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quinta-feira, 31 de março de 2016

Finlândia não é mais modelo em educação

Modelo de educação da Finlândia em queda. O professor, no método denominado "phenomenon learning", não tem mais controle do processo de aprendizagem, agora nas mãos dos alunos.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

No ano 2000 a Finlândia obteve o primeiro lugar no PISA - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - e tornou-se referência mundial em educação. O modelo finlandês, na época, aplicava exames obrigatórios, mantinha supervisores em salas de aula e impunha um programa rígido na formação de professores. Era mais tradicional e sem invencionices pedagógicas.

Porém, após alguns anos criando fórmulas mágicas, a educação do país passou para o desconfortável 12º em matemática nos exames realizados entre estudantes na faixa de 15 anos, em todo mundo. As novas teorias pedagógicas são de concessão total de liberdade aos estudantes que decidem o que querem aprender. O professor, no método denominado "phenomenon learning", não tem mais controle do processo de aprendizagem, agora nas mãos dos alunos. Os defensores do método apostam que os estudantes devem ter papel ativo no planejamento, pesquisa e avaliação do processo. Simplesmente a nova política quer abolir as disciplinas - matemática e geografia, por exemplo - do currículo escolar.

Para justificar a queda alguns "especialistas" criticam os métodos utilizados do PISA. Mas a maioria afirma que os critérios são apenas para avaliar o conhecimento e nada mais. Yong Zhao, professor americano de origem chinesa, por exemplo, não consegue explicar porque Cingapura, Coreia do Sul, Macau, Xangai e Japão - que usam métodos tradicionais na educação - são os melhores no PISA e na economia mundial. O diretor de pesquisas do Centro para Estudos de Mercado de Educação, com sede em Londres, Gabriel Heller Sahlgren, diz que o sistema finlandês está em declínio, segundo publicação recente da BBC. Para ele "o êxito da Finlândia em anos anteriores não foi um produto do sistema atual, mas um legado da centralização educacional implantada quase quatro décadas atrás."

Tim Oates, do centro de preparação e avaliação de exames Cambridge Assessment, da Universidade de Cambridge, adverte, assim como Sahlgren, que os bons resultados alcançados na Finlândia em 2000 são produto não da autonomia com que geralmente é associado o sistema finlandês, mas às reformas implementadas nos anos 70 e 80.

A aposta dos "doutores em educação" brasileiros é seguir o modelo finlandês que prioriza a formação de professores e a exigência de mestrado. Mas os conflitos são imensos: as salas de aula na Finlândia tem, no máximo, 10 a 15 alunos. No Brasil, 35. O salário anual de um professor de ensino médio lá chega a US$ 29.000 (R$ 8.900,00 por mês) por 20 horas semanais. No Brasil, R$ 1.449,00.

O sistema de Cingapura tem foco em conteúdo mas busca formar pessoas capazes de trabalhar em equipe, comprometidas e íntegras.

O Brasil, no PISA, ocupa as últimas posições, como o México. Ambos usam como método e metodologia de alfabetização as teorias de Jean Piaget condenadas pela ciência. A cada três anos o PISA avalia estudantes na faixa dos 15 anos de idade em mais de 73 países. Até 2012 eram 65.

(Fonte BBC)
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sábado, 19 de dezembro de 2015

Educação na Finlândia despenca: de primeiro para 12º no Pisa

Método phenomenon learning: estudantes decidem o que aprender

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Por volta do ano de 2000 a Finlândia atingiu seu ápice na educação e passou a ocupar a disputada posição de primeiro lugar no PISA, um programa internacional de avaliação de estudantes mantido pela Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico. A cada três anos o PISA avalia estudantes na faixa dos 15 anos de idade em mais de 73 países. Até 2012 eram 65.

O modelo finlandês, na época, aplicava exames obrigatórios, mantinha supervisores em salas de aula e impunha um programa rígido na formação de professores. Mais tradicional e sem invencionices pedagógicas, a educação finlandesa tornou-se referência mundial.

Mas o processo começou a ser prostituído com ideias formatadas nos mofados ambientes acadêmicos onde prevalecem teorias pedagógicas de concessão total de liberdade aos estudantes que decidem o que querem aprender. O professor, no método denominado "phenomenon learning", não tem mais controle do processo de aprendizagem, agora nas mãos dos alunos. Os defensores do método apostam que os estudantes devem ter papel ativo no planejamento, pesquisa e avaliação do processo.

Sala tradicional em escola da Finlândia

Para Marjo Kyllonen, um tipo de secretário da educação de Helsinque, "o método tradicional que divide matérias diferentes não está preparando as crianças para o futuro". Segundo ele "as crianças, no futuro, precisarão de uma capacidade de pensamento transdisciplinar, olhar os mesmos problemas a partir de perspectivas diferentes e usando ferramentas diferentes". Na verdade os professores perderam o controle sobre seus cursos e concedeu-se liberdade para que os estudantes "digam o que querem aprender".

A implantação do "phenomenon learning" já tem 3 anos mas as ideias vem sendo implantadas, de verdade, faz uma década. Neste período a Finlândia caiu na avaliação do PISA.

Estudantes criticam o método, embora considerem diferente e divertido. "Espero que isso não dure o ano inteiro porque o método tradicional cumpre bem sua função" - disse um aluno de Hensinque.

Depois da introdução de novos processos na educação do país (fim da avaliação, por exemplo) a Finlândia despencou na avaliação internacional: de primeiro  lugar em 2000, despencou para o 12º (matemática) em 2013.

PISA 2012
Desempenho dos países em matemática


1. Xangai (China) 613 pontos
2. Cingapura 573 pontos
3. Hong Kong (China) 561 pontos
4. República da China 560 pontos
5. Coreia 554 pontos
6. Macau (China) 538 pontos
7. Japão 536 pontos
8. Liechtenstein 535 pontos
9. Suíça 531 pontos
10. Holanda 523 pontos
11. Estônia 521 pontos
12. Finlândia 519 pontos

13. Polônia 518 pontos
14. Canadá 518 pontos
15. Bélgica 515 pontos
16. Alemanha 514 pontos
17. Vietnã 511 pontos
18. Áustria 506 pontos
19. Austrália 504 pontos
20. Irlanda 501 pontos

(O Brasil classificou-se em 58º lugar, entre 65 países avaliados em matemática)

PISA 2012
Desempenho dos estudantes em leitura

1. Xangai(China)  570 pontos
2. Hong Kong (China) 545 pontos
3. Cingapura   542 pontos
4. Japão   538 pontos
5. Coreia   536 pontos
6. Finlândia   524 pontos
7. Canadá   523 pontos
8. República da China  523 pontos
9. Irlanda   523 pontos
10. Polônia   518 pontos
11. Estônia   516 pontos
12. Liechtenstein  516 pontos
13. Austrália   512 pontos
14. Nova Zelândia  512 pontos
15. Holanda    511 pontos
16. Macau (China)  509 pontos
17. Suíça    509 pontos
18. Bélgica   509 pontos
19. Vietnã   508 pontos
20. Alemanha   508 pontos

(O Brasil classificou-se em 55º lugar, entre 65 países avaliados em leitura)

PISA 2012
Desempenho dos alunos em ciências

1. Xangai (China) 580 pontos
2. Hong Kong (China) 555 pontos
3. Cingapura   551 pontos
4. Japão   547 pontos
5. Finlândia   545 pontos
6. Estônia   541 pontos
7. Coreia    538 pontos
8. Vietnã   528 pontos
9. Polônia   526 pontos
10. Liechtenstein  525 pontos
11. Canadá   525 pontos
12. Alemanha   524 pontos
13. República da China 523 pontos
14. Holanda   522 pontos
15. Irlanda   522 pontos
16. Macau (China)  521 pontos
17. Austrália   521 pontos
18. Nova Zelândia   516 pontos
19. Suíça    515 pontos
20. Eslovênia    514 pontos

(O Brasil classificou-se em 59º lugar, entre 65 países avaliados em ciências)

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Brasil cai para 60º em educação

Asiáticos lideram os 76 países que formam a relação da OCDE

Florência Costa

Países da Ásia estão no topo de um ranking global de educação em matemática e ciências divulgado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com Cingapura em primeiro, Hong Kong (região administrativa da China) em segundo, Coreia do Sul em terceiro, e Japão e Taiwan empatados em quarto lugar. Em um dos mais completos rankings mundiais de qualidade de educação, a OCDE mostra a relação entre educação e crescimento econômico.

A organização analisou 76 países ricos e pobres. Isso representa o total de um terço das nações do mundo. O Brasil figura em um distante 60º lugar, próximo das nações africanas. A última colocação coube à Gana, na África.

Reino Unido, que ficou na 20ª posição, a França (23º), a Itália (27º), e os EUA, maior economia do planeta, que amargou o 28º lugar. O Brasil, 60º . 

Os asiáticos, que começaram a investir pesado em educação na década de 90, deixaram países industrializados ocidentais para trás, como o Reino Unido, que ficou na 20ª posição, a França (23º), a Itália (27º), e os EUA, maior economia do planeta, que amargou o 28º lugar, atrás de países mais pobres como o Vietnã, em uma impressionante 12ª colocação. O ranking foi estabelecido com base em resultados de testes de matemática e ciências aplicados nesses países. Foram considerados os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa, na sigla em inglês), o TIMSS (dos EUA), e o TERCE, da América Latina.

A China e a Índia não estão na lista porque se recusam a participar da aferição da OCDE. Entre os países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul)analisados, a Rússia está aparece melhor, em 34ª posição. A África do Sul está pior do que o Brasil, em 76º lugar. Imediatamente à frente do Brasil estão a Geórgia (59º), o Líbano (58º) e Barein (57º).

Boa educação melhoraria PIB brasileiro  

A OCDE calcula que o PIB do Brasil poderá crescer mais de sete vezes nas próximas décadas se o país oferecer educação básica universal de qualidade para todos os adolescentes de 15 anos, informou a BBC Brasil. “Políticas e práticas educativas deficientes deixam muitos países em um permanente estado de recessão econômica”,afirma o relatório da OCDE.Na América Latina, o país que se saiu melhor foi a Costa Rica, em 53º lugar, seguido do México, em 54ª colocação, e do Uruguai, em 55ª posição. Mas a Argentina está atrás do Brasil, em 62º lugar. Outros países da região que estão na lanterninha do ranking são Colômbia (67º), Peru (71º) e Honduras(74º).

Queda da Finlândia e declínio da Suécia

O primeiro país não asiático a aparecer na lista é a Finlândia, em sexto lugar, seguida da Estônia (7º), Suíça (8º), Holanda(9º), e Canadá (10º). O relatório da organização ressalta também o declínio da Suécia, em 35º lugar, imediatamente atrás da Rússia. A OCDE já havia advertido, em um relatório divulgado na semana passada, que o país nórdico sofre de uma série de problemas em seus sistema educacional.

Segundo o diretor de educação da organização, Andreas Schleicher, a ideia é permitir aos países, ricos e pobres que comparem seu desempenho com as nações líderes em educação, “para descobrirem suas forças e fraquezas relativas, e para perceberam os ganhos econômicos de longo prazo que terão com a melhoria da educação”.

O novo ranking é diferente do mais conhecido Pisa, também da OCDE, a referência internacional mais usada para avaliar a educação, e que até agora focava principalmente nos países industrializados mais ricos.“Esta é a primeira vez que temos verdadeiramente uma escala global sobre a qualidade da educação”, disse Schleicher.

“Se você assistir uma aula em uma escola asiática, vai perceber que os professores esperam que cada um de seus alunos tenha sucesso. Há muito rigor, muito foco e coerência”.

Se os cinco primeiro lugares estão na Ásia, os cinco piores resultados estão na África, América Latina e Oriente Médio. O sucesso da Ásia na educação, diz Schleicher, se explica não somente pela prioridade dada pelos governos à educação, embora este seja o principal fator. Mas a cultura que valoriza o conhecimento e a obtenção do sucesso também tem forte influência. “Se você assistir uma aula em uma escola asiática, vai perceber que os professores esperam que cada um de seus alunos tenha sucesso. Há muito rigor, muito foco e coerência”, conta ele.
 
Cingapura tinha altos índices de analfabetismo na década de 60.

Cingapura, a estrela do ranking, tinha altos índices de analfabetismo nos anos 60. A cidade-Estado, de 5,5 milhões de habitantes,já registrou altos níveis de analfabetismo na década de 60. Seu desempenho excelente é citado como um exemplo da evolução educacional em uma sociedade em um período de tempo relativamente curto. Ex-colônia britânica, o país asiático se tornou independente somente em 1965.

Os resultados desta pesquisa serão formalmente apresentados no Fórum Mundial de Educação, que será realizado na Coreia do Sul, na próxima semana, quando as Nações Unidas vão encabeçar uma conferência sobre os alvos para a evolução da educação global até 2030.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Números do PISA derrubam mitos na educação

Exame internacional desfaz 7 mitos sobre eficiência da educação.


Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza | Atualizado em 05.03.2020

Andreas Schleicher é um físico, matemático e estatístico alemão nascido em 1964 e grande pesquisador na área da educação. É ele o criador e atual responsável pela aplicação do PISA, sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes de responsabilidade da OCDE, sigla para Organização para Cooperação ao Desenvolvimento Econômico.

O PISA avalia estudantes na faixa de 15 anos, de todo mundo, a cada 3 anos. O objetivo é avaliar os sistemas educacionais de pelo menos 65 países com provas de leitura, matemática e ciências. No teste de 2012 participaram mais de 500 mil estudantes, inclusive o Brasil que classificou-se em 58º lugar em leitura, 55º em matemática e 59º em ciências. Shangai, Cingapura e Hong Kong foram os primeiros colocados.

Baseado nos números obtidos na avaliação, Andreas Schleicher destrói alguns mitos, ainda arraigados entre educadores brasileiros e usados para justificar o atraso escolar dos alunos. A matéria foi publicada pela BBC Brasil.

Andreas Schleicher, criador do projeto e ainda
seu coordenador
BBC BRASIL  8 DE ABRIL DE 2015

Mito 1. Alunos pobres estão destinados a fracassar na escola

Em salas de aula de todo o mundo, professores lutam para impedir que alunos mais pobres fiquem em desvantagem também no aprendizado. No entanto, resultados do Pisa mostram que 10% dos estudantes de 15 anos de idade mais pobres em Shangai, na China, sabem mais matemática do que os 10% dos estudantes mais privilegiados dos Estados Unidos e de vários países europeus.

Crianças de níveis sociais similares podem ter desempenhos muito diferentes, dependendo da escola que frequentam ou do país onde vivem. Sistemas de educação em que estudantes mais pobres são bem sucedidos tem capacidade para moderar a desigualdade social. Eles tendem a atrair os professores mais talentosos para as salas de aula mais difíceis e os diretores mais capazes para as escolas mais pobres, desafiando os estudantes com padrões altos e um ensino excelente.

Alguns americanos criticam comparações educacionais internacionais, argumentando que elas têm um valor limitado porque os Estados Unidos têm divisões sócio econômicas muito particulares.

Estudantes em escolas mais simples em Xangai
costumam se sair melhores que estudantes ricos
dos Estados Unidos
Mas os Estados Unidos são mais ricos do que a maioria dos outros países e gastam mais dinheiro com educação do que a maioria. Pais e mães americanos têm melhor nível educacional do que a maioria dos pais e mães em outros países e a proporção de estudantes de nível sócio econômico baixo nos EUA está perto da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE).

O que as comparações revelam é que as desvantagens sócio econômicas têm impacto particularmente forte sobre o desempenho de estudantes nos Estados Unidos. Em outras palavras, nos Estados Unidos, dois alunos de níveis sócio econômicos diferentes variam muito mais em seu aprendizado do que se observa em outros países que integram a OCDE.

Mito 2. Países onde há muitos imigrantes têm pior desempenho

Integrar estudantes imigrantes, ou descendentes de imigrantes, pode ser um desafio. No entanto, resultados dos exames Pisa mostram que não há relação entre a porcentagem de estudantes imigrantes - ou descendentes de imigrantes – em um dado país e o desempenho dos estudantes daquele país nos exames.

Estudantes com históricos de imigração e níveis sociais similares apresentam desempenhos variados em países diferentes, o que sugere que as escolas onde os alunos estudam fazem muito mais diferença do que os lugares de onde os alunos vêm.

Mito 3. É tudo uma questão de dinheiro

A Coreia do Sul - país com melhor desempenho (em termos individuais) em matemática na OCDE - gasta, por estudante, bem menos do que a média. O mundo não está mais
dividido entre países ricos e bem educados e países pobres e mal educados. O sucesso em sistemas educacionais não depende mais de quanto dinheiro é gasto e, sim, de como o dinheiro é gasto.

Estudantes eslovacos apresentam uma média de
desempenho similar à de um estudante americano,
apesar de os EUA gastarem mais que o
dobro por estudante.
Se quiserem competir em uma economia global cada vez mais focada no conhecimento, os países precisam investir em melhorias na educação. Porém, entre os integrantes da OCDE, gastos com educação por estudante explicam menos de 20% da variação no desempenho dos alunos.

Por exemplo, aos 15 anos de idade, estudantes eslovacos apresentam uma média de desempenho similar à de um estudante americano da mesma idade. No entanto, a Eslováquia gasta cerca de US$ 53.000 para educar cada estudante dos 6 aos 15 anos de idade, enquanto os Estados Unidos gastam mais de US$ 115.000 por estudante. 

Mito 4. Salas de aula menores elevam o nível

Por toda parte, professores, pais e autoridades responsáveis por políticas educacionais apontam salas de aula pequenas, com poucos alunos, como essenciais para uma educação melhor e mais personalizada. Reduções no tamanho da classe foram a principal razão para os aumentos significativos nos gastos por estudante verificados na maioria dos países ao longo da última década.

Apesar disso, os resultados do Pisa mostram que não há relação entre o tamanho da classe e o aprendizado, seja internamente, em cada país, ou se compararmos os vários países.

E o que é mais interessante: os sistemas educacionais com melhor desempenho no Pisa tendem a dar mais prioridade à qualidade dos professores do que ao tamanho da classe. Sempre que têm de escolher entre uma sala menor e um professor melhor, escolhem a segunda opção. Por exemplo, em vez de gastarem dinheiro com classes pequenas, eles investem em salários mais competitivos para os professores, desenvolvimento profissional constante e cargas horárias equilibradas.

Sistema educacional americano tem altos custos mas com resultados mistos

Mito 5. Sistemas únicos de educação são mais justos, sistemas seletivos oferecem resultados melhores

Parece haver um consenso, entre educadores, de que sistemas educacionais não seletivos, que oferecem um mesmo programa de ensino para todos os estudantes, são a opção mais justa e igualitária. E que sistemas onde alunos aparentemente mais inteligentes são selecionados para frequentar escolas com programas diferenciados oferecem melhor qualidade e excelência de resultados. No entanto, comparações internacionais mostram que não há incompatibilidade entre qualidade do aprendizado e igualdade. Os sistemas educacionais que apresentam melhores resultados combinam os dois modelos. Nenhum dos países com alto índice de estratificação está no grupo de sistemas educacionais com os melhores resultados - ou entre os sistemas com a maior proporção de estudantes com o melhor desempenho.

Mito 6. O mundo digital requer novas matérias e um currículo novo

Globalização e mudanças tecnológicas estão tendo um grande impacto sobre os conteúdos que estudantes precisam aprender. Num mundo onde somos capazes de acessar tantos conteúdos no Google, onde habilidades rotineiras estão sendo digitalizadas ou terceirizadas e onde atividades profissionais mudam constantemente, o foco deve estar em permitir que as pessoas tornem-se aprendizes para a vida toda, para que possam lidar com formas complexas de pensar e trabalhar.

Resumindo, o mundo moderno não nos recompensa mais apenas pelo que sabemos, mas pelo que podemos fazer com o que sabemos. Como resposta, muitos países estão expandindo currículos escolares para incluir novas matérias. A tendência mais recente, reforçada pela crise financeira, foi ensinar finanças aos estudantes.

Porém, os resultados do Pisa mostram que não há relação entre o grau de educação financeira e a competência dos estudantes no assunto. Na verdade, alguns dos sistemas de educação em que os estudantes tiveram o melhor desempenho nas provas do Pisa que avaliaram competência em finanças não ensinam finanças - mas investem pesado no desenvolvimento de habilidades matemáticas profundas.

De maneira geral, nos sistemas educacionais de melhor desempenho, o currículo não é amplo e raso. Ele tende a ser rigoroso, com poucas matérias que são bem ensinadas e com grande profundidade.

Mito 7. O segredo do sucesso é o talento inato

Livros de psicólogos especializados em educação tendem a reforçar a crença de que o desempenho de um aluno brilhante resulta de inteligência inata, e não do trabalho duro. Os resultados do Pisa questionam também este mito.

Escola em Sichuan, na China, mostra que não há incompatibilidade entre resultados bons e acesso justo

Às vezes, professores se sentem culpados por pressionar estudantes tidos como menos capazes, acham injusto fazer isso com o aluno. O mais provável é que tentem fazer com que cada estudante atinja a média de desempenho dos alunos em sua classe. Na Finlândia, em Cingapura ou Xangai, por outro lado, o objetivo do professor é que alunos alcancem padrões altos em termos universais.

Uma comparação entre as notas escolares e o desempenho de estudantes no Pisa também indica que, frequentemente, professores esperam menos de alunos de nível sócio econômico mais baixo. E pode ser que os próprios alunos e seus pais também esperem menos. A não ser que aceitem que todas as crianças podem alcançar os níveis mais altos de desempenho, é pouco provável que os sistemas educacionais (com resultados piores) possam se equiparar aos dos países com índices de aprendizado mais altos.

Na Finlândia, Japão, Cingapura, Shangai e Hong Kong, estudantes, pais, professores e o público em geral tendem a compartilhar a crença de que todos os estudantes são capazes de alcançar níveis altos. Um dos padrões mais interessantes observados entre alguns dos países com melhor desempenho foi o abandono gradual de sistemas nos quais estudantes eram separados em diferentes tipos de escolas secundárias.

Esses países não fizeram essa transição calculando a média de desempenho (entre todos os grupos) e usando essa média como o novo padrão a ser almejado. Em vez disso, eles colocaram a nova meta lá em cima, exigindo que todos os estudantes alcançassem o nível que antes era esperado apenas dos estudantes de elite.

Nota do autor: São muitos os exemplos de alunos brasileiros pobres em regiões com IDH baixo e com índices altos, como mais de 80 escolas do Ceará (que usam método fônico) entre as 100 melhores notas nacionais do  IDEB. Escolas localizadas em regiões de pobreza e violência e com índices de IDEB elevados - como Teresina que chegou em primeiro entre todas as capitais do país em 2017 - são evidências que a maioria dos governantes ignoram e os "doutores em educação" escondem. Sobral com 9,1 pontos é a cidade campeã no IDEB anos iniciais do ensino básico, entre todas as escolas do país. E, nos anos finais, a nota de Sobral foi, em 2017, de 7,2 quando a nota média do Brasil, neste segmento, é 4,4 pontos, apenas.

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sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Método usado no Brasil não alfabetiza

A afirmação é do professor emérito da Universidade Livre de Bruxelas, José Morais que estuda a psicologia cognitiva associada à educação.


Por Leonardo Vieira, O Globo
21/07/2014 6:00 / ATUALIZADO 21/07/2014 11:22

Doutor em desenvolvimento da cognição e psicolinguística, o português José Morais defende o envolvimento da neurociência na alfabetização para reformar os pensamentos pedagógicos. Em agosto ele virá ao Brasil para VII Seminário Internacional, promovido pelo Instituto Alfa e Beto (IAB), em Belo Horizonte. Na mesma cidade, ele também participará do II Forum Mundial de Dislexia.

Que contribuição a psicologia cognitiva pode dar à pedagogia?

A psicologia cognitiva examina os processos mentais em uma grande variedade de situações, incluindo as de aprendizagem. A pedagogia será, portanto, mais bem fundamentada se levar em conta o que a psicologia cognitiva nos mostra sobre a percepção, a atenção, a memória, a imaginação, o pensamento, e sobre o desenvolvimento de todas estas capacidades. E até sobre as relações entre a cognição e a motivação, por um lado; e as emoções e os afetos, por outro lado.

E no caso da alfabetização?

A psicologia cognitiva nos mostra, entre muitas outras descobertas, que a leitura de textos não é uma elaboração contínua de hipóteses sobre as palavras do texto, mas sim, um processo automático, não intencional e muito complexo de processamento das letras e das unidades da estrutura fono-ortográfica de cada palavra, que conduz ao seu reconhecimento ou à sua identificação.

Como é a relação entre a atividade cerebral e a leitura?

A leitura visual não se faz nos olhos, mas no cérebro — a retina, embriologicamente, faz parte do cérebro. Não há leitura sem uma atividade cerebral que mobiliza vastas regiões do cérebro e, em primeiro lugar, a chamada Área da Forma Visual das Palavras. Ela se situa no hemisfério esquerdo do cérebro e não é ativada por palavras escritas nos indivíduos analfabetos. Nos alfabetizados ela é ativada fortemente, e o seu grau de ativação aumenta à medida que a criança aprende a ler. No leitor competente, a leitura de um texto baseia-se no reconhecimento ou na identificação das palavras escritas sucessivamente. À medida que elas são processadas, essa informação é enviada para outras áreas cerebrais que se ocupam do processamento da língua, independentemente da modalidade perceptiva (em particular, o processamento semântico e sintáxico), assim como da codificação da informação na memória de trabalho verbal e do acesso à memória a longo prazo. Tudo isso permite a compreensão do texto e a sua interpretação e avaliação.

Considerando essas atividades cerebrais, existe uma idade ideal para alfabetização? Qual seria?

Hoje sabemos que a plasticidade cerebral é muito maior e mais longeva do que imaginávamos há 30 anos, variando segundo o tipo de aquisição. Cognitivamente, as crianças podem aprender a ler aos 5, 6, 7 anos, sem que a diferença de idade se reflita mais tarde em diferenças de habilidade de leitura. Há crianças que aprendem a ler antes dos 5 anos, mas generalizar isso não parece desejável, porque para o desenvolvimento global da criança, é indispensável que ela passe muito tempo brincando e se relacionando com os outros.

Mas é correto fixar uma idade padrão para alfabetizar?

É uma obrigação social e moral que o Estado fixe a idade de início da alfabetização. Se as crianças da elite aprendem aos 5 ou 6 anos na família ou em colégios particulares, não está certo que as do povo só sejam alfabetizadas (capazes de ler com compreensão e de escrever) aos 8 anos. Está se desviando a atenção daquilo que realmente é importante: a política certa, política de reprodução de privilégios ou política pública realmente democrática.

Suas pesquisas ressaltam a importância dos sons atrelados à palavra escrita e clamam para que a alfabetização tenha mais exercícios fonéticos. Como eles devem ser?

De modo geral, devem ser atividades que conduzam a criança a compreender o princípio alfabético, isto é, o que as letras (mais exatamente os grafemas, o que inclui dígrafos como “ch”) representam. Não sons da fala, mas sim as unidades elementares que os linguistas chamam de fonemas e das quais a criança não toma consciência espontaneamente pelo simples fato de ser exposta a material escrito.

Qual a importância do ditado e da leitura em voz alta nesse contexto?

O ditado e a leitura em voz alta só intervém, obviamente, quando o aluno já entendeu o principio alfabético e já adquiriu o conhecimento de um número suficiente de relações fonema-grafema e grafema-fonema. Ambos são muito importantes para assegurar o sucesso da alfabetização. Através do ditado, aluno e professor podem ir avaliando o conhecimento da ortografia, e, através da leitura em voz alta, eles não só vão avaliando a precisão da leitura como o aluno vai ganhando fluência, rapidez na leitura, que é essencial para a automatização do reconhecimento das palavras escritas e para deixar os seus recursos cognitivos (de atenção, de associação, de memória) para a compreensão do texto.

Os exercícios fonéticos podem ser aplicados ainda na pré-escola?

Na pré-escola é importante verificar a qualidade fonética da fala da criança e também solicitar dela a tomada de consciência de relações como a da rima (mão – pão) ou de partilha de sílaba (va- em vaca e vala) e de fonema (fazer com que a criança se aperceba de que há algo comum no início de porta, pato, pilha, pele, punho). Tudo isso são passos sucessivos que preparam a criança para a sua alfabetização.

É possível aprender a ler de forma natural como aprender a falar, como prega a teoria construtivista?

Se fosse possível aprender a ler de forma natural, como se aprende a falar, não haveria falantes analfabetos, não haveria necessidade de escolas para alfabetizar, não haveria toda esta bagunça a propósito da alfabetização. Claro que se baseia em algo de natural: a linguagem, uma capacidade que resulta da nossa evolução biológica enquanto espécie. Os sistemas de escrita, inventados por civilizações antigas para representar a linguagem (e também, inicialmente, objetos e ideias), são realizações culturais que vão muito além da nossa evolução biológica e que, para serem reproduzidas de geração em geração, exigem intencionalidade, instituições, dispositivos, ensino.

O método de alfabetização proposto pelo Ministério da Educação do Brasil hoje se enquadra em qual teoria? Como o senhor avalia a alfabetização brasileira?

Infelizmente, baseia-se na crença construtivista — chamo de crença porque contraria o conhecimento científico atual. No Pisa (programa internacional de avaliação de estudantes, na sigla em inglês), não houve variação significativa entre a primeira versão, de 2000, e a última, de 2012. O Brasil está muito abaixo da média dos países e quase 80 pontos abaixo de Portugal, que tem a mesma língua, o mesmo código ortográfico, e as diferenças de dialeto deveriam até ser mais favoráveis à alfabetização no Brasil. Só 1 em mil adolescentes brasileiros lê no nível mais alto de desempenho estabelecido pelo Pisa. A taxa de analfabetismo continua demasiado alta e, sobretudo, quase metade da população não lê de maneira competente. O Ministério da Educação não pode continuar a manter uma proposta de alfabetização que não alfabetiza.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Santa Catarina tem a melhor educação do Brasil. São Paulo fica em 5º lugar.

Por Estados, só 4 redes públicas conseguem superar média; Brasil ficou em 57º lugar entre 65 países na avaliação internacional. São Paulo tem educação abaixo da média do País segundo dados do Pisa

30 de dezembro de 2013
Paulo Saldaña - O Estado de S.Paulo
 
Apenas quatro redes de ensino estaduais brasileiras têm resultados superiores à média geral do Brasil, de acordo com dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês) de 2012. A rede de São Paulo, o Estado mais rico do País, fica abaixo do Brasil na média das áreas avaliadas.

Os dados desagregados pelas redes de cada Estado são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), que trabalha com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) na realização do Pisa. A OCDE realiza a avaliação nos 34 países considerados de primeiro mundo e em outros convidados, como o Brasil.

Nesta última edição, o País ocupou 57.º lugar entre os 65 países participantes. O Brasil está entre os que mais cresceram em pontuação desde 2000, quando a prova foi criada, mas ainda não conseguiu sair das últimas posições. O índice geral leva em consideração as redes particular e pública. Quando separadas apenas as redes estaduais (que concentram 85% das matrículas do ensino médio, fase em que está a maioria dos alunos avaliados no Pisa), o cenário é mais preocupante.

Até a rede estadual mais bem colocada no Pisa, a de Santa Catarina, com 422 pontos, ainda fica a 75 pontos de distância da média dos países ricos. A pontuação equivale a quase dois anos de aprendizado.

São Paulo. A rede estadual de São Paulo é a quinta melhor rede estadual do País, mas está um ponto abaixo da média geral do País. Apenas na área de Matemática o resultado paulista é superior à média do Brasil.

Se São Paulo fosse um país, estaria na 58.ª posição, abaixo de Brasil, Uruguai e Chile e acima somente de oito países, incluindo Jordânia, Argentina, Colômbia e Peru.

A Secretaria de Educação do Estado tem como objetivo (em seu programa Educação - Compromisso de São Paulo, lançado pela atual gestão) que a educação paulista figure entre as mais avançadas do mundo até 2030, com base nos dados do Pisa. O plano é que São Paulo chegue à 25.ª posição. Se levar em consideração também a rede particular, São Paulo subiria para 54.º, com média de 415 pontos.

Para a professora Maria Izabel Noronha, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), os resultados mostram uma falta de continuidade na política educacional nos últimos 20 anos. "São Paulo tem tomado medidas muito pontuais na educação, responde a questões emergenciais. Falta um plano estadual de educação, um projeto articulado", diz Maria Izabel.

A consultora em educação Ilona Becskeházy concorda que o sistema educacional ainda é deficiente em São Paulo, mas ressalta que a amostra do Pisa para a rede estadual pode, na comparação, esconder alguns aspectos positivos. "São Paulo é a rede que tem mais gente dentro da escola e mais gente no ensino médio. Fica difícil penalizar."

Análise. A Secretaria afirmou, em nota, que a análise do Pisa 2012 é feita pela Coordenadoria de Informação e Monitoramento e Avaliação (Cima). "As escolas estaduais de São Paulo são caracterizadas pelo atendimento universal, inclusivo, e que respeita a diversidade da maior rede de ensino do País, com 4,3 milhões de alunos."

A pasta refutou a comparação da rede estadual com a média geral do País, afirmando que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do governo federal, aponta evolução no desempenho dos alunos de São Paulo. No Ideb de 2011, o ensino médio de São Paulo teve melhora, mas os dois ciclos do ensino fundamental ficaram estagnados, com o mesmo resultado no índice de 2009.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Hábito de leitura entre os brasileiros é uma vergonha

Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Agora a pouco notei que o prédio da Secretaria da Cultura de Marília, na avenida Sampaio Vidal, onde se localiza também uma biblioteca municipal, está pichada. Trata-se de uma reivindicação: biblioteca na periferia, diz a inscrição.

Aparentemente o pedido parece lógico. Afinal, o conhecimento se conquista assim, com leituras.

Mas, sabendo-se que a maioria das escolas da cidade dispõe de salas de leitura (inclusive com orientadoras, vasto número de títulos e atualíssimos) abertas aos alunos e à comunidade e que a frequência é mínima - principalmente a externa - a conclusão é que a reivindicação não tem tanta procedência.

BRASIL EM 27ª LUGAR EM LEITURA

Conheci uma, dentro de uma escola do fundamental e médio, em Marília e soube que apesar da oferta de tantos títulos, a sala é pouco visitada pela comunidade. O índice de leitura no Brasil é vergonhoso. Uma vergonha conhecida lá fora que espanta tanto quanto o índice de criminalidade e a corrupção no país. Imaginem que apenas um adulto alfabetizado em cada três, lê livros. Uma das últimas pesquisas aponta o Brasil em 27ª colocação, dentre 30 países pesquisados sobre hábito de leitura.

Pesquisas mostram que entre 2007 e 2011 o hábito de leitura no país caiu 5% entre aqueles entrevistados que leram um livro, pelo menos, nos últimos três meses, antes da consulta. E entre os hábitos mais apreciados, antes dos livros, vem assistir TV (85%), ouvir música ou rádio (52%), descansar (51%), estar com a família e amigos (44%), assistir filmes em DVD (38%) e sair com amigos (34%).

Apesar de projetos de leitura espalhadas em todo país a frequência nas salas de leitura é mínima. A maioria dos "alfabetizados nas escolas públicas brasileiras" não sabe ler. E a era digital não mudou muito esse péssimo hábito, apesar das ofertas grátis da web.

ALUNOS BRASILEIROS MAL NO PISA  

Como melhorar tudo isso sabendo-se que o Brasil continua ocupando as últimas posições (58º lugar entre 63 países pesquisados em 2012) em qualquer avaliação em educação, como o PISA - Programme for International Student Assessment - levantamento realizado a cada três anos?

Entre 2009 e 2012, os estudantes brasileiros mantiveram a mesma pontuação em ciências (405 pontos), caíram em leitura (412 pontos para 410) e "evoluíram" pífios 5 pontos em matemática (de 386 para 391). Nenhum brasileiro conseguiu o nível 6 e a média ficou entre os piores. Basta dizer que em ciências 53,7% atingiram apenas o nível 1. Em leitura cerca de 75,3% atingiram os níveis 2 e 3 apenas. Em matemática 67,1% conseguiram o nível 1 também.

ENTRE OS PIORES DO MUNDO

Mesmo diante de resultados tão catastróficos, o nosso ministro da Educação, Aloísio Mercadante, anunciou com estardalhaço que o Brasil foi o país que mais evoluiu em matemática entre 2003 e 2013: 35 pontos (saiu de 356 para 391) em 10 anos. Basta dizer que essa "evolução" foi apenas suficiente para ficar entre os piores.

Se o Brasil evoluiu 5 pontos em matemática entre 2009 e 2013, Xangai avançou 13 pontos chegando aos 613, em primeiro lugar. Com um detalhe importante: para quem já está no topo é muito mais difícil evoluir.

Xangai (China) ficou em primeiro com 613 pontos em matemática, 119 pontos acima da média de conhecimento que fixa o Pisa, de 494 pontos. Em seguida vem Cingapura (573 pontos), Hong Kong (China, 561), Taiwan (China, 560), Coreia do Sul (554), Macau (China, 538) e Japão (536), Liechtenstein (535), Suíça (531) e Holanda (523).

Os jovens estudantes brasileiros não sabem escrever, ler ou compreender o mínimo que conseguem ler.  Portanto, para aumentar o hábito de leitura entre os brasileiros é preciso alfabetiza-los, primeiro.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Educação: Avaliação internacional coloca o Brasil, de novo, nas últimas colocações

Brasil em 58ª em educação, entre 65 países avaliados
Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza
Entre 65 países avaliados pelo PISA - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - o Brasil ficou em 58ª colocação. E, pior, a evolução é lenta. Basta comparar que do exame anterior, realizado em 2009, para o do ano passado, nossos alunos evoluíram apenas um ponto. Todos os 34 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, os chamados de primeiro mundo, participam dessas avaliações que englobam matemática, ciência e leitura. O Brasil participa como convidado desde o ano 2000.

XANGAI, CINGAPURA, HONG KONG, TAIWAN, CORÉIA DO SUL, MACAU E JAPÃO NA FRENTE

Xangai (China) ficou em primeiro com 613 pontos em matemática, 119 pontos acima da média de conhecimento que fixa Pisa, de 494 pontos. Em seguida vem Cingapura (573 pontos), Hong Kong (China, 561), Taiwan (China, 560), Coreia do Sul (554), Macau (China, 538) e Japão (536), Liechtenstein (535), Suíça (531) e Holanda (523).

Vergonhosamente o Brasil está na rabeira da educação ao lado de Portugal, Turquia, México, Chile, Eslováquia, Cazaquistão, Hungria e Polônia. O Brasil melhorou, desde 2003 cerca de 35 pontos, mas permanece nas últimas colocações. Nossos alunos melhoraram apenas 1,2 pontos por ano em leitura desde 2000 e apenas 2,3 pontos em ciências, desde 2006.

BRASIL:  O baixo nível dos nossos alunos é assustador nas três áreas: nenhum brasileiro conseguiu o nível 7 - o mais alto - e a média ficou entre os piores níveis. Basta dizer que em ciências 53,7% atingiram apenas o nível 1. Em leitura cerca de 75,3% atingiram os níveis 2 e 3 apenas. Em matemática 67,1% conseguiram o nível 1 também.

Onde está o erro? Certamente não é falta de verbas e nem reside no despreparo dos professores, embora sua formação seja questionável. O problema está no primeiro ano do ensino básico: as crianças brasileiras são "alfabetizadas" por um método (globa/construtivista) que não alfabetiza.  As estatísticas mostrados por todas avaliações internacionais ou internas apontam isso.

O PROBLEMA BRASILEIRO É O MÉTODO DE ALFABETIZAÇÃO

Para alguns educadores internacionais, como é o caso do ministro de Portugal, Nuno Crato, o problema está no método de alfabetização. Crato, que é matemático e incentivador das ciências, assumiu o compromisso de recuperar o tempo perdido em seu país. Ele é autor de "O eduquês em discurso directo: uma crítica da pedagogia romântica e construtivista" e "Desastre no ensino da matemática: como recuperar o tempo perdido", onde pontua críticas, mostra falhas e aponta soluções.

"De que adianta formar cidadãos que mal sabem ler jornais e muito menos entender o que leem" - pergunta Nuno Crato, um severo crítico do construtivismo que levou Portugal e a maioria dos países que adotaram o método, a falência na educação.

"O construtivismo de hoje (vertente radical das teorias do psicólogo Piaget) é um completo erro. Ela se baseia no fato de que o professor deve ser um mero "facilitador" do aprendizado. Um professor, diz Nuno Crato, deve transmitir aos alunos todo conteúdo nos quais se graduou. "É ingênuo acreditar que o estudante vai descobrir tudo sozinho quando julgar interessante" - afirma o ministro português.

Nuno Crato defende mais autonomia paras as escolas e um ensino rigoroso baseado em conteúdos curriculares (Português, Matemática, História, Geografia, Ciências e Inglês), metas, avaliações e mérito. Para o novo ministro o construtivismo dá uma noção vaga de "competências" que secundariza o conhecimento.

Agora os alunos portugueses terão avaliações e objetivos cognitivos bem definidos ao contrário do construtivismo que não permite jamais que o professor corrija o erro de um aluno para que ele não se sinta "constrangido" ou seja que seja avaliado.

NEUROCIÊNCIA: MÉTODO FÕNICO ALFABETIZA

A tragédia só mostra um caminho: é preciso mudar. Porque não seguir os passos da neurociência?

O neurocientista Stanislas Dehaene há 25 anos estuda o impacto dos números e das letras no cérebro humano. Recentemente afirmou que "o método mais eficaz de alfabetização é o que chamamos fônico. Ele parte do ensino das letras e da correspondência fonética de cada uma delas, como se fazia antigamente. Estudos mostraram que a criança alfabetizada por esse método aprende a ler de forma mais rápida e eficiente.

Os métodos de ensino que seguem o conceito de educação global, por outro lado, mostraram-se ineficazes." No método global, usado no Brasil e boa parte do mundo, a criança deve, primeiro, aprender o significado da palavra e, numa próxima etapa, as letras que a compõem. O método construtivista não funciona tanto que as crianças do fundamental estão terminando seu ciclo sem se alfabetizar e os do ensino médio, na rede pública, não sabem ler e escrever. Alguém contesta essa realidade?

Por que os sistemas que seguem o método global são ineficazes?

Dehaene explica que se verificou em pesquisas com pessoas de diferentes idiomas que o aprendizado da linguagem se dá a partir da identificação da letra e do som correspondente. Esse processo ocorre no lado esquerdo do cérebro. No método construtivista a criança primeiro aprende o sentido da palavra, sem necessariamente conhecer as letras. Neste caso o lado direito do cérebro é ativado. Mas a decodificação dos símbolos terá que chegar ao lado esquerdo para que a leitura seja concluída.  Para Dehaene é um processo mais demorado, que segue na via contrária ao funcionamento do cérebro.

- Num certo sentido, podemos dizer que esse método ensina o lado errado primeiro. As crianças que aprendem a ler processando primeiro o lado esquerdo do cérebro estabelecem relações imediatas entre letras e seus sons, leem com mais facilidade e entendem mais rapidamente o significado do que estão lendo - diz o neurocientista.

O principal legado de Piaget é uma falácia, então. Quem diz isso é a ciência. E duvidar dela é temeroso.