quinta-feira, 31 de março de 2016

Finlândia não é mais modelo em educação

Modelo de educação da Finlândia em queda. O professor, no método denominado "phenomenon learning", não tem mais controle do processo de aprendizagem, agora nas mãos dos alunos.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

No ano 2000 a Finlândia obteve o primeiro lugar no PISA - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - e tornou-se referência mundial em educação. O modelo finlandês, na época, aplicava exames obrigatórios, mantinha supervisores em salas de aula e impunha um programa rígido na formação de professores. Era mais tradicional e sem invencionices pedagógicas.

Porém, após alguns anos criando fórmulas mágicas, a educação do país passou para o desconfortável 12º em matemática nos exames realizados entre estudantes na faixa de 15 anos, em todo mundo. As novas teorias pedagógicas são de concessão total de liberdade aos estudantes que decidem o que querem aprender. O professor, no método denominado "phenomenon learning", não tem mais controle do processo de aprendizagem, agora nas mãos dos alunos. Os defensores do método apostam que os estudantes devem ter papel ativo no planejamento, pesquisa e avaliação do processo. Simplesmente a nova política quer abolir as disciplinas - matemática e geografia, por exemplo - do currículo escolar.

Para justificar a queda alguns "especialistas" criticam os métodos utilizados do PISA. Mas a maioria afirma que os critérios são apenas para avaliar o conhecimento e nada mais. Yong Zhao, professor americano de origem chinesa, por exemplo, não consegue explicar porque Cingapura, Coreia do Sul, Macau, Xangai e Japão - que usam métodos tradicionais na educação - são os melhores no PISA e na economia mundial. O diretor de pesquisas do Centro para Estudos de Mercado de Educação, com sede em Londres, Gabriel Heller Sahlgren, diz que o sistema finlandês está em declínio, segundo publicação recente da BBC. Para ele "o êxito da Finlândia em anos anteriores não foi um produto do sistema atual, mas um legado da centralização educacional implantada quase quatro décadas atrás."

Tim Oates, do centro de preparação e avaliação de exames Cambridge Assessment, da Universidade de Cambridge, adverte, assim como Sahlgren, que os bons resultados alcançados na Finlândia em 2000 são produto não da autonomia com que geralmente é associado o sistema finlandês, mas às reformas implementadas nos anos 70 e 80.

A aposta dos "doutores em educação" brasileiros é seguir o modelo finlandês que prioriza a formação de professores e a exigência de mestrado. Mas os conflitos são imensos: as salas de aula na Finlândia tem, no máximo, 10 a 15 alunos. No Brasil, 35. O salário anual de um professor de ensino médio lá chega a US$ 29.000 (R$ 8.900,00 por mês) por 20 horas semanais. No Brasil, R$ 1.449,00.

O sistema de Cingapura tem foco em conteúdo mas busca formar pessoas capazes de trabalhar em equipe, comprometidas e íntegras.

O Brasil, no PISA, ocupa as últimas posições, como o México. Ambos usam como método e metodologia de alfabetização as teorias de Jean Piaget condenadas pela ciência. A cada três anos o PISA avalia estudantes na faixa dos 15 anos de idade em mais de 73 países. Até 2012 eram 65.

(Fonte BBC)
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