quarta-feira, 31 de outubro de 2012

O furto da latinha de tinta

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

O garoto tinha uns 15 anos de idade e estava apavorado quando entrou na minha sala. Inquieto, ficou cabisbaixo e não ousou me olhar. Seus familiares estavam juntos, igualmente assustados.

Eu era diretor de uma empresa com mais de 245 funcionários e, pela primeira vez, estava de frente com alguém que tinha praticado um furto. O funcionário mirim tinha se apossado de uma latinha de tinta gráfica e foi flagrado pelo sistema de segurança da empresa. Chamei os pais e, na sua frente, lhes contei o fato. Repreendi o menino com veemência, aconselhei e o demiti.

Poderia ter sido mais tolerante e deixado tudo por uma boa bronca?
Afinal, era apenas um garoto.

Sim, mas foi exatamente por ser apenas um garoto que fui pouco condescendente e muito mais rigoroso. Essa seria uma lição a ser apreendida, logo cedo, por alguém que estava em formação. Se dosasse a pena estaria facilitando o menino a acreditar que, num próximo furto, se descoberto, ele seria apenas repreendido e, então, a porta do mal feito estaria aberta diante de tanta tolerância. Uma porta perigosa. Tão comum hoje é ver garotos roubando, estuprando e matando e, diante de leis frouxas, voltam rapidamente para as ruas. E para o crime.

O TEMPO E LIÇÃO

Dez anos depois entrei numa loja de artigos esportivos da cidade e irritei-me quando percebi que alguém me seguia, com os olhos e, embora disfarçasse, deixava claro a intenção. De repente se aproximou perguntando:

- O senhor é o Edson Joel?
A pergunta não foi seguida por nenhum olhar cordial e isso fez-me desconfiar da intenção da abordagem. Secamente respondi que sim.

- O senhor se lembra de mim? - reperguntou com a convicção de que deveria conhece-lo.
- Não, não sei quem é você - respondi até curioso. Como trabalhei muito tempo em meios de comunicação, as vezes as pessoas me abordam desta maneira.

- Bom, eu sou aquele garoto que roubou a latinha de tinta e o senhor demitiu. - explicou ele, finalmente.
Fiquei olhando para aquele rosto e tentando decifrar o que viria depois da confissão. Um xingamento? Uma ofensa? Porventura me afrontaria? Minha memória resgatou aqueles momentos. Lembrei-me até da dureza das palavras e dos conselhos que lhe dera.

- Sim, agora sei quem é você - retomei a conversa. Contei que lembrava do caso e da demissão imposta.

- Pois bem, Senhor Edson. Eu quero que saiba que as suas palavras me machucaram muito e que sofri demais lembrando delas. Fiquei um mês sem sair de casa, envergonhado. Mas quero que se lembre pra toda sua vida que foram aqueles conselhos que me ajudaram a ser melhor. Se o senhor ficou tão bravo porque eu tinha roubado apenas uma latinha, imagine como ficaria se fosse uma latona, ou duas, ou três. Aquilo me ensinou a respeitar a propriedade alheia - contou ele. Meus olhos umedeceram diante da confissão tão sincera e me surpreendeu.

- Eu trabalho aqui faz tempo, Senhor Edson e estou indo muito bem - disse. Olhei para o seu crachá e li: Adriano, Gerente. Nos abraçamos, como amigos, e me despedi com uma certeza: uma boa lição nem sempre é dada com muito carinho e que a tolerância ao mal feito é a mãe de todos os males.

PS: Somente o nome foi alterado. A história é uma verdade a ser passada.

Família prepara-se para visitar Dirceu na prisão

Em entrevista publicada pelo Estadão, a família de José Dirceu está preparada para visita-lo na prisão. Sua ex mulher, Clara Becker, mãe de do deputado Zeca Dirceu, confessa que tem medo que ele se mate na prisão. Clara conta que, descoberto que ele lhe traia, saiu com o filho e o casamento acabou. Mas, segundo ela, manteve boa relação com o ex marido que "nunca pagou pensão para o filho". Ela admite que Dirceu, como Genoíno, "estão pagando pelo Lula, ou você acha que o Lula não sabia das coisas? - pergunta indignada.

Dirceu deverá cumprir pena numa penitenciária de Campinas, próximo de sua casa de campo em Vinhedo. Antes de caminhar para a prisão, o condenado como chefe da quadrilha do mensalão exigirá de Lula que entre na campanha para resgatar o prestigio dos envolvidos. Lula, por enquanto, está preocupado em convencer Dilma não comparecer à cerimônia de posse de Joaquim Barbosa, como presidente do STF, em novembro.


Enquanto isso, militares da reserva, por ofício, pediram ao comandante do Exército, Enzo Peri, a cassação da medalha do Pacificador, concedida ao ex-presidente do PT e condenado pelo STF, Genoíno. Diz o estatuto que o agraciado com a medalha perderá a honraria se estiver envolvido em crimes contra a segurança nacional ou contra o erário público. É o caso de Genoíno, condenado por corrupção e formação de quadrilha.

sábado, 27 de outubro de 2012

Estudar? Pra que?


Segundo o Dieese, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, o salário mínimo do trabalhador brasileiro deveria ser R$ 2.400,00, valor suficiente apenas para suprir as necessidades básicas de uma família. A constituição determina que o salário cubra minimamente comida, casa, educação, saúde, roupa, higiene, lazer e previdência, o que é impossível com um valor de R$ 622,00 que o trabalhador recebe hoje.

Porém, desde janeiro de 2010, o governo paga em torno R$ 915,00 para cada filho de presidiário, o que popularizou o termo "bolsa-bandido". Isto significa dizer que, respeitadas as regras, a família de um condenado com 4 filhos pode receber algo como R$ 3.660,00. Soa hilário, mas é a realidade. 

Mais que vergonhoso, é uma afronta. E incentivo a bandidagem. Estudar? Pra que?

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Câmara paga fiança e tira Takaoka da cadeia

Yoshio Takaoka está em liberdade
Pouco mais de R$ 30.000,00 - valor da fiança estabelecida pelo juiz José Henrique Ursolino - colocaram Yoshio Takaoka e três assessores, presos com ele, pra fora da cadeia. O valor, consta, foi pago pela própria Câmara Municipal de Marília, da qual Takaoka é presidente. Ele ficou detido na cadeia de Lutécia e  ficou sozinho na cela.

O Ministério Público havia recebido uma denúncia de que o então candidato a reeleição teria comprado votos por R$ 100 dos eleitores que comprovassem, com fotos da urna, seu voto no candidato. Yoshio Takaoka obteve 2.125 votos e conseguiu ser reeleito. Todos responderão o processo em liberdade. Se condenados podem pegar até 8 anos de cadeia. A promotoria deve pedir sua cassação e, neste caso, Herval Rosa Seabra assume em seu lugar.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Herval assume se Takaoka for cassado

Yoshio Takaoka, presidente da
Câmara de Marília
Em caso de cassação, Herval Rosa Seabra deve assumir o lugar de Yoshio Takaoka, presidente da Câmara de Marília, preso em flagrante pela Polícia Federal na última quarta feira, acusado de compra de votos. Ele foi eleito com 2.125 votos. Na tentativa de descaracterizar a negociata, assessores, também presos, formalizavam um contrato de prestação de serviços no valor de R$ 100,00. Chegues de campanha assinados, em branco, contratos sem assinatura e outros documentos foram apreendidos pela polícia. Jairo José Genova, promotor da Justiça Eleitoral afirmou que, se comprovadas as acusações, pedirá a cassação do vereador. A sessão de diplomação dos eleitos está marcada para o dia 18 de dezembro. Os presos estão nas cadeias de Lutécia e Garça e uma assessora, em Vera Cruz.

A cadeia do Zé Dirceu

Companheiros na cela: sentenças podem ser iguais
Depois a condenação e definição da pena de Marcos Valério, os que acompanham o julgamento do mensalão apostam que José Dirceu deve pegar entre 10 e 12 anos por formação de quadrilha.- dois anos e onze meses - e corrupção ativa - sete anos e oito meses de cadeia. Idem Genoíno.
Ayres Brito deve pedir a cassação dos passaportes pra evitar fugas. Valério deve levar mais de 40 anos de prisão, muito mais que os chefes da quadrilha, o que levou o advogado do publicitário a desabafar: isso é injusto.

Empreendedorismo na escola


Este documentário foi produzido há 15 anos, pela  TV Marília Produções, para o Sebrae São Paulo e resume o projeto de empreendedorismo na escola. Vale a pena assistir.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Pena de Valério vai ultrapassar 40 anos

Marcos Valério
Restando ainda o voto do ministro Marco Aurélio Mello, Marcos Valério já soma 40 anos e 2 meses de prisão além de mais 24 dias de reclusão. Junte-se uma multa de até R$ 2,800 milhões.

O publicitário foi condenado por formação de quadrilha - chefiada pelo petista José Dirceu - peculato, lavagem de dinheiro, corrupção ativa (compra de votos de parlamentares no governo Lula) com possibilidade de aumentar se os ministros decidirem sobre a existência de continuidade delitiva.

A defesa do publcitário afirmou ser injusto que ele receba a pena mais severa em relação aos "verdadeiros chefes políticos". Em diversas ocasiões, Valério fez ameaças de contar a verdade - de que Lula era o maior beneficiário do esquema e seu autor - mas cedeu com medo de retaliação.
Acredita-se que Roberto Jeferson, também condenado, receba pena menor considerando que foi o denunciante do que se transformou no maior escândalo de corrupção do país.

O Coronel Ramiro Bastos chama-se Lula

Na moda, artes, música, política, pra mim, tudo é cíclico.
Basta observar. Os Beatles estão voltando, 40 anos depois do estrondoso sucesso do quarteto inglês. E lá vem regravações e remasterizações. E eles estão voltando em disco de vinil. Aliás, os Beatles e Rolling Stones, que nunca morrem.

E quem diria que a saia plissada faria, de novo, tanto sucesso na moda? Moda que conheceu a mini saia em 60/70 como criação de Mary Quant e voltou. Aliás, a mini saia já existia em 1920, do "foxtrot". Quem vê a novela Gabriela se assusta com os vestidos curtos, tanto quanto os cabelos das meninas da época.

A revolução dos estudantes na França em 68 e a revolta na praça da Paz Celestial em 89; a impetuosidade do jovem Jânio Quadros naquela década e de Collor nos anos 90; e, assustadoramente, a volta do coronelismo político, prática comum no país desde os idos tempos. A sociedade era sustentada pela produção agrícola de latifúndio, dai surgindo a figura do coronel que controlava tudo na comunidade, impondo inclusive a obrigatoriedade de se votar nos candidatos que indicasse. Chamava-se isso de currais eleitorais. Deputados sempre se alinhavam com seus "padrinhos" que sustentavam suas campanhas. Mesmo com o surgimento de novos grupos sociais, o coronelismo fixou-se na cultura política brasileira na forma de "troca de favores" entre apoiadores e opositores. A venda de sentenças já existe há tempos.

Essa paisagem você vê claramente nos usos e costumes da novela Gabriela, vivida em Ilhéus, então controlada pelo Coronel Ramiro Bastos, intendente do pedaço. Em defesa de um amigo - que matou a mulher e o amante - Ramiro procurou o novo juiz da cidade pedindo, sob ameaça, o arquivamento do processo alegando que foi crime de honra.

Tal e qual Lula fez com deputados, senadores e ministros do STF, julgadores do mensalão. O coronelismo - que nunca se foi - voltou!