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sexta-feira, 15 de maio de 2015

Brasil cai para 60º em educação

Asiáticos lideram os 76 países que formam a relação da OCDE

Florência Costa

Países da Ásia estão no topo de um ranking global de educação em matemática e ciências divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com Cingapura em primeiro, Hong Kong (região administrativa da China) em segundo, Coreia do Sul em terceiro, e Japão e Taiwan empatados em quarto lugar. Em um dos mais completos rankings mundiais de qualidade de educação, a OCDE mostra a relação entre educação e crescimento econômico.

A organização analisou 76 países ricos e pobres. Isso representa o total de um terço das nações do mundo. O Brasil figura em um distante 60º lugar, próximo das nações africanas. A última colocação coube à Gana, na África.

Reino Unido, que ficou na 20ª posição, a França (23º), a Itália (27º), e os EUA, maior economia do planeta, que amargou o 28º lugar. O Brasil, 60º . 

Os asiáticos, que começaram a investir pesado em educação na década de 90, deixaram países industrializados ocidentais para trás, como o Reino Unido, que ficou na 20ª posição, a França (23º), a Itália (27º), e os EUA, maior economia do planeta, que amargou o 28º lugar, atrás de países mais pobres como o Vietnã, em uma impressionante 12ª colocação. O ranking foi estabelecido com base em resultados de testes de matemática e ciências aplicados nesses países. Foram considerados os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), o TIMSS (dos EUA), e o TERCE, da América Latina.

A China e a Índia não estão na lista porque se recusam a participar da aferição da OCDE. Entre os países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul)analisados, a Rússia está aparece melhor, em 34ª posição. A África do Sul está pior do que o Brasil, em 76º lugar. Imediatamente à frente do Brasil estão a Geórgia (59º), o Líbano (58º) e Barein (57º).

Boa educação melhoraria PIB brasileiro  

A OCDE calcula que o PIB do Brasil poderá crescer mais de sete vezes nas próximas décadas se o país oferecer educação básica universal de qualidade para todos os adolescentes de 15 anos, informou a BBC Brasil. “Políticas e práticas educativas deficientes deixam muitos países em um permanente estado de recessão econômica”,afirma o relatório da OCDE.Na América Latina, o país que se saiu melhor foi a Costa Rica, em 53º lugar, seguido do México, em 54ª colocação, e do Uruguai, em 55ª posição. Mas a Argentina está atrás do Brasil, em 62º lugar. Outros países da região que estão na lanterninha do ranking são Colômbia (67º), Peru (71º) e Honduras(74º).

Queda da Finlândia e declínio da Suécia

O primeiro país não asiático a aparecer na lista é a Finlândia, em sexto lugar, seguida da Estônia (7º), Suíça (8º), Holanda(9º), e Canadá (10º). O relatório da organização ressalta também o declínio da Suécia, em 35º lugar, imediatamente atrás da Rússia. A OCDE já havia advertido, em um relatório divulgado na semana passada, que o país nórdico sofre de uma série de problemas em seus sistema educacional.

Segundo o diretor de educação da organização, Andreas Schleicher, a ideia é permitir aos países, ricos e pobres que comparem seu desempenho com as nações líderes em educação, “para descobrirem suas forças e fraquezas relativas, e para perceberam os ganhos econômicos de longo prazo que terão com a melhoria da educação”.

O novo ranking é diferente do mais conhecido Pisa, também da OCDE, a referência internacional mais usada para avaliar a educação, e que até agora focava principalmente nos países industrializados mais ricos.“Esta é a primeira vez que temos verdadeiramente uma escala global sobre a qualidade da educação”, disse Schleicher.

“Se você assistir uma aula em uma escola asiática, vai perceber que os professores esperam que cada um de seus alunos tenha sucesso. Há muito rigor, muito foco e coerência”.

Se os cinco primeiro lugares estão na Ásia, os cinco piores resultados estão na África, América Latina e Oriente Médio. O sucesso da Ásia na educação, diz Schleicher, se explica não somente pela prioridade dada pelos governos à educação, embora este seja o principal fator. Mas a cultura que valoriza o conhecimento e a obtenção do sucesso também tem forte influência. “Se você assistir uma aula em uma escola asiática, vai perceber que os professores esperam que cada um de seus alunos tenha sucesso. Há muito rigor, muito foco e coerência”, conta ele.
 
Cingapura tinha altos índices de analfabetismo na década de 60.

Cingapura, a estrela do ranking, tinha altos índices de analfabetismo nos anos 60. A cidade-Estado, de 5,5 milhões de habitantes,já registrou altos níveis de analfabetismo na década de 60. Seu desempenho excelente é citado como um exemplo da evolução educacional em uma sociedade em um período de tempo relativamente curto. Ex-colônia britânica, o país asiático se tornou independente somente em 1965.

Os resultados desta pesquisa serão formalmente apresentados no Fórum Mundial de Educação, que será realizado na Coreia do Sul, na próxima semana, quando as Nações Unidas vão encabeçar uma conferência sobre os alvos para a evolução da educação global até 2030.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Em Brejo Santo, Ceará, alunos são alfabetizados em um ano

Brejo Santo: com método fônico IDEB saltou de 2,9 para 7,2 em seis anos

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Brejo Santo é um município cearense da região do Cariri distante pouco mais de 500 quilômetros de Fortaleza. Tem 47 mil habitantes e sua renda per capita é uma das menores do país, 70% menor que a média nacional. 

Pois bem, Brejo Santo obteve o maior percentual de alunos com desempenho considerado adequado na Prova Brasil de 2013 - medição do Ideb, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - superando muitas capitais do país: nota 7,2, muito acima da média nacional que é de 5,2. Seis anos antes o Ideb de Brejo Santo foi de 2,9. 

Em menos de 6 anos uma revolução mudou o cenário local da educação: em 2013, 99,6% das crianças encerraram o primeiro ano do ensino básico lendo e escrevendo. Basta citar que pelo método utilizado nas escolas paulistas, um aluno chegará ao 5º ano mal escrevendo, mal lendo e nada entendendo do que leu.

A repórter Bianca Bibiano, da Veja, escreveu na última edição da revista: "Em uma das unidades locais de ensino, a Escola Municipal Maria Leite de Araujo, a presença de galinhas no pátio de terra batida não permite suspeitar de uma nota invejável: 9,2. O curioso é que, até 2009, a cidade cearense era ainda mais parecida com o Brasil. Cerca de 70% dos alunos não aprendiam o esperado em português e matemática. De lá para cá, a rede de ensino vem registrando avanços seguidos. Em 2013, finalmente, virou o jogo: 72% dos estudantes do 5º ano atingiram o patamar adequado de aprendizagem em matemática, por exemplo, taxa que chegou a impressionantes 100% na Maria Leite de Araujo. O índice brasileiro é 32%."

Como se explica isso?

O padrão de qualidade conquistado nas salas de aula de Brejo Santo tem uma explicação bem mais simples do que se possa imaginar: a escola municipal acabou com o método global/construtivista e mediocridades das suas vertentes radicais e implantou um sistema de alfabetização baseado no método fônico, considerado pela neurociência como ideal para uma boa e rápida alfabetização.

Por ele a criança aprende verdadeiramente a ler em menos de um ano e a compreensão do texto é excelente, enquanto as teorias construtivistas levam 5 anos para alfabetizar alunos que nada entendem do pouco que leem. Os professores exploram a leitura, prática constante nas salas de Brejo Santo, e os resultados são números incontestáveis.

Os salários são melhores que os R$ 1 917,78 reais determinados pelo MEC. Lá o professor recebe como valor inicial R$ 2.673,00. A prefeitura da pequena cidade investe em infra estrutura, formação continuada de professores e, principalmente, uma política educacional sem invencionices e pautada em eficiência, meritocracia e equidade. Lá alunos tem dever de casa e os professores não são meros intermediários mas responsáveis diretos em transmitir conhecimento aos seus alunos. Os professores com péssimos resultados em sala de aula, foram demitidos. Alunos pobres de Brejo Santo são alfabetizados 4 anos mais rápidos que os estudantes de escolas públicas paulistas, por exemplo, e sabem mais de matemática que seus colegas do resto do país.

Detalhe: as séries finais da educação básica da cidade, apesar de serem melhores que a média nacional, ainda estão abaixo dos resultados obtidos pelos alunos das séries iniciais. Ocorre que a renovação na educação da cidade começou só em 2009. Isto é, alunos de 6º a 9º ano pertencem ainda ao período da educação construtivista. 

Crianças pobres não tem mais dificuldades na aprendizagem

Mais do que bons resultados, as escolas de Brejo Santo derrubaram outro mito: de que crianças pobres tem mais dificuldades para apreender e estão fadadas ao fracasso. Tal e qual as crianças pobres de Xangai que sabem mais matemática que os alunos mais ricos dos Estados Unidos e Europa, segundo estatística recentemente divulgada pelo PISA, programa internacional que avalia estudantes de todo o mundo.

Além da cidade cearense Cerquilho (SP), Lucas do Rio Verde (MT) e Sapiranga (RS) estão em posições fantásticas. O indicador abaixo mostra as posições destas cidades na Prova Brasil de 2013. Em todas elas não se usa construtivismo. Em todas elas a educação avançou.

Publicação da revista Veja

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Cientista condena o construtivismo como método de alfabetização
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segunda-feira, 13 de abril de 2015

Alunos brasileiros vão mal "também" em matemática

Matemática: conhecimento é adequado só em 10% dos municípios

As escolas públicas brasileiras não têm conseguido fazer com que seus alunos absorvam o conhecimento adequado às séries que estão cursando, aponta um levantamento divulgado nesta quinta-feira pelo movimento Todos Pela Educação (TPE), com base no desempenho dos alunos do 5º anos e do 9º ano do ensino fundamental.

Paula Adamo Idoeta -BBC Brasil em São Paulo   12 fevereiro 2015

O estudo viu que no 9º ano, o último do ensino fundamental, a maior parte dos alunos não está sendo capaz de entender textos narrativos longos e com vocabulário complexo, não consegue resolver problemas matemáticos ou usar porcentagens e medidas padronizadas (como km e kg), o que seria esperado nessa etapa, segundo métricas do próprio governo.

E essa adequação – do que eles aprenderam para o que deveriam ter aprendido – não tem evoluído conforme o esperado; em alguns casos, estagnou ou mesmo recuou. Segundo o levantamento, feito a partir da comparação de notas do exame nacional Prova Brasil com metas – expectativas de notas – específicas à realidade de cada cidade estudada, apenas 10,8% dos municípios têm alunos com o aprendizado adequado ao que se espera no 9º ano (contra 28% em 2011) em matemática. Em português, esse percentual é de 30% (contra 55% em 2011).

"A adequação não é necessariamente decrescente, porque estabelecemos metas mais ambiciosas para os municípios. Alguns podem ter melhorado (a qualidade do ensino), mas não atingiram essas metas", diz à BBC Brasil Alejandra Meraz Velasco, coordenadora-geral do TPE. "A conclusão é que o aprendizado simplesmente não está melhorando como o desejado."

E tudo indica que a deficiência em português e matemática se estende também às demais disciplinas ensinadas nas escolas, apesar de isso não ter sido mensurado. "Se o aluno não domina a leitura e a compreensão de textos, ele vai ter dificuldade em entender as outras matérias também", prossegue Velasco.

Assim, o estudante acaba carregando falhas de aprendizado para os anos seguintes, o que estimula a evasão escolar e perpetua a qualidade insuficiente do ensino.

Em apenas 10% dos municípios conhecimento
em 
matemática é adequado para alunos do 9º ano
A avaliação do TPE usa dados das notas de matemática e português do Prova Brasil de 2013. O movimento também estabeleceu metas (não oficiais) para os municípios, levando em conta o patamar da educação em cada um deles. O objetivo do movimento é que, a partir do cumprimento dessas metas, ao menos 70% dos alunos brasileiros estejam com aprendizado adequado ao seu ano até 2022. No que diz respeito ao 5º ano do ensino fundamental, a avaliação constatou que apenas 48% dos municípios tinham, em 2013, alunos com conhecimento adequado em português (índice semelhante ao de 2011) e 61,7% tinham conhecimento adequado em matemática (contra 69% em 2011).

Desafio dos anos finais

Segundo Velasco, o diagnóstico do estudo reforça uma conclusão já tirada de outros levantamentos oficiais: que a educação brasileira nos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio está estagnada. "As reformas educacionais mais óbvias já foram feitas nos municípios, mas o país ainda precisa pensar em políticas que o permitam mudar de patamar e não estagnar mais nos anos finais", diz ela.

A solução dos problemas não é única nem simples, opina o TPE – passa por melhorias na formação de professores, muitas vezes pouco preparados para os desafios da sala de aula; por medidas para corrigir a defasagem de aprendizado dos alunos; e por reestruturações curriculares.

"Nas eleições, o debate girou em torno da aprovação (automática) ou não dos alunos, mas o que temos de lembrar é que tanto a aprovação quanto a reprovação podem levar o aluno a abandonar a escola se ele não aprender", diz a coordenadora do TPE.

Em uma análise por Estado, o estudo identificou que Acre, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rondônia, Santa Catarina e Ceará avançaram significativamente na adequação entre série e aprendizado de matemática no 5º ano do ensino fundamental.

Em português, porém, apenas o Acre teve mais de 80% de seus municípios com bons níveis de adequação no 5º ano. Isso pode acontecer porque o Estado partiu de um patamar mais baixo e, portanto, tinha metas mais modestas na escala do Todos Pela Educação.

O quadro estadual é pior quando avalia-se o 9º ano do ensino fundamental: em matemática, o maior índice de avanço na adequação é observado no Ceará, mas ele é de apenas 28,3%.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Números do PISA derrubam mitos na educação

Exame internacional desfaz 7 mitos sobre eficiência da educação.


Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza | Atualizado em 05.03.2020

Andreas Schleicher é um físico, matemático e estatístico alemão nascido em 1964 e grande pesquisador na área da educação. É ele o criador e atual responsável pela aplicação do PISA, sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes de responsabilidade da OCDE, sigla para Organização para Cooperação ao Desenvolvimento Econômico.

O PISA avalia estudantes na faixa de 15 anos, de todo mundo, a cada 3 anos. O objetivo é avaliar os sistemas educacionais de pelo menos 65 países com provas de leitura, matemática e ciências. No teste de 2012 participaram mais de 500 mil estudantes, inclusive o Brasil que classificou-se em 58º lugar em leitura, 55º em matemática e 59º em ciências. Shangai, Cingapura e Hong Kong foram os primeiros colocados.

Baseado nos números obtidos na avaliação, Andreas Schleicher destrói alguns mitos, ainda arraigados entre educadores brasileiros e usados para justificar o atraso escolar dos alunos. A matéria foi publicada pela BBC Brasil.

Andreas Schleicher, criador do projeto e ainda
seu coordenador
BBC BRASIL  8 DE ABRIL DE 2015

Mito 1. Alunos pobres estão destinados a fracassar na escola

Em salas de aula de todo o mundo, professores lutam para impedir que alunos mais pobres fiquem em desvantagem também no aprendizado. No entanto, resultados do Pisa mostram que 10% dos estudantes de 15 anos de idade mais pobres em Shangai, na China, sabem mais matemática do que os 10% dos estudantes mais privilegiados dos Estados Unidos e de vários países europeus.

Crianças de níveis sociais similares podem ter desempenhos muito diferentes, dependendo da escola que frequentam ou do país onde vivem. Sistemas de educação em que estudantes mais pobres são bem sucedidos tem capacidade para moderar a desigualdade social. Eles tendem a atrair os professores mais talentosos para as salas de aula mais difíceis e os diretores mais capazes para as escolas mais pobres, desafiando os estudantes com padrões altos e um ensino excelente.

Alguns americanos criticam comparações educacionais internacionais, argumentando que elas têm um valor limitado porque os Estados Unidos têm divisões sócio econômicas muito particulares.

Estudantes em escolas mais simples em Xangai
costumam se sair melhores que estudantes ricos
dos Estados Unidos
Mas os Estados Unidos são mais ricos do que a maioria dos outros países e gastam mais dinheiro com educação do que a maioria. Pais e mães americanos têm melhor nível educacional do que a maioria dos pais e mães em outros países e a proporção de estudantes de nível sócio econômico baixo nos EUA está perto da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE).

O que as comparações revelam é que as desvantagens sócio econômicas têm impacto particularmente forte sobre o desempenho de estudantes nos Estados Unidos. Em outras palavras, nos Estados Unidos, dois alunos de níveis sócio econômicos diferentes variam muito mais em seu aprendizado do que se observa em outros países que integram a OCDE.

Mito 2. Países onde há muitos imigrantes têm pior desempenho

Integrar estudantes imigrantes, ou descendentes de imigrantes, pode ser um desafio. No entanto, resultados dos exames Pisa mostram que não há relação entre a porcentagem de estudantes imigrantes - ou descendentes de imigrantes – em um dado país e o desempenho dos estudantes daquele país nos exames.

Estudantes com históricos de imigração e níveis sociais similares apresentam desempenhos variados em países diferentes, o que sugere que as escolas onde os alunos estudam fazem muito mais diferença do que os lugares de onde os alunos vêm.

Mito 3. É tudo uma questão de dinheiro

A Coreia do Sul - país com melhor desempenho (em termos individuais) em matemática na OCDE - gasta, por estudante, bem menos do que a média. O mundo não está mais
dividido entre países ricos e bem educados e países pobres e mal educados. O sucesso em sistemas educacionais não depende mais de quanto dinheiro é gasto e, sim, de como o dinheiro é gasto.

Estudantes eslovacos apresentam uma média de
desempenho similar à de um estudante americano,
apesar de os EUA gastarem mais que o
dobro por estudante.
Se quiserem competir em uma economia global cada vez mais focada no conhecimento, os países precisam investir em melhorias na educação. Porém, entre os integrantes da OCDE, gastos com educação por estudante explicam menos de 20% da variação no desempenho dos alunos.

Por exemplo, aos 15 anos de idade, estudantes eslovacos apresentam uma média de desempenho similar à de um estudante americano da mesma idade. No entanto, a Eslováquia gasta cerca de US$ 53.000 para educar cada estudante dos 6 aos 15 anos de idade, enquanto os Estados Unidos gastam mais de US$ 115.000 por estudante. 

Mito 4. Salas de aula menores elevam o nível

Por toda parte, professores, pais e autoridades responsáveis por políticas educacionais apontam salas de aula pequenas, com poucos alunos, como essenciais para uma educação melhor e mais personalizada. Reduções no tamanho da classe foram a principal razão para os aumentos significativos nos gastos por estudante verificados na maioria dos países ao longo da última década.

Apesar disso, os resultados do Pisa mostram que não há relação entre o tamanho da classe e o aprendizado, seja internamente, em cada país, ou se compararmos os vários países.

E o que é mais interessante: os sistemas educacionais com melhor desempenho no Pisa tendem a dar mais prioridade à qualidade dos professores do que ao tamanho da classe. Sempre que têm de escolher entre uma sala menor e um professor melhor, escolhem a segunda opção. Por exemplo, em vez de gastarem dinheiro com classes pequenas, eles investem em salários mais competitivos para os professores, desenvolvimento profissional constante e cargas horárias equilibradas.

Sistema educacional americano tem altos custos mas com resultados mistos

Mito 5. Sistemas únicos de educação são mais justos, sistemas seletivos oferecem resultados melhores

Parece haver um consenso, entre educadores, de que sistemas educacionais não seletivos, que oferecem um mesmo programa de ensino para todos os estudantes, são a opção mais justa e igualitária. E que sistemas onde alunos aparentemente mais inteligentes são selecionados para frequentar escolas com programas diferenciados oferecem melhor qualidade e excelência de resultados. No entanto, comparações internacionais mostram que não há incompatibilidade entre qualidade do aprendizado e igualdade. Os sistemas educacionais que apresentam melhores resultados combinam os dois modelos. Nenhum dos países com alto índice de estratificação está no grupo de sistemas educacionais com os melhores resultados - ou entre os sistemas com a maior proporção de estudantes com o melhor desempenho.

Mito 6. O mundo digital requer novas matérias e um currículo novo

Globalização e mudanças tecnológicas estão tendo um grande impacto sobre os conteúdos que estudantes precisam aprender. Num mundo onde somos capazes de acessar tantos conteúdos no Google, onde habilidades rotineiras estão sendo digitalizadas ou terceirizadas e onde atividades profissionais mudam constantemente, o foco deve estar em permitir que as pessoas tornem-se aprendizes para a vida toda, para que possam lidar com formas complexas de pensar e trabalhar.

Resumindo, o mundo moderno não nos recompensa mais apenas pelo que sabemos, mas pelo que podemos fazer com o que sabemos. Como resposta, muitos países estão expandindo currículos escolares para incluir novas matérias. A tendência mais recente, reforçada pela crise financeira, foi ensinar finanças aos estudantes.

Porém, os resultados do Pisa mostram que não há relação entre o grau de educação financeira e a competência dos estudantes no assunto. Na verdade, alguns dos sistemas de educação em que os estudantes tiveram o melhor desempenho nas provas do Pisa que avaliaram competência em finanças não ensinam finanças - mas investem pesado no desenvolvimento de habilidades matemáticas profundas.

De maneira geral, nos sistemas educacionais de melhor desempenho, o currículo não é amplo e raso. Ele tende a ser rigoroso, com poucas matérias que são bem ensinadas e com grande profundidade.

Mito 7. O segredo do sucesso é o talento inato

Livros de psicólogos especializados em educação tendem a reforçar a crença de que o desempenho de um aluno brilhante resulta de inteligência inata, e não do trabalho duro. Os resultados do Pisa questionam também este mito.

Escola em Sichuan, na China, mostra que não há incompatibilidade entre resultados bons e acesso justo

Às vezes, professores se sentem culpados por pressionar estudantes tidos como menos capazes, acham injusto fazer isso com o aluno. O mais provável é que tentem fazer com que cada estudante atinja a média de desempenho dos alunos em sua classe. Na Finlândia, em Cingapura ou Xangai, por outro lado, o objetivo do professor é que alunos alcancem padrões altos em termos universais.

Uma comparação entre as notas escolares e o desempenho de estudantes no Pisa também indica que, frequentemente, professores esperam menos de alunos de nível sócio econômico mais baixo. E pode ser que os próprios alunos e seus pais também esperem menos. A não ser que aceitem que todas as crianças podem alcançar os níveis mais altos de desempenho, é pouco provável que os sistemas educacionais (com resultados piores) possam se equiparar aos dos países com índices de aprendizado mais altos.

Na Finlândia, Japão, Cingapura, Shangai e Hong Kong, estudantes, pais, professores e o público em geral tendem a compartilhar a crença de que todos os estudantes são capazes de alcançar níveis altos. Um dos padrões mais interessantes observados entre alguns dos países com melhor desempenho foi o abandono gradual de sistemas nos quais estudantes eram separados em diferentes tipos de escolas secundárias.

Esses países não fizeram essa transição calculando a média de desempenho (entre todos os grupos) e usando essa média como o novo padrão a ser almejado. Em vez disso, eles colocaram a nova meta lá em cima, exigindo que todos os estudantes alcançassem o nível que antes era esperado apenas dos estudantes de elite.

Nota do autor: São muitos os exemplos de alunos brasileiros pobres em regiões com IDH baixo e com índices altos, como mais de 80 escolas do Ceará (que usam método fônico) entre as 100 melhores notas nacionais do  IDEB. Escolas localizadas em regiões de pobreza e violência e com índices de IDEB elevados - como Teresina que chegou em primeiro entre todas as capitais do país em 2017 - são evidências que a maioria dos governantes ignoram e os "doutores em educação" escondem. Sobral com 9,1 pontos é a cidade campeã no IDEB anos iniciais do ensino básico, entre todas as escolas do país. E, nos anos finais, a nota de Sobral foi, em 2017, de 7,2 quando a nota média do Brasil, neste segmento, é 4,4 pontos, apenas.

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domingo, 29 de março de 2015

Por que o método fônico alfabetiza e o global/construtivista, não?

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

O fato marcante na educação brasileira é que o método adotado para a alfabetização não alfabetiza. A afirmação é feita pelos maiores especialistas na área, fundamentada em estudos científicos. E as estatísticas comprovam: das 100 melhores escolas brasileiras, segundo notas do IDEB, mais de 70 são do Ceará e usam método fônico.

Entre as capitais, Teresina, no Piauí (com IDH baixo, menor média em renda per capita) é líder na educação fundamental anos iniciais entre todas do país. Suas escolas municipais adotaram o método fônico.

O neurocientista Stanislas Dehaene há 20 anos estuda o impacto dos números e das letras no cérebro humano. Ele afirma que o método mais eficaz de alfabetização é o que chamamos fônico. Ele parte do ensino das letras e da correspondência fonética de cada uma delas, como se fazia antigamente. Estudos mostraram que a criança alfabetizada por esse método aprende a ler de forma mais rápida e eficiente com excelente compreensão de texto. Em pouco mais de 80 a 90 dias um aluno do primeiro ano do fundamental alfabetizado pelo fônico lerá e escreverá com autonomia e perfeita compreensão.

Os métodos de ensino que seguem o conceito de educação global/construtivista, por outro lado, mostraram-se ineficazes. Neste método primeiro se deve aprender o significado da palavra e, numa próxima etapa, as letras que a compõem. O resultado é catastrófico: a criança que deveria ser alfabetizada em menos de um ano pelo fônico vai precisar de mais 4 para aprender escrever e ler de forma rudimentar e sem boa compreensão do texto. Elas estão terminando seu ciclo sem se alfabetizar e entrarão no ensino médio, na rede pública, sem ter compreensão do que leem. Alguém contesta essa realidade nas escolas públicas do país?

E por que o método global/construtivista é ineficaz?

Dehaene explica que se verificou em pesquisas com pessoas de diferentes idiomas que o aprendizado da linguagem se dá a partir da identificação da letra e do som correspondente. Esse processo ocorre no lado esquerdo do cérebro. No método construtivista a criança primeiro aprende o sentido da palavra, sem necessariamente conhecer as letras. Neste caso o lado direito do cérebro é ativado. Mas a decodificação dos símbolos terá que chegar ao lado esquerdo para que a leitura seja concluída. Para Dehaene é um processo mais demorado, que segue na via contrária ao funcionamento do cérebro.

- Num certo sentido, podemos dizer que esse método ensina o lado errado, primeiro. porém, as crianças que aprendem a ler processando primeiro o lado esquerdo do cérebro estabelecem relações imediatas entre letras e seus sons, leem com mais facilidade e entendem mais rapidamente o significado do que estão lendo - diz o neurocientista.

Os defensores das teorias de Jean Piaget não conseguem responder uma pergunta simples: porque o método fônico alfabetiza uma criança em menos de seis meses (com autonomia na leitura, escrita e compreensão ) e o global não faz isso nem em 5 anos? Ou porque os resultados obtidos pelos estudantes brasileiros no Pisa - Programa de Internacional de Avaliação de Estudantes - são péssimos em todas as áreas? Pra quem não sabe, a classificação do Brasil, entre 63 países avaliados em línguas e matemática, é 58ª colocado. Nossos melhores alunos se comparam aos piores dos países chamados primeiro mundo.

Enquanto nossos melhores alunos não passam da nota 3 em matemática, os chineses, coreanos estão em sete. Porque esse disparate? Uma criança mal alfabetizada não terá habilidades de leitura e, consequentemente, gosto por ela. Quem não lê não conquista conhecimento e sua vida no ensino médio será o caos, como todos já sabemos.

Os defensores do fônico tem base científica contra as teorias de dois séculos passados de Piaget. A questão é mais simples: os resultados obtidos deveriam dar a resposta, mas os defensores de pedagogias lastreadas em crenças insistem em manter o método.

Neurociência: fônico alfabetiza.

Doutor em desenvolvimento da cognição e psicolinguística, o português José Morais defende o envolvimento da neurociência na alfabetização para reformar os pensamentos pedagógicos. Ele diz que a psicologia cognitiva mostra que a leitura de textos não é uma elaboração contínua de hipóteses sobre as palavras do texto, mas sim, um processo automático, não intencional e muito complexo de processamento das letras e das unidades da estrutura fono-ortográfica de cada palavra, que conduz ao seu reconhecimento ou à sua identificação.

E como é essa relação entre a atividade cerebral e a leitura? Em matéria de O Globo, em 2014, José Morais (nada a ver com um homônimo do MEC, por favor, não confundam) diz:

- A leitura visual não se faz nos olhos, mas no cérebro — a retina, embriologicamente, faz parte do cérebro. Não há leitura sem uma atividade cerebral que mobiliza vastas regiões do cérebro e, em primeiro lugar, a chamada Área da Forma Visual das Palavras. Ela se situa no hemisfério esquerdo do cérebro e não é ativada por palavras escritas nos indivíduos analfabetos. Nos alfabetizados ela é ativada fortemente, e o seu grau de ativação aumenta à medida que a criança aprende a ler. No leitor competente, a leitura de um texto baseia-se no reconhecimento ou na identificação das palavras escritas sucessivamente.

À medida que elas são processadas, essa informação é enviada para outras áreas cerebrais que se ocupam do processamento da língua, independentemente da modalidade perceptiva (em particular, o processamento semântico e sintáxico), assim como da codificação da informação na memória de trabalho verbal e do acesso à memória a longo prazo. Tudo isso permite a compreensão do texto e a sua interpretação e avaliação.
Diante do caos na educação, o governo federal lançou o Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa que, absurdamente, estabelece 8 anos quando, em todo mundo e mesmo nas escolas particulares brasileiras que não usam construtivismo, a alfabetização, pelo método fônico, é alcançada em menos de um ano. Diante de tantas provas, resultados e evidências, porque o MEC mantém teorias que contrariam a ciência?

- Porque crianças da rede pública tem que ser alfabetizadas aos 8 anos quando as do ensino privado aprendem aos 5 ou seis anos? - pergunta José Morais. Na verdade, o método global não consegue alfabetizar em todo turno do fundamental.

- É uma obrigação social e moral que o Estado fixe a idade de início da alfabetização. Se as crianças da elite aprendem aos 5 ou 6 anos na família ou em colégios particulares, não está certo que as do povo só sejam alfabetizadas (capazes de ler com compreensão e de escrever) aos 8 anos. Está se desviando a atenção daquilo que realmente é importante: a política certa, política de reprodução de privilégios ou política pública realmente democrática.

Países como França, Inglaterra, não financiam programas de alfabetização que descartem o método fônico e, vão além: restringem as teorias de Jean Piaget e nem a possibilidade de convivência dos dois métodos. Motivo: a teoria piagetiana contraria a ciência, simplesmente assim. O método de Piaget é aplicado nos países com os piores resultados em educação, como o México e Brasil.

O que é preciso mais para convencer nossos governantes que o erro maior está no método? Xinga-los? Mais do que já são?

Esperar que os pseudo intelectuais do MEC - a maioria colocada lá na época do PSDB - mudem, será demorado. Mas o governador do estado mais rico e avançado do país insistir em manter uma teoria mofada como método de alfabetização nas escolas paulistas, é desesperador. Só para lembrar: o atual secretário da educação do estado, Herman Voorwald, é um unespiano domesticado pelo construtivismo.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Saresp confirma o caos na educação de São Paulo

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

A educação vai mal em todo país e São Paulo não é exceção. Os resultados colhidos pelo último Saresp - Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Estado de São Paulo - são péssimos. Em português e matemática os estudantes paulistas estão entre os níveis básico e adequado, em todas as séries. Ou seja, demonstram domínio mínimo dos conteúdos, competências e habilidades desejáveis para sua série.

No ensino Básico e Médio houve uma melhora insignificante em relação ao ano passado mas nenhum deles atingiu a nota considerada desejável dentro da escala do governo.

Herman Jacobus Cornelis Voorwald Secretário da Educação de São Paulo: comemorando o que?

Para demonstrar o atraso da educação paulista, basta citar que os alunos do 5º ano do Ensino Fundamental, para atingirem o nível "avançado", deveriam obter médias acima de 275 pontos em matemática e eles só conseguiram 216,5, pouco acima do básico e exatos 58,50 pontos abaixo do avançado. Pior que tudo isso é a lentidão do avanço. Entre 2011 e 2014, nesta disciplina, a evolução foi de apenas 7,5 pontos.
O Saresp estabelece 4 níveis de proficiências: abaixo do básico, básico, adequado e avançado. 

Ressalve-se que um aluno brasileiro avaliado como adequado pelo Saresp receberia a referência de "abaixo do básico" em qualquer país de primeiro mundo. Isto é, enquanto um estudante sul coreano conquista a nota 7 em matemática na avaliação do PISA - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - os melhores alunos brasileiros não passam da nota 3.

Apesar dos péssimos resultados do Saresp, o que mais se estranhou foi a comemoração do secretário de Educação, o unespiano Herman Voorwald. Ele considerou os números como "satisfatórios".

Resta lembrar que Herman é político e já foi reitor da Unesp e, portanto, sabe que a educação paulista - e em todo Brasil - já vem patinando faz 30 anos. A Unesp ainda acredita na crença de Jean Piaget e seu construtivismo, teoria destruída pela neurociência que considera o método um grande engano pedagógico.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

Educação: gerações perdidas

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Uma criança brasileira pode ser alfabetizada em menos de um ano. A neurociência mostra isso, na prática. Estudos, testes e experimentos apontam que uma criança pode escrever e ler, com excelente velocidade e compreensão, em português,  já aos cinco anos de idade. Isso é possível se verificar em algumas escolas particulares ou mesmo em escolas públicas que utilizam o método de alfabetização baseado no fônico.

Mas, o que acontece com alunos da rede pública que, mesmo no quinto ano do Ensino Fundamental, não conseguem leitura e escrita razoáveis no nível dos seus colegas do ensino particular? Aliás, a maioria terminará o fundamental com a alfabetização retardada. Acessarão o Ensino Médio com sua formação defasada porque mal aprenderam a ler. E quem não tem domínio de leitura não conquista conhecimento.

O ensino público vai mal porque os dirigentes educacionais brasileiros acreditam em teoria, como a do global/construtivista, que prega que a criança, ao seu tempo, conquistará o conhecimento. Os resultados mostraram exatamente o contrário depois de mais de 30 anos insistindo nesse engano pedagógico. 

No método fônico "os cérebros ativam os circuitos corretos para a leitura quando a criança aprende a relação de sons e símbolos gráficos ganhando velocidade e autonomia para lerem palavras novas, de forma muito mais rápida", afirma Stanilas Dehaene, neurocientista francês que passou os últimos 20 anos estudando o assunto.

O construtivismo propõe que as crianças não sejam "adestradas" com a repetição de sílabas mas se preocupa em fazer as crianças darem mais atenção ao significado das palavras.- O problema é que o cérebro precisa decodificar para ler, só consegue prestar atenção no significado quando a leitura ganha certa velocidade e que conseguimos isso muito mais rápido com o método fônico - explicou Dehaene.

E o cientista contou uma experiência realizada na França que resume bem a situação vivida nos países que utilizam a teoria  do método global/construtivista. Crianças, do mesmo nível socioeconômico, foram divididas em dois grupos: um foi alfabetizado pelo método global e o outro, pelo fônico. No final da escolarização os alunos que haviam sido alfabetizados pelo método construtivista não só liam mais lentamente, como tinham mais dificuldades para compreender textos dos que os que haviam aprendido pelo método grafo-fonológico.

O atual método utilizado no Brasil, o global, é ineficaz e isso está provado não apenas em laboratório mas em centenas de experimentos realizados em inúmeros países. E esses conhecimentos científicos estão reorientando as políticas públicas em vários deles.

O Brasil classificou-se em 58º lugar no Pisa - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - entre 63 países participantes. Nossos alunos são péssimos em língua e matemática. Somente um, entre mil estudantes brasileiros na faixa dos 15 anos, consegue uma leitura comparável ao padrão Pisa. E, em matemática, rastejamos: enquanto coreanos,chineses, finlandeses brigam pela nota 7, os alunos brasileiros mal conseguem atingir a nota 3, nesta área. Ao se retardar a alfabetização das crianças os efeitos serão colhidos no ensino médio. Gerações perdidas. De nada adianta o novo ministro da Educação reformular o ensino médio se o problema vem antes. 

Santa Catarina tem sediado encontros onde se prega o fim do global/construtivista e a colocação da neurociência em sala de aula. Como Portugal, através do seu novo Ministro da Educação, Nuno Crato, começou a fazer.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Método usado no Brasil não alfabetiza

A afirmação é do professor emérito da Universidade Livre de Bruxelas, José Morais que estuda a psicologia cognitiva associada à educação.


Por Leonardo Vieira, O Globo
21/07/2014 6:00 / ATUALIZADO 21/07/2014 11:22

Doutor em desenvolvimento da cognição e psicolinguística, o português José Morais defende o envolvimento da neurociência na alfabetização para reformar os pensamentos pedagógicos. Em agosto ele virá ao Brasil para VII Seminário Internacional, promovido pelo Instituto Alfa e Beto (IAB), em Belo Horizonte. Na mesma cidade, ele também participará do II Forum Mundial de Dislexia.

Que contribuição a psicologia cognitiva pode dar à pedagogia?

A psicologia cognitiva examina os processos mentais em uma grande variedade de situações, incluindo as de aprendizagem. A pedagogia será, portanto, mais bem fundamentada se levar em conta o que a psicologia cognitiva nos mostra sobre a percepção, a atenção, a memória, a imaginação, o pensamento, e sobre o desenvolvimento de todas estas capacidades. E até sobre as relações entre a cognição e a motivação, por um lado; e as emoções e os afetos, por outro lado.

E no caso da alfabetização?

A psicologia cognitiva nos mostra, entre muitas outras descobertas, que a leitura de textos não é uma elaboração contínua de hipóteses sobre as palavras do texto, mas sim, um processo automático, não intencional e muito complexo de processamento das letras e das unidades da estrutura fono-ortográfica de cada palavra, que conduz ao seu reconhecimento ou à sua identificação.

Como é a relação entre a atividade cerebral e a leitura?

A leitura visual não se faz nos olhos, mas no cérebro — a retina, embriologicamente, faz parte do cérebro. Não há leitura sem uma atividade cerebral que mobiliza vastas regiões do cérebro e, em primeiro lugar, a chamada Área da Forma Visual das Palavras. Ela se situa no hemisfério esquerdo do cérebro e não é ativada por palavras escritas nos indivíduos analfabetos. Nos alfabetizados ela é ativada fortemente, e o seu grau de ativação aumenta à medida que a criança aprende a ler. No leitor competente, a leitura de um texto baseia-se no reconhecimento ou na identificação das palavras escritas sucessivamente. À medida que elas são processadas, essa informação é enviada para outras áreas cerebrais que se ocupam do processamento da língua, independentemente da modalidade perceptiva (em particular, o processamento semântico e sintáxico), assim como da codificação da informação na memória de trabalho verbal e do acesso à memória a longo prazo. Tudo isso permite a compreensão do texto e a sua interpretação e avaliação.

Considerando essas atividades cerebrais, existe uma idade ideal para alfabetização? Qual seria?

Hoje sabemos que a plasticidade cerebral é muito maior e mais longeva do que imaginávamos há 30 anos, variando segundo o tipo de aquisição. Cognitivamente, as crianças podem aprender a ler aos 5, 6, 7 anos, sem que a diferença de idade se reflita mais tarde em diferenças de habilidade de leitura. Há crianças que aprendem a ler antes dos 5 anos, mas generalizar isso não parece desejável, porque para o desenvolvimento global da criança, é indispensável que ela passe muito tempo brincando e se relacionando com os outros.

Mas é correto fixar uma idade padrão para alfabetizar?

É uma obrigação social e moral que o Estado fixe a idade de início da alfabetização. Se as crianças da elite aprendem aos 5 ou 6 anos na família ou em colégios particulares, não está certo que as do povo só sejam alfabetizadas (capazes de ler com compreensão e de escrever) aos 8 anos. Está se desviando a atenção daquilo que realmente é importante: a política certa, política de reprodução de privilégios ou política pública realmente democrática.

Suas pesquisas ressaltam a importância dos sons atrelados à palavra escrita e clamam para que a alfabetização tenha mais exercícios fonéticos. Como eles devem ser?

De modo geral, devem ser atividades que conduzam a criança a compreender o princípio alfabético, isto é, o que as letras (mais exatamente os grafemas, o que inclui dígrafos como “ch”) representam. Não sons da fala, mas sim as unidades elementares que os linguistas chamam de fonemas e das quais a criança não toma consciência espontaneamente pelo simples fato de ser exposta a material escrito.

Qual a importância do ditado e da leitura em voz alta nesse contexto?

O ditado e a leitura em voz alta só intervém, obviamente, quando o aluno já entendeu o principio alfabético e já adquiriu o conhecimento de um número suficiente de relações fonema-grafema e grafema-fonema. Ambos são muito importantes para assegurar o sucesso da alfabetização. Através do ditado, aluno e professor podem ir avaliando o conhecimento da ortografia, e, através da leitura em voz alta, eles não só vão avaliando a precisão da leitura como o aluno vai ganhando fluência, rapidez na leitura, que é essencial para a automatização do reconhecimento das palavras escritas e para deixar os seus recursos cognitivos (de atenção, de associação, de memória) para a compreensão do texto.

Os exercícios fonéticos podem ser aplicados ainda na pré-escola?

Na pré-escola é importante verificar a qualidade fonética da fala da criança e também solicitar dela a tomada de consciência de relações como a da rima (mão – pão) ou de partilha de sílaba (va- em vaca e vala) e de fonema (fazer com que a criança se aperceba de que há algo comum no início de porta, pato, pilha, pele, punho). Tudo isso são passos sucessivos que preparam a criança para a sua alfabetização.

É possível aprender a ler de forma natural como aprender a falar, como prega a teoria construtivista?

Se fosse possível aprender a ler de forma natural, como se aprende a falar, não haveria falantes analfabetos, não haveria necessidade de escolas para alfabetizar, não haveria toda esta bagunça a propósito da alfabetização. Claro que se baseia em algo de natural: a linguagem, uma capacidade que resulta da nossa evolução biológica enquanto espécie. Os sistemas de escrita, inventados por civilizações antigas para representar a linguagem (e também, inicialmente, objetos e ideias), são realizações culturais que vão muito além da nossa evolução biológica e que, para serem reproduzidas de geração em geração, exigem intencionalidade, instituições, dispositivos, ensino.

O método de alfabetização proposto pelo Ministério da Educação do Brasil hoje se enquadra em qual teoria? Como o senhor avalia a alfabetização brasileira?

Infelizmente, baseia-se na crença construtivista — chamo de crença porque contraria o conhecimento científico atual. No Pisa (programa internacional de avaliação de estudantes, na sigla em inglês), não houve variação significativa entre a primeira versão, de 2000, e a última, de 2012. O Brasil está muito abaixo da média dos países e quase 80 pontos abaixo de Portugal, que tem a mesma língua, o mesmo código ortográfico, e as diferenças de dialeto deveriam até ser mais favoráveis à alfabetização no Brasil. Só 1 em mil adolescentes brasileiros lê no nível mais alto de desempenho estabelecido pelo Pisa. A taxa de analfabetismo continua demasiado alta e, sobretudo, quase metade da população não lê de maneira competente. O Ministério da Educação não pode continuar a manter uma proposta de alfabetização que não alfabetiza.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Educação em Portugal

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

José Carrancudo é um professor em Portugal e se confessa preocupado com os rumos da educação em seu país. Portugal adotou há mais de 30 anos o método de alfabetização construtivista e lá, tal cá, os jovens mal sabem ler um jornal ou concluir uma operação de matemática simples. 

"Pra que formar cidadãos assim", pergunta Nuno Crato, o novo ministro da Educação e Ciências de Portugal faz dois anos e meio no cargo e com a missão de recuperar o tempo perdido. Ele rompeu com o radicalismo do método global e impôs novas regras: ao mesmo tempo que defende mais autonomia para as escolas, Nuno Crato não abre mão de um ensino rigoroso, lastreado em conteúdos curriculares (Português, Matemática, História, Geografia, Ciências e Inglês), metas, avaliações e mérito. Para o novo ministro o construtivismo - principalmente as vertentes imbecilizadas pelo radicalismo - dão uma noção vaga de "competências" que secundariza o conhecimento.

Agora os alunos portugueses terão avaliações e objetivos cognitivos bem definidos ao contrário do construtivismo que não permite jamais que o professor corrija o erro de um aluno para que ele não se sinta constrangido ou seja que seja avaliado. O artigo de Carrancudo, escrito em 2007, é uma proposta de educação para Portugal e que mostra porque métodos como o construtivismo não alfabetizam.

ENSINO ESCOLAR: METAS E MEDIDAS

Por José Carrancudo

O estado deplorável do sistema escolar nacional é do conhecimento público, e cada um consegue apresentar diversos exemplos ilustrativos deste fenómeno. Vários remédios foram propostos, uma grande parte dos quais, incluindo as recomendações das entidades europeias, cita a necessidade de transformar o ensino num conjunto de prestadores de serviços educativos, de modo que os alunos e os seus pais possam escolher aquele prestador que proporciona um serviço educativo melhor.

Todavia, todos estes remédios falham em vários pontos importantes, nomeadamente:

1. O principal objectivo do sistema escolar é de proporcionar ao aluno as ferramentas necessárias para a sua aprendizagem futura, tanto no ensino superior, como ao longo da sua vida, além de conhecimentos e competências concretas.

2. Um sistema escolar, correctamente construído, deve proporcionar uma formação adequada (equivalente a uma avaliação objectiva de “Bom”) a um aluno médio.

As principais ferramentas do nosso aluno são o Português, e a Matemática, sendo esta última a língua comum das ciências exactas e tecnologias. As notas médias dos exames nacionais destas duas disciplinas são de 7, o que mostra uma incapacidade do nosso sistema escolar de proporcionar as ferramentas essenciais ao aluno médio. Não devemos esquecer ainda que a nossa taxa de abandono escolar é de 40%, assim, o sistema escolar consegue ensinar, com uma grande ajuda dos explicadores, apenas 1/5 dos alunos que entram no primeiro ano da escolaridade.

Analisando objectivamente os currículos escolares, concluímos que estes são suficientes, do ponto de vista de conhecimentos e competências que o aluno deveria obter. O problema, então, não está no que estamos a ensinar, mas sim no como.

Olhando atentamente para o ensino escolar, detectamos duas falhas metódicas gravíssimas, que impossibilitam um desenvolvimento intelectual adequado de um aluno médio.

A primeira é a aposta no pensamento crítico dos alunos, em detrimento de memorização sistematizada de conhecimentos, e em detrimento do desenvolvimento de capacidade de memorização. Há 30 anos, apostamos na criação de um ensino mais democrático, baseado no desenvolvimento da capacidade de pensamento crítico e criativo, eliminando por isso os exercícios para desenvolvimento da memória dos currículos de todos os anos. Esta aposta falha em dois aspectos. Em primeiro lugar, um aluno típico da escola primária (primeiro ciclo) não tem capacidade de pensamento crítico, aceitando de bom grado tudo que lhe seja dito pelos adultos. Mesmo que este aluno aparente uma capacidade razoável de pensamento crítico, na realidade apenas interpreta as dicas do professor, dadas voluntária ou involuntariamente. Entretanto, o pensamento crítico do aluno pode e deve ser desenvolvido, mas gradualmente, e nos alunos já com idade mais avançada, e, consequentemente, com capacidades mentais mais desenvolvidas. Em segundo lugar, abstendo do desenvolvimento da capacidade de memorização sistematizada do aluno, a escola não aproveita deste recurso que o aluno já possui, e que deve ser desenvolvido, desde logo, para proporcionar as bases para o próprio pensamento crítico, pois não há lugar para qualquer pensamento sem recurso aos conhecimentos memorizados.

A segunda é a aposta no método global (visual) de ensino de leitura. Este método para sua implementação correcta necessita de professores excelentes e bem preparados, pois na consequência de erros comuns na sua implementação os alunos não aprendem a ler fluentemente em tempo útil, o que consideramos ser o segundo ano da escola primária (primeiro ciclo). As tentativas falhadas dos últimos 30 anos de usar este método mais que justificam a sua proibição oficial, pois na consequência do seu uso cerca de 80% dos nossos alunos não aprendem a leitura atempadamente, com consequências graves para todo o seu percurso escolar.

Assim, para começarmos a reconstruir a nossa escola, devemos eliminar, e o mais depressa possível, as falhas metódicas mencionadas, sendo certo que os exercícios de memorização sistematizada devem ser reintroduzidas em todas as disciplinas de todos os ciclos, e não apenas na escola primária. Devemos ainda prescindir das tentativas fúteis de usar o "pensamento crítico e independente" dos alunos do 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico, cujo cérebro ainda não desenvolveu esta capacidade. Devemos admitir ainda que o processo de reconstrução vai ser demorado, pois as alterações introduzidas hoje não trarão grandes vantagens para os alunos que se encontram nos ciclos preparatórios e na escola secundária. Podemos tentar ensinar a estes alunos, mais uma vez, aquilo que não aprenderam quando deviam ter aprendido, embora sem grande esperança de sucesso.

Precisamos de corrigir, urgentemente, o paradigma do nosso ensino, fatalmente viciado por razões ideológicas.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Educação: Avaliação internacional coloca o Brasil, de novo, nas últimas colocações

Brasil em 58ª em educação, entre 65 países avaliados
Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza
Entre 65 países avaliados pelo PISA - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - o Brasil ficou em 58ª colocação. E, pior, a evolução é lenta. Basta comparar que do exame anterior, realizado em 2009, para o do ano passado, nossos alunos evoluíram apenas um ponto. Todos os 34 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, os chamados de primeiro mundo, participam dessas avaliações que englobam matemática, ciência e leitura. O Brasil participa como convidado desde o ano 2000.

XANGAI, CINGAPURA, HONG KONG, TAIWAN, CORÉIA DO SUL, MACAU E JAPÃO NA FRENTE

Xangai (China) ficou em primeiro com 613 pontos em matemática, 119 pontos acima da média de conhecimento que fixa Pisa, de 494 pontos. Em seguida vem Cingapura (573 pontos), Hong Kong (China, 561), Taiwan (China, 560), Coreia do Sul (554), Macau (China, 538) e Japão (536), Liechtenstein (535), Suíça (531) e Holanda (523).

Vergonhosamente o Brasil está na rabeira da educação ao lado de Portugal, Turquia, México, Chile, Eslováquia, Cazaquistão, Hungria e Polônia. O Brasil melhorou, desde 2003 cerca de 35 pontos, mas permanece nas últimas colocações. Nossos alunos melhoraram apenas 1,2 pontos por ano em leitura desde 2000 e apenas 2,3 pontos em ciências, desde 2006.

BRASIL:  O baixo nível dos nossos alunos é assustador nas três áreas: nenhum brasileiro conseguiu o nível 7 - o mais alto - e a média ficou entre os piores níveis. Basta dizer que em ciências 53,7% atingiram apenas o nível 1. Em leitura cerca de 75,3% atingiram os níveis 2 e 3 apenas. Em matemática 67,1% conseguiram o nível 1 também.

Onde está o erro? Certamente não é falta de verbas e nem reside no despreparo dos professores, embora sua formação seja questionável. O problema está no primeiro ano do ensino básico: as crianças brasileiras são "alfabetizadas" por um método (globa/construtivista) que não alfabetiza.  As estatísticas mostrados por todas avaliações internacionais ou internas apontam isso.

O PROBLEMA BRASILEIRO É O MÉTODO DE ALFABETIZAÇÃO

Para alguns educadores internacionais, como é o caso do ministro de Portugal, Nuno Crato, o problema está no método de alfabetização. Crato, que é matemático e incentivador das ciências, assumiu o compromisso de recuperar o tempo perdido em seu país. Ele é autor de "O eduquês em discurso directo: uma crítica da pedagogia romântica e construtivista" e "Desastre no ensino da matemática: como recuperar o tempo perdido", onde pontua críticas, mostra falhas e aponta soluções.

"De que adianta formar cidadãos que mal sabem ler jornais e muito menos entender o que leem" - pergunta Nuno Crato, um severo crítico do construtivismo que levou Portugal e a maioria dos países que adotaram o método, a falência na educação.

"O construtivismo de hoje (vertente radical das teorias do psicólogo Piaget) é um completo erro. Ela se baseia no fato de que o professor deve ser um mero "facilitador" do aprendizado. Um professor, diz Nuno Crato, deve transmitir aos alunos todo conteúdo nos quais se graduou. "É ingênuo acreditar que o estudante vai descobrir tudo sozinho quando julgar interessante" - afirma o ministro português.

Nuno Crato defende mais autonomia paras as escolas e um ensino rigoroso baseado em conteúdos curriculares (Português, Matemática, História, Geografia, Ciências e Inglês), metas, avaliações e mérito. Para o novo ministro o construtivismo dá uma noção vaga de "competências" que secundariza o conhecimento.

Agora os alunos portugueses terão avaliações e objetivos cognitivos bem definidos ao contrário do construtivismo que não permite jamais que o professor corrija o erro de um aluno para que ele não se sinta "constrangido" ou seja que seja avaliado.

NEUROCIÊNCIA: MÉTODO FÕNICO ALFABETIZA

A tragédia só mostra um caminho: é preciso mudar. Porque não seguir os passos da neurociência?

O neurocientista Stanislas Dehaene há 25 anos estuda o impacto dos números e das letras no cérebro humano. Recentemente afirmou que "o método mais eficaz de alfabetização é o que chamamos fônico. Ele parte do ensino das letras e da correspondência fonética de cada uma delas, como se fazia antigamente. Estudos mostraram que a criança alfabetizada por esse método aprende a ler de forma mais rápida e eficiente.

Os métodos de ensino que seguem o conceito de educação global, por outro lado, mostraram-se ineficazes." No método global, usado no Brasil e boa parte do mundo, a criança deve, primeiro, aprender o significado da palavra e, numa próxima etapa, as letras que a compõem. O método construtivista não funciona tanto que as crianças do fundamental estão terminando seu ciclo sem se alfabetizar e os do ensino médio, na rede pública, não sabem ler e escrever. Alguém contesta essa realidade?

Por que os sistemas que seguem o método global são ineficazes?

Dehaene explica que se verificou em pesquisas com pessoas de diferentes idiomas que o aprendizado da linguagem se dá a partir da identificação da letra e do som correspondente. Esse processo ocorre no lado esquerdo do cérebro. No método construtivista a criança primeiro aprende o sentido da palavra, sem necessariamente conhecer as letras. Neste caso o lado direito do cérebro é ativado. Mas a decodificação dos símbolos terá que chegar ao lado esquerdo para que a leitura seja concluída.  Para Dehaene é um processo mais demorado, que segue na via contrária ao funcionamento do cérebro.

- Num certo sentido, podemos dizer que esse método ensina o lado errado primeiro. As crianças que aprendem a ler processando primeiro o lado esquerdo do cérebro estabelecem relações imediatas entre letras e seus sons, leem com mais facilidade e entendem mais rapidamente o significado do que estão lendo - diz o neurocientista.

O principal legado de Piaget é uma falácia, então. Quem diz isso é a ciência. E duvidar dela é temeroso.