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quinta-feira, 4 de junho de 2015

Somos um circo mambembe

Por Luiz Antonio

É comparando a situação na FIFA com a do brasil (com b minúsculo) que vemos o real estágio de podridão alcançado pela nossa republiqueta de bananas. Enquanto lá fora a polícia investiga e dirigentes importantes vão para a cadeia (sem habeas corpus, sem prisão domiciliar, sem tornozeleira eletrônica, sem delação premiada) e aguardam em celas comuns as decisões da Justiça, por aqui a farsa prossegue.

Vivemos numa democracia muito peculiar. Nenhum dirigente político está preso (nem será). O Supremo Tribunal Federal passa a mão nas cabeças de quadrilheiros. O fato de 87% da população desejarem a saída da gerente não é motivo suficiente para a renúncia ou um pedido de impeachment. Por lá, temos como líder da oposição aos supercartolas da Fifa um Michel Platini, cuja ação à frente da UEFA foi decisiva para o afastamento de Blatter.

Aqui, os dirigentes das federações garantem a eternização no poder dos velhos donos da CBF. A oposição política liderada por Aécio Neves se destaca pela covardia, e não consegue enxergar razões para o impeachment da chefe de governo claramente envolvida no escândalo que envolve roubalheiras bilionárias e tantos outros crimes de lesa-pátria.

Um ex-presidente não se cansa de destilar veneno e convoca o “exército do Stédile” para a guerra contra a classe média. Confrontado com a possibilidade de ganhar um cela contígua à ocupada pelo antigo chefe e sempre comparsa, escafedeu-se da reunião da Fifa na calada da noite da reunião da FIFA e apareceu no dia seguinte no brasil (com b minúsculo), certo de que aqui continuará em segurança e impune.

Somos anões diplomáticos, somos um circo mambembe, mequetrefe. A grande tribo infestada de bocós e picaretas é governada por figuras que afrontam incessantemente o povo, convencidas de que as vítimas continuarão a proclamar-se felizes e otimistas enquanto morrem de doença, de desastre, de facada, de tiro.

Nos EUA, a revolução do chá apressou a independência da colônia dominada pela Inglaterra. A Revolução Francesa precipitou o parto da democracia republicana. No Brasil, em 2002, tivemos a revolução dos incompetentes. Eles continuam no poder.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O vergonhoso jeitinho brasileiro

Copa do Mundo 2014 tal e qual 1950

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

O Brasil sediou a copa do mundo de futebol em 1950 - vencida pelo Uruguai - por uma razão bem simples: foi o único país a se candidatar. A Segunda Guerra Mundial terminara em 45 deixando um rastro de destruição e ninguém queria saber de festa.

Tal e qual em 2014, o Brasil conquistou o direito de sediar porque não havia concorrência. O presidente populista Luiz Inácio entrou no rolê das pesquisas que indicavam que 58% apoiavam a ideia e "garantiu" a Fifa que o país estava em condições para tal.

E como sempre acontece no país, tudo ficou pra última hora. No jeitinho brasileiro. Na copa de 50, o principal estádio, o Maracanã, sediou os jogos ainda inacabado.

O país que aptou investir em dar esmolas com nome de programa social esqueceu-se da infraestrutura precária, problemas sociais gigantes, violência sem controle, corrupção desenfreada e apostou no circo. Estouros nos orçamentos, estádios inacabados e improvisações são marcas que envergonham o país. Os investimentos vieram dos cofres púbicos através de empréstimos subsidiados ou isenções.

Soma-se a essa confusão a ineficiência e despreparo de um ministro dos esportes comunista, Aldo Rebelo, que lá está não por competência, mas pela condição de partido de apoio ao governo federal.

Quando o secretário-geral da Fifa Jérôme Valcke disse que "menos democracia é, às vezes, melhor para organizar uma Copa do Mundo", poucos entenderam sua frase "politicamente incorreta", mas empresários acostumados a produzir e organizar grandes eventos sabem bem o teor da conversa: muita gente palpitando e mandando e poucos fazendo. Valcke fez o favor de alertar indiretamente sobre a fragilidade de Dilma Roussef ao afirmar que "quando você tem um forte chefe de Estado, que pode decidir, como Vladimir Putin em 2018, isso será mais fácil para os organizadores."

O discurso retórico da Dilma afirmando que realizaremos a copa das copas não convence ninguém. A imagem que fica lá fora é do amadorístico jeitinho brasileiro.

O Maracanã foi inaugurado assim. Uma semana depois da abertura, os andaimes foram retirados. Havia restos de materiais deconstrução e muita lama no local.
Irresponsabilidade: para tranquilizar os que desconfiavam da qualidade da obra, três mil funcionários foram chamados para pular nas arquibancadas.

Símbolo de incompetência: o Maracanã sediou os jogos com torcedores entre andaimes. O estádio foi inaugurado inacabado.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Fifa lamenta a escolha do Brasil. O povo, também.

Maracanã, 1950: estádio inacabado na derrota para o Uruguai, na final da Copa pós guerra.
O péssimo hábito de deixar tudo para a última hora continua o mesmo. 
Brasil pode ter sido a escolha errada para a Copa, diz Blatter

Preocupado com as manifestações contra o governo durante a Copa das Confederações que levou milhões de brasileiros as ruas, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse que "o Brasil pode não ter sido a melhor escolha para o mundial de 2014." Durante os protestos, inclusive nos dias de jogos, os brasileiros pediam melhores serviços, fim da corrupção e prioridade nos investimentos criticando os 28 bilhões de dólares jogados no circo do futebol em prejuízo da educação, saúde e segurança. Ônibus da Fifa foram apedrejados.

"A Fifa não pode ser responsabilizada pelas discrepâncias sociais que existem no Brasil. Não somos nós que temos de aprender com os protestos, mas sim os políticos brasileiros" - sentenciou Blatter, e com razão.

O Brasil acabou escolhido para sediar a copa em 2014 sem votação direta já que a Colômbia havia retirada sua candidatura. Tal e qual em 1950 quando o Brasil foi escolhido por ser o único país a pleitear a sede já que a Europa estava destruída pelo evento da II Guerra Mundial. O Maracanã recebeu os jogos com as obras inacabadas.

De lá pra cá a falta de planejamento e a irresponsabilidade dos compromissos dos governantes não mudou mas, o povo, não mais entorpecido pelo ópio do pão e circo, criou juízo. A Fifa lamenta a escolha. O povo, sem segurança, saúde e educação, também.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Fuleco, perua e la Puta


Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Ninguém gostou de Amijube como nome do tatu-bola. Muito menos de Zuleco. Na campanha para a escolha do nome para denominar o mascote da Fifa, para a Copa do Mundo no Brasil, Amijube obteve 21%, Zuleco 31% e Fuleco 48% dos mais de um milhão e setecentos mil votos.

Pois bem, Fuleco, pra quem não sabe, não tem bom significado. Pelo menos no nordeste.
Lá mandar "tomar no fuleco" é o mesmo que solicitar para alguém penetrar seu próprio orifício anal localizado entre as nádegas. Entenderam? Posso dizer que "quem tem fuleco, tem medo ou fuleco de bêbado não tem dono".

Fuleco, na verdade, é o mesmo que ânus, na sua forma mais chula, toba, rabo, fiofó, furico, roela, olhota, roscofe, ladrão, corrupto, segundo o dicionário informal. Pode-se dizer que tem um monte de fulecos do PT presos na Papuda. Ou que o Lula é o chefe dos fulecos. Mesmo que os organizadores expliquem que Fuleco lembra futebol e ecologia, esse nome não pega. Não tem fonética, não é simpático e lembra mais fuleiro, descarado, furreca, ridículo, ordinário, coisa ruim. Se me disserem "que jogo mais fuleco" entenderei que foi uma partida de futebol ruim ou "cuidado que esse cara é fuleco" estará claro que se trata de malandro. No Aurélio nem consta Fuleco. Foleco é o nome de um pássaro.
A justificativa jurídica da Fifa convence: nomes comuns, como tatu-bola, encontram dificuldades de registros da marca, inda mais mundial. A questão é complexa. A Xuxa viveu um drama particular com seu apelido quando foi lançada como marca em países latino americanos. É que Xuxa faz referência tosca a vagina.

A perua Rural Willians foi um lançamento de sucesso em todo país, menos no sul onde, a época, perua significava "mulher de programa". Ninguém viajaria levando sua família à bordo de uma prostituta. E, mais recentemente, a indústria japonesa aplaudiu um novo carro cujo nome é Mazda LaPuta. Imagine uma campanha na televisão brasileira anunciando "a performance, baixo nível de ruído, airbags e o prazer de uma LaPuta? Pimenta no fuleco dos outros é refresco, né?