Brejo Santo: com método fônico IDEB saltou de 2,9 para 7,2 em seis anos |
Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza
Brejo Santo é um município cearense da região do Cariri distante pouco mais de 500 quilômetros de Fortaleza. Tem 47 mil habitantes e sua renda per capita é uma das menores do país, 70% menor que a média nacional.
Pois bem, Brejo Santo obteve o maior percentual de alunos com desempenho considerado adequado na Prova Brasil de 2013 - medição do Ideb, Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - superando muitas capitais do país: nota 7,2, muito acima da média nacional que é de 5,2. Seis anos antes o Ideb de Brejo Santo foi de 2,9.
Em menos de 6 anos uma revolução mudou o cenário local da educação: em 2013, 99,6% das crianças encerraram o primeiro ano do ensino básico lendo e escrevendo. Basta citar que pelo método utilizado nas escolas paulistas, um aluno chegará ao 5º ano mal escrevendo, mal lendo e nada entendendo do que leu.
A repórter Bianca Bibiano, da Veja, escreveu na última edição da revista: "Em uma das unidades locais de ensino, a Escola Municipal Maria Leite de Araujo, a presença de galinhas no pátio de terra batida não permite suspeitar de uma nota invejável: 9,2. O curioso é que, até 2009, a cidade cearense era ainda mais parecida com o Brasil. Cerca de 70% dos alunos não aprendiam o esperado em português e matemática. De lá para cá, a rede de ensino vem registrando avanços seguidos. Em 2013, finalmente, virou o jogo: 72% dos estudantes do 5º ano atingiram o patamar adequado de aprendizagem em matemática, por exemplo, taxa que chegou a impressionantes 100% na Maria Leite de Araujo. O índice brasileiro é 32%."
Como se explica isso?
O padrão de qualidade conquistado nas salas de aula de Brejo Santo tem uma explicação bem mais simples do que se possa imaginar: a escola municipal acabou com o método global/construtivista e mediocridades das suas vertentes radicais e implantou um sistema de alfabetização baseado no método fônico, considerado pela neurociência como ideal para uma boa e rápida alfabetização.
Por ele a criança aprende verdadeiramente a ler em menos de um ano e a compreensão do texto é excelente, enquanto as teorias construtivistas levam 5 anos para alfabetizar alunos que nada entendem do pouco que leem. Os professores exploram a leitura, prática constante nas salas de Brejo Santo, e os resultados são números incontestáveis.
Os salários são melhores que os R$ 1 917,78 reais determinados pelo MEC. Lá o professor recebe como valor inicial R$ 2.673,00. A prefeitura da pequena cidade investe em infra estrutura, formação continuada de professores e, principalmente, uma política educacional sem invencionices e pautada em eficiência, meritocracia e equidade. Lá alunos tem dever de casa e os professores não são meros intermediários mas responsáveis diretos em transmitir conhecimento aos seus alunos. Os professores com péssimos resultados em sala de aula, foram demitidos. Alunos pobres de Brejo Santo são alfabetizados 4 anos mais rápidos que os estudantes de escolas públicas paulistas, por exemplo, e sabem mais de matemática que seus colegas do resto do país.
Detalhe: as séries finais da educação básica da cidade, apesar de serem melhores que a média nacional, ainda estão abaixo dos resultados obtidos pelos alunos das séries iniciais. Ocorre que a renovação na educação da cidade começou só em 2009. Isto é, alunos de 6º a 9º ano pertencem ainda ao período da educação construtivista.
Crianças pobres não tem mais dificuldades na aprendizagem
Mais do que bons resultados, as escolas de Brejo Santo derrubaram outro mito: de que crianças pobres tem mais dificuldades para apreender e estão fadadas ao fracasso. Tal e qual as crianças pobres de Xangai que sabem mais matemática que os alunos mais ricos dos Estados Unidos e Europa, segundo estatística recentemente divulgada pelo PISA, programa internacional que avalia estudantes de todo o mundo.
Além da cidade cearense Cerquilho (SP), Lucas do Rio Verde (MT) e Sapiranga (RS) estão em posições fantásticas. O indicador abaixo mostra as posições destas cidades na Prova Brasil de 2013. Em todas elas não se usa construtivismo. Em todas elas a educação avançou.
Publicação da revista Veja |
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