quinta-feira, 7 de março de 2024

Para 81% dos americanos, influenciador não agrega credibilidade ao produto.

Dos 1000 consumidores americanos pesquisados, 86% disseram ter mais confiança em marcas que publicam conteúdos gerados organicamente.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Um estudo realizado pela EnTribe aponta que 86% dos consumidores norte-americanos não confiam em influenciadores. "É a fadiga do influenciador", afirmou Adam Dornbusch, fundador e CEO da empresa. " Isso ocorre quando o público se cansa de conteúdos repetitivos e vazios" -disse. 

O levantamento abrangeu mil consumidores (entre 18 a 60 anos) e quis analisar a percepção deles comparando as marcas que usavam influenciadores versus conteúdos de marcas gerados organicamente. Essa pesquisa foi realizada em abril de 2023.

Os resultados são impressionantes: 86% dos entrevistados confessaram ter mais confiança em marcas que postam conteúdos gerados organicamente (User Generated Content). Destes, 81% afirmaram que os influenciadores não agregam credibilidade ao produto e, até mesmo, provocam impacto negativo à marca. Pouco mais da metade (51%) disse que ignora as postagens dos influenciadores. E apenas 12% preferiram comprar produtos promovidos por influenciadores.

A EnTribe afirma que 62% dos entrevistados jamais adquiriram um produto promovido por um influenciador, enquanto 42% dos que adquiriram um produto anunciado por eles, se arrependeram da compra.

A rejeição do consumidor americano: esse
desgaste está chegando ao Brasil.
Segundo a Consultoria Nielsen, de 2022, existiam no Brasil  mais de 10,5 milhões de "influencers" somente no Instagram, contra 13,5 milhões nos Estados Unidos. Dados apontam que 8 em cada 10 mulheres brasileiras, entre 16 e 30 anos, seguem algum influenciador.

Experiências amargas

Empresas que movimentam milhões, empregos, investimentos e vendas, inocentemente colocam sua marca consolidada em dezenas de anos de luta...nas mãos do marketing de influências e, as vezes, colhem péssimos resultados.

 A Bud Light, fabricada pela Budweiser, da AB Inbev, uma popular cerveja americana, teve queda nas vendas depois da campanha da marca estrelada na mídia digital por uma influenciadora trans, Dylan Mulvaney. O prejuízo chegou a US$ 400 milhões (R$ 1,95 bilhão) e queda na bolsa americana de US$ 5 milhões. Pior, a Bud Light, depois de 20 anos na liderança como mais vendida nos Estados Unidos, perdeu o posto para uma cerveja mexicana. Três meses após a campanha, a Budweiser demitiu 400 funcionários da cervejaria que sofreu queda de até 32% nas vendas.

A explosão de críticas viralizou. O grupo se desculpou, demitiu toda diretoria de marketing e lançou outra campanha ressalvando os valores americanos. Mas a imagem da Bud Light não melhorou.

Os pecuaristas brasileiros, por exemplo, não esquecem a campanha "Segunda sem Carne", patrocinada pelo Bradesco, com a aprovação da diretoria, que depois pediu desculpas diante da tempestade de críticas não apenas de pecuaristas. 

Influenciadores e seus "followers"

Influenciadora espanhola

Arianne Rene, com 2,6 milhões de seguidores no Instagram e 350.000 no Twitter, não conseguiu vender nem 252 camisetas com o seu design. O fabricante exigia um mínimo de 36 camisetas de cada um dos sete modelos que ela criou.

José Pablo García Báez, blogueiro profissional e jornalista espanhol, adverte que muitos influenciadores compram seguidores (followers) e os comentários nas suas postagens. E aponta: na Europa, 30.000 seguidores novos no Instagram custam 150 euros (R$ 807) e 200 comentários personalizados, pouco mais de 50 (R$ 269 reais). Na política brasileira é comum ver comentários repetidos, caracterizando compra. Os seguidores podem ser até reais, mas apenas recebem para seguir. É um follower profissional que fica em casa "postando comentários elogiosos" e curtindo publicações do seu influenciador.

O influenciador Jô Soares

Para muitos telespectadores de televisão, Jô Soares era considerado culto porque entrevistava muitos escritores no lançamento de seus livros. Jô era culto mas as entrevistas com cada autor eram pagas pela sua editora. Dependendo, uns 2 milhões de reais. Imagine que o autor pudesse vender - previsão - algo como 1.5 milhão e meio de livros por, digamos, R$ 45 cada. Porque a emissora de tv faria a entrevista de graça se a editora embolsará R$ 67 milhões?

Os micro influencers

Uma fabricante chinesa de smartphones teve um sucesso relativo quando levou a Paris centenas de jornalistas, blogueiros, youtubers, influencers e modelos de redes sociais para apresentar seu smartphone P30. Todos, com muitos seguidores mas nenhum conhecimento técnico para falar do produto ou comentar sua experiência com o aparelho. Gastou milhões.

No aposto, uma fabricante espanhola de camisetas abriu o mercado europeu utilizando micro influenciadores. A fabricante ignorou o número de seguidores mas prestou atenção na qualidade das suas publicações no Youtube e blogs e para qual público falavam. O responsável pela expansão da marca na Itália, disse que o segredo que multiplicou as vendas não foi o número de seguidores dos micro influenciadores, mas em “quem se esconde atrás deles”.

Fonte: EnTribe/Exame/El Pais

segunda-feira, 13 de março de 2023

Greta Thunberg: "O mundo vai acabar em 2023"

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Greta Thunberg, "militante ambientalista" e profeta do Apocalipse, fez a coisa mais razoável após centenas de postagens que impulsionou nas redes sociais: apagou um Twitter, postado por ela em 2018, que previa "o fim do mundo em 2023" citando um "importante cientista". O tal cientista afirmara que o planeta terra acabaria em poucos anos se a humanidade não substituísse os combustíveis fósseis por energias limpas.

A partir do dia 12 de março de 2023 a publicação no Twitter foi dada como inexistente.

"Um importante cientista do clima está alertando para o fato de que a mudança climática acabará com toda a humanidade, a menos que paremos de usar combustíveis fósseis nos próximos cinco anos” (Greta Thunberg, há 5 anos)

Na postagem Greta citou um site onde leu uma declaração do professor James Anderson, pronunciada durante uma conferência, na Universidade de Chicago. O site, citado por ela, também desapareceu. O tal cientista afirmara, entre outros absurdos, que era preciso "em até 5 anos, reduzir a poluição de carbono, a ponto de remove-lo da atmosfera. Afirmou o tal cientista que "se esse prazo fosse os danos ao planeta seriam irreversíveis. Na época a Revista Forbes publicou uma manchete dizendo: "Temos 5 anos para nos salvar das mudanças climáticas" e citou que "não haveria gelo permanente no Ártico a partir de 2022".

Dióxido de carbono: o bom vilão

Dá-se o nome de "aquecimento global" o efeito provocado por altas concentrações de gases de dióxido de carbono - CO2 - que causam o efeito estufa, isto é, o bloqueio do calor emitido pelo Sol que permanece na superfície do planeta. O CO2 virou vilão. Mas é bom alertar que o vilão não é tão mal assim.

Mas, o que aconteceria se se conseguisse eliminar o dióxido de carbono do planeta?

O carbono encontrado na atmosfera, na forma de dióxido de carbono, é essencial para a vida nosso planeta e, sem ele, as plantas não fariam fotossíntese. E fotossíntese (síntese pela luz) é o processo que as plantas consomem dióxido de carbono e transformam em oxigênio que é a fonte primária de energia para todos os seres viventes.

A erupção de vulcões lança muitas toneladas de dióxido de carbono na atmosfera e muitos organismos liberam esse gás, inclusive plantas e árvores (chamadas de compensadoras de dióxido de carbono) que, em determinadas circunstâncias, passam a respirar oxigênio e liberar dióxido.

terça-feira, 7 de março de 2023

A verdade sobre Covid 19 apareceu

 Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

"Vírus vazou do laboratório de Wuhan, máscaras e lockdown foram inúteis" foi a manchete da revista Veja em 3 de março deste ano - atualizado em 6 de março - na matéria escrita por Vilma Gryzinski. A articulista começa fazendo mea culpa afirmando que "reconhecer fatos e mudar de ideia são características de quem quer pensar bem - até quando isso parece, equivocadamente, “premiar negacionistas".

A legenda da foto que ilustrou a coluna pede uma reflexão sobre as medidas adotadas para combater o vírus. 

Olhando para trás: passada a pandemia, é hora de examinar como foi enfrentada e se medidas como máscaras para crianças foram razoáveis (zGel/Getty Images)

Vilma alerta que a ideologização sobre o tema  foi "um fenômeno que contaminou até cientistas que deveriam ser a última linha de defesa contra a politização de sua atividade". De um lado os "progressistas" louvando a coitada da abusada ciência e, do outro, conservadores contra a obrigatoriedade do de medidas como máscaras, lockdowns e vacinas.

Evidente que ela se refere as medidas amenas adotadas pela Suécia durante a pandemia e obteve um impressionante resultado: foi o país com o menor número de mortos em toda Europa. Só não foi melhor porque a Finlândia, Noruega e Dinamarca registraram menos mortos que a Suécia. Nestes três países as medidas protetivas, como lockdown, foram praticamente abolidas.

Basta citar que o Japão autorizou a volta às aulas para todos alunos já em junho de 2020, três meses depois da pandemia ser oficializada. Os japoneses já sabiam que as crianças, mesmo contaminadas, não transmitiam o vírus para outras crianças ou para adultos. O sistema imunológico da criança é eficaz para matar o vírus ou atenua-lo, impedindo a contaminação.

No olho do furação, a maioria de nós quis acreditar que uma camadinha de pano ou de papel na frente do rosto nos protegeria do vírus e que ficar em casa era o preço a pagar pela sobrevivência a uma praga incontrolável..- diz Vilma.

Tardiamente o Departamento de Energia dos Estados Unidos admitiu tal e qual o FBI que o vírus saiu do Laboratório de Wuhan onde era estudado. Na verdade o vírus foi detectado em 1 de dezembro de 2019 em Wuhan mas o fato foi negado pelo governo chinês e pela Organização Mundial de Saúde que até o final de fevereiro de 2020 dizia que o  vírus não era transmitido  entre humanos. A OMS não é uma instituição científica, diga-se como fato real. Os que ousaram dizer que o vírus tinha vindo da China foram acusados de racista preconceituoso. Mas a maioria dos cientistas sabia por outra evidência: o animal hospedeiro do vírus não existe. E porque a França não divulgou que o Laboratório de Wuhan era usado para fins militares fato que levou o governo francês acabar com um projeto com a China?  

Fato: uma instituição chamada Cochrane Library, considerada a mais respeitada na análise de intervenções médicas em escala mundial, concluiu que máscaras comuns ou as usadas por profissionais de saúde, as N95, “provavelmente fizeram pouca ou nenhuma diferença” na propagação da doença. Antes da pandemia, serviços médicos de diferentes países e a Organização Mundial de Saúde não consideravam as máscaras efetivas para conter o contágio de doenças respiratórias. (Vilma Gryzinski)

Em todo mundo os políticos, buscando apoio popular, passaram a discursar e agir conforme o interesse político e não cientifico. No Brasil foram os governadores que ditavam as regras enquanto as sociedades científicas calavam-se. Esporadicamente uma ou outra nota sobre tal.

O CDC - Centro de Controle Defesa e Prevenção das Doenças dos Estados Unidos - publicou recentemente que entre os mortos pelo corona vírus, 94% portavam mais de 5 doenças acumuladas como diabete, doença cardíaca crônica, hipertensão, câncer, obesidade, etc e mais de 92% tinham acima de 65 anos. Orientações como "só vá ao hospital quando estiver sentindo falta de ar" ajudaram a piorar.

Médicos foram censurados e banidos das redes sociais por afirmar que as medidas adotadas pelos governantes para conter artificialmente o vírus eram inadequadas e a maioria que citou os fatos acima e confirmados verdadeiros pela ciência foram barrados pelo Facebook.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

Documento de agência americana "agora" admite que corona vazou de laboratório de Wuhan

Laboratório de Wuhan: dirigentes chineses negam o vazamento. Foram eles que afirmaram que os contaminados na China foram pouco mais de cinco mil.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

O FBI já tinha investigado há dois anos e sugerido que o covid-19, o vírus que provocou a pandemia, tinha vazado do laboratório de Wuhan, na China, mas só agora um relatório do Departamento de Energia dos Estados Unidos admitiu o fato segundo nota do The Wal Street Jounal. Já havia suspeita desse fato desde que os chineses impediram a presença de cientistas americanos no laboratório chinês ainda em 2020. Quando a denúncia do vazamento do SARS-CoV-2  (sigla do inglês que significa coronavírus 2 da síndrome respiratória aguda grave) surgiu ainda no início do alastramento "grupos de averiguadores de notícias" condenaram a acusação, com veemência, afirmando que isso era preconceito.

Quando o então presidente Donald Trump proibiu os voos entre China e Estados Unidos a própria Organização Mundial de Saúde disse que a medida era desnecessária e agressiva. Pouco tempo depois a OMS sugeriu o cancelamento de voos. 

Os vírus surgem naturalmente e hospedam-se em animais que contaminam os humanos, como as gripes suína e aviária. As suspeitas sobre o surgimento do vírus SARS-CoV-2 vazado do laboratório chinês começaram quando os cientistas não encontraram o animal hospedeiro do Covid-19. O laboratório de Wuhan estuda exatamente o corona vírus. Depois de análises, o morcego ferradura foi eliminado entre os suspeitos. Em 2003/2004 alguns morcegos foram responsáveis pelo surto de SARS, na China e os camelos em 2012 no Oriente Médio.

Este blog noticiou em 15 de abril um resumo da publicação do Sputnik que relatou, dia a dia, a evolução da doença a partir de 19 de dezembro de 2019, em Wuhan, distrito de Hubei, na região central da China. Começou, então, uma sequência de fatos e de mentiras protagonizados pelo governo chinês que levou o mundo à sua mais dramática batalha contra um inimigo chamado Covid-19. Todos os fatos foram corroborados pela Organização Mundial da Saúde que, ao contrário que se pensa, não é uma entidade científica. Até março de 2020 a OMS negou que o vírus pudesse ser transmitido entre humanos, baseando-se nas informações do Ministério da Saúde da China. Com essa mesma base negou em abril de 2021 que o vírus tenha saído de lá. O governo chinês também mentiu sobre o número de contaminados no país: pouco mais de cinco mil.

Governo da China mentiu sobre o corona. OMS, também

Em dezembro de 2019, em Wuhan, começa o surgimento do vírus que o governo chinês negou repetidamente. A existência do vírus foi omitida, durante semanas, por todas as autoridades do governo chinês e sustentada por diversos comunicados da OMC, Organização Mundial da Saúde.

Há registros de prisões arbitrárias, censura, perseguições, mentiras, mortes e desaparecimentos de médicos e jornalistas com um único objetivo: esconder o nascimento do vírus que se espalha pelo mundo provocando milhares de mortos.

Os números de vítimas anunciado pelo governo chinês são inconsistentes e não confiáveis como qualquer informação procedente de ditaduras. Parte dos relatos são do do excelente documentário produzido pelo site Sputinik com redação de Rodrigo da Silva.

Leia os relatos produzidos pelo Sputinik, com base em milhares de documentos conseguidos, inclusive, junto ao meio científico da China.

Governo da China mentiu sobre corona. A OMS, também.

Xi Jinping, o maior responsável pela propagação do Covid-19 ao omitir a existência do surto: OMS corroborou informações falsas enviadas pelo Ministério da Saúde chinês.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Em dezembro de 2019, em Wuhan, distrito de Hubei, na região central da China, começa uma sequência de fatos e de mentiras protagonizados pelo governo chinês que levou o mundo a sua mais dramática batalha contra um inimigo chamado corona, ou Covid-19. Todos os fatos foram corroborados pela Organização Mundial da Saúde que, ao contrário que se pensa, não é uma entidade científica.

A existência do vírus foi omitida, durante semanas, por todas as autoridades do governo chinês e sustentada por diversos comunicados da OMC, Organização Mundial da Saúde.

Há registros de prisões arbitrárias, censura, perseguições, mentiras, mortes e desaparecimentos de médicos e jornalistas com um único objetivo: esconder o nascimento do vírus que se espalha pelo mundo provocando milhares de mortos.

Os números de vítimas anunciado pelo governo chinês são inconsistentes e não confiáveis como qualquer informação procedente de ditaduras. Parte dos relatos são do do excelente documentário produzido pelo site Sputinik com redação de Rodrigo da Silva.

Dezembro, 2019 | Ambiente sem higiene

Sem higiene e manipulação de alimentos condenável.

O Mercado Atacadista de Frutos do Mar de Huanan, apesar de "deprimente, com pouca ventilação e lixo empilhado em pisos úmidos" tem alvará de funcionamento aprovado pelo departamento sanitário chinês.

01 Dezembro 2019 | Primeiro caso de corona vírus

Segundo um estudo publicado no The Lancet, este é o dia em que é possível identificar o primeiro paciente de um  surto de pneumonia viral 
que atingiria Wuhan, uma cidade com 11 milhões de habitantes. É um idoso que sofre de Alzheimer.

Mercado de Huanan: marco zero do novo corona vírus.

10 Dezembro 2019 | Funcionário do mercado

Wei Guixian, comerciante do Mercado Atacadista de Frutos do Mar, de Huanan, apresenta sinais de que está doente. Achando se tratar de um simples resfriado, decide ir até uma clínica local receber tratamento. Ele também está com uma pneumonia viral.

12 Dezembro 2019 | Sintomas

Segundo o Comitê Municipal de Saúde de Wuhan, esta é a data oficial em que o primeiro paciente de um surto de pneumonia viral na cidade apresenta sintomas.

16 Dezembro 2019 | Contaminação local
Um paciente internado no Hospital Central de Wuhan com infecção nos dois pulmões, resiste a medicamentos anti-gripe. Ele trabalha no mesmo mercado de Wei Guixian e, assim como dezenas de pessoas nesse momento, também está com pneumonia viral.

20 Dezembro 2019 | Evidências de transmissão entre humanos

Segundo um relatório do governo chinês, noticiado pelo South China Morning Post, o número de casos confirmados até este dia chegou em 60. Há evidências de transmissão de humanos para humanos.

24 Dezembro 2019 | Corona identificado

De acordo com o Dr. Zhao Su, chefe de medicina respiratória do Hospital Central de Wuhan, amostras de um paciente com pneumonia viral são enviadas para um laboratório.  "Eles nos ligaram e disseram que era um novo corona vírus", disse Zhao.

25 dezembro / médicos contaminados

Lu Xiaohon, diretor do departamento de gastroenterologia do Hospital 5 de Whuan informa que equipes médicas de dois hospitais da cidade estão contaminados.

27 dezembro / sequência genética

Autoridades chinesas são notificadas nesta semana que pesquisadores amostras detectaram que a sequência genética do vírus tem 87% de similaridade com o corona da sars, sigla inglesa para síndrome respiratória aguda grave.

Nesta mesma data o médico Zhang Jixian do hospital da província de Hubei alerta que a doença respiratória é provocada por um novo corona vírus.

29 dezembro / Comprovação

Laboratórios confirmam que sequenciamento feito de amostras de um paciente apresenta características que trata-se de um novo corona vírus.


30 dezembro / Médica repreendida

Ai Fen, diretora do departamento de Emergência do Hospital Central de Wuhan foi repreendida depois de alertar seus colegas e superiores sobre um corona vírus semelhante ao SARS.

Alguns dias antes ela tinha identificado uma paciente com sintomas da gripe resistente a medicamentos convencionais. Ela comunicou com outros colegas e incluiu a palavra Corona Sars e o assunto dominou o meio médico. Fen conta a história e admite a censura em entrevista a uma revista chinesa cuja matéria foi retirada do site por ordem do governo chinês, no mesmo dia. A médica está desaparecida.

Li Wenliang, oftalmologista tomou conhecimento do assunto e reportou com colegas sobre o novo vírus.

31 dezembro / Taiwan alerta / 109 casos e 15 mortos

Taiwan alerta a Organização Mundial da Saúde sobre o surto de uma "pneumonia de causa desconhecida" e transmissível de humano para humano. Taiwan acusa a OMS se ignorar seus avisos sobre o vírus.

A secretaria municipal de saúde de Wuhan alerta sobre um surto de pneumonia viral na cidade mas diz que não há transmissão de humano para humano. A nota ainda diz que a doença é evitável e controlável.

A OMS divulga nota simples, cinco dias depois, que a China comunicou sobre uma pneumonia de causa desconhecida em Wuhan. Um dia após pede mais informações.

Estudos de um centro de epidemiologia da China registra 109 casos do novo corona vírus com 15 mortos. O mais usado chat chinês, YY, começa a ser censurado pelo governo chinês.


01 janeiro 2020
 / Provas eliminadas


O mercado de Wuhan, início da contaminação do novo corona vírus, foi descontaminado pelas autoridades de saneamento do governo, sem chance coletas de amostras para pesquisas pelos cientistas.

Governo exige que laboratórios destruam amostras do vírus. Neste dia a polícia chinesa prendeu oito pessoas acusadas de "espalhar notícias falsas sobre um surto de pneumonia viral", entre eles o oftalmologista Li Wenliang. O governo comunista alerta internautas para "não espalharem boatos" sobre o vírus.

Neste dia observou-se que 175 mil pessoas, em um intervalo de apenas 24 horas, deixaram Wuhan para as comemorações do Festival da Primavera, comemorado no mês inteiro de janeiro, espalhando o vírus.

02 de janeiro 2020 / Hong Kong alerta

Imprensa de Hong Kong alerta que autoridades chinesas estejam escondendo sobre a existência de um vírus desconhecido. Uma entrevistada diz que "acha que as autoridades estão escondendo um vírus que causa pneumonia de causa desconhecida".

03 janeiro 2020 / Li Wenliang censurado

O oftalmologista Li Wenliang é obrigado assinar um documento afirmando que suas informações estavam incorretas.

Governo chinês obriga que hospitais nada divulguem sobre o vírus, que a imprensa nada divulgue a respeito e que os laboratórios destruam amostras existentes.

05 janeiro 2020 / China nega transmissão entre humanos


A China anuncia que os casos de pneumonia de Wuhan não são Sars ou Mers (duas síndromes respiratórios aguda grave) e que não haviam evidências de que a transmissão entre humanos ocorresse.

A OMS divulga uma nota repetindo a mesma informação, inclusive que não havia contaminação entre equipes médicas.

Cientistas conseguem sequenciar as amostras mas o governo reluta em divulgar ao mundo. Este centro de pesquisas alerta ao governo para dotar medidas de prevenção e controle e que o vírus seria o mesmo encontrado em morcegos.

06 janeiro 2020 / Nova mentira do governo chinês

A secretaria municipal de saúde de Wuhan distribui nota afirmando que a suspeita de um surto de pneumonia de um vírus sars foi excluída e controlada.

07 janeiro 2020 / Xi Jinping reconhece

Xi Jinping, durante reunião do Partido Comunista, toma conhecimento do novo corona vírus.

08 janeiro 2020 / Li Wenliang contaminado


O oftalmologista é libertado e volta ao trabalho depois de assinar uma confissão de erro e acaba contaminado por corona por uma cliente com glaucoma. É internado no dia 12. Ele afirmava que o vírus era transmissível de entre humanos.

09 janeiro 2020 / Primeira vítima?

O governo comunista diz em nota que morreu a primeira vítima do corona vírus do mundo, um homem de 61 anos, de Wuhan, cliente do mercado de frutos do mar.

O Partido Comunista publica, pela primeira vez, que trata-se de um novo corona vírus.

É véspera das festas principais do ano novo chinês e milhões de pessoas voam para todo mundo. A OMS diz que é desnecessário qualquer restrição as viagens. A OMS não recomenda medidas específicas para viajantes. A OMS desaconselha qualquer restrição de viagens ou comércio coma China.

10 janeiro / OMS diz que não há transmissão


A OMS diz que não há evidências de que "não há transmissão significativa entre humanos".

Nesse dia há registro de 750 casos de contaminados, inclusive 19 profissionais de saúde. Os números verdadeiros são escondidos.

11 janeiro 2020 / Vazamento do genoma


Pesquisadores chineses publicam numa plataforma a sequência do genoma do novo corona, depois de se convencerem de que as autoridades não tomaram as devidas medidas para alertar o público.

12 janeiro 2020 / Governo fecha laboratório


O centro de pesquisas que vazou as informações é fechado pela ditadura chinesa.

A OMS mente novamente afirmando que não há informação de contaminação entre profissionais de saúde e que não há evidência clara de transmissão entre humanos.

13 janeiro 2020 / Tailândia e nova mentira da OMS

A Tailândia acusa o primeiro caso fora da china, uma mulher de 61 anos que não esteve no mercado de Wuhanan. Mesmo questionada diante desse caso a OMS diz que "não há evidências sobre transmissão entre humanos e que não há relatos de contaminação entre equipe médica."

14 janeiro 2020 / OMS mente de novo

Dia após o relato do caso de Tailândia, a OMS diz que pode haver uma transmissão limitada entre humanos, entre famílias mas agora está muito claro que não há transmissão sustentada entre humanos.

16 janeiro 2020 / Japão

O governo japonês informa registro do primeiro caso em seu território: um homem de 30 anos que não teve contato com o mercado de Wuhanan.

17 janeiro 2020 / triagem americana


Aeroportos dos Estados Unidos adotam triagem para viajantes de Wuhan.

18 janeiro 2020 | Britânicos suspeitam de mentiras

Autoridades de saúde da Inglaterra suspeitam dos números de vítimas do corona vírus. Pesquisas apontam que deveriam haver 1.700 contaminados na China e não apenas 60 como dizem os comunistas.

Mesmo sabendo a potente transmissão entre humanos, o governo chinês permite que 40 mil famílias de Wuhan se reúnam para comemorar o ano novo lunar. Muitas famílias adoeceram após o evento. Mais tarde o prefeito renunciou alegando que considerou informações do governo de que a transmissão era baixa.


19 janeiro 2020 | China admite transmissão e Fio Cruz também

Finalmente o governo comunista admite a transmissão entre humanos. E diz, entretanto, que a situação é controlável.

No Brasil a fundação Oswaldo Cruz tem indícios da ocorrência de casos de contaminação no Brasil entre 19 de janeiro a 26 de janeiro 2020.

20 janeiro 2020 | China nega transmissão entre humanos

Em nota a Comissão Municipal de Saúde de Wuhan nega a contaminação de humanos para humanos justificando que "entre os infectados "não foram encontrados casos relacionados entre os contatos próximos".

O Wuhan Evening News, o maior jornal de Wuhan, fala pela primeira vez sobre o surto desde o dia 5 de janeiro. O jornal passou os últimos 14 dias sem comunicar a população sobre o novo coronavírus.

Pela primeira vez, Xi Jinping, presidente da China, que assumiu há 13 dias conhecimento da situação em Wuhan, fala publicamente ao país sobre um surto de coronavírus. E

A TV estatal chinesa confirma a transmissão de humano para humano do novo corona vírus. 

Dados do governo chinês mostram 6.174 casos confirmados de pessoas contaminadas com o novo corona vírus até o dia 20 de janeiro, data em que a população chinesa pode finalmente descobrir que o surto em Wuhan tinha sustentada transmissão humana.

A Coreia do Sul confirma o seu primeiro paciente com o novo coronavírus: uma chinesa de 35 anos, residente de Wuhan.

21 janeiro 2020 | Partido Comunista reconhece surto

O Diário do Povo, órgão oficial do Partido Comunista Chinês e maior publicação do país, finalmente reconhece o surto de corona vírus na primeira página do jornal, depois de jamais citar a situação em Wuhan  em sua versão impressa. Durante esses 20 primeiros dias de 2020, as19 principais manchetes do maior jornal da China citaram ações políticas de Xi Jinping, ignorando o surto de corona vírus. Juntas, essas vinte edições reuniram 66 reportagens com Xi Jinping em destaque.

As capas do Diário do Povo, maior jornal da China, não abordam o novo corona vírus.

22 janeiro 2020 | OMS elogia China

A OMS reconhece pela primeira vez a transmissão de humano para humano do novo corona vírus.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus (não é médico), sai em defesa da China. “Fiquei muito impressionado com os detalhes e a profundidade da apresentação da China. Agradeço também a cooperação do Ministro da Saúde da China, com quem conversei diretamente nos últimos dias e semanas. Sua liderança e a intervenção do presidente Xi e do premier Li foram inestimáveis ​​e todas as medidas que foram tomadas para responder ao surto." 

23 janeiro 2020 | Governo põe bloqueio quase dois meses do primeiro caso

O governo central da China impõe um bloqueio em Wuhan e outras cidades na província de Hubei, que entram oficialmente em quarentena. Esta é, até aqui, a maior quarentena da história da humanidade.

Sem qualquer restrição para viagens, no momento em que o lockdown é finalmente estabelecido, segundo as autoridades da província de Hubei, mais de 5 milhões de pessoas já haviam deixado Wuhan motivadas pelas comemorações do Ano Novo Chinês.


23 janeiro 2020 | Contaminações não documentadas

De acordo com um levantamento feito por cientistas da Columbia University, publicado na revista Science, até este dia, 86% de todas as infecções do novo corona vírus na China não foram documentadas.

Segundo o artigo, usando um modelo matemático que simula a dinâmica espaço-temporal das infecções, cientistas da Columbia University projetam um número de 16.829 infectados na China apenas entre os dias 10 e 23 de janeiro.

De acordo com outro modelo, construído por pesquisadores de Hong Kong, há 18.556 infectados pelo novo corona vírus neste dia. Desse grupo, 7.669 já haviam se deslocado para fora de Wuhan antes do lockdown, levando o novo coronavírus ao mundo.

23 janeiro 2020 | OMS reúne-se pela primeira vez e não declara Emergência

A OMS se reúne pela primeira vez para tratar do surto de corona vírus e decide não declarar a epidemia como uma Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional.

23 janeiro 2020 | Erros enormes

Zhao Shilin, professor aposentado da Universidade de Minzu e ex-membro do Comitê Central e vice-diretor da Comissão de Cultura e Artes, envia duas cartas públicas a Xi Jinping sobre a resposta do governo ao surto. "Devido a erro humano, perdemos a mais importante janela de ouro do tempo para combater a epidemia - a época do Ano Novo (chinês), especialmente o início e o meio de janeiro. Isso resultou na propagação da epidemia com grande ferocidade. Os custos desse  erro são enormes."

24 janeiro 2020 | Censura e pressão

Um jornalista do Hubei Daily, jornal local de Wuhan, é forçado a admitir que fez algo errado ao sugerir que as autoridades da cidade renunciem por lidarem mal com o surto de corona vírus

Malásia, França, Vietnã e Nepal, confirmam seus primeiros casos. O novo coronavírus está oficialmente em três continentes.

25 janeiro 2020 | Virus em 4 continentes

O Canadá e a Austrália confirmam seus primeiros casos. O novo corona vírus está oficialmente em quatro continentes, apenas cinco dias depois do primeiro pronunciamento de Xi Jinping a respeito.


26 janeiro 2020 | punição para enfermeira

Um hospital em Taizhou, província de Jiangsu, penaliza uma enfermeira por falar sobre o novo coronavírus com seus colegas em um grupo do WeChat. O hospital alerta outros funcionários para não falarem com jornalistas ou nas mídias sociais

27 janeiro 2020 | Prefeito de Wuhan renuncia

O prefeito de Wuhan, Zhou Xianwang, admite ter demorado para responder ao surto de coronavírus e renuncia. Ele culpa as burocracias do estado Chinês pela demora e diz que não tomou qualquer ação de controle porque esperava respostas do governo central.


28 janeiro 2020 | Cias Aéreas suspendem voos da China


A United Airlines suspende todos os voos para a China a partir dos Estados Unidos. Inúmeras companhias aéreas fazem o mesmo no dia seguinte.

30 janeiro 2020 | OMS decide declarar surto, não pandemia

A OMS declara o surto de corona vírus como Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional. O surto já está em19 países. Para a organização, no entanto, até aqui esta não é uma pandemia.


30 janeiro 2020 | OMS elogia China

A OMS lança nota congratulando, abre aspas, "a liderança e o compromisso político dos mais altos níveis do governo chinês, seu compromisso com a transparência e os esforços feitos para investigar e conter o atual surto".

31 janeiro 2020 | OMS elogia China e países restringem viagens da China


Um estudo da epidemiologista Lauren Gardner, co-diretora do Centro de Ciência e Engenharia de Sistemas da Universidade JohnsHopkins, nos Estados Unidos, afirma que até esse dia há cerca de 58 mil pessoas infectadas pelo novo corona vírus na China.  

Países como Singapura, Austrália, Paquistão, Rússia, Japão e Irã restringem a entrada de visitantes internacionais vindos da China.

Seguindo os exemplos, os Estados Unidos restringem a entrada no país de estrangeiros que visitaram a China nos 14 dias anteriores. A Casa Branca declara que o novo corona vírus representa "uma emergência de saúde pública nos Estados Unidos".

31 janeiro 2020 | China critica hostilidade dos Estados Unidos

O Ministério das Relações Exteriores da China critica a decisão dos Estados Unidos de banir a entrada de visitantes vindos da China. A decisão americana é tratada como "hostil à China" pelo governo chinês.

31 janeiro 2020 | OMS critica banimento de viagens da China

A OMS critica os países que decidem banir visitantes chineses, e insiste na recomendação da inexistência de restrição de voos internacionais.

Segundo um levantamento publicado pelo The New York Times, cerca de 7 milhões de pessoas saíram de Wuhan em algum momento durante o mês de janeiro. OMS não restringiu.

Com base em tendências é possível assumir que próximo de 900 moradores de Wuhan viajaram para Nova York em janeiro de 2020, mais de 2.200 para Sydney e mais de 15.000 para Bangkok, onde a primeira contaminação conhecida no exterior foi revelada.

Cerca de 85% dos passageiros infectados pelo novo corona vírus que viajaram em janeiro de 2020 não foram detectados.

31 janeiro 2020 | Li Weliang alerta


O médico Li Wenliang publica nas redes sociais sua experiência na delegacia, com a carta de advertência que recebeu das autoridades por anunciar o surto de coronavírus a amigos médicos. Sua publicação viraliza. A Itália confirma o seu primeiro paciente infectado com o novo corona vírus.

01 fevereiro  2020 | Censura e opressão contra médicos

As Filipinas registram a primeira morte oficial do novo corona vírus fora da China.

O médico chinês Wang Guangbao admite que a especulação sobre um vírus semelhante à SARS era forte nos círculos médicos no início de janeiro, mas que as detenções dissuadiram muitos, inclusive ele próprio, de falar abertamente a respeito.

03 fevereiro 2020 | Partido Comunista impõe censura severa nas redes sociais

Uma censura mais rígida começa a ser aplicada na China, após uma reunião do PC. Dois dias depois, a Administração do Ciberespaço da China emite um aviso sobre a cobertura da mídia do novo corona vírus. No anúncio oficial, contas do WeChat foram acusadas de "realizar atividades de denúncia ilegalmente", enquanto empresas de internet como Sina Weibo e Tencent entraram em "supervisão especial".

04 fevereiro 2020 | Jornalista desaparecida e OMS defende China

O jornalista independente Chen Qiushi publica sua última reportagem conhecida, de uma série de matérias cobrindo o surto em Wuhan e o descaso das autoridades. Sua conta do Weibo é excluída dois dias depois. Chen está desaparecido desde então.

Nos dias anteriores, Chen percorreu os hospitais da cidade cobrindo o caos. Em pouco tempo, seus vídeos foram vistos por centenas de milhares de pessoas, apesar de serem rapidamente censurados no Weibo e no WeChat. Chen expressou seu medo em relação ao futuro em um vídeo publicado no dia 30 de janeiro. " Estou com medo. Na minha frente há o vírus. E atrás de mim, o poder jurídico e administrativo do estado chinês." 

A OMS, mais uma vez, crítica países que restringem a entrada de passageiros que visitaram recentemente a China, dizendo que essas restrições podem "aumentar o medo e o estigma, com poucos benefícios à saúde pública".

Na CNN Li Wenliang diz que foi ameaçado

Censurado, preso e internado, o oftalmologista transformou-se em herói: Li Wenliang levantou a bandeira por liberdade e uma grande rebelião começará a partir da sua luta.

A CNN publica uma entrevista por telefone com o médico Li Wenliang, bastante debilitado, numa UTI. Li conta que assinou o documento assumindo a prática de "atos ilegais" porque sua família ficaria preocupada se ele perdesse a liberdade. O teste para o novo coronavírus nos Estados Unidos finalmente é aprovado pela Food and Drug  Administration, quase duas semanas após o primeiro caso relatado no país.

06 fevereiro 2020 | Violência na busca de contaminados

O governo central da China ordena que as autoridades de Wuhan realizem buscas de casa em casa e alojem todos os indivíduos com suspeita de infecção do novo corona vírus em centros de quarentena.  
Uma série de vídeos contendo violência policial contra os habitantes de Wuhan começam a aparecer nas redes sociais.

06 fevereiro  2020 | Li Wenliang, o herói chinês, morre

O batimento cardíaco do médico Li Wenliang para oficialmente às 21:30. Nas redes sociais, a mídia estatal chinesa relata a sua morte, mas as postagens são excluídas na sequência.

Em uma entrevista antes de morrer, o médico Li Wenliang diz que "não deveria haver apenas uma voz em uma sociedade saudável".  Após a notícia da sua morte, uma foto com essa citação viraliza na internet chinesa.

Logo após a morte do doutor Li, a hashtag "Nós Queremos Liberdade De Expressão"em tradução livre, começa a aparecer na plataforma do Weibo e é rapidamente censurada. 

Com a morte de Li Wenliang, uma manifestação de luto e raiva do público leva o governo chinês a emitir instruções de censura para todos os meios de comunicação.

Uma carta aberta assinada por 9 acadêmicos da China pede para que o dia 6 de fevereiro seja declarado "Dia Nacional da Liberdade de Expressão", em homenagem ao doutor Li.  
06 fevereiro  2020 | Li Weliang, o anjo branco

Percebendo a revolta popular, no dia 8, numa tv estatal, a imagem de Li é tratada como um “anjo branco de sacrifício” que oferece a própria vida para os outros.

Uma carta aberta escrita por 10 professores de Wuhan viraliza exigindo proteção à liberdade de expressão, pedidos de desculpas e compensação aos primeiros denunciantes censurados, além do reconhecimento do médico Li Wenliang como mártir nacional.

09 fevereiro  2020 | Outro jornalista desaparecido

O jornalista independente Fang Bin, que também se deslocou a Wuhan para cobrir o surto e passou a questionar as autoridades, lança seu último vídeo. “Que todos os cidadãos resistam! Poder para as pessoas!"  Ele está desaparecido, desde então.


Fang havia noticiado em um vídeo, postado no dia 2defevereiro,que a polícia havia confiscado seu laptop e o interrogado longamente. Dois dias depois, ele relatou em um novo vídeo, ao vivo de sua casa, que estava cercado por policiais à paisana.

21 dias depois da China declarar emergência, uma ampla equipe de chão da OMS tem liberação para atuar no país. A China não aceita a entrada de epidemiologistas dos Centros de Controle e Prevençãod de Doenças dos Estados Unidos.


O número de mortes pelo novo corona vírus supera a epidemia de SARS de 2003, apenas 20 dias depois da confirmação pelo governo chinês de que há transmissão de humano para humano do vírus.

10 fevereiro 2020 | China impede entrada de epidemiologistas americanos

21 dias depois da China declarar emergência, uma ampla equipe de chão da OMS tem liberação para atuar no país. A China não aceita a entrada de epidemiologistas dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos.

11 fevereiro 2020 | Número "oficial" de mortos chega passa de 1.000

O ICTV anuncia "síndrome respiratória aguda grave 2, SARS-CoV-2, como o nome oficial do novo vírus. Esse nome foi escolhido porque o vírus está geneticamente relacionado ao corona vírus responsável pelo surto de SARS em 2003.

A OMS anuncia “COVID-19” como o nome oficial desta nova doença mas a organização ainda não declara este surto como uma pandemia.

Dois altos funcionários da comissão de saúde da província de Hubei são demitidos de seus postos pelos erros em combater o surto de COVID-19.

O número oficial de mortos pelo COVID-19 no mundo ultrapassa 1.000.

13 fevereiro 2020 | Demissões na China

Ditadura chinesa anuncia a demissão de autoridades do partido comunista da província de Hubei.

14 fevereiro 2020 | Brasil sabe do vírus mas mantém carnaval

O Egito anuncia o primeiro caso na África e o vírus já está nos cinco continentes. A OMS reluta e não declara uma pandemia. No Brasil as autoridades de saúde tem conhecimento da propagação do vírus mas não cancela o carnaval.

19 fevereiro 2020 | Ditadura chinesa expulsa jornalistas e mortos chegam a 2.000

3 jornalistas do Wall Street Journal são expulsos pelo governo chinês por não concordar com críticas feitas pelo jornal.

O número de mortos passa de 2.000 só na China.

21 fevereiro 2020 | Primeira morte na Itália

Dezesseis casos são confirmados na Itália e governo impõe afastamento social. Morre um paciente. A presença de chineses no país passa de 250 mil, 25 mil somente em Prato, próxima de Florenza, centro têxtil comandado por eles.

Polícia chinesa intima mais de 5.500 pessoas que "expressaram opiniões derradas" sobre o corona. O oftalmologista Li Wenliang foi um deles.

23 fevereiro 2020 | Itália registra mais uma morte

Governo italiano adota medidas de emergência para conter o avanço do vírus e registra mais uma morte.

24 fevereiro 2020 | OMS diz que não testemunha morte em larga escala

O governo chinês proibe o comércio ilegal de animais silvestres para "garantir a saúde do povo". Reconhecidamente o novo vírus teve o morcego como hospedeiro. O hábito do consumo de animais silvestres vem da época da grande fome provocada pelo socialismo que Mao Tse Tsung implantou na China desde 1949.

A Organização Mundial da Saúde diz que não testemunha disseminação de doença grave e nem morte em larga escala. E não decreta a condição pandêmica.

O mercado de ações despenca no mundo todo.

25 fevereiro 2020 | Alerta nos Estados Unidos

Estados Unidos entram em alerta e São Francisco declara emergência.

26 fevereiro 2020 | Carnaval brasileiro com primeiro caso de corona

Autoridades de saúde do Brasil "registram oficialmente" o primeiro caso de Covid-19 no país pós carnaval. Paciente era um viajante italiano. Mas a Fio Cruz tem indícios que os primeiros casos ocorreram entre 19 de janeiro a 26 de janeiro de 2020. Na Itália são 12 mortos.

29 fevereiro 2020 | OMS critica restrição de viagens

Um homem de 50 anos morre nos Estados Unidos. OMS critica aplicação de restrições de viagens a países com surto.

01 março 2020 | OMS diz que não há pandemia

Já são 3 mil mortos no mundo vítimas do Covid-19 e OMS diz que não se trata de pandemia.

09 março 2020 | Itália em quarentena total

O governo reforça afastamento total. A temperatura na Europa é de inverno, como nos Estados Unidos. Nos períodos de outono/inverno a propagação de doenças respiratórias aumenta consideravelmente.

11 março 2020 | OMS declara pandemia | Atraso na admissão do surto

Depois de 120 mil casos em 114 países a OMS finalmente declara pandemia.

Análise de um estudo da University of Southampton, do Reino Unido, afirma que se a China tivesse alertado o mundo três semanas antes da data que admitiu o surto local, o país poderia ter contido a doença em 95% e a pandemia poderia ter sido evitada.

Robert O'Brien, conselheiro da Casa Branca acusa a China de encobrir o surto afirmando que "infelizmente esse surto em Wuhan foi encoberto e, provavelmente poderíamos ter reduzido drasticamente o que aconteceu na China e o que está acontecendo no mundo todo".

Governo americano restringe viajantes da Europa.

12 março 2020 | Censura e prisões

452 internautas sofrem punição do governo chinês, são perseguidos, censurados e presos por publicarem notícias do Covid-19. Ditadura força que assinem documento admitindo que cometeram irregularidades.

Membro do Partido Comunista, Ren Zhiqiang, é preso por criticar incompetência do governo no surto do vírus.

13 março 2020 | Trump libera verba e China proíbe estrangeiros

O presidente dos Estados Unidos declara emergência e libera US$ 50 bilhões para combater o vírus. China proíbe visita de estrangeiros, semanas depois dos Estados Unidos ter sido criticado pela OMS por fazer o mesmo.

18 março 2020 | Ditadura expulsa jornalistas americanos

China expulsa jornalistas do NewYorkTimes, Wall Street Journal e do Washington Post.

23 março 2020 | Afastamento social

Boris Johnson determina lockdown' no Reino Unido. Europa vive em baixas temperaturas favorecendo propagação de todas as doenças respiratórias.

25 março 2020 | Restrições na Europa

Cerca de um terço dos países afetados pelo Covid-19 em pleno inverno impõe algum tipo de restrição. Holanda e Suécia não decretam quarentena.

26 março 2020 | Testes e máscaras da China não funcionam

Começam queixas sobre testes comprados da China com preços exorbitantes. Na Espanha governo descarta testes e na Holanda Ministério da Saúde descarta 600 mil máscaras que não protegem usuários. Turquia disse que testes tinham margens altas de erros. Bélgica recusou máscaras produzidas com erros. Na República Tcheca dos 150 testes, 80% tinham defeitos. A Geórgia acusou o mesmo problema.

O Vice-Primeiro Ministro do Japão diz que “A OMS é a voz da OSC, a Organização de Saúde Chinesa”. 

27 março 2020 | Per cápita, Suiça foi mais afetada

Estados Unidos tem o maior número de positivos para Covid-19 porque é o país que mais aplicou testes. Na correlação tamanho da população de cada país/casos positivos, os primeiros são Suíça, Espanha, Itália, Áustria e Bélgica, países que adotaram quarentena. Positivo para Covid não significa letalidade.

Imprensa da Austrália, Hong Kong, Taiwan e China afirmam que o número de mortos em Wuhan podem ser até dez vezes mais mortes do que os números anunciados.

28 março 2020 | 10 países com número de mortos per capita

Per capita (número de mortos x população dos países): Itália (151,1 mortes por milhão de habitantes), Espanha (103,9 mortes por milhão de habitantes), Holanda (31,86 mortes por milhão de habitantes), França (30,56 mortes por milhão de habitantes) Irã (28,31 mortes por milhão de habitantes) além da Bélgica, a Suíça, o Reino Unido, a Suécia e a Dinamarca.

29 março 2020 | Números chineses são subestimados 

Governo do Reino Unido é alertado por consultores científicos que os números do governo chinês sobre contaminação naquele país podem ser "subestimados por um fator de 15 a 40 vezes". 

30 março 2020 | OMS nega representação a Taiwan

Governo de Taiwan (que não pertence a China continental) tem um dos mais avançados sistemas de saúde pública e até o dia 31 de março tinha registrado apenas 322 casos confirmados no país e 5 mortes. Mesmo tendo uma população de 24 milhões de habitantes, Tauwan ficou sem representação na OMS.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

A dramática situação dos cubanos, hoje.

Os depoimentos de turistas brasileiros sobre a vida dos cubanos e seus dramas contados no canal Conversa Paralela, produção do Brasil Paralelo.

Mais de uma hora e meia na fila para abastecer um carro produzido na década de 50, desabastecimento de alimentos, salários baixos, pobreza e falta total de liberdade.


sexta-feira, 8 de julho de 2022

Perturbação do Desenvolvimento da Linguagem atinge 7% a 10% das crianças

Crianças com perturbação do desenvolvimento de linguagem tendem a revelar problemas linguísticos que tipicamente incluem dificuldades ao nível da produção e da percepção dos sons da fala, da combinação das palavras em contexto-frase, na compreensão de palavras e frases e contextos narrativos.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Ana Paula Soares trabalha na área da psicolinguística e pertence ao Centro da Escola de Psicologia, da Universidade do Minho. Neste vídeo ela confessa que tem se interessado no estudo de crianças com problemas de comunicação, fala e linguagem. Para isso dá-se o nome de PDL - Perturbação do Desenvolvimento da Linguagem. 

Ana Paula explica que as crianças com essa síndrome desconhecem as regras dos sons da fala, das suas combinações que regulam o uso apropriado da linguagem. "Na infância essas perturbações atingem entre 7% e 10% das crianças mas pouco se ouve falar do assunto" - lamenta.

"Para que seja atribuído o diagnóstico de perturbação de desenvolvimento de linguagem é necessário que outras perturbações neuro desenvolvimentais, como a perturbação do espectro autista, a perturbação intelectual e déficits sensoriais, como perda auditiva, sejam excluídos" - diz Ana.

O vídeo contém legenda que você precisa acionar no seu dispositivo

O QUE É PERTURBAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM?

O termo perturbação do desenvolvimento da linguagem é usado para caracterizar as crianças que apresentam dificuldades significativas na aquisição e uso da linguagem para comunicar manifestadas em problemas de compreensão e/ou produção.

São crianças que apresentam competências linguísticas abaixo do esperado para sua idade, num ou mais domínios linguísticos e que interferem, de forma significativa, com seu dia-a-dia, com seu bem-estar psicológico e emocional e também com as suas aprendizagens escolares.

É importante notar que estas dificuldades não podem ser devidas a outras perturbações neurodesenvolvimentais, como a perturbação do espectro autista, perturbação intelectual ou déficits sensoriais, como perda auditiva embora, pelas implicações que trazem para a vida das crianças, possam ocorrer com outras perturbações comportamentais como o déficit de atenção e hiperatividade ou emocionais, como ansiedade ou depressão.

São, por isso, crianças em que os problemas da comunicação, fala e linguagem são inesperados face ao desenvolvimento que apresentam noutras áreas de vida e as oportunidades de estimulação oferecidas pelo meio em que estão inseridas.

Trata-se curiosamente de uma das perturbações neurodesenvolvimentais mais comuns durante a infância com prevalências oscilar entre os 7 e os 10 por cento, mas do qual pouco ou nada ouvimos falar.

QUAIS SÃO AS CARACTERÍSTICAS DA PDL QUE SE PODEM OBSERVAR EM SALA DE AULA?

As crianças com perturbação de desenvolvimento de linguagem são crianças que, como referi, apresentam dificuldades significativas na aquisição e uso da linguagem. Mas dado que a linguagem é um sistema altamente complexo cujo uso implica conhecimentos e competências a diferentes níveis como, por exemplo, o conhecimento dos sons da fala e das regras de os poder combinar, a área da fonologia, a estrutura das palavras e as regras para as poder construir, a área da morfologia. As regras que permitem combinar as palavras em frases, a área da sintaxe, extrair o seu significado, a área da semântica e, ainda, as regras que regulam o uso apropriado da linguagem em contexto, a conhecida pragmática.

Crianças com perturbação desenvolvimento de linguagem podem, por isso, manifestar uma panóplia de características dependendo em larga medida das áreas de linguagem que são afetadas.

Em todo o caso, crianças com perturbação do desenvolvimento de linguagem tendem a revelar problemas linguísticos que tipicamente incluem dificuldades ao nível da produção e da percepção dos sons da fala, da combinação das palavras em contexto-frase, na compreensão de palavras e frases e contextos narrativos.

Apresentam também problemas significativos ao nível do uso apropriado da linguagem em contexto, em compreender significados não literais, da interpretação das intenções e necessidades comunicativas dos outros. Ao que se soma, frequentemente, problemas ao nível da retenção de informação verbal, ao nível da memória verbal. É por isso uma síndrome muito heterogenia, difícil de caracterizar tanto que podem existir múltiplos perfis.

Em todo caso os problemas de produção são mais fáceis de detectar do que os problemas de compreensão, que tendem por isso mesmo a ser subestimados. Quando os problemas são restritos à área da fonologia expressiva, isso associa-se habitualmente o melhor prognóstico.

A essas crianças deve ser atribuído o diagnóstico de perturbação dos sons da fala, exceto se os problemas persistirem para lá dos cinco anos de idade, como será o caso das crianças em idade escolar.

QUAIS SÃO OS SINAIS DE ALERTA DA PDL À ENTRADA PARA A ESCOLARIDADE OBRIGATÓRIA?

Todas as crianças que revelem problemas significativos de comunicação, fala e linguagem, à entrada da escolaridade, devem ser sinalizadas e intervencionados. Diria mesmo que os problemas mais simples, digamos assim, como aqueles restritos à área dos sons da fala devem ser atendidos. Porque não é suposto que crianças à entrada da escolaridade apresentem erros de produção de sons da fala como substituições ou omissões de forma frequente. Dizer pato em vez de fato, tama invés de cama, por exemplo.

Portanto, diria que nesta idade qualquer problema significativo no uso da linguagem deve constituir sinal de alerta para que os professores possam encaminhar para serviços especialidade, caso exista essa possibilidade.

Neste capítulo apresentamos uma série de comportamentos que podem de fato sinalizar problemas ao nível da linguagem que devem ser atendidos, para além, dos problemas ao nível da fonologia, problemas na descrição, por exemplo, de acontecimentos no dia a dia, em sequenciar histórias, em compreender textos.

Tudo isso deve ser sinal de alarme e não deve ser desvalorizado pelos professores.

QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS DIFICULDADES DE LEITURA E ESCRITA PRESENTES NA PDL?

A perturbação do desenvolvimento da linguagem é por definição uma perturbação da linguagem na modalidade oral. Contudo, dadas as continuidades que se estabelecem entre a linguagem oral e a linguagem escrita, a linguagem escrita surge na continuidade da linguagem oral assumindo-se como um segundo sistema de sinais.

Não é de surpreender que crianças com perturbação desenvolvimento de linguagem apresentem um risco significativamente maior, cinco a seis vezes mais, do que crianças sem PDL para apresentarem dificuldades acrescidas na aprendizagem da leitura e da escrita.

As dificuldades de leitura e escrita, muitas vezes, designadas por dislexia do desenvolvimento são também uma perturbação da linguagem e ainda que na modalidade escrita. À semelhança da perturbação do desenvolvimento de linguagem a dislexia é também uma perturbação sem causa aparente, cujo diagnóstico se realiza basicamente pela verificação dos mesmos critérios de exclusão da perturbação de desenvolvimento da linguagem e que apresenta estimativas de extraordinariamente similares às das crianças com dislexia em idade escolar, entre sete e dez por cento.

Esta sobreposição levou inclusivamente alguns autores a sugerirem que a perturbação desenvolvimento da linguagem e a dislexia deveriam ser entendidas como um continuum, como variantes de uma mesma síndrome neurodesenvolvimental e que termos como perturbação da linguagem deveria ser antes adotado para designar crianças com problemas de linguagem, independentemente da sua modalidade.

Contudo, e muito embora problemas de linguagem oral e escrita coexistam frequentemente, a verdade é que a evidência científica mais recente tem suportado a ideia de que se trata de perturbações diferentes e quando os critérios para cada uma delas elas são observados devem ser atribuídos os dois diagnósticos.

À semelhança da fala, a leitura e escrita, são atividades altamente complexas que envolvem dois processos essenciais. Os processos de decodificação, isto é, a capacidade para transformar as representações gráficas das letras na sua unidade correspondente no léxico mental usando numa etapa inicial as regras de conversão grafema-fonema, que permitem a recuperação da representação fonológica e da palavra armazenada no léxico mental ao que se segue numa fase posterior um acesso mais direto a palavra no léxico mental sem a mediação fonológica.

Envolve ainda processos de compreensão, isto é, a capacidade para utilizar a informação léxico-semântica das palavras para construir significados ao nível da frase do texto ou do discurso e que é fundamental à obtenção do conhecimento e a aprendizagem de uma forma geral.

Podemos assim dizer que as dificuldades da leitura podem emergir tanto de problemas ao nível dos processos de decodificação como ao nível dos processos de compreensão, ambos entendidos como essenciais ao desenvolvimento de uma leitura proficiente.

Problemas ao nível da decodificação tendem a ser observados em etapas mais precoces da aprendizagem da leitura e da escrita e estar mais associados a problemas de natureza fonológica, ao passo que, problemas ao nível da compreensão podem manter-se relativamente camuflados e ser apenas observados em etapas mais avançadas da escolaridade quando os textos se tornam mais complexos e exigentes do ponto de vista interpretativo.

Nesta conceitualização os problemas de leitura exibidos pelas crianças com dislexia são entendidos como decorrendo essencialmente de problemas ao nível da decodificação na ausência de problemas significativos ao nível da compreensão. O que é consistente com uma visão dominante de que o marcador da dislexia são déficits ao nível do processamento fonológico.

Dado que a maioria das crianças com perturbação do desenvolvimento de linguagem apresentam problemas de natureza lexical morfossintática e semântica, portanto, vocabulário pobre, compreensão limitada de textos, dificuldades na realização de inferências, elas tenderão a apresentar mais problemas de compreensão leitora podendo o seu desempenho, ao nível de fonológico, a manter-se relativamente intacto.

Contrariamente aquilo que acontece nas crianças com dislexia.

Quando assim é, o diagnóstico de dislexia não é normalmente atribuído. De notar, contudo, que mesmo que o diagnóstico de dislexia não seja atribuído a crianças com perturbação desenvolvimento da linguagem, isto não significa que estas não tenham problemas de leitura que podem impactar de forma muito significativa as suas aprendizagens e o sucesso escolar.

É que se as crianças entram na escola, numa primeira fase, para aprender a ler, rapidamente têm de ler para poder aprender.

E se há problemas a este nível não é difícil de antever o que isto poderá acarretar para essas crianças. Portanto, ainda que que os estudos indicam que algumas crianças com perturbação de desenvolvimento de linguagem conseguem escapar a consequência de desenvolver dislexia, quando entram na escolaridade, é importante enfatizar que elas tendem a apresentar problemas de compreensão que podem passar despercebidos, sobretudo, etapas iniciais mas que nunca deverão ser esquecidos.

Em qualquer caso é importante notar que mais de cinquenta por cento de crianças com perturbação do desenvolvimento de linguagem apresentam também os critérios para dislexia. O que é um número assustadoramente elevado. Isto sugere que se quisermos combater de forma eficaz problemas de leitura escrita e promover o processo educativo das crianças temos de começar muito antes.

QUE OUTRAS PERTURBAÇÕES PODEM SER CONFUNDIDAS COM PDL?

Como disse antes, para que seja atribuído o diagnóstico de perturbação de desenvolvimento de linguagem é necessário que outras perturbações neuro desenvolvimentais, como a perturbação do espectro autista, a perturbação intelectual e déficits sensoriais, como perda auditiva, sejam excluídos.

Embora a perturbação desenvolvimento de linguagem possa coexistir com outras perturbações comportamentais ou emocionais, como antes foi referido, e até serem muito comuns dadas as implicações que este tipo de perturbação traz para a vida destas crianças, a ideia básica é que ainda que as dificuldades de linguagem possam coexistir com outras perturbações, aliás como digo no capítulo a comorbidade entre perturbações é muito mais a regra do que exceção, nesta perturbação específica as dificuldades de linguagem devem ser primárias e não uma consequência de outras perturbações.

Se a criança tiver dificuldades significativas de linguagem, ainda que associadas a outra perturbação, como perturbação do espectro autista ou alguma condição biomédica conhecida, como por exemplo síndrome de Down, é recomendado que se atribua o diagnóstico de PDL associado, especificando essa mesma condição, por exemplo, perturbação do desenvolvimento da linguagem associada à síndrome de Down.

A preocupação aqui é que as crianças que apresentam dificuldades significativas da linguagem, ainda que elas possam decorrer de outras condições não sejam privadas de poder aceder a serviços especializados de avaliação e de intervenção que

possam minimizar os efeitos perniciosos que essas dificuldades acarretam na vida das crianças, das suas famílias e da sociedade em geral.

O QUE É QUE OS PROFESSORES PODEM FAZER PARA AJUDAR CRIANÇAS COM PDL?

Não pretendemos que os professores sejam clínicos e, portanto, sempre que possível, diria que essas crianças devem ser encaminhadas para serviços de especialidade nas áreas da terapia da fala ou da psicologia afim de serem avaliadas e que medidas de intervenção possam ser desenvolvidas, desejavelmente em articulação com os professores para que eles possam aplicar em sala de aula.

Em todo caso, no capítulo, apresentamos várias sugestões para que os professores possam, em primeiro lugar, munidos de mais conhecimentos ser capazes de identificar estas crianças em sala de aula e até de as poder avaliar usando para isso instrumentos de rastreio disponíveis, como é por exemplo caso da escala RALF, no português europeu que permite avaliar competências ao nível da compreensão auditiva, ao nível da expressão verbal-oral e também da metalinguagem.

Para o Brasil, os instrumentos de que temos conhecimento são instrumentos que são aplicados apenas por clínicos. Em todo caso, neste momento, estamos a desenvolver trabalho no sentido de produzir uma adaptação da RALF para o contexto brasileiro que pensamos que vem a ser de grande utilidade.

Porque é uma ferramenta muito, muito útil, que permite identificar de fato quais são as áreas mais deficitárias das crianças e onde a intervenção deve incidir.

Em Portugal, junto de algumas escolas, já temos tido este tipo de práticas e de fato parece ser um caminho muito, muito promissor porque permite uma avaliação muito mais sistemática e, a partir dessa mesma avaliação, os professores poderão aplicar atividades de uma forma muito mais intencional para responderem de forma mais efetiva às necessidades das crianças.

No capítulo são sugeridas algumas atividades que visam precisamente estimular competências linguísticas, nos diferentes domínios da linguagem, e que podem ser usadas em função das necessidades mais ou menos específicas a nível fonético-fonológico, léxico-semântico e até pragmático.

Trata-se de atividades simples e fáceis de implementar em contexto de sala de aula e que foram propostas pelas coautoras deste Capítulo, Marisa Lousada e Margarida Ramalho, que tem ampla experiência de intervenção neste tipo de situações.

QUE PERGUNTAS SUGERE PARA A REFLEXÃO? E QUAL É A PRINCIPAL MENSAGEM DO CAPÍTULO?

Penso que a principal mensagem deste capítulo é mesmo a de alertar os profissionais que trabalham diretamente com essas crianças, em especial os professores, que estas crianças existem, que frequentam as nossas salas de aula e que as suas necessidades não deverão ser desvalorizadas.

É que a sociedade em geral tende a ser muito condescendente com este tipo de dificuldades no pressuposto de que as trajetórias da aquisição são muito variadas, o que não deixa de ser verdade, mas há limites. E que o desenvolvimento se encarregará de corrigir tudo.

Afinal, o Einstein só começou a falar aos 5 anos. Essa é uma crença muita enraizada, não só na sociedade em geral, mas também entre as várias classes de profissionais que trabalham diretamente com as crianças, como médicos, enfermeiros, educadores e até psicólogos. Mas que deve ser combatida.

Sabemos hoje que os primeiros anos de vida são momentos-chave para que determinadas mudanças ocorram dado criarem as condições essenciais para que as aprendizagens e o desenvolvimento decorram da forma mais apropriada.

Não quero com isto defender uma perspectiva catastrofista, porque sabemos também que a neuroplasticidade é muito maior do que inicialmente antecipávamos. Mas não deixa também de ser verdade que quanto mais cedo na vida estas crianças forem finalizadas e intervencionadas, mais facilmente estas modificações poderão ser instaladas sem o custo que uma intervenção mais tardia, tipicamente acarreta não só do ponto de vista da eficácia da intervenção, mas sobretudo também do bem-estar da própria criança.

Esta iniciativa junta-se assim ou outras, lançadas por outros investigadores como Dorothy Bishop, da Universidade de Oxford, que lançou uma campanha em Inglaterra, precisamente para chamar a atenção para estas crianças e que nós, com este contributo neste capítulo, também procuramos dar um contributo a esse nível.

É que, apesar do seu elevado número, não podemos esquecer que duas a três crianças, em cada turma, apresentam esta perturbação e das implicações que estas dificuldades, quando não tratadas, acarretam para a criança, para as suas famílias e para a sociedade em geral.

As crianças com esta perturbação são tipicamente negligenciadas, tanto do ponto de vista da investigação, como do discurso político, e Portugal e o Brasil não são seguramente exceção.

Para terem uma ideia do que acontece do ponto de vista científico pensem, por exemplo, que a perturbação de desenvolvimento de linguagem e a dislexia são comparáveis, em termos de prevalência e severidade, ao déficit de atenção e a hiperatividade, mas o índice de publicação é 16 vezes menor do que o déficit de atenção por hiperatividade e quatro vezes menor do que no caso da dislexia.

Muitos fatores concorrem para isso. No capítulo 21, abordamos alguns deles como, por exemplo, as questões da própria terminologia, que é muito variada e que dificulta o diálogo entre os vários profissionais.

Do ponto de vista científico, nós estamos comprometidos com esta campanha temos um projeto de investigação financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia que procura precisamente estudar estas crianças e encontrar marcadores neurobiológicos, que permitam a detecção precoce estas crianças e uma intervenção atentada.

Queremos que um outro eixo fundamental de atuação é mobilizar a sociedade e, em particular, os professores que trabalham com estas crianças, para que esta problemática não seja esquecida e para que possam de fato sinalizar, avaliar e desenvolver respostas que respondam de forma mais apropriada estas crianças e promovam o seu sucesso escolar e acadêmico.