Durante uma reunião com diretores de uma empresa paulista, fabricante de câmaras fotográficas, observei a intensa preocupação deles em promover ações que levassem os funcionários a compreender a filosofia do grupo e, assim, "vestirem a camisa" da empresa.
No intervalo para o café pedi licença para ir ao banheiro. Foi lá que descobri que não é preciso muita técnica e pesquisa para analisar como anda uma empresa, nacional ou multi. Bem produzidos e assinados pelo gerente nacional da corporação, li vários cartazetes orientando seus usuários:
"Por favor, não urine fora do vaso. Não jogue absorvente no sanitário. Após usar, dê descarga."
Voltei pra reunião e, sem medo de ferir suscetibilidades e não pretendendo ser educado, disparei:
- Se vocês tem funcionários que precisam ser orientados como usar um banheiro, imagine se eles estão preocupados em assimilar a filosofia da empresa. Fico desconfiado quando me deparo com avisos alertando para se manter a pia limpa e fechar a porta da sala com ar condicionado. E estremeço quando o gerente tem que administrar a mira do xixi dos seus colaboradores.
O presidente da multinacional fixou seu olhar nipônico nos meus e permaneceu calado por alguns segundos. Silenciosamente levantou-se da poltrona, arqueou-se no tradicional gesto oriental de reverência e terminou a reunião.