Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza
A guerra do Vietnã começou, na verdade, em 1955, mas foi a partir de 1959 que as escaramuças provocadas pelos guerrilheiros do norte se tornaram mais sérias. O país se dividiu ao meio - comunistas, do norte, apoiados pela China e soviéticos - e o sul, que a partir de 1965 passou a receber um maior apoio bélico dos Estados Unidos, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia.
Foi a guerra do socialismo x capitalismo. Os americanos perderam 58 mil soldados até o final do conflito. Em 30 de abril de 1975, Saigon, capital do sul, caiu e o Vietnã passou a se chamar República Socialista do Vietnã e Saigon se chama hoje Ho Chi Minh, líder dos vencedores. Quase 4 milhões de soldados do norte e sul morreram no conflito que acabou envolvendo também a Coreia do Sul que lutou ao lado dos americanos. Os comunistas venceram a guerra.
E o que virou o Vietnã?
Como em todo país comunista as coisas também foram de mal a pior na Vietnã socialista. A ideologia mais atrapalhou que ajudou e o caos econômico se instalou nos campos e cidades. Havia fome. Grande parte da população economicamente ativa do Vietnã morreu durante o conflito e ajudou a tornar mais grave a crise econômica.
A volta dos americanos
Esse quadro permitiu os americanos voltarem ao Vietnã, a partir de 1995, depois do reatamento diplomático negociado.
Acordos comerciais entre as duas nações movimentaram a economia do país em quase US$ 35 bilhões em 2014. As ideias de Karl Marx foram jogadas no lixo e o Vietnã transformou-se símbolo do capitalismo e do livre mercado, apesar do autoritarismo político. Pelas ruas da cidade ainda se vê bandeiras com foice e martelo e cartazes exaltando o trabalhador, bem ao lado das mais famosas grifes capitalistas e BMWs reluzentes.
Liberalismo na economia e autoritarismo no governo
Ho Chi Min, se estivesse vivo, ficaria envergonhado em ver o que virou sua pregação socialista bem em frente a sede do Partido Comunista na cidade que leva seu nome: um enorme e moderníssimo arranha-céu que abriga o segundo maior shopping do país, "a marca do capitalismo arrogante e decadente" como sempre discursou.
A vida das pessoas melhorou por conta do avanço da economia. O Vietnã seguiu o caminho da China onde há liberalismo na economia e autoritarismo no governo. O crescimento do país, desde 2005, é de 6% ao ano e o PIB subiu de US$ 60 bilhões em 2005 para US$ 187 bilhões em 2014. Segundo o FMI, o Vietnã será uma das 30 maiores economias do mundo em menos de 15 anos.
A desigualdade econômica foi drasticamente reduzida com o capitalismo e sua liberalidade econômica. Basta citar que, no começo da década de 90, cerca de 60% da população vivia abaixo da linha de pobreza. Em 2014 são 10% que vivem com ganhos de US$ 1 / dia. Segundo a BBC, o Índice de Desenvolvimento Humano que era de 0,439 em 1990 saltou para 0,617 em 2013 e a renda per-capita subiu de US$ 100 em 1995 para US$ 1.650. Os dados são da ONU.
Filhos e netos dos Vietcongs agora fazem tênis
A maioria dos filhos dos "vietcongs" (mais de 90 milhões são jovens de 30 anos) hoje trabalham em parceria com indústrias norte americanas para quem produzem, uma situação infinitamente melhor que a de 1986 quando o país estava falido e sua população faminta com inflação acima de 600% ao ano.
Dez anos antes o Vietnã amargava com uma economia improdutiva controlada pelo Estado, cupons de racionamento e fuga em massa da população. A produção coletiva nos campos sob controle do governo foi privatizada. Hoje o Vietnã é a terceira maior exportador de manufaturados e modelo de livre mercado para o FMI.
Cadê o socialismo que estava aqui e que custou milhões de mortos?
O sonho capitalista dentro do Vietnã: as conquistas sociais e melhor qualidade de vida chegaram pelo livre mercado. Restam dois países comunistas fundamentalistas: Coreia do Norte onde 18 dos 24 milhões habitantes passam fome e a falida Cuba até então liderada por um patético. Cuba, em breve, será o novo paraíso capitalista. |