo desvendado

O segredo foi desvendado: a mãe contou que, desde do começo do ano, Rafael conseguira se inscrever na escola de Baseball do Nikkey Clube da cidade, um clube que abriu as portas para jovens de todas as idades e tem revelado talentos no esporte. Pelo menos 5 atletas marilienses compõe a seleção nacional principal de Baseball e outros tantos acabaram contratados por outros países. O projeto Baseball Solidário não atrai apenas praticantes do esporte, mas voluntários também - pais, parentes e amigos - que atuam em diversas atividades. Apesar de ser um esporte tradicionalmente praticado no Brasil pela colônia japonesa, o grupo de Marília tem 75% de brasileiros. Rafael é um deles.

A cultura da disciplina e do respeito dos japoneses é o primeiro passo a ser conquistado pelos alunos, independentes da idade e condição social. Não há imposição. Existem regras simples e elas devem ser respeitadas. Nada além. Foi exatamente isso que Rafael aprendeu desde sua introdução ao grupo: disciplina.

Disciplina e respeito

A contrapartida é que essa disciplina e respeito ultrapassem as fronteiras do Nikkey e sejam praticados no seio da família, entre amigos e na escola. Foi por ter transgredido essa regra que Rafael chorou, desesperado. Era o receio de perder o convívio de um grupo que lhe aceitou tão bem simplesmente porque lá todos são iguais, inclusive na hora de respeitar regras. Se for indisciplinado, dentro ou fora do Nikkey, ele perde o patrocínio, mesmo sendo um bom jogador. Um dos diretores do clube confirmou que não há registro de casos de drogas ou comportamento negativo entre seus inscritos.

A mesma criança, desregrada na escola pública, tornou-se disciplinada e responsável na escola japonesa.

- Meu filho é outra criança! - comemora a mãe que sonha colocar também a filha no Nikkey. Ela contou que o filho já tem sonhos para o futuro e "se pela de medo de sair da escolinha japonesa". - Eles mudaram o Rafael - confessa, feliz.

Regras simples e eficientes

No Japão as crianças japonesas são disciplinadas. As escolas não tem faxineiros e são os próprios alunos que cuidam da limpeza das salas, corredores e banheiros além da distribuição da comida e limpeza dos pratos. Isso cria responsabilidade no cuidado com o bem público, bem diferente do que ocorre no Brasil onde o vandalismo impressiona. Essa mesma regra não pode ser aplicada no Brasil porque o famigerado Estatuto da Criança e Adolescentes considera opressor e trabalho infantil escravo. Países com índices de educação elevados priorizam a disciplina como primeiro passo para qualquer caminhada. Coreia do Sul, Singapura, Xangai e Japão são exemplos disso. Primeiros do mundo.

Rafael é exemplo de uma criança que pode avançar nos estudos e conquistar conhecimento, independente da sua cor e condição social e sem depender de invenções pedagógicas estúpidas. Basta começar com respeito e disciplina para conhecer seus direitos, deveres e limites. É assim que se constrói cidadania.

PS: A direção do Nikkey confirmou que Rafael é um bom atleta e custeado pelo clube. Se houver indisciplina, dentro ou fora do campo, ele perde o patrocínio. Na sexta, dia 2 de dezembro ele foi escalado para jogar uma disputa em Londrina. Apenas o nome do personagem não é verdadeiro. A mãe tornou-se mais afável e educada.

Leituras relacionadas: Disciplina: Brasil x Japão

terça-feira, 15 de novembro de 2016

O que os "doutores em educação" brasileiros devem aprender

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Enquanto as crianças cingapurianas, coreanas, japonesas e chinesas conquistam as primeiras posições na educação (são alfabetizados por método fônico, sem invencionices pedagógicas e muita disciplina) e dominam o mundo, os doutores em educação do MEC assistem, passivos e carregados de justificativas, o caos do Ensino Básico, Médio e Universitário, no Brasil.

Não explicam porque alunos do Fundamental não conseguem compreender um simples enunciado de matemática ou o vexame dos jovens brasileiros no Ensino Médio, últimos colocados no PISA (um programa que avalia jovens de 15 anos em 73 países no mundo). Todos os países bem avaliados no PISA são, igualmente, os melhores também no Ensino Fundamental.

Como o Brasil, Argentina e México ocupam, também, a rabeira da lista dos piores em educação no planeta e, notem a coincidência: esse trio usa métodos e metodologias lastreadas nas crendices construtivistas de Piaget e no radicalismo pedagógico de Emília Ferrero, uma argentina radicada no México. Estamos patinando e o problema não está no Ensino Médio, mas nos anos iniciais.

E não apenas isso: por que há tanta indisciplina em sala de aula ou tanta depredação de escolas brasileiras? Segundo estatística do PISA, o Brasil ocupa o topo da lista quando se fala em violência nas escolas. Muito por conta do Estatuto da Criança e Adolescente, considerado por muitos juízes, delegados e promotores como uma licença para menores praticaram todo tipo de violência, inclusive matar com fartura. Essa lei foi obra da "esquerda intelectualizada" que lotava o governo de Fernando Henrique Cardoso e ainda permanece no MEC.

Fácil entender. Leia a matéria da BBC Brasil que reproduzimos abaixo recheada de exemplos tão possíveis de replicar em nosso país. Mas, pra isso se tornar possível, será necessário demitir um amontado de abobalhados pseudo intelectuais que povoam o MEC.

No Japão, alunos limpam até banheiro da escola para aprender a valorizar patrimônio

Ewerthon Tobace / BBC Brasil / 11 de novembro 2015

Ajudar na limpeza ensina estudantes a terem responsabilidades e consciência social

Enquanto no Brasil escolas que "obrigam" alunos a ajudar na limpeza das salas são denunciadas por pais e levantam debate sobre abuso, no Japão, atividades como varrer e passar pano no chão, lavar o banheiro e servir a merenda fazem parte da rotina escolar dos estudantes do ensino fundamental ao médio.

"Na escola, o aluno não estuda apenas as matérias, mas aprende também a cuidar do que é público e a ser um cidadão mais consciente", explica o professor Toshinori Saito. "Ninguém reclama porque sempre foi assim." Nas escolas japonesas também não existem refeitórios. Os estudantes comem na própria sala de aula e são eles mesmos que organizam tudo e servem os colegas.

Depois da merenda, é hora de limpar a escola. Os alunos são divididos em grupos, e cada um é responsável por lavar o que foi usado na refeição e pela limpeza da sala de aula, dos corredores, das escadas e dos banheiros num sistema de rodízio coordenado pelos professores.

Reunidos em grupos, alunos se revezam nas tarefas

"Também ajudei a cuidar da escola, assim como meus pais e avós, e nos sentimos felizes ao receber a tarefa, porque estamos ganhando uma responsabilidade", diz Saito.

Michie Afuso, presidente da ABC Japan, organização sem fins lucrativos que ajuda na integração de estrangeiros e japoneses, diz ainda que a obrigação faz com que as crianças entendam a importância de se limpar o que sujou.

Um reflexo disso pôde ser visto durante a Copa do Mundo no Brasil, quando a torcida japonesa chamou atenção por limpar as arquibancadas durante os jogos e também nas ruas das cidades japonesas, que são conhecidas mundialmente por sua limpeza quase sempre impecável.

"Isso mostra o nível de organização do povo japonês, que aprende desde pequeno a cuidar de um patrimônio público que será útil para as próximas gerações", opina.


Estrangeiros

Michie Afuso, da ONG ABC Japan, sugere intercâmbio educacional entre Brasil e Japão

Para que os estrangeiros e seus filhos entendam como funcionam as tradições na escola japonesa, muitas prefeituras contratam auxiliares bilíngues. A brasileira Emilia Mie Tamada, de 57 anos, trabalha na província de Nara há 15 e atua como voluntária há mais de 20.

"Neste período, não me lembro de nenhum pai que tenha questionado a participação do filho na limpeza da escola", conta ela.

Michie Afuso diz que, aos olhos de quem não é do país, o sistema educacional japonês pode parecer rígido, "mas educação é um assunto levado muito à sério pelos japoneses", defende.


Prática é aplicada nas escolas japonesas há várias gerações

Recentemente no Brasil, um vídeo no qual uma estudante agride a diretora da escola por ela ter lhe confiscado o telefone celular se tornou viral na internet e abriu uma série de discussões sobre violência na escola.

Outros casos de agressão contra professores foram destaques de jornais pelo Brasil nos últimos meses, como da diretora que foi alvo de socos e golpes de caneta em Sergipe e da professora do Rio Grande do Sul que foi espancada por uma aluna e seus familiares durante uma festa junina.

No Japão, este tipo de abuso dentro da escola é raro. "Desde os tempos antigos, escola e professores são respeitados. Os alunos aprendem a cultivar o sentimento de amor e agradecimento à escola", diz Emília.


Violência


 Educadores explicam que, desta forma, estudantes aprendem a 'limpar o que sujaram'

No ano passado, durante as eleições, a BBC Brasil publicou uma série de reportagens sobre a violência de alunos contra professores no Brasil. As matérias revelaram casos de professores que chegaram a tentar suicídio após agressões consecutivas e apontaram algumas das soluções encontradas por colégios públicos para conter a violência – da militarização à disseminação de uma cultura de paz entre escolas e comunidade.

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que ouviu mais de 100 mil professores e diretores de escola em 34 países, o Brasil ocupa o topo de um ranking de violência em escolas – 12,5% dos professores ouvidos disseram ser vítimas de agressões verbais ou intimidação pelo menos uma vez por semana.

"Assim como o Brasil tem um programa de intercâmbio com a polícia japonesa, poderíamos ter um na área educacional", propõe Michie, da ABC Japan, ao se referir ao sistema de policiamento comunitário do Japão que foi implantado em algumas cidades do Brasil.

A brasileira lembra que a celebração dos 120 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Japão seria uma ótima oportunidade para incrementar o intercâmbio na área social e não apenas na comercial.

"Dessa forma, os professores poderiam levar algumas ideias do sistema de ensino japonês para melhorar as escolas no Brasil", sugere Michie.

Os próprios alunos servem a merenda escolar aos colegas

Nota do autor: quando questionei um desses "intelectuais" da educação, sobre disciplina em sala de aula, ele respondeu que não se pode comparar o povo japonês e sua cultura com nossos alunos, pela condição social que vivem. Quando demonstrei que centenas de crianças brasileiras que frequentam escolas japonesas são tão disciplinadas quanto as nativas, ele se calou. Muitas dessas crianças voltam ao Brasil e se assustam com tanta baderna em sala de aula do país.

sábado, 13 de junho de 2015

Sete mitos sobre a maioridade penal


Um adulto e quatro menores cometeram um crime bárbaro no Piauí. O adulto vai pegar trinta anos de cadeia. Os menores, três anos. Isso é certo? É errado? VEJA se propõe a abordar o tema de maneira corajosa, racional e baseada em fatos.

Por Felipe Frazão, de Teresina, Kalleo Coura e Mariana Barros
Atualizado em 12/06/2015 às 23:27 / Revista Veja

O vídeo de três minutos é chocante. No alto de um morro com vista para a pequena Castelo do Piauí, o adolescente G.V.S., de 17 anos, conta a policiais como ele, outros três menores e um adulto emboscaram, estupraram, torturaram e, por fim, jogaram do alto de um despenhadeiro quatro meninas que estavam no local para tirar fotos com seus celulares e postá-las em redes sociais. "Às 3 da tarde, tava eu, Adão (Adão José Silva Souza, 39 anos), I.V.I. (de 15 anos), J.S.R. (de 16 anos) e B.F.O. (de 15 anos) aí em cima do morro.

Às 4 da tarde, chegaram quatro meninas pra tirar as fotos. Adão abordou as meninas com a arma e forçou elas a ter relação sexual com ele", diz. 

Na verdade, conforme apurou a polícia, Adão não foi o único a estuprar as jovens. Amordaçadas com as próprias roupas íntimas e amarradas a um cajueiro, elas foram abusadas por todos os cinco criminosos durante duas horas.

"Em seguida, Adão pegou e levou as garotas pra beira da pedra e jogou elas lá de cima", conta G.V.S. "Depois J. desceu e tentou terminar o serviço que Adão não conseguiu terminar." "Que serviço?", pergunta um dos policiais na gravação. "Matar as meninas. Ele ficou tacando pedra na cabeça delas." As quatro amigas foram encontradas horas depois. Empilhadas umas sobre as outras, estavam desacordadas, nuas, amarradas, ensanguentadas e com cortes de faca pelo corpo. Uma delas, Danielly Rodrigues Feitosa, de 17 anos, morreu. Outra continua internada em estado grave.

Detidos na madrugada, os quatro jovens - velhos conhecidos da polícia pelo histórico de invasão de casas, assalto a mercearias e roubo de motos - confessaram o crime. Adão Souza, o adulto do grupo, também foi preso. Se condenado (foi indiciado por homicídio, tentativa de homicídio e estupro), deverá ficar até trinta anos na cadeia. 

Os quatro adolescentes serão encaminhados a centros de correção, onde ficarão internados por um prazo máximo de três anos e de onde sairão como réus primários. É o que determina no Brasil o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) - um dos mais lenientes conjuntos de leis do mundo destinados a lidar com menores infratores.

O adulto vai pegar trinta anos de cadeia. Os menores, três anos, sendo que uma ínfima parcela deles cumpre todo o período de reclusão. Isso é certo? É errado? Tem certo e errado nessa questão? Essas são as perguntas certas a fazer quando um país é abalado todos os dias por histórias de crimes violentos e cruéis cometidos por menores de idade? 

VEJA se propõe a abordar o problema nesta reportagem de maneira corajosa, racional e baseada em fatos - justamente o que tem faltado no debate nacional sobre a diminuição da maioridade penal. 

Antes de continuarmos, fiquemos alguns instantes com a constatação de Steven Levitt, professor de economia da Universidade de Chicago, autor do best-seller Freaknomics, em sua influente pesquisa de 1997 intitulada Crime Juvenil e Punição. Os achados de Levitt:

Fato 1: décadas de dados acumulados mostram que a punição a jovens criminosos diminuiu substancialmente em relação à penalização de criminosos adultos.

Fato 2: durante esse mesmo período a criminalidade violenta de autoria de menores cresceu quase o dobro da taxa de criminalidade violenta de autoria de adultos. Levitt se perguntou como o Fato 1 se relaciona com o Fato 2 e chegou a duas conclusões.

Conclusão 1: "A diferença de castigos pode ser responsável por 60% do aumento das taxas de crescimento da delinquência juvenil".

Conclusão 2: "Os jovens são tão suscetíveis à perspectiva de punição severa quanto os adultos". Ou seja, saber que vai pegar cana brava por um longo tempo intimida igualmente jovens e adultos com intenções criminosas. Isso parece indicar que Levitt recomenda sem hesitação que os menores sejam punidos exatamente como os adultos infratores. 

Levitt, no entanto, se rende à complexidade da questão e sugere como ideal um sistema em que a perspectiva de punição para o jovem seja tão pesada quanto para o adulto, mas que isso seja usado não para encarcerar mais jovens, mas para "dissuadi-los de cometer crimes".

segunda-feira, 20 de abril de 2015

500 policiais são mortos, por ano, no Brasil

500 policiais mortos por ano no Brasil

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Todos os meses cerca de 40 policiais morrem no Brasil, quase 500 em um ano. É o país onde mais se mata policiais. E, absurdamente, esse massacre já é conhecido pelos governantes, as causas apontadas e as decisões para reduzir esse número, nunca chegam. Nos Estados Unidos, onde a venda de armas é liberada, 70 policiais morrem por ano, em média. Considere que a população americana passa dos 300 milhões contra os 200 milhões do Brasil
.

O jornalista Alexandre Garcia, da TV Globo, dá o tom do problema, num dos seus comentários a respeito da tragédia: "os agentes da lei são enfraquecidos pelas autoridades". O modelo de segurança pública no país precisa ser urgentemente revisto, diz ele.

No Bom Dia Brasil, Garcia comentou, em editorial:

"É difícil ser punido no Brasil. A maior parte dos crimes não são solucionados. A maior parte dos criminosos não são julgados. A maior parte dos condenados não são presos. E a maior parte dos que acabam cumprindo pena têm um altíssimo índice de reincidência. Voltam a praticar o crime.

Temos uma guerra interna; 154 brasileiros são mortos por dia em assassinatos em que não estão computados os crimes de trânsito. E é o país do mundo onde mais policiais são mortos. Nosso modelo de segurança pública precisa ser revisto. A responsabilidade tem que ser dos três entes federativos: União, estados e municípios. As drogas, que são o combustível da maior parte do crime, entram pelos vizinhos, como Bolívia, Colômbia, Paraguai, assim como as armas potentes dos bandidos.

Somos o maior consumidor de crack do mundo; o segundo de cocaína. E nós, brasileiros, ficamos olhando. Como nação, apoiamos a quem? Apoiamos a lei, ou desacreditamos na lei, na polícia?

Nos países do mundo desenvolvido, acreditam na polícia e nas leis. Nossas leis apoiam as vítimas? Garantem a punição aos bandidos? Nos Estados Unidos, o policial herói é tratado como herói. Aqui, não. É difícil ser policial neste país; policial por vocação, como a maioria. Os que dão a vida pela lei, pelos outros, essa é a maioria.

Aos que traem suas instituições, se desviam e viram bandidos. Neste país, agentes da lei são enfraquecidos pelas próprias autoridades - e não me refiro àqueles, que mesmo não sendo deuses, querem estar acima da lei. A propósito, quem está a serviço da lei precisa ser seu maior escravo. Do policial ao juiz."

Em em 2010 foram 36 mil mortos catalogados como vítimas de armas de fogo, no Brasil, um número quase 4 vezes maior que as mortes nos Estados Unidos (9.960 no mesmo período). Mas tem outro detalhe: os americanos tem 295 milhões de armas contra 15 milhões no Brasil. Mata-se no Brasil 19,3 pessoas para cada 100 mil habitantes. Nos Estados Unidos, 3,2 mortos para cada grupo de 100 mil. A Venezuela, o país mais violento do mundo, este índice é de 39.

As campanhas de desarmamento no Brasil - demagogia dos governantes populistas diante de um quadro gravíssimo - recolheram, até então, 620 mil armas. Recentemente os deputados paulistas aprovaram a lei que proíbe a fabricação e venda de armas de brinquedo sob alegação de que 40% dos "assaltos a mão armada", foram praticados por armas falsas. Para muitos promotores, delegados e juízes o Estatuto da Criança e do Adolescente é a licença para menores matarem, sem piedade.

Não há motivos para otimismo enquanto os responsáveis pela politica de segurança continuarem acreditando em bobagens como estas e o alto comando das polícias continuarem sem voz diante diante dos governantes sem noção. A polícia precisa, sim, expurgar os maus policiais, a sociedade exigir mudanças e os governantes tomarem vergonha na cara.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Delegado desabafa depois que juiza mandou soltar menores presos com drogas e armas

Os crimes e o estatuto

Depois de campanas e a prisão de menores envolvidos com drogas e armados, uma juíza, em menos de 24 horas colocou os "menores" na rua sob alegação que não era motivo para internação - segundo o estúpido Estatuto da Criança e do Adolescente menor de 18 anos não pode ser preso -, o delegado Sérgio Ribeiro, de Colíder desabafou numa entrevista de TV no Mato Grosso do Sul e pediu para sair da cidade e ser transferido para outro local onde o trabalho da polícia seja reconhecido.

Durante a entrevista no programa MT Record , da TV Gazeta, apresentado por Toninho de Souza,o delegado afirmou que não mais prenderia e nem investigaria menores considerando que é um trabalho vão.


Delegado Sérgio Ribeiro, de Colíder


terça-feira, 23 de abril de 2013

O estúpido Estatuto da Criança e do Adolescente

Cobrar responsabilidade

Editorial O Globo

No início do mês, um assaltante matou um jovem em São Paulo com um tiro na cabeça, mesmo depois de a vítima ter lhe passado o celular. Identificado por câmeras do sistema de segurança do prédio do rapaz, o criminoso foi localizado pela polícia, mas — apesar de todos os registros que não deixaram dúvidas sobre a autoria do assassinato — não ficará um único dia preso.

Menor de idade, foi “apreendido” e levado a um centro de recolhimento. O máximo de punição a que está sujeito é submeter-se, por três anos, à aplicação de medidas “socioeducativas”.

Não é um caso isolado na crônica de crimes cometidos por menores de idade no país. Mas houve, nesse episódio de São Paulo, uma circunstância que o transformou em mais um exemplo emblemático do equivocado abrigo legal que o Estatuto da Criança e do Adolescente confere a criminosos que estão longe de poderem justificar suas ações com o argumento da imaturidade: ao disparar friamente contra o estudante paulista, o assaltante estava a três dias de completar 18 anos.

Pela selvageria do assassinato, o caso remete à barbárie de que foi vítima, no Rio, o menino João Hélio, em 2007. Também nesse episódio, um dos bandidos que participaram do martírio do garoto estava a pouco tempo de atingir a maioridade.

Nos dois casos, convencionou-se, ao anteparo do ECA, que a diferença de alguns dias — ou, ainda que o fosse, de alguns meses — teria modificado os padrões de discernimento dos assassinos. Eles não saberiam o que estavam fazendo.

É um tipo de interpretação que anaboliza espertezas da criminalidade, como o emprego de menores em ações — inclusive armadas — de quadrilhas organizadas, ou serve de salvo-conduto a jovens criminosos para afrontar a lei.

O raciocínio, nesses casos, é tão cristalino quanto perverso: colocam-se jovens, muitos dos quais mal entraram na adolescência, na linha de frente de ações criminosas porque, protegidos pelo ECA, e diante da generalizada ruína administrativa dos órgãos encarregados de aplicar as medidas socioeducativas, na prática eles são inimputáveis. Tornam-se, assim, personagens de vestibulares para a entrada em definitivo, sem chances de recuperação, numa vida de crimes.

É dever do Estado (em atendimento a um direito inalienável) prover crianças e adolescentes com cuidados, segurança, oportunidades, inclusive de recuperação diante de deslizes sociais. Neste sentido, o ECA contém dispositivos importantes, que asseguram proteção a uma parcela da população em geral incapaz de discernir entre o certo e o errado à luz das regras sociais.

Mas, se estes são aspectos consideráveis, por outro lado é condenável o viés paternalista de uma lei orgânica que mais contempla direitos do que cobra obrigações daqueles a quem pretende proteger.

O país precisa rever o ECA, principalmente no que tange ao limite de idade para efeitos de responsabilidade criminal. É uma atitude que implica coragem (de enfrentar tabus que não se sustentam ao confronto com a realidade) e o abandono da hipocrisia (que tem cercado esse imprescindível debate).