sexta-feira, 15 de maio de 2020

Você sabia? Pneumonia matou 200 mil no Brasil, 80% idosos

Até 12 de junho de 2020 são mais de 41 mil brasileiros mortos por Covid-19 e uma grande tensão com cobertura nacional. Mas a imprensa ignorou 200 mil mortos provocados por vírus e bactérias entre 2015 e 2017.
Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza
Atualizado em 12.06.2020

Dados do Ministério da Saúde, publicados por alguns jornais em junho de 2019, curiosamente não chamaram a atenção da população tão atenta hoje com o placar de contaminados e mortos pelo corona vírus: 200 mil brasileiros morreram de pneumonia, entre 2015 e 2017 e, destes, 80% eram idosos. O objetivo da divulgação, no ano passado, era chamar a atenção para a vulnerabilidade da população acima de 60 anos, mais afetada pelas complicações da pneumonia.

Oito em cada dez mortes por pneumonia no Brasil, entre 2015 e 2017, foram de idosos, o que corresponde a mais de 80% das mortes pela doença. Nesse período, foram registrados cerca de 200 mil óbitos por causa da doença, uma média de 66,5 mil casos por ano, ou sete por hora. Embora a referência seja uma "média por ano", a incidência maior ocorreu no período de alguns meses do inverno.

Porque 200 mil mortos por pneumonia no Brasil chamaram tão pouca atenção? Uma busca no Google mostra pouca referência da mídia, na época e nem recentemente, sobre o tema. Ao contrário do que ocorre hoje, o jornalismo criou placares de contaminados, suspeitos e mortos pelo Covid-19.

Até esta data - atualizado em 12 de junho de 2020 - , o Covid-19 ceifou a vida de 413 mil pessoas, em todo mundo e 41.058 no Brasil. Próximo de 115 mil morreram nos Estados Unidos, 41,1 mil no Reino Unido, 34,1 mil na Itália, 27,5 mil na Espanha, 29,3 mil na França, 8,9 mil na Alemanha, 6.7 mil na Rússia.

O quadro abaixo é um resumo das principais causas de mortes, mundo, em 2017, pesquisado pela Global Burden of Disease, da IHME e publicado em maio, pela BBC Brasil.


Pneumonia bacteriana e contaminação

As bactérias causadoras da pneumonia - Streptococcus pneumoniae, Mycoplasma pneumoniae e Haemophilus influenzae - usam a gripe como porta principal de entrada para causar a enfermidade.

A pneumonia bacteriana não é contagiosa na maioria dos casos mas, os germes do streptococcus pneumoniae podem contaminar crianças ou adultos com baixa imunidade que tenham contato direto e mais prolongado com um paciente infectado.

A mycoplasma pneumoniae e chlamydophila pneumoniae são bactérias transmissíveis entre pessoas por secreções respiratórias tal e qual a propagação de viroses. Geralmente o quadro clínico é mais brando.

Pneumonia viral e transmissão

As chamadas infecções do trato respiratório, de causa viral, são as formas mais comuns que afetam a humanidade. As pneumonias virais mais comuns são provocadas pelos vírus influenza A e B, parainfluenza 1, 2 e 3, adenovírus e vírus sincicial respiratório. O primeiro é o agente infeccioso da gripe, já os três restantes são vírus que provocam resfriado.

Em pacientes susceptíveis, essas viroses podem ir além de uma virose respiratória simples, provocando uma pneumonia viral. Esta situação é muito comum em idosos, crianças pequenas e pessoas com imunidade comprometida. Na verdade a transmissão ocorre pela virose. Exemplo: caso tenha contato com um paciente portador de pneumonia por infuenza, o risco maior é você ficar resfriado mas, caso a imunidade estiver baixa, o quadro pode evoluir para uma pneumonia viral.

Na pneumonia viral os principais responsáveis são os vírus que causam gripes e resfriados como o Influenza A, B ou C, H1N1, H5N1 e o COVID-19. Outros, como vírus parainfluenza, vírus sincicial respiratório e adenovírus podem ser transmitidos nas gotículas de saliva ou tosse de secreção respiratória que ficam suspensas no ar.

Nas pneumonias virais, dependendo do estado imunológico do paciente e do agente infectante, haverá variação no nível do quadro clínico. Com grande letalidade, o mundo conheceu a família corona causadora da síndrome respiratória aguda grave (da sigla em inglês Sars) e síndrome respiratória do Oriente Médio (Mers). O primeiro agente veio do pato e o segundo, do camelo. Os vírus Influenza, H5N1 e hantavírus mostraram-se muito letais.


Idade e comorbidade

- Além de uma imunidade naturalmente reduzida em relação aos mais jovens, os idosos costumam ter outros problemas de saúde que diminuem a capacidade do organismo de lutar contra agentes invasores. Com a idade avançada, o sistema imunológico já não responde tão bem como antes. Nos idosos, há mais diabetes, hipertensão, doenças cardiológicas e renais. Esses fatores também aumentam o risco de óbito. Outros sistemas não estão atuando, digamos, 100%” - explica o pneumologista Elie Fiss, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

Durante o período mais frio a propagação de vírus causadores de gripe, aumenta consideravelmente.

- Existe a sazonalidade do influenza e de outros vírus que circulam no hemisfério no inverno. Ambientes fechados em dias de muito frio propiciam a transmissão com facilidade de uma para a outra” - conclui Elie Fiss.

Mas não é preciso ter uma gripe para facilitar a infecção. Pessoas idosas tem mais dificuldades para engolir alimentos e isso provoca refluxos que podem facilitar a contaminação. O risco é maior quando idosos estão acamados.

Prevenção

Recomenda-se que, em caso de cansaço, falta de ar, febre, tosse, taquicardia, falta de ar e febre o idoso seja levado ao médico.

O Ministério da Saúde diz que a vacina contra a gripe pode reduzir até 75% o risco de morte. Adverte-se para uma boa higiene bucal e atenção maior com idosos com comorbidades.

A diferença entre pneumonia viral e bacteriana é o início mais repetino e alguns sintomas como catarro mais transparente, como congestão nasal, sinusite, espirros, irritação nos olhos. Exames que identifiquem o agente torna o tratamento mais eficaz.

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(*) O Estudo Global de Carga de Doenças é um programa de pesquisa regional e global abrangente sobre a carga de doenças que avalia a mortalidade e a incapacidade de doenças graves, lesões e fatores de risco. O GBD é uma colaboração de mais de 3600 pesquisadores de 145 países.

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Tubeculose mata um milhão por ano, no mundo.

O Brasil está na lista da Organização Mundial da Saúde que inclui os 20 países com maior incidência de tuberculose e que, juntos, correspondem a 84% dos casos no mundo. Ref. 2016
Por Edson Joel Hirano kamakura de Souza

Mais de um milhão de pessoas morrem, por ano, em todo mundo, vítimas da tuberculose. Índia, Indonésia e China estavam nas três primeiras posições da lista com maior número de casos em todo mundo, em 2016. Nesta mesma relação o Brasil ocupava a 20ª colocação.

A tuberculose é uma doença infecto contagiosa causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis (Bacilo de Koch), que afeta principalmente os pulmões, mas pode ocorrer nos ossos, rins e nas membranas que envolvem o cérebro. Esta doença é uma das 10 que mais matam no planeta e, todos os anos, são registrados 10 milhões de casos.

No Brasil o Ministério da Saúde registrou em 2019 mais de 205 novos casos de contaminações por dia, mais de 73.600 casos por ano. Em 2018 foram registrados 4.490 óbitos por conta da doença.

Em caso de contaminação por Covid-19, os portadores de tuberculose podem ter o quadro de infecção respiratória agravada caso sua doença não estiver sendo adequadamente tratada.

Segundo a Agência Brasil, o principal motivo para a tuberculose provocar tantas mortes no país é justamente o abandono do tratamento. A doença tem cura e o tratamento oferecido no Sistema Único de Saúde dura, em média, seis meses. Apesar da melhora dos sintomas já nas primeiras semanas após início, a cura só é garantida ao final da terapia.

O que é e como se transmite

A tuberculose é uma doença bacteriana infecciosa e afeta principalmente os pulmões. A transmissão ocorre quando as bactérias são espalhadas por gotículas da tosse ou espirro. O maior problema é que a maioria das pessoas infectadas não apresenta sintomas e quando surgem as tosses (algumas vezes com presença de sangue), suor noturno, perda de peso e febre o quadro pode estar avançado. 

O tratamento é feito com antibióticos orientado por médicos e nem sempre é necessário para pacientes assintomáticos.


Como se previnir

- Alimentação com alimentos ricos em fibra e proteínas de legumes e peixes.
- Manter boa ventilação e luz natural em casa.
- Procure seu médico para orientações e ao espirrar/tossir, proteja a boca com um lenço.


Incidência de tuberculose no mundo
estimativa OMS 2016-2020*
País
População
Incidência em milhares
Percentual
Índia
1.310.000
2.840
27,3%
Indonésia
258.000
1.020
9,8%
China
1.380.000
918
8,8%
Nigéria
182.000
586
5,6%
Paquistão
189.000
510
4,9%
África do Sul
54.500
454
4,4%
Bangladesh
161.000
362
3,5%
Filipinas
101.000
324
3,1%
Congo
77.300
250
2,4%
10º
Mianmar
53.900
197
1,9%
11º
Etiópia
99.400
191
1,8%
12º
Tanzânia
53.500
164
1,6%
13º
Moçambique
28.000
154
1,5%
14º
Coréia do Norte
25.200
141
1,4%
15º
Vietnã
93.400
128
1,2%
16º
Tailândia
68.000
117
1,1%
17º
Rússia
143.000
115
1,1%
18º
Quênia
46.100
107
1,0%
19º
Angola
25.000
93
0,9%
20º
Brasil
208.000
84
0,8%
Número de casos nesses países
8.755
84,2%
Total global
10.400
100%
*Fonte: Global tuberculosis report 2016. World Health Organization. Dados organizados pelo CFM a partir das informações da Fig. 2.2 (pág. 12) e Tabela A4.1 (págs. 182-185) / Site do Conselho Federal de Medicina 

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terça-feira, 12 de maio de 2020

A inteligência


Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Etimologicamente a palavra "inteligência" vem do latim intelligentia, de intelligere (inteligir, entender, compreender, discernir, entre escolha), portanto, capacidade de escolha de um indivíduo, entre várias possibilidades/hipóteses. E escolher exige capacidade de raciocínio, conhecimento, interpretação, pensamento e compreensão que são as características intelectuais que estruturam a inteligência. Aliada a estas características está a utilização da memória, abstração e imaginação. "Ligere" também significa ler, interpretar palavras.

Resumindo: inteligência é a capacidade mental de um indivíduo de raciocinar, diagnosticar, planejar, solucionar problemas, abstrair, ler e compreender ideias e aprender.

Os testes de inteligência

No início do século surgiram os primeiros testes para aferir a inteligência do ser humano, o chamado de Quociente de Inteligência. A expressão QI foi criado por William Stern, um psicólogo alemão, que montou um laboratório em Hamburgo para estudar a idade mental e cronológica, correlacionando a capacidade intelectual com a idade do indivíduo.

1905 - Pouco antes, o pedagogo e psicólogo francês Alfred Binet, que morreu em 1911, criou um dos primeiros testes para medir a capacidade intelectual das pessoas. O seu teste avaliava a capacidade mental de crianças medindo habilidades como compreensão, razão e julgamento.

1
916 - O psicólogo norte americano Lewis Terman adaptou o teste de Binet incluindo aritmética, vocabulário e memorização. O novo teste chamou-se Stanford-Binet classificando os examinados por níveis de QI.


1927 - Charles Spearman criou o fator de inteligência geral ao relacionar uma variedade de habilidades cognitivas de uma pessoa. Para Spearman as medições do Teste G explicariam 50% da inteligência nos exames.

1949 - David Wechsler, norte americano, criou as escalas de inteligência para crianças e adultos incluindo avaliações de desempenho nos campos da compreensão verbal, espacial, memória e velocidade de processamento. Wechsler não aceitava o conceito de idade mental de William Stern.

1983 - Considerando a cultura de cada país e habilidades verbais do indivíduo testado, a clínica Kaufman criou testes de diagnósticos psicológicos para avaliar o desenvolvimento cognitivo de crianças avaliando planejamento, aprendizado e conhecimento com uso em grupos deficientes, dificuldades de aprendizagem e adequação a minorias culturais e linguísticas.

1983 - O psicólogo norte-americano Howard Gardner apresenta a Teoria das Inteligências Múltiplas: todo indivíduo tem potencial para desenvolver, específica ou combinadas, oito inteligências distintas.


2011 - Estudos desenvolvidos pelo
Centre for Educational Neuroscience e University College London, com escaneamento cerebral de jovens ingleses, mostraram que o QI pode variar, diminuindo ou aumentado no período da adolescência, provando que a habilidade intelectual não é imutável.

Definição de inteligência segundo a Associação Americana de Psicologia, em relatório de 1995

"Os indivíduos diferem na habilidade de entender ideias complexas, de se adaptarem com eficácia ao ambiente, de aprenderem com a experiência, de se engajarem nas várias formas de raciocínio, de superarem obstáculos mediante o pensamento. Embora tais diferenças individuais possam ser substanciais, nunca são completamente consistentes: o desempenho intelectual de uma dada pessoa vai variar em ocasiões distintas, em domínios distintos, a se julgar por critérios distintos. Os conceitos de 'inteligência' são tentativas de aclarar e organizar esse conjunto complexo de fenômenos." 

Definição de inteligência segundo a Mainstream Science on Intelligence, de 1994

"Uma capacidade mental bastante geral que, entre outras coisas, envolve a habilidade de raciocinar, planejar, resolver problemas, pensar de forma abstrata, compreender ideias complexas, aprender rápido e aprender com a experiência. Não é uma mera aprendizagem literária, uma habilidade estritamente acadêmica ou um talento para sair-se bem em provas. Ao contrário disso, o conceito refere-se a uma capacidade mais ampla e mais profunda de compreensão do mundo à sua volta - 'pegar no ar', 'pegar' o sentido das coisas ou 'perceber' uma coisa." 

Inteligências Múltiplas

O psicólogo cognitivo norte americano Howard Gardner, hoje com 76 anos, da Universidade de Harvard, defende a teoria de que a inteligência deve ser compreendida como um conjunto de vários processos mentais que cada individuo possui e pode desenvolver uma ou mais, em áreas específicas, com mais envolvimento.

Inteligência linguística:
Indivíduos com facilidade de expressão oral e escrita.

Inteligência lógica:
Pessoas com domínio do raciocínio lógico (operações matemáticas).

Inteligência espacial:
Indivíduos que dominam espaços/imagens em dimensões 2D/3D em atividades de arquitetura, design gráfico e produção, esportes.

Inteligência motora:
Pessoas com domínio do corpo e seus movimentos com noção especial (profundidade, distância).

Inteligência musical:
Pessoas grande facilidade no domínio e reprodução de sons e produção musical.

Inteligência interpessoal:
Pessoas com facilidade de liderança, assumem compromissos e responsabilidade por resultados, poder de convencimento e de ações.

Inteligência intrapessoal:
Indivíduos com capacidade de auto conhecimento por observação, análise e compreensão de si próprios utilizam ideias para exercer influência sobre outros. 

Inteligência naturalista:
São as pessoas com facilidades de identificar e diferenciar diferentes padrões presentes na natureza.