domingo, 24 de agosto de 2014

As urnas eletrônicas brasileiras não são confiáveis

Por que Estados Unidos, França, Alemanha e Japão ainda não confiam em voto eletrônico?

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza  |   Atualizado em 11.03.2020

Ao alegar que houve fraude nas eleições que o elegeram em 2018, Jair Bolsonaro trás à tona a questão da insegurança do chamado voto eletrônico. O presidente diz ter provas de que se elegeu no primeiro turno. Os especialistas são claros: o sistema de votação eletrônica não é confiável e são passíveis de fraudes. Mas a juíza Rosa Weber, analfabeta no tema, diz que as urnas são absolutamente confiáveis tal e qual afirmou Dias Toffoli, quando no comando do TSE.

A corte da Alemanha, por exemplo, diz que a votação eletrônica não atende o Princípio de Investigação das Eleições, exigido na constituição da Alemanha que prevê que qualquer cidadão possa conferir seu voto, sem necessitar de muitos conhecimentos técnicos para tal. Estados Unidos, Japão e França, idem.

A implantação do sistema biométrico apenas pode evitar que eleitores fantasmas votem mas não impedirá a ocorrência de fraude no sistema de votação. Um país envolvido em corrupção eleitoral, a Venezuela de Maduro, usa urna eletrônica e sistema de biometria.

Insegurança evidente

Em julho de 2017, durante a maior conferência de hackers do mundo, a Defcon, todos os modelos de urnas e sistemas eletrônicos de votação testados, inclusive as urnas fabricadas no Brasil, foram violados em menos de duas horas. Segundo Ronaldo Lemos, representante do MIT Media Lab no Brasil, “as urnas foram hackeadas até por conexão wi-fi insegura”, sem contato físico com a peça. Não apenas as urnas mas todo processo de programação pode ser alterado. A insegurança aumenta quando a justiça se nega a aceitar a impressão do voto eletrônico, isto é, a comprovação em quem o eleitor votou, em papel, além do voto eletrônico.

A alegação é mais suspeita: que o custo seria alto. O valor certamente poderia ser pago pelos vinhos premiados que abastecem e servem a casta especial que habita "nosso supremo tribunal" ou pelo dinheiro que vem sendo recuperado da corrupção praticada pelos que defendem as tais urnas sem impressão do voto. 

Sistemas eletrônicos vulneráveis

O professor universitário Diego Aranha alertou para a fragilidade do sistema de urnas eletrônicas do Brasil durante entrevista no programa de Danilo Gentili, na Band TV. Aranha, que é especialista em segurança da informação, apontou que o sistema tem vários estágios de vulnerabilidade passíveis de fraude e com relativa facilidade. Mesmo diante dessas evidências, Dias Toffoli, presidente do TSE, afirma o contrário, mas negou-se a realizar testes públicos com as urnas.

As urnas eletrônicas, "orgulho nacional" para muitos brasileiros, segundo doutores em segurança digital, são manipuláveis e sujeitas a fraude interna e externamente. Isso significa dizer que o sistema pode ser invadido e alterado por operadores internos do processo ou por hackers. Essa fragilidade já foi tema discutido no congresso nacional, mas por razões desconhecidas, o assunto não prosperou contrariando as exposições feitas por Aranha que em 2012 coordenou os testes públicos das urnas eletrônicas e conseguiu quebrar o único dispositivo que dava segurança ao sigilo do voto.

Estranhamente o TSE recusa a ideia da impressão do voto. O eleitor, depois de votar na urna eletrônica , poderia obter a comprovação do seu voto, em papel impresso pela própria máquina. O voto em papel seria depositado numa urna anexa e seria o confronto para a contagem.

Alemanha, Japão, França e Estados Unidos não usam

A justiça da Alemanha proibiu o uso de urnas eletrônicas pela facilidade de fraude que ela proporciona. E por que o Japão, França e os Estados Unidos também continuam utilizando sistemas de apuração voto a voto, no papel, paralelamente com o voto eletrônico? Porque, ainda, o processo eletrônico não garante sigilo e confiabilidade nas apurações.

O sistema de urnas denominadas DRE, de primeira geração - Direct Recordind Eletronic - entre vários processos é o mais atrasado de todos. Ele grava o voto em memória mas não permite que o eleitor confira se o seu voto foi registrado corretamente. Dezenas de países que avaliaram o sistema brasileiro, recusaram as urnas.

Existem máquinas de segunda e terceiras gerações que usam o sistema biométrico, permite a conferência do voto, imprimem os votos e garantem sigilo do votante.


Dois vídeos mostram o funcionamento de urnas eletrônicas de terceira geração

sábado, 23 de agosto de 2014

Ex–funcionaria cubana recomienda no creer en el régimen de Fidel


Concepción Hernández Barbón é cubana e aconselha que não acreditem no regime comunista de Fidel Castro. Depois de tanto tempo servindo ao regime ela chegou aos 65 anos vivendo de rações dadas pelo governo - tudo em Cuba é racionado - e morando em um casebre.  A revolução cubana levou o povo ao inconformismo, falta de reconhecimento e uma vida sem esperanças. Melhor que criticar é ouvir um testemunho real. 




sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Racionamento de comida na Venezuela

Falta tudo na Venezuela: racionamento do que?

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

O socialismo pregado, aplaudido e defendido por Dilma Rousseff e seu mentor, Luis Inácio Rosemary da Silva, não funciona na Venezuela, também. Tal e qual na extinta União Socialista Soviética e em Cuba, a escassez de alimentos e a fome atingem a população e tudo passa a ser controlado em forma de rações. Há filas para a compra de produtos que nunca chegam aos supermercados. 

Nicolás Maduro acaba de lançar na Venezuela um controle de compras que restringe a venda de alimentos nos supermercados para uma unidade por pessoa e apenas dois dias por semana. A população tem que ser fichada e recebe uma senha que funciona na forma de rodízio conforme, o final de cada uma. Isto é, donos de fichas finais 1, 2, 3 e 4 podem comprar na segunda feira. Finais 5, 6, 7 e 8, nas terças e quartas. As senhas 9 e 0 compram nas quintas e sextas. O controle é biométrico.

Diante de um grave quadro de escassez, inflação alta e violência desenfreada - 65 mortes por dia -, a população foi as ruas para protestar. O governo socialista bolivariano repreendeu com violência matando 40 jovens opositores e provocando quase mil feridos.

O racionamento já existe em Cuba desde de que Fidel Castro tomou o poder e implantou uma ditadura de esquerda violenta e criminosa. Seu ministro Ernesto Che Guevara defendeu os fuzilamentos durante discurso na ONU.

Este é o regime que a esquerda propõe para o Brasil.

sábado, 16 de agosto de 2014

El fracaso del comunismo en Cuba / A falência do comunismo cubano

Internet em casa é proibida em Cuba. Só em 2013 surgiram as primeiras lan house sob controle da ditadura.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Imagine um país onde é proibido internet em casa, onde os canais de televisão que você está autorizado a assistir livremente são do governo, onde existe apenas um jornal oficial e qualquer manifestação é controlada e seus líderes são presos?

Isso é Cuba. Lá não existe eleição, as liberdades pessoais são restritas - para viajar você precisa de autorização do governo - o salário gira em torno de 20 dólares, há filas para comprar um simples pão que é restrito a um por pessoa e, se você tiver que se internar num dos péssimos hospitais do país, tem que levar roupa de cama, produtos de higiene e os medicamentos você paga quando encontra em alguma farmácia, a preços exorbitantes.

O acesso à internet só pode ser feito em algumas salas públicas - 118 em todo país -com poucos computadores ou em hotéis que cobram preços altíssimos, por hora. No país existem um milhão de computadores e somente metade está ligada às redes. O Brasil tem cerca de 120 milhões, 3 para cada grupo de cinco habitantes.

Faz apenas dois anos que o governo autorizou a venda livre de computadores no país para particulares. Os preços são altos demais para a realidade cubana onde um médico recebe 50 dólares por mês. Quando recebe. Os celulares foram autorizados no país somente em 2008 e somente agora a população está liberada para criar seu próprio negócio como um bar, café ou restaurante. Antes, só com aprovação do governo que também controlava a venda de produtos agrícolas.

O sistema comunista em Cuba não conseguiu sobreviver depois da derrocada da URSS que lhe enviava muito dinheiro. Com dois velhotes comandando a ilha, Cuba vai se esvaziando, sem liberdade, sem opções, sem esperanças.

LEITURAS RELACIONADAS:
O mito da medicina cubana
O fracasso da Revolução Cubana

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Confiança da construção piora segundo FGV


Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Pela quinta vez consecutiva cai o Índice de Confiança da Construção segundo medição da Fundação Getúlio Vargas. A queda no trimestre foi de 10,3% e é o pior resultado desde outubro de 2011. A piora é maior (menos 12,4%) se se considerar a relação inter-anual.

Cerca de 12.400 postos de trabalhos na construção civil foram eliminados no mês de junho deste ano, segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego. O recuo foi de 0,38%. Somente no Rio Grande do Sul foram extintos 1.511 vagas de trabalho.

Nos seis primeiros meses de 2014 em todo país a geração de vagas no setor caiu 45,04% comparado com igual período de 2013.

As vendas de produtos da construção civil, no acumulado do ano, caíram 3,5%. Durante a copa do mundo, em junho, as vendas despencaram e chegaram a assustar e só recuperou uma parte em julho com um aumento nas vendas de 22%, em relação ao mês anterior, isto é, apenas compensou. Esses dados são de uma pesquisa da Universidade Anamaco que realiza mensalmente um levantamento no setor.

O varejo de material de construção pode subir 3,5% este ano em comparação com o ano anterior que já havia registrado aumento de 4,4% em relação a 2012. Porém, com os índices de baixo crescimento apontando abaixo de 0,8% e a inflação disparando, esses índices devem cair.

terça-feira, 12 de agosto de 2014

Caso Pasadena: só um idiota faria um negócio tão mal feito

Um dos mais lesivos negócios realizados pela Petrobras pelas mãos de Dilma Rousseff: um bilhão e 200 milhões de prejuízos aos cofres públicos

Adriana Valdoni é comentarista no programa Preto no Branco, da TV Pantanal e, na sessão Prosa e Política, comentou sobre o escandaloso caso da compra da refinaria de Pesadena que deu um prejuízo que sobe a US$ 1 bilhão, claro, de dólares. Ela conta uma historinha bem simples de um negócio muito mal feito. Uma história absurda, mas que aconteceu de verdade. Um fato real. Por isso o PT está processando Adriana.


Pra entender a patifaria do caso Pasadena

Dilma Rousseff era presidente do Conselho da Petrobras quando a refinaria brasileira resolveu comprar metade da refinaria Belga de Pasadena, no Texas, por US$ 360 milhões, um valor quase nove vezes maior que os belgas pagaram por ela, US$ 42 milhões. 

Tempos depois, quando a Petrobras percebeu que aquela sociedade era péssima, tentou sair fora. Mas tinha uma cláusula no contrato que obrigava a Petrobras comprar a outra metade, em caso de desavenças. A justiça deu ganho a Astra Oil e a Petrobras teve que bancar mais US$ 820,5 milhões, totalizando um prejuízo de US$ 1,2 bilhão por uma sucata que não valia 42 milhões de dólares.

O que disse Dilma Rousseff, então presidente do conselho da Petrobras? Que ela desconhecia a cláusula. E está, por enquanto, ilesa. E candidata.

sábado, 9 de agosto de 2014

Planalto invade site para intimidar jornalistas

Palácio do Planalto frauda perfís de Míriam Leitão e Alberto Sardenberg no Wikipédia


Os perfis dos jornalistas Miriam Leitão e Alberto Sardenberg, no Wikipedia, foram alterados através de computadores do governo federal interligados a rede do Serviço Federal de Processamentos de Dados. Nos dois casos as alterações visavam intimidar os jornalistas e ridicularizar suas atividades profissionais incluindo frases que classificam suas análises como desastrosas.

Esta é a segunda fraude cometida contra eles. A identificação dos IPs apontou para a Casa Civil, Instituto de Tecnologia, Ministério da Justiça e Secretaria Geral da Presidência. Miriam se confessou indignada em ver que o crime está sendo cometido dentro do Palácio do Planalto. A presidente Dilma Rousseff disse que é inadmissível e vai pedir " investigações internas". Numa demonstração de que é mentalmente perturbada, a presidente chegou a dizer que "quem quiser fazer individualmente que faça, mas não coloque o governo no meio”.

Em maio deste ano o site do Wikipédia foi invadido "por desconhecidos" - agora identificados como funcionários do próprio governo - que escreverem críticas e afirmações desqualificadoras de Miriam e Sardenberg.

No meio jornalístico ninguém se surpreende com os fatos por considerar que, de onde vem ataques, intimidações e ameaças são esperadas em nível baixo.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Método usado no Brasil não alfabetiza

A afirmação é do professor emérito da Universidade Livre de Bruxelas, José Morais que estuda a psicologia cognitiva associada à educação.


Por Leonardo Vieira, O Globo
21/07/2014 6:00 / ATUALIZADO 21/07/2014 11:22

Doutor em desenvolvimento da cognição e psicolinguística, o português José Morais defende o envolvimento da neurociência na alfabetização para reformar os pensamentos pedagógicos. Em agosto ele virá ao Brasil para VII Seminário Internacional, promovido pelo Instituto Alfa e Beto (IAB), em Belo Horizonte. Na mesma cidade, ele também participará do II Forum Mundial de Dislexia.

Que contribuição a psicologia cognitiva pode dar à pedagogia?

A psicologia cognitiva examina os processos mentais em uma grande variedade de situações, incluindo as de aprendizagem. A pedagogia será, portanto, mais bem fundamentada se levar em conta o que a psicologia cognitiva nos mostra sobre a percepção, a atenção, a memória, a imaginação, o pensamento, e sobre o desenvolvimento de todas estas capacidades. E até sobre as relações entre a cognição e a motivação, por um lado; e as emoções e os afetos, por outro lado.

E no caso da alfabetização?

A psicologia cognitiva nos mostra, entre muitas outras descobertas, que a leitura de textos não é uma elaboração contínua de hipóteses sobre as palavras do texto, mas sim, um processo automático, não intencional e muito complexo de processamento das letras e das unidades da estrutura fono-ortográfica de cada palavra, que conduz ao seu reconhecimento ou à sua identificação.

Como é a relação entre a atividade cerebral e a leitura?

A leitura visual não se faz nos olhos, mas no cérebro — a retina, embriologicamente, faz parte do cérebro. Não há leitura sem uma atividade cerebral que mobiliza vastas regiões do cérebro e, em primeiro lugar, a chamada Área da Forma Visual das Palavras. Ela se situa no hemisfério esquerdo do cérebro e não é ativada por palavras escritas nos indivíduos analfabetos. Nos alfabetizados ela é ativada fortemente, e o seu grau de ativação aumenta à medida que a criança aprende a ler. No leitor competente, a leitura de um texto baseia-se no reconhecimento ou na identificação das palavras escritas sucessivamente. À medida que elas são processadas, essa informação é enviada para outras áreas cerebrais que se ocupam do processamento da língua, independentemente da modalidade perceptiva (em particular, o processamento semântico e sintáxico), assim como da codificação da informação na memória de trabalho verbal e do acesso à memória a longo prazo. Tudo isso permite a compreensão do texto e a sua interpretação e avaliação.

Considerando essas atividades cerebrais, existe uma idade ideal para alfabetização? Qual seria?

Hoje sabemos que a plasticidade cerebral é muito maior e mais longeva do que imaginávamos há 30 anos, variando segundo o tipo de aquisição. Cognitivamente, as crianças podem aprender a ler aos 5, 6, 7 anos, sem que a diferença de idade se reflita mais tarde em diferenças de habilidade de leitura. Há crianças que aprendem a ler antes dos 5 anos, mas generalizar isso não parece desejável, porque para o desenvolvimento global da criança, é indispensável que ela passe muito tempo brincando e se relacionando com os outros.

Mas é correto fixar uma idade padrão para alfabetizar?

É uma obrigação social e moral que o Estado fixe a idade de início da alfabetização. Se as crianças da elite aprendem aos 5 ou 6 anos na família ou em colégios particulares, não está certo que as do povo só sejam alfabetizadas (capazes de ler com compreensão e de escrever) aos 8 anos. Está se desviando a atenção daquilo que realmente é importante: a política certa, política de reprodução de privilégios ou política pública realmente democrática.

Suas pesquisas ressaltam a importância dos sons atrelados à palavra escrita e clamam para que a alfabetização tenha mais exercícios fonéticos. Como eles devem ser?

De modo geral, devem ser atividades que conduzam a criança a compreender o princípio alfabético, isto é, o que as letras (mais exatamente os grafemas, o que inclui dígrafos como “ch”) representam. Não sons da fala, mas sim as unidades elementares que os linguistas chamam de fonemas e das quais a criança não toma consciência espontaneamente pelo simples fato de ser exposta a material escrito.

Qual a importância do ditado e da leitura em voz alta nesse contexto?

O ditado e a leitura em voz alta só intervém, obviamente, quando o aluno já entendeu o principio alfabético e já adquiriu o conhecimento de um número suficiente de relações fonema-grafema e grafema-fonema. Ambos são muito importantes para assegurar o sucesso da alfabetização. Através do ditado, aluno e professor podem ir avaliando o conhecimento da ortografia, e, através da leitura em voz alta, eles não só vão avaliando a precisão da leitura como o aluno vai ganhando fluência, rapidez na leitura, que é essencial para a automatização do reconhecimento das palavras escritas e para deixar os seus recursos cognitivos (de atenção, de associação, de memória) para a compreensão do texto.

Os exercícios fonéticos podem ser aplicados ainda na pré-escola?

Na pré-escola é importante verificar a qualidade fonética da fala da criança e também solicitar dela a tomada de consciência de relações como a da rima (mão – pão) ou de partilha de sílaba (va- em vaca e vala) e de fonema (fazer com que a criança se aperceba de que há algo comum no início de porta, pato, pilha, pele, punho). Tudo isso são passos sucessivos que preparam a criança para a sua alfabetização.

É possível aprender a ler de forma natural como aprender a falar, como prega a teoria construtivista?

Se fosse possível aprender a ler de forma natural, como se aprende a falar, não haveria falantes analfabetos, não haveria necessidade de escolas para alfabetizar, não haveria toda esta bagunça a propósito da alfabetização. Claro que se baseia em algo de natural: a linguagem, uma capacidade que resulta da nossa evolução biológica enquanto espécie. Os sistemas de escrita, inventados por civilizações antigas para representar a linguagem (e também, inicialmente, objetos e ideias), são realizações culturais que vão muito além da nossa evolução biológica e que, para serem reproduzidas de geração em geração, exigem intencionalidade, instituições, dispositivos, ensino.

O método de alfabetização proposto pelo Ministério da Educação do Brasil hoje se enquadra em qual teoria? Como o senhor avalia a alfabetização brasileira?

Infelizmente, baseia-se na crença construtivista — chamo de crença porque contraria o conhecimento científico atual. No Pisa (programa internacional de avaliação de estudantes, na sigla em inglês), não houve variação significativa entre a primeira versão, de 2000, e a última, de 2012. O Brasil está muito abaixo da média dos países e quase 80 pontos abaixo de Portugal, que tem a mesma língua, o mesmo código ortográfico, e as diferenças de dialeto deveriam até ser mais favoráveis à alfabetização no Brasil. Só 1 em mil adolescentes brasileiros lê no nível mais alto de desempenho estabelecido pelo Pisa. A taxa de analfabetismo continua demasiado alta e, sobretudo, quase metade da população não lê de maneira competente. O Ministério da Educação não pode continuar a manter uma proposta de alfabetização que não alfabetiza.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

A história de uma caloteira


Cristina é uma péssima dona de casa, adora bajular as pessoas com presentes, frequenta bons restaurantes e  se veste bem. Não lhe faltam jóias e sapatos e seus filhos tem carros do ano. O problema é que Cristina não tem um salário que cubra tantos gastos e, frequentemente, socorre-se a empréstimos bancários. Sua conta vive no vermelho e, na hora de acertar o pagamento dos empréstimos, reclama dos juros bancários.

Ao longo dos anos ela acumulou muitas dívidas. Cobrada com insistência, sem resultado, parte dos seus credores concordaram em receber apenas 30% do valor real da pendência. Orientada a não gastar mais que ganha, Cristina prometeu se corrigir.

Mas a festa da gastança não parou.

Pela quinta vez, novamente as dívidas se acumularam. Cristina, de novo, prometeu pagar parte dos credores com 30% do valor apenas alegando que a vida estava difícil. Alguns concordaram em receber pelo menos isso pra não perder tudo, mas muitos dos credores, dessa vez, disseram não. Queriam receber tudo. O caso foi levado à justiça.

Para convencer o juiz da sua boa intenção, Cristina quis pagar os credores que aceitaram menos. Mas o juiz, conhecedor da sua longa história de caloteira, sentenciou: os que aceitaram receber menos serão solidários com os que querem receber a dívida integral. Se Cristina não pagar o que deve a todos, ninguém recebe.

Cristina não tem mais crédito e não pode comprar em nenhuma loja porque seu nome foi negativado. E ainda leva o nome de caloteira. E quem quer negociar com caloteiros?

Cristina reclama dizendo que os banqueiros são abutres, que cobram juros altíssimos. Alguns acreditam na lorota. Como Dilma, sua amiga de infância, que está cometendo a mesma asneira.

Dilma: pontapé na concordância verbal e uma rasteira na coerência.

“O que é (sic) R$ 10 mil?”, desdenha Dilma.

Por Augusto Nunes

Há quase dois anos, ao festejar na TV o fim da pobreza extrema em território brasileiro, Dilma Rousseff explicou que só pode ser enquadrada nessa categoria gente cuja renda mensal é inferior a 70 reais. Qualquer quantia acima disso, portanto, é suficiente para que se atravesse 30 dias sem maiores aflições. Na sabatina da Folha, como constata o comentário de 1 minuto para o site de VEJA, uma curtíssima resposta-pergunta da presidente bastou para reduzir a farrapos a fantasia de Princesa Isabel dos Miseráveis.

“O que é (sic) R$ 10 mil?”
(Dilma chutando a concordância)

Quase no fim da sabatina, um dos entrevistadores perguntou-lhe por que guarda em casa 152 mil reais em espécie. Dilma enrolou-se em explicações tão consistente quanto os prognósticos econômicos de Guido Mantega. Outro jornalista ponderou que, se depositasse a bolada numa caderneta de poupança, lucraria perto de 10 mil reais em um ano. “O que é 10 mil?”, deixou escapar a presidente, desferindo simultaneamente um pontapé na concordância verbal e uma rasteira na coerência. (Vídeo O que é (sic) dez mil reais?)

Com a quantia que desdenhou, Dilma poderia, por exemplo, comprar 3.333 bilhetes do metrô paulista. Ou manter 12 brasileiros acima da linha da miséria durante um ano. Ou, ainda, bancar pelo mesmo período 11 beneficiários do Bolsa Família. Com R$ 10 mil, a presidente também poderia pagar 37 jantares no restaurante Eleven, onde costuma baixar durante “escalas técnicas” em Lisboa. Ou 10 noites na suíte menos cara do hotel Four Seasons Ritz, também em Lisboa. Se preferisse a suíte presidencial, como em janeiro, teria de reduzir em alguns maços a pilha de cédulas escondida no Palácio da Alvorada para completar a diária de R$ 26,2 mil.

Os R$ 152 mil que mantém ao alcance da mão (e que lhe permitiriam comprar à vista um Mercedes CLA 200 zero quilômetro) incorporam a dona da bolada a um reduzidíssimo grupo de brasileiros. Só guardam em casa tanto dinheiro vivo os agiotas ultraconservadores, os sonegadores do Fisco, os bicheiros da velha guarda, os sovinas patológicos e, sabe-se agora, uma presidente da República. É a única em toda a comunidade formada em economia, o que faz de Dilma Rousseff também a única economista do mundo que acha um bom negócio investir debaixo do colchão.