domingo, 30 de janeiro de 2022

Analfabetismo no século 21


“Alfabetizar” refere-se à capacidade de usar o código alfabético para ler e escrever"

João Batista Araújo e Oliveira

O Estado de S.Paulo

Nos 200 anos da Independência do Brasil ainda seremos um país com quase 12 milhões de analfabetos com carteirinha expedida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – algo em torno de 7,2% da população com 15 anos ou mais. Em mais duas décadas esse número vai sofrer uma redução significativa, porque a maioria dos integrantes desse grupo se encontra entre a população mais idosa. Mas o buraco é mais embaixo.

O conceito de analfabeto vem da década de 1950: o IBGE pergunta se a pessoa sabe ler e escrever o nome. No século 21, isso ajuda pouco. Esta é uma excelente oportunidade para refletirmos sobre o problema da alfabetização.

No Brasil, o termo e o tema da alfabetização provocam batalhas ideológicas campais, mas pouca ação efetiva. Neste artigo, trato de três aspectos do tema: o sentido original do termo “alfabetizar”, o fenômeno brasileiro do analfabetismo escolar e as consequências de ser alfabetizado. Usaremos os dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) como pano de fundo.

“Alfabetizar” refere-se à capacidade de usar o código alfabético para ler e escrever. Essa é uma habilidade que, na maioria dos países e línguas, se ensina e se aprende no primeiro ano da escola formal. No Brasil, isso não é entendido nem reconhecido pelas autoridades educacionais. O resultado é desastroso.

Num teste aplicado recentemente a alunos dos três primeiros anos de um município com cerca de 150 mil habitantes e nota média na Prova Brasil, apenas 22%, 56% e 78% dos alunos foram capazes de fazer um ditado e escrever frases simples ao final do primeiro, do segundo e do terceiro anos, respectivamente. Não houve consistência alguma nos resultados dentro das escolas ou entre escolas, o que mostra as consequências de deixar a responsabilidade pelo assunto a critério de cada secretaria, escola ou professor.

A depender da nova a Base Nacional Curricular Comum, isso só vai piorar.

Alfabetização funcional é um segundo conceito importante. Mas seu significado varia em cada contexto. Um aluno pode ser considerado “analfabeto funcional” se não for capaz de copiar rápida e corretamente um texto do quadro ao iniciar o segundo ano escolar. Um cidadão comum é considerado analfabeto funcional se não entender o que lê na coluna de pequenos anúncios de um jornal. Por este último critério, quase 70% dos brasileiros com mais de 15 anos são analfabetos funcionais e os menores de 15 anos são analfabetos escolarizados – um neologismo genuinamente nacional.
O terceiro conceito é fornecido pelo Pisa, que distingue oito níveis de compreensão de leitura. Os quatro primeiros níveis do Pisa (1, 1A, 1B, 2) significam que o aluno não é capaz de fazer sentido elementar a partir do que lê. No melhor caso, foi apenas alfabetizado. Em média, 20% dos alunos dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) encontram-se nesse nível ou abaixo dele. O índice do Brasil em 2015 era de 58%. Ou seja, esses brasileiros – e milhões de outros que concluem o ensino médio a cada ano – serão analfabetos funcionais pelo resto de sua vida.

É pouco provável que uma sociedade que não consegue alfabetizar adequadamente os alunos dentro da escola, ao longo de mais de dez anos de vida escolar, seja capaz de fazê-lo em programas emergenciais ou arranjos com alto teor de demagogia. A outra ponta dos dados do Pisa revela que apenas 8% dos brasileiros escolarizados se encontram no nível 4 ou acima, quer dizer, têm condições básicas para compreender o que leem e exercitar algum grau de raciocínio crítico.

Nos últimos dias que precederam a aprovação da Base Nacional Curricular Comum, um grupo de pesquisadores brasileiros especialistas no tema dirigiu um apelo ao Ministério da Educação (MEC) e ao Conselho Nacional de Educação (CNE) para que revissem pelo menos os capítulos referentes à alfabetização. O MEC enviou-lhes obliquamente uma nota redigida pelos consultores responsáveis na qual se limitam a repetir a litania que o País vem ouvindo sobre o tema há mais de 30 anos. O CNE, que também se negou a ouvir o grupo, enviou, por intermédio de seus membros uma nota dizendo que “será preciso definir exatamente o sentido do conceito de sistema de escrita alfabética (...) e que (...) isso deverá ser feito nos diferentes sistemas de ensino e mesmo nas escolas (...)”.

Esse é o Brasil. Independentemente da definição de alfabetização adotada, são poucos os cidadãos preparados para ler, entender o sentido do que leem e, a partir daí, exercitar o espírito crítico.

José Morais, um dos mais notáveis especialistas no tema, observa que o termo “literacia”, usado em Portugal, designa um conceito duplo: a capacidade de leitura e escrita, mas também o que essa capacidade produz. Nessa acepção, a expressão “mente letrada” refere-se ao conjunto das capacidades mentais influenciadas pelas atividades de leitura e escrita. Por exemplo, a fala do letrado, seu raciocínio crítico e argumentativo e até sua criatividade são muito superiores aos da mente iletrada e têm um poder de ação e transformação da realidade muito maior. Ser alfabetizado é condição necessária, mas não suficiente para ser letrado. Alfabetização é a porta de entrada para o mundo letrado.

A escrita foi inventada há pouco mais de 4 mil anos e o seu domínio traz grandes benefícios. A grande maioria dos brasileiros é e continuará a ser privada dos benefícios dessa grande invenção em razão da incapacidade de nossos governantes de arbitrar entre ciência e ideologia, entre o que as evidências científicas dizem a respeito de alfabetização (e sobre como alfabetizar) e os decibéis dos ruídos daqueles que se fazem ouvir em Brasília. As pessoas, os grupos e as ONGs que ficam indignados com os números do IBGE são incapazes de se manifestar e se mobilizar diante do genocídio mental que representa o analfabetismo escolar.

sábado, 29 de janeiro de 2022

Poesia erótica para crianças do Ensino Básico

Ciuminho básico
(Ana Elisa Ribeiro)


escuta
calado
a proposta rude
deste meu
ciúme:
vou cercar tua boca
com arame farpado
pôr cerca elétrica
ao redor dos braços
na envergadura
pra bloquear o abraço
vou serrar teus sorrisos
deixar apenas os sisos
esculhambar com teus olhos
furá-los com farpas
queimar os cabelos
no pau acendo uma tocha
que se apague apenas
ao sinal da minha xota
finco no cu uma placa
"não há vagas, vagabundas"
na bunda ponho uma cerca
proíbo os arrepios
exceto os de medo
e marco no lombo, a brasa,
a impressão única do meu dedo

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

O poema acima, de Ana Eliza Ribeiro, foi apresentado aos alunos do 5º ano do Ensino Básico da Escola Jaime Avelar Lima, no Bairro Bom Destino, em Santa Luzia, cidade localizada na região metropolitana de Belo Horizonte e causou furor entre alunos e seus pais. Crianças de 10 anos leram e participaram de atividades baseadas nesse poema. Uma cópia foi anexada aos cadernos dos alunos. O trabalho escolar faz parte de um concurso que contou com a presença da autora do texto durante a leitura dos alunos. O fato ocorreu por volta de 2015.

Pais queixaram-se e a prefeitura prometeu uma sindicância.

Mas o próprio Ministério da Educação publica livros e cartilhas considerados apologia ao homossexualismo. Numa das cartilhas sugere à criança optar sexualmente por homem e mulher, ao mesmo tempo, considerando que isso evitará que o garoto fique sozinho "se, no final de semana não achar uma namorada ele pode ficar com outro menino".

Esse tipo de material vinha sendo distribuído para as escolas da rede pública e contendo aulas de como as meninas devem se masturbar e "como se fica, as melhores ficadas, com quem e como". Há um espaço para as menores anotarem "suas melhores ficadas e como foram". Numa das cartilhas conta-se a história do "Fazendeiro Solitário" com um pênis enorme e as galinhas com as cloacas gigantes, sugerindo zoofilia.


Livros contendo orientação homossexual eram a preferência entre "educadores" do MEC. Alguns títulos, como o Rei & o Rei, um conto que narra a busca de um príncipe por outro príncipe e se casam e são felizes para sempre. Essa leitura era destinada a crianças de 2 e 3 anos de idade. "Menino ama menino" é outra título para crianças do fundamental como "Menino brinca de boneca?".

Para Lilia Rossi, então na alta cúpula do Ministério da Saúde, "uma educação diferenciada pode fazer desabrochar em todo menino seu lado feminino e em toda menina seu lado masculino".

O foco também estava perdido na área da saúde. Ao invés da prevenção as drogas, o SUS, Sistema Único de Saúde, elaborou uma cartilha destinada as crianças em idade escolar do fundamental onde orienta que "após fumar o crack deve-se passar um protetor labial para evitar o ressecamento".

As cartilhas contém informações e advertências as crianças: "Se você consumir cocaína, não use canudo de papel pois eles contém bactérias, use canudinhos de plástico" - diz o manual do Ministério da Saúde e distribuído pelo Ministério da Educação. Para muitos educadores, o Estado capitulou diante do avanço das drogas e prefere advertir para os perigos de ressecamento dos lábios do que para o vício.

Sobre o consumo de ecstasy, o Ministério da Saúde na época advertia as crianças prestarem atenção se não estão comprando "gato por lebre", isto é, verificar se o "fornecedor" - o traficante - é sério e vende produto de boa qualidade.

Os responsáveis por esse nível de "educação sexual" não são os professores de uma pequena escola de interior, mas os gestores do MEC naquele período.


Escola de periferia, sem estrutura e sem direção. Poemas eróticos
para crianças que mal sabem ler e escrever.

terça-feira, 25 de janeiro de 2022

Os assassinatos que assombram Lula


Depois do crime brutal de Celso ocorreram mais 7 assassinatos, todos ligados ao caso e denúncias de corrupção e chantagem que envolveram Lula e o PT.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Poucos dias depois do assassinato brutal do ex-prefeito petista Celso Daniel, 50 anos, morto em 18 de janeiro de 2002, em Juquitiba, São Paulo, o Partido dos Trabalhadores emitiu nota aceitando a morte como crime comum. Tão rápido quando a aceitação- apesar do sequestro, tortura e o assassinato com 11 tiros - foi a suspeição levantada do envolvimento de políticos graúdos nesse crime, com interesses inconfessáveis.

Em 2002 Celso Daniel era o responsável financeiro da campanha de Lula para presidente e teria descoberto um desvio do dinheiro arrecadado de propinas pagas ao Partido dos Trabalhadores por empresários de ônibus e outras empresas. Santo André é vizinha de São Bernardo, famosa pela sua planta industrial automobilística e base de Lula. Para o Ministério Público, Celso foi vítima de um crime por encomenda. Ele tinha conhecimento do esquema destinado a desviar recursos para sustentar a campanha petista.

Os misteriosos assassinatos nunca explicados

Depois do crime brutal - Celso foi sequestrado quando saia de um restaurante na zona sul de São Paulo - ocorreram mais 7 assassinatos, todos ligados ao caso, denúncias de corrupção e chantagem que envolveram Lula e seu partido, o PT.

Estranhamente o garçom Antônio Palácio de Oliveira foi assinado em fevereiro de 2003. Ele trabalhava no Restaurante Rubaiyat e serviu Celso Daniel na noite que ele foi sequestrado, em 2002. O corpo do garçom foi encontrado portando documentos falsos, com outro nome e sua família alertou que ele recebera R$ 60 mil de algum desconhecido conforme sua conta bancária. Amigos de trabalho de Antônio afirmaram que ele teria sido orientado a se calar sobre conversas que teria ouvido no dia que servira o ex-prefeito e quando intimado para depor afirmou que tanto Sombra como Celso estavam tranquilos no restaurante e que nada ouvira. Sombra e o Secretário da Administração de Santo André e vereador, André Klinger Luiz de Oliveira Souza, foram flagrados numa conversa, gravada pela Polícia Federal, uma semana após a morte de Celso Daniel:

- “Você se lembra do garçom que te serviu lá no dia do jantar? É o que sempre te servia ou era um cara diferente?”, indagou Klinger. “Era o cara de costume”, disse Sombra.

Outro fato estranho ocorreu com a única testemunha do assassinato do garçom, Paulo Henrique Brito: ele também foi assassinado, com um tiro pelas costas, vinte dias depois de ter assistido o crime de Antônio Palácio de Oliveira.

As mortes continuaram em 2003 quando o agente funerário Iran Moraes Rédua - a primeira pessoa que reconheceu o corpo de Celso, na estrada e chamou a polícia - também foi assassinado a tiros enquanto trabalhava.

Dois dias depois de ter dito que tinha informações sobre a morte de Celso Daniel, Dionízio Severo foi assassinado em frente do seu advogado, dentro da cadeia, em 2002. Ele era apontado pelo Ministério Público como elo de ligação entre Sombra e a quadrilha que executou o prefeito de Santo André. Curioso é que Dionízio tinha sido resgatado da prisão dois dias antes da morte de Celso e recapturado depois.

Sérgio Orelha foi assassinado, também em 2002, e tinha fortes ligações com o caso. Foi ele que abrigou Dionízio, após fuga da prisão. Sabia demais sobre o caso. Airton Feitosa, um detento, disse que Dionízio Severo tinha conhecimento que "um amigo do prefeito" estava montando uma armadilha.

Otávio Mercier, um investigador do Denarc, foi morto em seu apartamento invadido por vários homens com quem trocou tiros. Otávio tinha ligado para Dionízio na véspera do sequestro de Celso Daniel.

Outra morte misteriosa foi a do legista Carlos Delmonte Printes, em 12 de outubro de 2005. Carlos afirmou que Celso Daniel tinha sido torturado antes de ser assassinado com 11 tiros.Algum tempo depois de uma entrevista no programa Jô Soares, ele apareceu morto. O caso foi dado com suicídio mas nada foi encontrado em seu corpo que justificasse isso.

Em 2010, Eliana Vendramini, promotora pública que investigou e denunciou o assassinato de Celso Daniel, sofreu um acidente de carro em São Paulo. Seu carro, blindado, capotou três vezes após ter sido abalroada por outro carro, repetidas vezes. O carro que provocou o acidente, fugiu. Ela sofreu escoriações.

Os condenados

Seis acusados pela morte de Celso, pertencentes a uma quadrilha comandada por Monstro, foram condenados: Itamar Messias da Silva Santos, Ivan Rodrigues da Silva, José Edison da Silva, Rodolfo Rodrigo dos Santos Oliveira, Elcyd Oliveira Brito e Marcos Roberto Bispo dos Santos.


Corpo de Celso Daniel, Juquitiba

O acusado de ter encomendado o crime, Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, de 59 anos, morreu em consequência de um câncer no estômago que se espalhou para o fígado e intestinos. Sombra era guarda costas de Celso e dirigia o carro na hora que foi abordado pela "quadrilha de assaltantes". O ex-prefeito foi levado mas, estranhamente nada aconteceu com Sombra que chegou a ser preso durante as investigações, foi pronunciado em 2010 para ser levado a júri popular em Itapecerica da Serra mas seu processo foi remetido para Brasília. O STF anulou parte da instrução processual e a ação voltou ao início.

Algozes velando o companheiro?

Sombra chegou a ser sócio de Ronan Maria Pinto, dono do jornal Diário do Grande ABC e empresário na área  de transporte público. Ronan foi preso na 27º fase da Operação Lava Jato sob suspeita de ter recebido mais de 6 milhões de reais , em 2004, pagos pelo PT para acabar com uma chantagem que envolveria Lula, Gilberto Carvalho e José Dirceu ao crime contra Celso Daniel.

Ronan Maria Pinto e Sérgio Gomes foram condenados, em outro processo, a 10 anos e 4 meses e 15 anos e 6 meses, respectivamente, acusados de participar de esquema de achaque e corrupção contra empresários da região. Ronan recorre em liberdade. Klinger Luiz de Oliveira, então secretário de Serviços na administração de Celso Daniel também foi condenada a mais de 15 anos de prisão.

A família tem esperança

Bruno Daniel, irmão de Celso, afirmou que a família não aceita a tese de crime comum para o caso, tese rapidamente abraçada pelo PT. Bruno conta que no dia da missa de sétimo dia ouviu de Gilberto Carvalho que levava dinheiro do esquema montado na Prefeitura de Santo André para a direção do Partido dos Trabalhadores. Tanto Carvalho como José Dirceu negam. Bruno exilou-se na França onde recebeu a condição de refugiado e Francisco, outro irmão, vivo escondido, fora de São Paulo.

O advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, na época deputado federal pelo PT, afirmou que acompanhou a necropsia do corpo e assegurou que Celso não tinha sido torturado. O legista Carlos Delmonte Printes, porém, disse o contrário, desmentindo abertamente a declaração de Greenhalgh. A tortura, negada pelo PT, é indício que os sequestradores do ex-prefeito não queriam resgate (que nunca foi pedido) mas saber algum grande segredo. E este segredo Ronan Maria Pinto sabe. O legista, em 2005, apareceu morto em seu escritório e a perícia apontou que não havia sinais de violência mas descartou morte natural.

Após a deflagração da Operação Carbono 14, da Lava Jato, no começo deste ano, os familiares do prefeito assassinado tem esperança que "esta nova fase possa lançar luz sobre o que aconteceu naquela época é que é necessário esclarecer por que razão a direção do PT teria remetido, através de esquemas ilícitos, cerca de R$ 6 milhões ao empresário Ronan Maria Pinto, dinheiro com qual ele teria adquirido o jornal do Grande ABC mediante chantagem ao Lula, ao José Dirceu e ao Gilberto Carvalho", segundo disse Bruno em nota do Estado de São Paulo.

O pagamento da chantagem

O dinheiro foi entregue a Ronan pelo pecuarista José Carlos Bunlai, conforme delação premiada a Sérgio Moro. Antes que Bunlai se prestasse a esse serviço, Marcos Valério confirmou que foi procurado por Silvio Pereira, financeiro do PT, para pagar Ronan mas negou-se a falar do assunto com medo de morrer dizendo aos promotores da Lava Jato "que é algo muito grave, muito grave mesmo".

A Operação Lava Jato investiga dinheiro repassado pelo pecuarista José Carlos Bunlai, amigo intimo de Lula, para Ronan Maria Pinto que estaria chantageando o ex-presidente sobre o caso Celso Daniel. Bunlai tomou empréstimo de R$ 12 milhões, no Banco Schahin, cuja operação começou com o Frigorífico Bertin. Segundo Bunlai disse a Polícia Federal, parte do dinheiro foi enviado para Ronan e parte para pagar dívidas da campanha de 2002 e 2004. A PF quer saber por que Ronan recebeu este dinheiro? Em entrevista ao Estadão, Bruno Daniel disse:

"À época da missa de sétimo dia do Celso, meu irmão e eu fomos procurados pelo Gilberto Carvalho, que disse que havia um esquema para arrecadação de recursos para campanhas eleitorais do PT e aliados e que ele próprio (Carvalho) havia levado ao José Dirceu, então presidente do Partido dos Trabalhadores a quantia de R$ 12 milhões no seu 'corsinha' preto", relatou. "Nos perguntamos por que razão ele teria dito isso. A hipótese que a gente trabalha é que isso nos desestimularia a prosseguir nas investigações porque isso poderia representar uma mancha na história do Celso."

A morte de Sombra, de câncer, parece trazer paz para o assombrado Luís Inácio da Silva. Só que não. Entre tantas vítimas da corrupção desenfreada praticada, está um cadáver insepulto que reclama justiça.

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quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

O teorema de Thomas Bayes: um raciocínio matemático para situações altamente incertas.

A técnica de estatística e estimativa criada por Bayes tornou-se uma lei fundamental da matemática e é aplicada em todas as áreas do conhecimento.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Foi o matemático inglês Thomas Bayes que criou o teorema que estuda as probabilidades e estatísticas utilizando os conhecimentos a priori e posteriori, de um evento. As conclusões, por esse teorema, podem ser alterados ao acréscimo de novos fatos/evidências e concluir, por exemplo, que o universo tem 13 bilhões de anos e não 15 como se supunha antes da virada do século. Ou colaborar para a descoberta de novos corpos celestes.


Numa disputa de moedas (cara ou coroa) concorda-se que as chances sejam de 50% entre dois participantes. Se for combinado se jogar 10 vezes a previsão, pelo método bayesiano, vai se ajustar a cada lance, aumentando ou reduzindo as probabilidades de cara ou coroa.

Foi com o Teorema de Bayes que Alan Turing - precursor da computação moderna - decifrou o código Enigma, utilizado por submarinos alemães, na 2ª Guerra Mundial, facilitando a vitória dos aliados.

A técnica de estatística e estimativa criada por Bayes tornou-se uma lei fundamental da matemática e é aplicada em todas as áreas do conhecimento. Ela está na inteligência artificial, largamente utilizada na programação de computadores, estudos da neurociência, probabilidades estatísticas da ocorrência de eventos como determinar o avanço de uma epidemia ou mudanças climáticas, genética, astronomia e computação.

Teorema de Bayes numa corrida de F1 

Um piloto de F1 tem 50% de chances de vencer, sob chuva mas suas chances caem para 25%, se não chover. A meteorologia estima em 30% a probabilidade de chuva na corrida. Sabendo-se que o piloto venceu qual é a probabilidade de ter chovido?

Quem foi Thomas Bayes?

Bayes (pronuncia-se beiz) nasceu em Londres em 1702 e morreu em 1761. Estudou na Universidade de Edimburgo onde ingressou em 1719 para estudar Lógica e Teologia. Thomas era filho de um pastor presbiteriano e foi membro da Royal Society em 1742. Tornou-se pastor e matemático.

Bayes estudou e criou a equação dos cálculos da distribuição para criar parâmetros de probabilidades mas, não se preocupou em desenvolve-lo e publica-lo. Isso foi feito por um amigo, Richard Price, que desenvolveu seus estudos em 1767 e, mais tarde, pelo matemático francês Pierre-Simon Laplace e divulgado em 1812.

O teorema surgiu para provar que milagres existem

O filósofo iluminista e diplomata escocês David Hume (autor de Investigação sobre o Conhecimento Humano) duvidou, certa vez, da existência dos milagres, invocando que eles agrediam as leis da natureza. Para o filósofo a ressurreição chocava as leis naturais, obra de Deus e colocava em dúvida os testemunhos e as probabilidades desses eventos. Se na natureza não há contradição, Deus estaria negando sua própria criação? 

"O milagre é uma violência contra as leis da natureza" (David Hume)

Para contrariar a posição de Hume, Bayes criou um teorema de probabilidades utilizando uma equação matemática para eventos incertos ou incompletos que, ao serem acrescentados, altera, até de forma radical, uma conclusão anterior.

A mesa, as bolas e os milagres

Bayes está de costas para uma mesa. Hume lança, sobre ela, uma bola e pergunta onde ela está.
 
- Jogue outra bola - pede Bayes. Hume joga a segunda bola.
- Ela caiu a direita ou a esquerda da primeira bola?, pergunta Bayes considerando que as próximas bolas lançadas poderão lhe dar uma posição mais exata da primeira. Cada evento atualiza a ideia inicial.

Para Thomas Bayes, o filósofo David Hume não poderia desconsiderar, então, os milagres registrados na Bíblia e a ressurreição de Cristo tão evidenciados nos vários testemunhos do evento.

Bayesianos X Frequentistas 

No entendimento das probabilidades a abordagem estatística pode se diferenciar entre bayesianos e frequentistas. 

"A probabilidade está fundamentalmente relacionada a nossa incerteza dos eventos" (Conceito bayesiano)

"A probabilidade está fundamentalmente relacionada com a frequência dos eventos repetidos (Conceito Frequentista)

sexta-feira, 19 de novembro de 2021

Suécia: um dos países mais igualitários da Europa também lidera o ranking da violência contra mulheres

O governo sueco envergonha-se do contraste de país mais avançado da UE na luta pela igualdade... ser um dos mais violentos contra a mulher.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Pela classificação do Foro Econômico Mundial a Suécia é o quinto país do planeta em políticas públicas contra a desigualdade, perdendo apenas para Islândia, Finlândia, Noruega e Nova Zelândia.

A Namíbia, Ruanda, Lituânia, Irlanda e Suíça completam a lista dos dez países mais igualitários. O Brasil classifica-se em 93º lugar. O relatório é de 2021 e considera levantamentos que analisam a igualdade entre mulheres e homens na educação, saúde, política e trabalho, em mais de 150 países.

Na educação e saúde a paridade é praticamente total mas, no mercado de trabalho, existe defasagem atribuída  a baixa ocupação das mulheres em cargos gerenciais e menor participação como força de trabalho. A diferença salarial chega a 40%. Na Islândia, por exemplo, lei instituída em 2018 torna ilegal pagar salários mais altos para homens se a mulher exerce a mesma função.

Luta pela igualdade na Suécia é utopia?

Em casa, nas escolas e no trabalho a população sueca é orientada lutar contra as desigualdades e a pressão vem das rigorosas leis do país e dos meios de comunicação que, por exemplo, denunciam professores que não adotem as práticas. Os que discordam delas são demitidos.

As politicas para "correção de desigualdades de gênero" tem causado comportamentos comuns em ditaduras clássicas: famílias, receosas de serem denunciadas, só comentam esses temas em voz baixa e dentro de casa. Os suecos realmente aceitam as "políticas progressistas" do governo ou tem medo de discordar, diante da patrulha da imprensa?

Amanda Lundeteg, de 35 anos, da ONG Allbriht, é especializada em criar a lista negra que denuncia empresas cotadas na Bolsa de Valores que não tem mulheres na sua diretoria. Ela admite que, apesar de da legislação totalmente pró igualdade, as mulheres suecas estão descontentes. "A Suécia é muito menos progressista do que muitos pensam" - diz.

O governo sueco chegou a propor um sistema de cotas para equilibrar essa divisão nas empresas. A ideia morreu no parlamento.

Numa escola para crianças até 6 anos de idade, bancada parcialmente pela prefeitura de Estocolmo, prega-se o gênero neutro. Para demonstrar "igualdade" os bonecos não tem sexo. Cartazes mostram famílias com crianças com dois pais ou duas mães e nenhuma família com mãe, pai e filhos. Mas quando as próprias crianças se comparam, ficam confusas.

Moradores - que sempre pedem para não serem identificados - queixam-se que os imigrantes não aceitam as leis do país.

O relatório do Conselho Nacional de Prevenção ao Crime concluiu que os imigrantes e seus filhos tem até 3 vezes mais chances de serem considerados suspeitos, baseados nas estatísticas do setor.

Suécia lidera "violência machista"

Segundo relatório da ONU, publicado em 2019, por região, a maior porcentagem de violência contra mulheres ocorre na Oceania (34,7%) com exceção da Austrália e Nova Zelândia, seguida pelas regiões central e sul da Ásia (23%), África (21,5%), Ásia Oriental (12,3%), América Latina e Caribe (11,8%), leste e sudeste da Ásia (9%), Europa e América do Norte (6,1%).

E a Revista Social Science and Medicine, em 2014, publicou o inconcebível: a Suécia tem um dos maiores níveis de violência contra as mulheres, em toda Europa. De lá pra cá, piorou.

O trabalho foi assinado pelos pesquisadores espanhóis Enrique Gracia e Juan Merlo, respectivamente psicólogo social da Universidade de Valência e epidemiologista da Universidade de Lund sob o título Paradoxo Nórdico.
Tanto a Dinamarca e Finlândia, como a Suécia, despontaram como líderes de agressões físicas, sexuais e psicológicas dentro da relação ou fora dela. A pesquisa da FRA, Agência Européia de Direitos Humanos sobre violência contra as mulheres baseia-se em entrevistas presenciais com 42.000 mulheres em toda a UE, no ano de 2012.

O governo sueco envergonha-se do contraste de país mais avançado da UE na luta pela igualdade... ser um dos mais violentos contra a mulher. Os "especialistas" em criar respostas para tamanho paradoxo citam o consumo de álcool excessivo ou ciúme de homens machistas por mulheres competindo nas vagas de trabalho.

Para evitar um tom preconceituoso o governo evita culpar os imigrantes/refugiados que o país, por lei da UE, é obrigado aceitar.

Onda de assassinatos de mulheres

A luta pela igualdade de gênero entrou no foco com uma onda de assassinatos de mulheres na Suécia. Em cinco semanas seis mulheres foram mortas em crimes domésticos. O que mais preocupa é que isso ocorre no país mais elogiado por sua legislação igualitária. Os governantes começam a entender que "consciência não se impõe por decretos".

A violência contra mulheres aumentou no país. As autoridades registraram 16.500 casos de agressão doméstica em 2020, mais de 14,5% em relação ao ano anterior. E tudo isso ocorre dez anos depois de implantados programas de proteção à mulher e igualdade de gênero.

Revolta de imigrantes: exigem mudança das leis 
Carro da médica Karolin Hakim, morta em Malmö

Imigrantes: ocorrências sem registro da etnia

Um dos temas debatidos internamente, com pouca divulgação pela imprensa, envolve os recentes movimentos migratórios e a violência no país. Para não contrariar as pregações de igualdade, a polícia sueca não registra as ocorrências de crimes com a caracterização étnica do criminoso. Sabe-se, entretanto, que muitos que estão sendo julgados não são suecos. A afirmação vem dos promotores de justiça.

A França, Bélgica e Espanha tem o maior número de roubos, por habitante, na Europa. Depois vem a Suécia. Mas em número de tiroteios os suecos avançaram: em quase 400 incidentes com armas de fogo 47 mortos em 2020.

Em 2015 a Suécia recebeu mais imigrantes, por exemplo, que a Alemanha. O país tornou-se refúgio de quase 200 mil deles principalmente pelo auxílio financeiro oferecido pelo governo. Revoltas e destruição em manifestações dos refugiados que não aceitavam algumas leis do país, drogas e crimes assustaram a população. A situação fugiu do controle com o tráfico de drogas, tiroteios e mortes.

quarta-feira, 11 de agosto de 2021

Quem verifica os verificadores de fatos? Uma reportagem sobre censura à mídia



Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Com essa manchete o site American Institute Economic Research questionou, recentemente, por que existem grupos de jornalistas que se auto intitulam verificadores de fatos (não especialistas nos temas que avaliam) que determinam se uma noticia publicada na mídia é fake ou não?

Nos Estados Unidos, por exemplo, os "verificadores de fatos" geralmente são jornalistas politicamente engajados e, agora, muito próximos de Jen Psaki, Secretária de Imprensa da Casa Branca, que pede conluio entre entre empresas de mídia social e o governo com o objetivo de "censurar a desinformação".

É o caso da NewsGuard, uma empresa relativamente nova que pratica posições políticas da moda e publicou no Twitter, em 17 de julho de 2021, apoio a Psaki por uma parceria governo-mídia, para censurar conteúdo na internet. Afirmou que tinha oferecido os dados de sites que, segundo eles, praticavam desinformação.

Tweet do NewsGuard elogiando declaração de Psaki: "Quando o NewsGuard ofereceu ao Facebook nossos dados de sites que espalham desinformação no início da pandemia - eles não quiseram. Brigando com o Presidente dos Estados Unidos não resolverá a epidemia da desinformação. Trabalhar de forma colaborativa, sim - nossas portas estão abertas."

As frases "trabalhar de forma colaborativa" e "nossa porta está aberta" revelam que o NewsGuard se vê no papel proeminente em qualquer acordo de conluio que surja das recentes declarações da Casa Branca. Sua postura de influência, no entanto, obscurece uma questão mais básica: por que devemos confiar em um verificador de fatos auto-nomeado? De fato, quem verifica os verificadores de fatos?" - pergunta o American Institute  Economic Research.

Quem verifica os verificadores de fatos?

O American Institute  Economic Research decidiu investigar quem é esta nova empresa estranha na avaliação do conteúdo de outros sites. Afirma o site AIER:

Logo descobrimos que o NewsGuard está muito aquém dos mesmos critérios de precisão e transparência que afirma aplicar a outros sites. A maioria dos verificadores de fatos da empresa não tem qualificações básicas nos campos científico e sócio-científico que pretendem arbitrar.

O próprio histórico de comentários do NewsGuard – particularmente na pandemia covid-19 – revela um padrão de alegações não confiáveis e enganosas que exigiam correções subsequentes, e análises que regularmente confundem fato com jornalismo de opinião na prestação de um julgamento sobre o conteúdo de um site.

Além disso, as próprias práticas da empresa estão muito aquém dos padrões de transparência e divulgação que se aplica regularmente a outros sites. Quão precisos são os verificadores de fatos auto-nomeados?

A premissa declarada da verificação de fatos é corrigir erros em sinistros publicados por outros sites e pontos de venda. Mas o que acontece quando a organização que faz a verificação de fatos tem seus próprios fatos errados?

O vazamento do vírus no Laboratório de Wuhan

Como o NewsGuard  agiu quando a mídia publicou sobre a hipótese de possível vazamento do vírus por infecção acidental dos trabalhadores do laboratório de virologia de Wuhan - que estudava o corona vírus em morcegos - e que provocou a pandemia?

De forma agressiva o NewsGuard penalizou outros sites até por, simplesmente, levantar a possibilidade de vazamento acusando-os de promover "teorias conspiratórias infundadas sobre a origem do vírus. O NewsGuard disse que "não há evidências de que o Instituto de Virologia de Wuhan foi a fonte do surto, e evidências genômicas descobriram que o vírus é '96% idêntico no nível do genoma inteiro a um coronavírus de morcego'.


Em alguns meses o próprio "verificador da verdade" começou a desconversar depois que vários cientistas passaram a dar credibilidade a hipótese. E, algum tempo após, o próprio presidente Joe Biden e o conselheiro médico da Casa Branca Anthony Fauci consideram a teoria do vazamento de plausível e pediram uma investigação no laboratório de Wuhan.

Desculpas pelos erros

Pouco antes, o NewsGuard ameaçava rebaixar um site de medicina alternativa por "publicar desinformação" sobre esse assunto. Em outro exemplo, em fevereiro de 2020, o NewsGuard disse que exigiu a correção formal ou retratação de um site de notícias médicas, via Twitter.
Depois que o American Institute Economic Research apresentou provas que viabilizavam a teoria de vazamento, o NewsGuard, apagou silenciosamente o tweet nos dias seguintes ao inquérito da AIER.

Todos os sites "condenados por teoria da conspiração" pelo NewsGuard foram reclassificados depois que "a verdade" surgiu, definitivamente.

"O NewsGuard pede desculpas por esses erros. Fizemos a correção adequada em cada um dos 21 rótulos." - comunicaram, laconicamente, os censores.

"O NewsGuard não publicou os resultados completos de sua auditoria, ou uma lista das correções que fez, impedindo assim a verificação independente se suas correções foram suficientes para corrigir a desinformação covid que havia publicado anteriormente. A empresa não respondeu ao pedido da AIER para essas informações."

Os pseudo "verificadores de fatos" - lá e tal qual aqui - cometem erros frequentes, são ignorantes na maioria dos temas que avaliam e tem excesso de engajamento político, além de não possuírem qualificações em todos os campos da ciência. Exemplos comuns são suas intervenções em publicações em sites sociais. São os novos censores. Analfabetos.

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

A natureza, a liberdade e a prosperidade

Por que os grupos sociais tem melhor desempenho quando são livres? Por que as hierarquias se desenvolvem naturalmente dentro desse ambiente de liberdade?

"Toda matéria e sistemas do universo têm uma tendência a evoluir naturalmente para se tornarem mais eficientes." (Adrian Bejan)

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

"Uma Conversa sobre a Intersecção entre Física e Liberdade" é o tema do artigo de Ethan Yang, pesquisador da American Institute for Economic Research, bacharel em ciência política e atua como diretor do Centro Mark Twain para o Estudo da Liberdade Humana, no Trinity College e participa de movimentos de estudantes, pela liberdade.

Ele comenta o livro do Dr. Adrian Bejan "Liberdade e Evolução: Hierarquia na Natureza, Sociedade e Ciência". Bejan é um físico romeno americano renomado e nunca teve a ver com o campo de humanas e ciências sociais.

Sua grande contribuição foi a elaboração da Lei da Construção, declarada em 1996. Essa lei da física "explica o fenômeno da evolução (configuração, forma, design) em toda a natureza, sistemas de fluxo inanimados e sistemas animadores juntos.

"Para que um sistema de tamanho finito persista no tempo (de viver), ele deve evoluir de tal forma que proporcione acesso mais fácil às correntes impostas que fluem através dele."

Em resumo, a conclusão de Bejan é que "toda matéria e sistemas do universo têm uma tendência a evoluir naturalmente para se tornarem mais eficientes."

Bejan aplica essa lei para explicar fenômenos científicos sociais e responder porque os grupos sociais tem melhor desempenho, quando são livres e por que as hierarquias se desenvolvem naturalmente dentro desse ambiente sem contenção artificial. Ele sugere que o uso da energia aumenta à medida que as economias crescem.

"A China e Vietnã, países pós comunistas, estão indo muito melhor agora com a liberdade de mercado" - afirmou Bejan na entrevista à Ethan. "As sociedades livres avançam quando seguem as leis da física" - concluiu.

Ethan Yang escreve, em seu artigo:

"A civilização humana, assim como todas as coisas vivas e inanimadas, tem uma tendência natural de evoluir para se tornar mais eficiente. Portanto, uma sociedade que permite que seu povo tenha liberdade também permitirá que seu povo passe por essas tendências naturais para melhorar e otimizar. A melhor coisa que os governos podem fazer para facilitar isso é evitar que seu povo seja oprimido uns pelos outros, por si mesmos, ou por ameaças estrangeiras."

"A sociedade torna-se mais eficiente e produtiva quando é capaz de se expressar livremente", diz Bejan.

E ele faz correlação entre economias de escala e um cano de água: um tubo grande - que permite que a água se condense - transporta mais água do que dois tubos menores. pois a água tem tendência natural de encontrar a maneira mais eficaz de viajar. Igualmente na escala econômica: duas empresas menores não ganharão mais eficiência que uma grande empresa que se expandiu ou se fundiu com outra.

"A tendência natural das empresas, assim como a água e outras formas de matéria no universo, é avançar em direção a um sistema mais eficiente, que neste caso é através da consolidação", escreve Yang. E continua:

"Essa ideia pode ser aplicada a muitas outras áreas além de economias de escala. Se você está administrando uma cidade, você terá melhores resultados se permitir que as pessoas se envolvam em livre associação e empresa ou seria melhor tentar microgerenciar a vida de todos? Embora possa parecer tentador tentar microgerir, simplesmente estabelecer regras básicas e permitir que as pessoas vivam vidas livres permite que a maioria das preferências seja realizada pela maioria das pessoas. 

Ninguém precisa dizer às cafeterias o que servir, o açougueiro o que vender, o sapateiro quanto pedir, etc. Na verdade, sociedades que tentam fazer isso, como a antiga União Soviética ou a China maoísta, tendem não só a ser mais pobres, mas também incrivelmente monótonas."

Quem diria que pra entender que a liberdade e prosperidade tem muito a ver com a eficiência natural das coisas precisaríamos de uma pitada da física? Devemos concluir que quanto mais complexo o mundo, mais simples devem ser as regras?

Afinal, na natureza não há contradições!

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

As vacinas mais seguras começaram com tragédia

Criada por Koprowski em 1950 e Jonas Salk em 1953 a vacina salvou milhões de crianças da paralisia infantil. Mas o erro de fabricação de um laboratório americano causou tragédia.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Quem criou a primeira vacina contra a poliomielite, com vírus vivo atenuado, foi o virologista Hilary Koprowski em fevereiro de 1950. Em 1958, e começo de 1960, Koprowsk comandou uma campanha de vacinação no Congo Belga e Polônia quando 7 milhões de crianças foram imunizadas.

Em 1952/1953, utilizando vírus inativado, surgiu nos Estados Unidos a vacina criada por Jonas Edward Salk, virologista e epidemiologista nascido em 1914, em Nova Iorque, que morreu em 1995, na Califórnia. O anúncio feito na Universidade de Pittsburgh em abril de 1955.

Jonas Salk e Albert Sabin

Na vacina de Salk (baseada no crescimento do poliovírus em cultura de células renais de  macaco) o vírus era inativado quimicamente com formalina. Duas doses aplicadas por injeção davam cobertura eficiente em 90% dos casos e 99% de proteção em três doses.

Em 1957, Albert Sabin começou os ensaios clínicos em humanos com uma vacina em gotas que foi selecionada pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos entre vários estudos, inclusive de Koprowski. A vacina oral de Sabin atenuava os vírus pela passagem repetida por células não humanas a temperaturas subfisiológicas.

Hilary Koprowski

A vacina da gotinha de Sabin - de fácil administração e custo menor - foi autorizada em 1962, cerca de 9 anos depois da vacina Salk - e imunizava contra os três sorotipos de poliovírus com eficiência de 50% e três doses produzem proteção contra três sorotipos em mais de 95% dos imunizados. Além dessa proteção a vacina também provocava imunidade no intestino, contra infecções. A vacina Sabin OPV foi substituída pela IPV porque a primeira poderia sofrer mutação para uma forma de vírus que poderia causar paralisia.

Lockdown e O incidente de Cutter

Entre 1940 e 1950 a ocorrência do surto de paralisia infantil nos Estados Unidos atingia 35 mil crianças, por ano e provocava medo. Instalou-se o lockdown, redução de trânsito e comércio sem movimento. O anúncio, em 1955, da aprovação e liberação da vacina Salk aliviou o medo e tensão mas, um mês depois do início da campanha de imunização, o programa foi suspenso.

Detectou-se que um dos lotes das vacinas, produzidas pelo Laboratório Cutter, continha erros e poderia causar paralisia. Esses lotes continham vacinas com cepas ativas. Foram registrados 260 casos de pólio associados à vacina. Cerca de 40 mil crianças queixaram-se de rigidez na nuca, dores de cabeça, febre e fraqueza muscular - sintomas característicos de pólio. 164 crianças ficaram paralíticas e 10 morreram.

Suspensa a campanha, todos os laboratórios passaram por revisão nos procedimentos e testes de segurança. Em outubro de 1955, 5 meses depois, a vacinação foi retomada. A doença foi considerada erradicado em solo norte americano em 1979.

O erro de Cutter e mais segurança

Relatórios apontam que a Cutter utilizou de cepa mais agressiva do vírus e filtros defeituosos que separavam o vírus do tecido de macacos onde foram cultivados. Por isso poderiam vazar vírus ativos. Os testes impostos aos laboratórios eram incorretos e inadequados. O laboratório culpou Salk e o governo pela fragilidade do processo. Após o que denominou-se Incidente de Cutter todos os processos para produção de vacinas e medicamentos nos Estados Unidos foram revistos e aumentou as exigências regulatórias.

terça-feira, 27 de julho de 2021

Suécia, Dinamarca, Finlândia e Noruega: menos mortos, sem lockdown


Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza
Atualizado em 4 de fevereiro de 2022

"A histeria da mídia é mais perigosa que o próprio vírus." (Robert Andersson, de Södermalm, Estocolmo)

 A emissora de televisão norte americana CBS disse, repetidas vezes, que a Suécia era um "exemplo de como não lidar com Covid-19" e o The Guardian - o pomposo jornal inglês - considerou as decisões adotadas pelo governo sueco como uma "potencial catástrofe".

As críticas tinham um alvo: os protocolos adotados pela Suécia durante a pandemia em 2020, não considerava o lockdown, na contramão das políticas adotadas pela maioria dos governos europeus.

Nem só a "imprensa" estava errada - e escondeu os bons resultados da Suécia - como epidemiologistas estão reestudando a abordagem que permitiu a Suécia ter menor taxa de mortalidade, comparada com grande parte da Europa, em 2020 e no primeiro semestre de 2021 que chegou ao dia 26 de julho com zero mortos por covid-19.

Lockdown X Ciência

Recentemente mais de 100 mil franceses protestaram contra a estratégia do presidente Macron que decidiu que não vacinados não podem sair as ruas. Na Austrália pouco mais de uma centena de contaminados foi registrada positiva entre mais de 100 mil exames e, mesmo assim, o país entrou em lockdown. Bloqueios são contenções artificiais e, se utilizado por longos períodos, podem causar danos irreversíveis e mais mortes. As estatísticas mostram isso. Suécia, Dinamarca, Finlândia e Noruega registraram os menores índices de mortalidade. Todos eles tem algo em comum: não usaram lockdown.

Anders Tegnell, epidemiologista
Suécia: A vida continua, como antes

Nesta primavera casais namoram nos parques, crianças brincam, escolas, cafés e restaurantes estão abertos e o sistema de transporte público ativo. Stefan Löfven, primeiro ministro sueco, apenas pediu para que o povo se comportassem como adultos.

Mas foi Anders Tegnell, considerado um dos melhores epidemiologistas do mundo, que sofreu as maiores críticas vindas da comunidade científica ao não adotar os bloqueios. Mas as estatísticas estão a seu favor: sem bloqueios a Suécia experimentou um resultado ótimo: os números da taxa de mortalidade foram muito menores que a maioria dos países europeus, em 2020, segundo a agência Reuters.

Números mostram que a Suécia acertou 

A Suécia teve 7,7% mais mortes em 2020 do que sua média dos últimos quatro anos enquanto Espanha e Bélgica, com lockdown rigorosos, experimentaram a chamada mortalidade em excesso, de 18,1% e 16,2%, respectivamente. Vinte e um países apresentaram maior mortalidade em excesso do que a Suécia. Os dados são da UE Eurostat.
Mas, como explicar que a taxa de mortalidade da Dinamarca, Finlândia e Noruega foram menores ainda que a Suécia? A Dinamarca (1,5%) e a Finlândia (1,0%), na verdade, adotaram políticas muito menos restritivas que as suecas. A Noruega registrou 0% de mortalidade em excesso.
Considerada pela imprensa como "uma potencial catástrofe", a Suécia zerou número de mortos, sem histeria.

A Bloomberg afirmou que a "Suécia foi muito criticada por contrariar a tendência entre os governos que impuseram decretos draconianos de bloqueios que prejudicaram a economia mundial e jogaram milhões fora do trabalho e, meses depois, os dados mostraram que a Suécia havia achatado a curva, com sucesso, em contraste com muitos outros pontos quentes globais."
"Alguns acreditavam que era possível eliminar a transmissão de doenças fechando a sociedade", disse Johan Carlson, diretor da Agência de Saúde Pública da Suécia. "Nós não acreditamos nisso e nós temos provado que está certo."
Somente agora o mundo discute os graves erros praticados por governantes que descartaram as liberdades e abraçaram os bloqueios, com péssimos resultados. Muitos estudos acadêmicos mostram isso.

Estocolmo: a ciência venceu a histeria

Um artigo de Jon Miltimore, para a Foundation For Economic Educacion, diz que "uma das razões pelas quais a Suécia viu uma taxa de mortalidade menor do que a maioria de seus homólogos europeus é porque seus líderes reconheceram os imensos prejuízos dos bloqueios. Como resultado, a Suécia evitou grande parte dos danos colaterais associados aos bloqueios, que incluem sofrimento econômico, aumento do suicídio, depressão do isolamento social, abuso de drogas e álcool e outras consequências adversas de cura pública.

Com lockdown os EUA viram a saúde mental regredir 20 anos, no ano passado. O CDC relata o aumento da depressão em jovens. Houve picos de suicídio, overdoses de drogas.