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quarta-feira, 8 de maio de 2019

Professores com salários acima de R$ 55 mil. Falta investimento para a educação?

CPI da Assembleia Legislativa de São Paulo apura como funcionários de universidades públicas do Estado ainda recebem acima do teto definido em lei. Universidade de São Paulo tem as maiores aposentadorias. (Foto do site https://www.marilia.unesp.br/index.php#!/processo-eleitoral/apresentacao)

Marco Antonio Araujo e Karla Dunder, do R7
08/05/2019 - 04h00 (Atualizado em 08/05/2019 - 07h42)

O Portal da Transparência da USP revela: um professor aposentado da Universidade chega a ganhar R$ 69.265,07. Nessa lista – que motivou denúncia do Ministério Público de Contas do Estado de São Paulo – o segundo professor mais bem remunerado recebeu R$ 54.519,75.

A denúncia do MP colocou as três principais universidades públicas de São Paulo (USP, Unesp e Unicamp) na mira da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado). Os parlamentares paulistas instauraram uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para apurar como funcionários públicos ainda recebem acima do teto definido em lei — que é de R$23.048,59, o salário atual do governador — mesmo com o país tendo de enfrentar o difícil debate sobre a reforma da Previdência, com seus privilégios reservados às elites do funcionalismo. Nesta quarta (8) acontece a primeira reunião de trabalho da CPI.

O MP entrou com pedido de medida cautelar para que as três universidades parem de pagar salários acima do teto imediatamente, com devolução dos valores recebidos de forma irregular, sob pena de afastar os reitores das instituições. De acordo com o MP, as instituições são responsáveis por um rombo de R$ 17 milhões por ano pagos de maneira irregular aos servidores.

O governo de São Paulo é responsável por manter as três universidades públicas, que recebem 9,57% da receita do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do Estado e têm autonomia para gerir essa verba, estimada em R$ 9 bilhões por ano. Esse repasse foi estabelecido há 30 anos por decreto do então governador Orestes Quércia, que também garantiu total independência para as três instituições gerirem os recursos.

Questionadas sobre a ação do Ministério Público, as universidades se pronunciaram por meio de nota.

A USP informou que “prestará todos os esclarecimentos necessários e apresentará os recursos cabíveis, assim como tem feito em todos os processos em que a questão do teto remuneratório é suscitada, todos ainda em trâmite”.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Modelo de escola global/construtivista fica em 4.771º lugar no Enem

Enem mostra que modelo educacional precisa mudar... nos anos iniciais. Alunos das escolas públicas
do Ensino Médio não estão alfabetizados. A reforma tem que ser feita na Educação Básica.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Em 2014 fiquei surpreso com a comemoração promovida pela diretora da Escola Estadual Professor Eduardo Velho Filho, de Bauru. Jornais e tvs publicaram que aquela unidade de tempo integral classificara-se em "primeiro lugar", entre as escolas públicas do Estado de São Paulo, nas provas do Enem. Na verdade a escola ficou em 4.071º lugar, na classificação nacional, um resultado pífio e vergonhoso para a educação pública. No Estado sua posição foi 1.342º. Mas, de onde veio, então, o primeiro lugar?

A diretora excluiu 138 escolas técnicas, também públicas, que estavam à sua frente (com notas muito melhores) e, mesmo assim, ficou 1.205 posições atrás de escolas particulares que estavam do topo da lista estadual. Bingo!

Pior que tudo isso foi ouvir a direção da Escola Eduardo Velho Filho enaltecer as teorias mofadas de Jean Piaget, estas sim, responsáveis pelo descalabro da educação nacional. Que papelão!

Em 2015 a situação piorou porque os resultados do Enem foram igualmente péssimos para a escola bauruense: ela classificou-se em 4.771º posição - Quarto milésimo septingentésimo septuagésimo primeiro - com notas péssimas. Eduardo Velho é um modelo de escola construtivista que colhe estrondoso fracasso, o mesmo fracasso iniciado nos primeiros anos do Ensino Fundamental de qualquer escola pública lastreada nas invencionices pedagógicas de Emílias Ferreros da vida. México, Brasil, Portugal, Argentina estão nas últimas colocações do PISA (Programa de Avaliação de Estudantes). Coincidentemente todos eles se utilizam das teorias de Piaget e das suas vertentes radicais.

O Ensino Médio vai mal porque seus alunos continuam analfabetos desde do Ensino Fundamental. O problema está nos anos iniciais. O método de alfabetização não alfabetiza, afirma a ciência.

Maria Inês Fini, presidente do Inep, tentando justificar o fracasso da educação joga a culpa nas diferenças sociais. “As melhores escolas públicas têm nível socioeconômico bastante alto. Ela diz que esse ranking não serve para indicar a qualidade da escola e aponta a reforma do ensino médio como solução.

Os países melhores ranqueados no PISA mostram exatamente o contrário: os alunos mais pobres de Xangai, por exemplo, sabem mais de matemática que os alunos mais ricos dos Estados Unidos. Isso derruba os argumentos dos "doutores em educação brasileiros" que adoram jogar a culpa nas diferenças sociais.

Outro mito derrubado - e não explicado pelos professorinhos unespianos, adeptos das crendices de Piaget - é a falta investimento na educação. Estatísticas do PISA indicam que a Coreia do Sul, no topo dos países com melhores indicadores em educação, investe muitíssimo menos que os Estados Unidos, por exemplo, que ocupa posições intermediárias. Dependesse de investimento financeiro, os norte americanos estariam em primeiro, há muito tempo. O Brasil, em 2012, foi o 15º maior investidor em educação no mundo... mas ficou em 53º, em qualidade, entre 65 nações avaliadas. Portanto, a desculpa não cola. Nem mesmo o número de alunos numa sala pode justificar melhor qualidade de ensino. As estatísticas do PISA mostram que a média, por sala, em países com educação avançada, é de 35 alunos.

Coreia, Xangai, Hong Kong, Japão alfabetizam com o método fônico e não se apegam a invencionices pedagógicas. As crianças deixam o ensino fundamental completamente alfabetizados, ao contrário das crianças brasileiras. O resultado, todos sabemos.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Pokémon e os professores analfabetos digitais

Aliar-se à tecnologias para melhorar a educação: como fazer isso com professores analfabetos digitais? 

Por Edson Joel

Alessandra entrou na sala dos professores e, entusiasmada, anunciou a descoberta fantástica que acabara de fazer:

- Gente, descobri que existe um tal de Google Map onde você coloca o endereço de destino e ele traça a rota mostrando como chegar lá. E ainda pinta o caminho de azul. Não é maravilhoso?

Se a descoberta da professora Alessandra, de 45 anos, tivesse ocorrida há 11 anos, ótimo. Mas isso tem apenas dois anos e mostra o enorme abismo entre professores e alunos. Como educar uma geração que nasce com smatphone nas mãos e caça pokémons se os professores são analfabetos digitais e ainda utilizam teorias mofadas de séculos passados como seu principal instrumento de alfabetização?

As tecnologias deveriam fazer parte do cotidiano escolar e, no lugar de pokémons, os alunos e seus professores caçariam verbos, adjetivos e soluções matemáticas "escondidos" nas salas de aulas. Os professores deveriam estar, pelo menos, nivelados com o grau de domínio dos seus alunos sobre tecnologias, mas, pasmem, a maioria é analfabeta digital e mal domina seu próprio celular. Estão apavorados com a implantação das secretarias digitais (que estão chegando com um atraso de 20 anos) e insistem em preencher as velhas talas, manualmente.

- Agora que eu estou quase me aposentando não quero saber dessa tal secretaria digital, Deus me livre - disse uma professora, no alto dos seus quase 50 anos. Oras, como entender uma colocação dessas, dentro de um ambiente que tem como única proposta a promoção do conhecimento? Por que a Secretaria da Educação não organiza cursos para treinar esse pessoal que treme ao ouvir falar de computador? 

Mas a culpa pelo caos na educação do país não está apenas na ausência de tecnologias nas salas de aulas ou no despreparo do professor - o menos culpado -, mas nos métodos de alfabetização que não alfabetizam e nas invencionices pedagógicas. E quem diz isso é José Morais, português especialista em alfabetização, emérito da Universidade de Bruxelas, doutor em desenvolvimento da cognição e psicolinguística que defende a neurociência na sala de aula.

O resultado é esse que já conhecemos: o Ensino Básico do Brasil está nas posições mais baixas nas avaliações coordenadas pela UNESCO, na América Latina (em leitura, matemática e ciência ficamos nas posições mais baixas (I e II, de uma escala que vai até IV) e 60º lugar no PISA, de 72 países avaliados). No
Enem 2014 o Ensino Médio, da rede pública, deu novo e enorme vexame.

Cognitivamente - segundo a neurociência - a criança pode aprender a ler aos 5 anos sem influenciar na maior ou menor habilidade para a leitura. Pelo método fônico uma criança brasileira pode se alfabetizar em menos de um ano, com excelente velocidade de leitura e compreensão.

Sabendo ler e entender o que leem, já no primeiro ano do Ensino Fundamental, a criança construirá, então, seu conhecimento, com muito mais facilidade e sem necessidade de se criar "programas de incentivos de leitura" que não conseguirão nenhum bom resultado entre analfabetos.

Em muitas cidades brasileiras o atual método de alfabetização (abençoado pelo Ministério da Educação e endeusado pelos intelectuais unespianos), foi colocado de lado e os resultados apareceram rapidamente. Por exemplo, Brejo Santo, uma pequena cidade com 45 mil habitantes, no Ceará cuja renda per capita é 70% menor que a média nacional, consegue alfabetizar seus alunos já no primeiro ano do Ensino Fundamental (99%) e seus alunos do 5º ano obtiveram excelente aproveitamento em matemática. Muitas unidades da rede da rede municipal chegam a 100%. O IDEB de Brejo Santo, há seis anos, era de 2,9. Hoje, 7,2, melhor que muitas capitais do país. Sabem o segredo? As invencionices construtivistas foram deixadas de lado e o método fônico foi aplicado.

Antes, a justificativa para o fracasso recaia no fato da comunidade escolar ser de baixíssima renda. Pois a mesma comunidade pobre, em menos de 6 anos, deu a volta por cima. Mais um mito derrubado. Na verdade, mais uma desculpa dada pelos pseudo pedagogos do Ministério da Educação contrariada na raiz do problema.

Basta lembrar que os dados do PISA mostram que os alunos mais pobres de Xangai sabem mais matemática que os alunos mais ricos dos Estados Unidos e Europa. Os defensores das teorias se calaram diante da constatação divulgada pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - programa criado e ainda coordenado pelo matemático, físico e estatístico alemão Andreas Schleicher - que também fez o favor de publicar outros números que derrubaram vários
mitos da educação.

Atualização em 26.08.2016
Uma diretora de escola infantil de Bruxelas criou um aplicativo que caça livros ao invés de Pokémons. Os livros são espalhados pela cidade e os "caçadores" vão busca-los. Depois de ler, devolvem nos endereços indicados.