segunda-feira, 23 de março de 2020

As doenças que mais matam, além do corona

Até hoje o índice de letalidade do vírus na Itália é de 8%, Espanha 4%, França 2% e Alemanha,0,36%. A pneumonia, entretanto, mata uma criança abaixo de 5 anos, a cada 39 segundos em todo mundo.
Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

As bolsas de valores despencaram em todo mundo diante de incertezas do mercado financeiro, escolas e comércio fechados, concentrações populares proibidas, estoques de comida e higiene com supermercados lotados tem sido comum nos Estados Unidos - já acostumados a estocar a cada advento de furações - caminham para uma histeria mundial.

A história mostra que o planeta já enfrentou doenças piores sem poder se socorrer às ciências e tecnologias sob domínio humano, hoje. Comparada a outras doenças, o vírus corona é infinitamente menos letal mas está provocando mais susto. 

Diante da abrangência do vírus, a Organização Mundial da Saúde tachou como pandemia e gerou especulações em todo planeta. O Covid-19, como tecnicamente o vírus corona é denominado, por enquanto, atingiu mais de 115 países e sua contaminação ocorre, agora, mais fora da China, onde começou e sua transmissão quase cessou. O índice de letalidade do vírus na Itália foi de 8%, Espanha 4%, França 2% e Alemanha apenas 0,36%.

O corona é uma família conhecida de 7 vírus que infectam humanos e pode provocar a Síndrome Respiratória  Aguda Grave, conhecida pela sigla Sars que, em 2002, infectou mais de 8 mil pessoas na China e destas, matou 800. A doença pode evoluir desde uma simples gripe até a morte do infectado. Essa linha de vírus é conhecida desde 1960.
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Os sintomas são febre, tosse e grande dificuldade na respiração. Pode evoluir para um quadro mais grave causando pneumonia e a síndrome respiratória e causar, também, insuficiência renal.
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Sem histerias

Diante desse vírus pode ser melhor agir com excesso de zelo que omissão. Mas é preciso alertar para o risco de se criar histeria por falta de informações científicas ou diante de tantas notícias pela imprensa e replicada, com ou sem distorções, nas redes sociais.

Na televisão o médico Dráuzio Varella disse que o corona vírus, na maioria das vezes, não provoca uma doença grave.

"Se você perguntar se o vírus provoca uma doença grave, na grande maioria das vezes, não. Provoca um quadro benigno, muito semelhante ao dos resfriados. Mas existe uma pequena porcentagem que vai ter complicações pulmonares. Quem são elas? São os mais velhos, os que têm mais de 70, 80 anos. Os que têm doenças crônicas como pressão alta descontrolada, diabetes descompensada, insuficiência cardíaca, renal, doenças que comprometem o funcionamento do sistema imunológico e os fumantes."

Doenças e ocorrências que matam muito mais que o corona e não assustam

Antes do corona vírus existem números muito mais assustadores que a maioria da população desconhece. Por exemplo: se em 4 meses o corona matou 13.000 pessoas em todo mundo, a cada 6 dias a pneumonia mata 13.200 crianças, menores de 5 anos, no mundo.

Em Portugal, a pneumonia comum mata 16 pessoas por dia, segundo dados da OMS. São 450 mortes, por mês entre adultos, só em Portugal, mas isso nunca gerou a histeria jornalística que se percebe hoje com o corona vírus.

No Brasil, por hora, as doenças do coração matam 40 pessoas, por hora, isto é, 960 pessoas por dia, 28.800 por mês, 345.000 por ano.


Em nosso país morrem cinco pessoas, por hora, vítimas de acidentes de trânsito, 3.600/mês, 43.200/ano.

Até outubro de 2019 morreram 77 pessoas, por mês, vítimas da dengue num total de 700 pessoas. Curiosamente a população se "acostumou" com essa incidência?    

Em resumo, a cardiopatia isquêmica, acidente vascular cerebral, doença pulmonar obstrutiva grave, infecções das vias respiratórias inferiores, alzheimar, câncer de pulmão, diabete mellitus, acidentes de trânsito, doenças diarreicas e tuberculose são as doenças que mais matam no mundo.

E a descoberta de novos vírus ocorre com frequência, afirmam os virologistas de todo mundo. E o planeta já passou por pandemias assustadoras e se resolveu. As piores vírus e doenças que mais mataram no mundo estão listadas abaixo:

1) Gripe Espanhola
No fim da 1º Guerra Mundial, entre 1918 até 1919, uma gripe chamada de espanhola matou entre 50 a 100 milhões de pessoas. Apesar de se chamar espanhola ela começou na América do Norte, mais exatamente em 1918, no estado do Kansas, sendo levada para a Europa por soldados americanos. A gripe espalhou-se pelos cinco continentes e o Brasil registrou 35 mil mortes.

2) Peste Negra
No século 14 a Peste Negra matou cerca de 20 milhões de pessoas no planeta durante cinco anos.

3) Câncer
O câncer mata cerca de 7,6 milhões de pessoas por ano.

4) Tifo
Somente na Rússia foram 3 milhões de mortos pelo tifo no começo do século 20. O tifo hoje mata 0,2 pessoas, por milhão de habitantes.

5) AIDS
Identificado na década de 80 o vírus continua matando 1,5 milhão por ano, em todo mundo. Apesar das campanhas de prevenção existem mais de 35 milhões de contaminados, em todo mundo.

6) Tuberculose
A tuberculose, em 2012. matou 1,3 milhões de pessoas. Cerca de 8,5 milhões de casos foram notificados no mundo.

7) Malária
Transmitida por mosquitos, os novos casos de malária atingem 300 milhões a 500 milhões, todos os anos. Aproximadamente 1 milhão de pessoas morrem, anualmente,]devido à malária.

8) Sarampo
A morte causada pelo sarampo chegou a 2,5 milhões ao ano antes do início da vacinação em massa na década de 1980. Antes da vacinação extensiva contra a doença na década de 1980, a taxa de óbitos globais era de 2.6 milhões ao ano. Em 2011, o índice se encontrava em apenas 150 mil mortes anuais em todo o mundo.

9) Acidente Vasculares EncefálicosEstas ocorrências matam, anualmente só nos Estados Unidos, mais de 138 mil pessoas.

10) Varíola
Surtos de varíola, em várias partes do mundo, mataram milhões de pessoas. Hoje considera-se erradicada.

Leituras relacionadas:

Surto: Aparecimento de uma doença em determinado momento em uma região, cuja frequência é maior que as doenças menos incidentes, afetando sua população. Epidemia: Trata-se de um surto maior cobrindo uma região mais extensa e com registro de casos abrangendo uma população por determinado agente e tempo. Pandemia: Trata-se da ocorrência registrado por nova doença com possibilidade de disseminação e abrangência mundial. Mas a própria OMS, estranhamente não conseguiu, até esta data, esclarecer porque tal vírus foi considerado pandemia como ocorrera com o ebola e com a gripe suína.

quinta-feira, 19 de março de 2020

Fernando Capovilla: nenhuma criança deve ser deixada para trás!


Por Carlos Nadalin

Fernando Capovilla é uma das maiores autoridades em alfabetização no Brasil, fala sobre a alfabetização fônica para crianças com dislexia, autismo, surdez, deficiência visual, deficiência intelectual.


PROF. CARLOS NADALIN: Fernando, com muita frequência recebemos perguntas de pais que dizem o seguinte: “Meu filho é autista, tem déficit de atenção ou síndrome de Down. Na hora da alfabetização posso usar as dicas do blog Como Educar Seus Filhos ou devo adotar outras estratégias?”. Você sabe que nós seguimos uma abordagem fônica, mas os pais têm essa dúvida.

PROF. CAPOVILLA: Perfeito! O método mais indicado para a alfabetização é o método fônico. Porém ele sempre deve ser adaptado às necessidades do educando. No caso do surdo, por exemplo, o método fônico deve ser precedido da língua de sinais ou, se a criança tiver um implante coclear de reabilitação auditiva, com o nosso método de leitura orofacial.

No caso de deficiência intelectual, síndrome de Down, existe uma redução da abstração, o que pode comprometer o método fônico apenas um pouco, mas apenas se você não fizer uso de atividades para compensar a falta de abstração. Essas estratégias sempre fazem uso do apoio em objetos. Por exemplo, quando faço uma tarefa de transposição silábica como: pata/tapa, bolo/lobo ou transposição fonêmica e/l/o e o/l/e, sempre dou um apoio visual, colocando uma sílaba numa caixinha colorida. Ou seja, você dá o apoio visual e assim a criança com deficiência intelectual consegue fazer as atividades metafonológicas e fônicas. É o método fônico com leves adaptações, sempre.

No caso do transtorno do espectro autista também é o método fônico o mais recomendado.

E acontecem fenômenos fascinantes, pois cada quadro tem sua assinatura. Uma das assinaturas da criança que nasce cega é não perceber os sons da fala cujas formas de boca sejam muito conspicuamente distintas ou semi-homófonas, porque ela nasceu cega.

Fernando Capovilla 
Um exemplo: [n] e [m] parecem iguais, mas são bem diferentes para quem tem visão. A criança que nasce cega não percebe a diferença entre [n] e [m]. Já a criança que nasceu vidente ouve e vê e por isso adquire mais facilmente essa compreensão.

Para a criança que nasceu cega é preciso adaptar o método fônico para o tato, e isso se pode fazer facilmente. Veja, [n] e [m] são muito distintos ao tato, da mesma maneira que [z] e [s]: [z] é vozeado, porque as pregas vocálicas vibram, enquanto [s] não é vozeado.

Veja como a vibração das cordas vocais são diferentes. Por exemplo, “em vaca”, “vibra” e “faca” não vibra. Temos então recursos para que a criança possa perceber a diferença entre os sons, dependendo de sua integridade sensorial. A criança que nasceu cega dependerá da audição, mas nos casos de homofonia o tato é a solução.

A criança com transtorno do espectro autista tem um fenômeno fascinante: ela faz menos contato ocular com o professor e portanto com a boca. Adivinhe, existe aí um comprometimento da leitura orofacial. Os sons que são muito distintos visualmente mas parecidos fonologicamente são os sons onde pode haver erros. A ciência serve para percebermos onde a criança está sofrendo e suprir essas necessidades. A ciência está aí como tecnologia e suporte acadêmico-pedagógico ao professor para fazer a criança brilhar.

Melhor método para TEA? Fônico! Melhor método para alfabetização de criança com deficiência intelectual? Fônico, com suporte! Para o disléxico? Não tenho dúvida! O método fônico previne a dislexia. Em gêmeos univitelinos, monozigóticos, teve altíssimo sucesso – em pré-alfabetização, com intervenção precoce, quando a plasticidade neural é máxima, na janela do desenvolvimento da linguagem.

O método fônico, sempre ele! Por quê? Porque a escrita mapeia a fala. Por isso a fala deve ser tornada muito conspicuamente discernível à criança de maneiras diferentes, dependendo da modalidade sensorial da criança que se encontra comprometida ou da modalidade neurolingüística que se encontra comprometida, como no caso da dislexia, da disortografia, que é a dificuldade de escrever por conta do código da escrita. Cada quadro – dislexia, disortografia, distúrbio de processamento auditivo central, transtorno do espectro autista, deficiência intelectual, distúrbio do sistema vestibular – onde se pode usar o método fônico amparado pela psicomotricidade – e, no caso, obviamente da língua de sinais para a criança surda ou implantada, o uso da língua de sinais com o método fônico com apoio visual.

Veja que interessante: a criança que nasce surda não tem acesso à heterofonia e vai usar a língua de sinais e tentar fazer a leitura orofacial da fala. Veja: “bico” e “mico” são sons faciais distintos, mas e nos casos de [p], [b] e [m]? Esses sons são iguais à visão, são homoscópicos. Como fazer? A criança é surda, e as unidades da fala são iguais à visão. O que fazer? Há várias estratégias. Quando digo para a criança “mico”, posso fazer com a mão a forma da letra “m” em linguagem de sinais. Já em “bico” posso fazer o sinal de “b”. Enfim, posso adotar várias estratégias.

A criança com a sua preciosidade nos convida a fazer uso da ciência para compreendê-la em profundidade e para dar a ela aquilo de que ela precisa. Nenhuma criança deve ser deixada para trás! É para isso que a ciência existe.

PROF. CARLOS: Perfeito! Capovilla, no meu curso Ensine Seus Filhos a Ler – Pré-Alfabetização, vários pais de crianças com autismo, síndrome de Down sempre enviam perguntas sobre essas adaptações e sempre digo o mesmo: “Você deve fazer adaptações com recursos multissensoriais para ajudá-las e continuar com a abordagem fônica”. Jamais substituir a abordagem fônica.

PROF. CAPOVILLA: Claro! A abordagem fônica, pessoal, vem do grego “foné”, que é voz. Fonologia é o estudo da voz. Fonema é a unidade da fala ouvida. Falar em grego é “laléo” e a fala ouvida é “otolalia”. A fala vista é “optolalia”. A fala tateada é “esteselalia”. O método fônico que usamos e desenvolvemos, turbinados pelo mapeamento da língua portuguesa – em todos os seus fones, lalemas, visíveis, táteis – é um método opto-oto-estese-lalo-grafêmico. É um método extremamente compreensivo, para abraçar a criança. O que vocês fazem no blog, e especialmente com esse novo livro, é muito lúdico. Nós entregamos ciência do mais elevado nível, com a arte em seu mais refinado gosto. Isto é o hemisfério direito: mímica, pantomima, música, gesto, expressão facial, brincadeira. E a fala é linguagem, hemisfério esquerdo, e todas as suas fases. Isso é neurociência de altíssimo nível, com arte de altíssimo nível para alfabetização.

O “nome do jogo” é servir e nós somos servos e o que queremos é ajudar você, professor, a fazer sua criança brilhar.

PROF. CARLOS: Com certeza! Capovilla, muito obrigado pelas respostas. Tenho certeza de que muitos pais vão ficar agora mais tranquilos com todo esse conteúdo.

sexta-feira, 13 de março de 2020

A escola em Shangai e a educação brasileira

Shangai é líder no PISA e tem ingredientes comuns entre os melhores países na educação: disciplina, professores comprometidos e método fônico.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Quando uma professora de Shangai entra na sala de aula, rigorosamente no horário, as crianças se levantam e saúdam com um uníssono "bom dia professora" acompanhado do respeitoso gesto de se curvar diante de alguém que se respeita. O gesto é repetido pela professora. Imediatamente a aula tem início. Diferente do Brasil onde o professor perde um bom tempo para "acalmar" alunos sem disciplina.

As diferenças são enormes entre a educação praticada no Brasil e em Shangai, na China. Elas passam pela pedagogia, métodos e metodologias, pela disciplina de alunos e, principalmente, pelo comprometimento dos professores. Shangai está no topo da lista dos melhores na educação do PISA que avalia estudantes na faixa de 15 anos, em 76 países, a cada três anos. O sistema Chinês é dividido em três níveis: Elementar (1º ao 6º ), Médio (7º ao 9º) e o High School (três anos) com alguma variação regional.

Diferenças gigantescas


As escolas de Shangai tem muitas coisas em comum com as escolas japonesas ou com as coreanas e nenhuma com as brasileiras. São estruturas comuns, com pouco aparato tecnológico mas... limpas. Tal e qual as escolas japonesas, os alunos são disciplinados e tão comprometidos com a limpeza como os diretores e professores. São eles que mantém suas salas limpas e cuidam para evitar depredações. As aulas tem 50 minutos com intervalo de 10 minutos entre elas. Depois do "bom dia Sra Professora", a aula se inicia. 


Professores não faltam

Os professores não faltam porque sabem que isso interromperá a sequência trabalhada no currículo. Nem seus alunos se ausentam porque sabem que terão tarefas duplicadas pra fazer em casa. As crianças de Shangai, além de cumprir sua jornada na escola, terão mais 3 horas de tarefas pra fazer em casa. Apenas em casos de acidentes ou cirurgias programadas, um professor se ausentará. No Brasil, absurdamente, a legislação permite ao funcionário público atrasar 10 minutos (a aula tem 50) e "beneficios" como direito a seis faltas por ano, sem dar satisfação, além de licenças intermináveis.

Alfabetização com Método Fônico


O método de alfabetização em Shangai, como na Coreia do Sul e Japão, é o fônico, um sistema lastreado em evidências científicas. No Brasil utiliza-se as teorias do método global/construtivista que confundem alunos e professores. Em Shangai os alunos são alfabetizados em menos de um ano enquanto os brasileiros chegarão ao 5º ano com graves deficiências para ler e compreender e assim permanecerão além do ensino médio. Os alunos de Shangai são os primeiros do mundo e os brasileiros, os últimos.

Salas de aulas em Shangai tem mais alunos que salas brasileiras

Os campeões do mundo em educação tem salas de aulas com 30 a 35 anos de 1º ao 6º anos, 40 na salas do 7º ao 9º e mais de 40 na série Hight School. Quando o método de alfabetização é bom e há disciplina, independe o tamanho das salas e nem o nível social dos alunos. As crianças mais pobres de Xangai sabem mais matemática que as crianças mais ricas dos Estados Unidos e Europa. No Brasil a desculpa para justificar o atraso na aprendizagem é o tamanho da sala com 35 alunos. Em algumas regiões as salas podem ter acima de 50 alunos. Estatísticas do PISA mostram que salas com 20 alunos tem rendimento próximo de salas com 35.

Os professores chineses são rigorosos na disciplina e não compreendem bem porque os alunos brasileiros agridem seus colegas e professores. É inimaginável para sua cultura um aluno ofender um professor.

Experiência em Jafa aponta caminhos

Professoras brasileiras que participaram de um projeto piloto, com método fônico, numa escola de ensino básico, no interior do Estado de São Paulo, explicaram que a disciplina melhorou 90% depois que o programa foi implantado:

- Os alunos dos três primeiros anos foram alfabetizados em pouco tempo e, na medida que passaram a entender o que os professores pediam, executavam suas atividades com uma disposição que a gente nunca observara antes" - disse uma delas.

A disciplina melhorou 90%. "Os próprios alunos passaram a exigir bom comportamento dos colegas e eles compreendem bem o que pedimos nas atividades" - afirmam as professoras.

"Parecia que, antes, a gente falava uma língua desconhecida e eles acabavam se dispersando simplesmente porque não estavam entendendo nada" - confessou. As professoras que usaram o método fônico pela primeira vez notaram que, antes, as crianças iam para a biblioteca para brincar mas passaram a frequentar o local para ler, em silêncio. Antes eles tinham imensas dificuldades para ler.

Os alunos do primeiro ano, depois de 70 dias de alfabetização, leram os enunciados das suas provas, sem ajuda do professor leitor, auxílio necessário até hoje para alunos do terceiro ano.

A sala dos professores de Shangai é bem diferente das brasileiras. Na verdade cada professor tem uma baia, equipada com computador, onde prepara suas aulas. Um professor faz o papel de "inspetor" visitando frequentemente os alunos em suas salas e agindo com mediador escola/família. Ele conhece todos as crianças, mesmo numa grande escola, e seus problemas, famílias e casos comuns. Os professores são orientados não gritar em sala de aula e alunos respeitam. Em matéria de disciplina as chamadas escolas militares brasileiras são próximas das de Shangai, inclusive no uso do método fônico.

Atividades relevantes programadas


Enquanto muitos professores brasileiros improvisam suas aulas, as atividades relevantes ocupam a maior parte do tempo nas salas chinesas. Esse procedimento melhora a qualidade do ensino como já demonstrou o PISA.

Participação espontânea em Shangai e em Jafa


Professoras que participaram do Projeto Piloto com Método Fônico da escola municipal de Jafa, confessaram-se muito surpresas com um fato corriqueiro mas muito significativo.


"Quando testamos leitura todos os alunos levantam as mãos e querem participar. Antes eles evitavam ser chamados simplesmente porque não sabiam ler" - disse uma professora do terceiro ano. O mesmo ocorre com as crianças chinesas: todas erquem os braços desejando responder. A lição errada de um aluno é é ensinada e corrigida pelos colegas que sabem a resposta.

A disciplina só será instalada numa sala de aula onde os alunos conseguem ser alfabetizados, quando ganha autonomia na leitura e escrita. Para isso é preciso que o método de alfabetização alfabetize e não confunda.

quarta-feira, 11 de março de 2020

Sistema de voto eletrônico brasileiro não é confiável

Por que Estados Unidos, França, Alemanha e Japão ainda não confiam em voto eletrônico?
Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Ao alegar que houve fraude nas eleições que o elegeram em 2018, Jair Bolsonaro trás à tona a questão da insegurança do chamado voto eletrônico. O presidente diz ter provas de que se elegeu no primeiro turno. Os especialistas são claros: o sistema de votação eletrônica não é confiável e são passíveis de fraudes. Mas a juíza Rosa Weber, analfabeta no tema, diz que as urnas são absolutamente confiáveis tal e qual afirmou Dias Toffoli, quando no comando do TSE.

A corte da Alemanha, por exemplo, diz que a votação eletrônica não atende o Princípio de Investigação das Eleições, exigido na constituição da Alemanha que prevê que qualquer cidadão possa conferir seu voto, sem necessitar de muitos conhecimentos técnicos para tal. Estados Unidos, Japão e França, idem.

A implantação do sistema biométrico apenas pode evitar que eleitores fantasmas votem mas não impedirá a ocorrência de fraude no sistema de votação. Um país envolvido em corrupção eleitoral, a Venezuela de Maduro, usa urna eletrônica e sistema de biometria.

Insegurança evidente

Em julho de 2017, durante a maior conferência de hackers do mundo, a Defcon, todos os modelos de urnas e sistemas eletrônicos de votação testados, inclusive as urnas fabricadas no Brasil, foram violados em menos de duas horas. Segundo Ronaldo Lemos, representante do MIT Media Lab no Brasil, “as urnas foram hackeadas até por conexão wi-fi insegura”, sem contato físico com a peça. Não apenas as urnas mas todo processo de programação pode ser alterado. A insegurança aumenta quando a justiça se nega a aceitar a impressão do voto eletrônico, isto é, a comprovação em quem o eleitor votou, em papel, além do voto eletrônico.

A alegação é mais suspeita: que o custo seria alto. O valor certamente poderia ser pago pelos vinhos premiados que abastecem e servem a casta especial que habita "nosso supremo tribunal" ou pelo dinheiro que vem sendo recuperado da corrupção praticada pelos que defendem as tais urnas sem impressão do voto.

Sistemas eletrônicos vulneráveis

O professor universitário Diego Aranha alertou para a fragilidade do sistema de urnas eletrônicas do Brasil durante entrevista no programa de Danilo Gentili, na Band TV. Aranha, que é especialista em segurança da informação, apontou que o sistema tem vários estágios de vulnerabilidade passíveis de fraude e com relativa facilidade. Mesmo diante dessas evidências, Dias Toffoli, presidente do TSE, afirma o contrário, mas negou-se a realizar testes públicos com as urnas.

As urnas eletrônicas, "orgulho nacional" para muitos brasileiros, segundo doutores em segurança digital, são manipuláveis e sujeitas a fraude interna e externamente. Isso significa dizer que o sistema pode ser invadido e alterado por operadores internos do processo ou por hackers. Essa fragilidade já foi tema discutido no congresso nacional, mas por razões desconhecidas, o assunto não prosperou contrariando as exposições feitas por Aranha que em 2012 coordenou os testes públicos das urnas eletrônicas e conseguiu quebrar o único dispositivo que dava segurança ao sigilo do voto.

Estranhamente o TSE recusa a ideia da impressão do voto. O eleitor, depois de votar na urna eletrônica , poderia obter a comprovação do seu voto, em papel impresso pela própria máquina. O voto em papel seria depositado numa urna anexa e seria o confronto para a contagem.

Alemanha, Japão, França e Estados Unidos não usam

A justiça da Alemanha proibiu o uso de urnas eletrônicas pela facilidade de fraude que ela proporciona. E por que o Japão, França e os Estados Unidos também continuam utilizando sistemas de apuração voto a voto, no papel, paralelamente com o voto eletrônico? Porque, ainda, o processo eletrônico não garante sigilo e confiabilidade nas apurações.

O sistema de urnas denominadas DRE, de primeira geração - Direct Recordind Eletronic - entre vários processos é o mais atrasado de todos. Ele grava o voto em memória mas não permite que o eleitor confira se o seu voto foi registrado corretamente. Dezenas de países que avaliaram o sistema brasileiro, recusaram as urnas.

Existem máquinas de segunda e terceiras gerações que usam o sistema biométrico, permite a conferência do voto, imprimem os votos e garantem sigilo do votante.






domingo, 23 de fevereiro de 2020

Índice de suicídio entre jovens brasileiros subiu 24%

O Brasil registrou 845 casos de suicídios entre jovens, em 2016, número 70% maior que o Japão.

Por Edson Joel Hrano Kamakura de Souza

Pesquisa coordenada pela Unifesp - Universidade Federal de São Paulo - mostra que a taxa de suicídios entre jovens na faixa de 10 e 19 anos, nas grandes cidades brasileiras, aumentou 24% entre os anos de 2006 e 2015 e subiu 13% nas cidades do interior.

A pesquisa da Unifesp indica que a prática é 3 vezes maior entre jovens do sexo masculino e que a propagação da internet e mudanças sociais sejam responsáveis pelo aumento dessa taxa. Os dados foram coletados no Sistema Único de Saúde e IBGE nas praças de Salvador, Porto Alegre, Bel Horizonte, São Paulo, Recife e Rio de Janeiro.

A taxa de suicídios entre jovens brasileiros vem aumentando nas últimas décadas. Entre 2000 e 2015 o aumento foi de 65% entre jovens de 10 a 14 anos e de 45% na faixa de 15 a 19 anos. O suicídio é a quarta causa de morte entre jovens,nestas faixas. A primeira é a violência.

BRASIL E JAPÃO

O Japão reduziu a taxa de suicídio entre todas as faixas etárias de 34,5 mil casos em 2003 para 21 mil ocorrências em 2017. A expansão do universo digital, problemas familiares, financeiros, cobranças na escola, drogas, bullying são temas recorrentes nos debates sobre as causas que levam jovens do mundo inteiro a extrema decisão. Mas a maioria está ligada, de alguma forma a transtornos mentais.

No caso do Japão soma-se a cultura: o ato pode ser considerado honroso quando alguém comete um erro grave desonrando a família ou é movido por ato de bravura em defesa do líder,como os kamikazes. Quando falhavam na defesa do imperador, os samurais praticavam o harakiri.

Entretanto, no Brasil, particularmente, é comum se ouvir que a causa principal que levam os jovens japoneses ao suicídio é a pressão por resultados na escola. Os números são assustadores para as estatísticas daquele país. No período entre 2016 e 2017 foram 250 casos, cinco vezes mais que no ano anterior.

Mas somente em 2016 exatos 845 casos de suicídios foram registrados entre jovens, no Brasil, de um total de 10.575 casos, 0,7% menor que 2015.

RESUMO DAS ESTATÍSTICAS

- Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, entre 2000 e 2016, a morte por suicídio aumentou 73%, de 6.780 para 11.736, uma alta de 73% sendo as maiores taxas registradas entre jovens e idosos. Em todo mundo, no mesmo período,as estatísticas internacionais apontam uma queda de 17% dessa ocorrência.

- A Revista Acadêmica BMJ diz que entre 1990 até 2016 a queda mundial da taxa de suicídios foi de 32%, respeitando-se a proporção populacional dos períodos.

- A Organização mundial de Saúde estima em mais de 800 mil mortes por suicídio, por ano, em todo mundo. Entre homens a ocorrência é de 15,6 mortes por 100 mil habitantes entre homens e 7 entre mulheres.

- Segundo a ONU, 75% dos casos envolvem pessoas cujos países tem renda considerada baixa para média.

- Entre todas as faixas etárias, dados da OMS indicam que a taxa de suicídio aumentou em 7% no Brasil enquanto caiu 9,8% em todo.mundo, nos últimos 6 anos.

- A maior taxa de mortes por suicídio no Brasil (por 100 mil habitantes) é entre indígenas: são 15,2 casos e a maioria ocorre entre jovens. A estatística se repete na Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos.

RANKING MUNDIAL

No Brasil, em 2012, foram registradas 11.821 mortes, sendo 9.198 homens e 2.623 mulheres (taxa de 6,0 para cada grupo de 100 mil habitantes). Entre 2000 e 2012, houve um aumento de 10,4% na quantidade de mortes – alta de 17,8% entre mulheres e 8,2% entre os homens.

O país com mais mortes em 2012 foi a (1º) Índia com 258 mil óbitos, seguido de China (2º) com 120,7 mil, (3º) Estados Unidos com 43 mil, (4º) Rússia com 31 mil, (5º) Japão com 29 mil, (6º) Coreia do Sul (17 mil), (7º) Paquistão xom 13 mil, (8º) Brasil com 11,8 mil (do Jornal G1, de 2014).

SOCIEDADE MEDICALIZADA

"Apesar dos dados apontarem para uma sociedade altamente medicalizada, o número de casos de suicídio vem aumentando de forma alarmante, evidenciando uma incoerência: a grande quantidade de indivíduos que fazem o uso de medicação não corresponde a uma baixa no número de pessoas que apresentam ideação suicida. Embora a medicação possa constituir-se parte importante do tratamento, é necessário compreender que o seu uso, por si só, não equivale a um tratamento completo para o sujeito em sofrimento. Ao contrário, o uso inadequado ou indiscriminado de medicamentos pode resultar em graves consequências à saúde dos usuários, ou ainda levar à dependência." (Rosane Granzotto, do Conselho Federal de Psicologia (CFP).

BALAS PERDIDAS, DENGUE, COVID E TRÃNSITO MATAM

- No Brasil mais de 1.480 pessoas morreram vítimas de armas de fogo, só no Rio de Janeiro. Destas, 255 foram atingidas por "balas perdidas". 700 pessoas morreram de dengue em 2019, no Brasil.

- Em 2011 morreram mais de 43 mil pessoas, vítimas de acidentes de trânsito. Em 2017 esse número caiu para 34 mil, 20,85% menos.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Roubaram o acento da ideia.

"Cartaz" do início de 1900. A última reforma comeu os acentos da diarréia, asteróide, jibóia, estréia e idéia.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza atualizado em 6/2/22

Duas coisas causam-me estranheza: mudam as regras gramaticais e ortográficas e todos aceitam, sem questionamentos. Tudo que lhe disseram que era correto escrever... torna-se incorreto ao prazer e decisão de alguns. Dai você se pergunta:

- Afinal, como são criadas e alteradas tais regras?

Não é assim, tão simples.
Os linguistas espreitam o uso da língua nos meios de comunicação e, particularmente, nos meios literários, analisando alguma possível alteração. Quando elas forem "significativas", propõe mudanças nas regras gramaticais - a gramática aprendida nas escolas - e ortográficas, estas últimas impostas por lei. O objetivo, segundo tais linguistas, é facilitar o uso da escrita em português para os 273 milhões de 9 países no mundo. A decisão torna-se mais política que linguística.

O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, em 2009, foi assinado pelo Brasil, Portugal, Angola, Timor Leste, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe. De janeiro de 2009 até dezembro de 2015 chamou-se de período de transição. Em 1º de janeiro de 2016 passou a vigorar, oficialmente. Antes, em 1990, ocorreu o acordo que culminou com o documento de 2009. Os representantes brasileiros foram Antônio Houaiss e Nélida Piñon.

Antes a norma dizia que você estaria correto acentuando diarréia, asteróide, jibóia, estréia e idéia com acento agudo (´) por serem palavras paroxítonas com ditongos ei/oi (encontro entre duas vogais, na mesma sílaba) em que a última sílaba tem pronúncia mais forte. Agora, por decisão de "linguistas", não se acentua mais e você estará errado se colocar acento nestas palavras que antes, eram corretas.

ANTES: Acentuar todos os ditongos abertos (éi, ói, éu), monosílabas (céu, dói), oxítonas (troféu, constrói), paroxítonas (idéia, jibóia).

AGORA: Acentuar todas as palavras paroxítonas menos as terminadas em -a, -e, -o, -em, -am, -ens. Portanto, ideia não é acentuada porque é paroxítona terminada em "a".
Muitos especialistas acreditam que as regras estavam organizadas e claras e que as mudanças (na verdade voltaram as regras originais) não foram bem aceitas. Muitas alterações ocorrem "para facilitar" o seu uso adequando-se as imensas dificuldades que o estudante brasileiro, particularmente, tem com a língua falada e escrita.

Nos últimos 30 anos utiliza-se no país um método de alfabetização (método global/construtivista) que não alfabetiza. Crianças que deveriam ganhar autonomia plena em leitura e escrita antes do término do primeiro ano do ensino básico - e isso é possível com método fônico - chegam ao ensino média com dificuldades de leitura de palavras de três ou quatro sílabas.

Somos os piores na avaliação do PISA em leitura e matemática. Os linguistas, parece, estão moldando a língua para analfabetos da mesma forma que nossos "doutores em educação" tentam resolver o grave problema da educação reformando o ensino médio.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Pós e mestrados tem pouco impacto no desempenho de alunos, diz pesquisa


Pesquisas apontam evidências ignoradas pelos governantes. (Foto Getty Images)

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

As análises foram realizadas pela Consultoria iDados, do Instituto Alfa e Beto e foram publicadas no documento "Para desatar os nós da educação: Uma nova agenda", assinado pelo especialista na área, professor João Batista Araújo.

Esse documento analisa, entre outros assuntos, a evolução da matrícula e financiamento, qualidade da educação, as determinantes do desempenho escolar e apresenta propostas de longo e curto prazos como "transformar o magistério numa carreira atraente para pessoas com elevado desempenho acadêmico; substituir a cultura de leis e regulação por políticas baseadas em evidências, incentivos e resultados; inserir as políticas de educação no contexto da formação de capital humano; estabelecer um currículo de qualidade e implementar as medidas decorrentes em relação aos livros didáticos; reformar a reforma do ensino médio; aprimorar o sistema de avaliação; dar chances para a juventude engajar-se no mundo do trabalho e equacionar o financiamento da educação."

Os estudos da Consultoria iDados concluíram, também:

- É praticamente nula a relação entre tamanho da população de um município e o desempenho dos alunos da rede pública, em Matemática.
- Não há diferenças no desempenho das redes estaduais x redes municipais.
- Maior volume de despesas pelos municípios não gera impacto significativo na qualidade.
- O ensino em tempo integral apresenta resultados modestos e gera custos altos.

Professores com títulos melhoram notas dos alunos?

Destacam-se dois assuntos que chamam a atenção: a irrelevância da correlação Professores com títulos x Desempenho dos alunos e Salários x Desempenho escolar.


- Títulos de pós-graduação aumentam entre 0,2 e 1,4 pontos na prova de Matemática do 5º ano – essa prova tem um desvio-padrão de 50 pontos, portanto são aumentos irrelevantes.
- O mesmo ocorre nas séries finais. Seria de se esperar um aumento significativo devido aos cursos de Mestrado, pois estes deveriam contribuir para um maior nível de conhecimento dos conteúdos ensinados.


A pesquisa científica do iDados também concluiu que o salário do professor tem pouco impacto no desempenho dos alunos.
 
- As figuras acima mostram o ganho de pontos em função do salário dos professores do 5° e 9° anos, comparado com um salário referência de R$ 1.405,00.

- Os ganhos são modestos. Nas séries iniciais, cada R$ 500 aumenta um ponto na nota, nas séries finais, os aumentos precisam ser mais vultosos para impactar nas notas. Vale observar a diferença entre 2,8 e 3,2 mil reais e um salário de mais de 6,5 mil reais: é o dobro do custo para um aumento de apenas 2 pontos.

- A maior diferença é de 6 pontos (meio ano escolar) para uma diferença salarial de mais de 5.000 reais/mês. Essa diferença é estatisticamente significante.

Fonte: Instituto Alfa e Beto

sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Escolas particulares são piores que Sobral

Além do IDEB de 7,1 das escolas particulares (média nacional), comparável com redes públicas gratuitas, a lenta evolução é assustadora: em 12 anos as particulares evoluíram apenas 1,2 pontos. No mesmo período as escolas municipais de Sobral evoluíram 5,1 pontos. Em 2017 Sobral registrou 9,1 no IDEB.

Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Faz dias um pai ligou-me contando que seu filho não sabe ler e tem imensa dificuldade de escrita. Ele estuda no terceiro ano do Ensino Básico de uma escola municipal que utiliza método global/construtivista. Queria um conselho e perguntou-me se escola particular seria uma solução.

Essa é uma dúvida comum entre pais que escolhem as escolas para seus filhos considerando tudo, menos o método e metodologias de alfabetização. Se nem mesmo secretários da educação, coordenadores pedagógicos e diretores sabem sobre alfabetização, além das teorias mofadas do método global e o construtivismo de Piaget, imagine para um pai decidir sobre tal.

MÉTODO GLOBAL NÃO ALFABETIZA

Se soubessem não repetiriam as mesmas propostas pedagógicas, anos e anos, com péssimos resultados. A maioria das cidades que usa método global/construtivista evoluiu, em 10 anos, apenas 1 ou 1,5 pontos no Ideb. E, por total ignorância em processos de alfabetização, continuam repetindo as mesmas bobagens pedagógicas, sem resultados.

Pior que tudo isso é o rio de dinheiro jogado no lixo. Garça, no Estado de S. Paulo, até novembro de 2019 investiu cerca de R$ 34 milhões na sua rede escolar de 23 escolas e cerca de 3 mil alunos (salários, transportes, materiais didáticos, merenda...) e o resultado de tanto investimento e esforço de um ano inteiro de trabalho será, provavelmente, o mesmo dos últimos 10 anos: evolução de 0,1 ponto. Resultado irrelevante e grave para uma cidade que vê tanto dinheiro desperdiçado, sem avanço significativo.

(PS: em 2021 a Secretaria Municipal de Educação da cidade de Garça abandonou o método Sesi - método global/construtivista - depois de 8 anos. Nesse período o Ideb caiu e os estudantes continuaram analfabetos).

E não raciocinam, não mudam, não pensam em novos caminhos, não tem coragem de buscar ou pelo menos conhecer método com resultados excelentes, evidentes, claros, visíveis, irrefutáveis e sentidos em todas as avaliações produzidas interno e externamente. Muitos mal consultam ou analisam os índices e se assustam com escolas paupérrimas que conseguem atingir notas acima de 9, no Ideb.

As mesmas dificuldades encontradas nas redes públicas estaduais ou municipais estão nas escolas particulares, também. Tanto que as escolas pagas evoluem tão lentamente quanto as públicas e suas notas de Ideb são próximas. A média nacional das escolas particulares ficou em apenas 7,1 enquanto cidades como Sobral, no Ceará batem 9,1 pontos com índice de proficiência em matemática entre 8 e 9 (numa escala de 1 a 9).

SOBRAL USA FÕNICO

Quanto se foca nas metas propostas pelo MEC e na evolução nos últimos anos, a situação piora: escolas conduzidas por método global/construtivista apanham das unidades trabalhadas com método e metodologias que realmente alfabetizam no primeiro ano do ensino básico (método fônico), como são as escolas públicas de Sobral. E as diferenças são enormes.

Entre 2005 e 2017, Sobral evoluiu 5,1 pontos no IDEB (3,5 pontos acima da meta) contra 1,2 pontos das escolas particulares em todo Brasil que ficaram abaixo da meta. Além de Sobral várias outras escolas cearenses ultrapassaram a meta com facilidade inclusive as 12 cidades do Vale da Rapadura que adotaram o mesmo método fônico de Sobral.

Escolas de cidades pobres, com IDH baixo, índice de violência alto e renda per capita pequena, são melhores que as suntuosas escolas particulares. Pelo menos o Ideb escancara esses números incontestáveis. As pobres cidades cearenses que adotaram método fônico de alfabetização são melhores que as fantásticas, maravilhosas, equipadas e propagandeadas escolas do Sesi. Só uma escola Sesi obteve 7,1 no Ideb e fez espalhafatosa comemoração.

Teresina, capital de um dos mais pobres estados brasileiros e com alto índice de violência, chegou em primeiro lugar nos anos iniciais entre todas as capitais do país. Esse resultado cala os discursos das "doutoras" em educação que passaram os últimos 20 anos justificando que a condição social baixa do aluno era um grave problema para se obter resultados melhores na educação brasileira. Teresina tem IDH-M de 0,751, considerado alto ficou em primeiro lugar entre todas as capitais brasileiras, inclusive S.Paulo com o seu pomposo IDH-M de 0,833. Ocorre que Teresina jogou no lixo as invencionices pedagógicas de Piaget - usadas em S. Paulo - e usa método fônico.

IDEB 2017 SOBRAL (CE) ANOS INICIAIS
Com método fônico, Sobral evolui 5,1 pontos entre 2005 e 2017. Exatos 3,5 pontos acima da meta estabelecida pelo MEC.

IDEB 2017 BRASIL ESCOLAS PARTICULARES ANOS INICIAIS
No mesmo período as escolas particulares evoluíram apenas 1,2 pontos em 12 anos, só 0,1 ponto, por ano. E ainda ficou abaixo da meta.

Quem consulta o QEdu percebe que muitas escolas particulares fogem das provas do Saeb (Sistema de Avaliação do Ensino Básico) que indicam os índices do IDEB, com medo de notas baixas. Muitas particulares contrataram coordenadores pedagógicos do Estado, onde se pratica o construtivismo e, ao longo de poucos anos, essas escolas despencaram o nível do ensino nos anos iniciais.

O Sesi, com suas majestosas e propagandeadas super escolas equipadas, só conseguiu colocar uma única unidade (em MG) com nota 7,1. O Sesi usa método de alfabetização condenado pela neurociência e seu Ideb é menor que muitas escolas paupérrimas que usam método fônico. O quadro acima (Sobral x Escolas Particulares) responde a pergunta.

Escolas particulares são piores que Sobral

O mais preocupante, além de Ideb de 7,1 das escolas particulares, comparável a escolas públicas gratuitas, é a lenta evolução. Em 2017 as escolas avaliadas pelo Saeb evoluíram apenas 1,2 ponto, em 12 anos.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Faz dias um pai ligou-me contando que seu filho não sabe ler e tem imensa dificuldade de escrever. Ele estuda no terceiro ano do Ensino Básico de uma escola municipal que utiliza método construtivista. Queria um conselho e perguntou-me se escola particular seria uma solução. Essa é uma dúvida comum entre pais que escolhem as escolas para seus filhos considerando tudo, menos o método e metodologias de alfabetização. Considerando que nem mesmo secretários da educação, coordenadores pedagógicos e diretores sabem sobre alfabetização, além das teorias mofadas de Piaget, imagine para um pai.

Se soubessem não repetiriam as mesmas propostas pedagógicas, anos e anos, com péssimos resultados. A maioria das cidades que usa método construtivista evoluiu, em 10 anos, apenas 1 ou 1,5 pontos no Ideb. E, por total ignorância em processos de alfabetização, continuam repetindo as mesmas bobagens pedagógicas, sem resultados.

ESCOLAS PARTICULARES: EVOLUÇÃO IRRELEVANTE

Pior que tudo isso é o rio de dinheiro jogado no lixo. Garça, no Estado de S. Paulo, até novembro de 2019 investiu cerca de R$ 34 milhões na sua rede escolar de 23 escolas e cerca de 3 mil alunos (salários, transportes, materiais didáticos, merenda...) e o resultado de tanto investimento e esforço de um ano inteiro de trabalho será, provavelmente, o mesmo dos últimos 10 anos: evolução de 0,1 ponto. Resultado irrelevante e grave para uma cidade que vê tanto dinheiro desperdiçado, sem avanço significativo.

E não raciocinam, não mudam, não pensam em novos caminhos, não tem coragem de buscar ou pelo menos conhecer método com resultados excelentes, evidentes, claros, visíveis, irrefutáveis e sentidos em todas as avaliações produzidas interno e externamente. Muitos mal consultam ou analisam os índices e se assustam com escolas paupérrimas que conseguem atingir notas acima de 9 no Ideb.

PARTICULARES PERDEM PARA ESCOLAS PÚBLICAS

As mesmas dificuldades encontradas nas redes públicas estaduais ou municipais estão nas escolas particulares, também. Tanto que as escolas pagas evoluem tão lentamente quanto as públicas e suas notas de Ideb são próximas. A média nacional das escolas particulares ficou em apenas 7,1 enquanto cidades como Sobral, no Ceará batem 9,1 pontos com índice de proficiência em matemática entre 8 e 9 (numa escala de 1 a 9).

Quanto se foca nas metas propostas pelo MEC e na evolução nos últimos anos, a situação piora: escolas conduzidas por métodos sócio construtivistas apanham das unidades trabalhadas com metodologia fônica, como são as escolas de Sobral. E as diferenças são enormes.

ESCOLAS PÚBLICAS DE SOBRAL (CE) AVANÇARAM MAIS NA ALFBETIZAÇÃO

Em 12 anos (de 2005 e 2017), Sobral evoluiu 5,1 pontos no IDEB - 3,5 pontos acima da meta - contra 1,2 pontos das escolas particulares em todo Brasil, que ficaram abaixo da meta. Além de Sobral várias outras escolas cearenses ultrapassaram a meta com facilidade inclusive as 12 cidades do Vale da Rapadura que adotaram o mesmo método fônico de Sobral. Nos anos iniciais Sobral marcou 9,1 e nos anos finais, 7,2.

Escolas de cidades pobres, com IDH baixo, índice de violência alto e renda per capita pequena, são melhores que as suntuosas escolas particulares. Pelo menos o Ideb escancara esses números incontestáveis. As pobres cidades cearenses que adotaram método fônico de alfabetização são melhores que as fantásticas, maravilhosas, equipadas e propagandeadas escolas do Sesi. Só uma única escola Sesi obteve 7,1 no Ideb e fez espalhafatosa comemoração.

Teresina, capital de um dos mais pobres estados brasileiros e com alto índice de violência, chegou em primeiro lugar nos anos iniciais entre todas as capitais do país. Esse resultado cala os discursos das "doutoras" em educação que passaram os últimos 20 anos justificando que a condição social baixa do aluno era um grave problema para se obter resultados melhores na educação brasileira. Terezina tem IDH-M de 0,751, considerado alto ficou em primeiro lugar entre todas as capitais brasileiras, inclusive S.Paulo com o seu pomposo IDH-M de 0,833. Ocorre que Terezina jogou no lixo as invencionices pedagógicas de Piaget - usadas em S. Paulo - e usa método fônico.

IDEB 2017 SOBRAL (CE) ANOS INICIAIS
Com método fônico, Sobral evolui 5,1 pontos entre 2005 e 2017. Exatos 3,5 pontos acima da meta estabelecida pelo MEC.
IDEB 2017 BRASIL ESCOLAS PARTICULARES ANOS INICIAIS
No mesmo período as escolas particulares evoluíram apenas 1,2 pontos em 12 anos, só 0,1 ponto, por ano. E ainda ficou abaixo da meta.

Quem consulta o QEdu percebe que muitas escolas particulares fogem das provas do Saeb (Sistema de Avaliação do Ensino Básico) que indicam os índices do IDEB, com medo de notas baixas. Muitas particulares contrataram coordenadores pedagógicos do Estado, onde se pratica o construtivismo e, ao longo de poucos anos, essas escolas despencaram o nível do ensino nos anos iniciais.

O Sesi, com suas majestosas e propagandeadas super escolas equipadas, só conseguiu colocar uma unidade (em MG) com nota 7,1. O Sesi usa método de alfabetização condenado pela neurociência e seu Ideb é menor que muitas escolas paupérrimas que usam método fônico. O quadro acima (Sobral x Escolas Particulares) responde a pergunta.

Existe relação entre gastos com educação e desempenho de alunos?




Todos os países líderes no PISA não são os mais ricos ou os que investem mais em educação.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

As evidências mostram que a correlação gastos x desempenho escolar inexiste. O tema abordado faz parte do estudo internacional Educação Baseada em Evidências (Como saber o que funciona em educação) produzido por Micheline Christophe, Gregory Elacqua, Matias Martinez e João Batista Araujo e Oliveira. Neste link encontra-se o trabalho completo.

As evidências disponíveis sugerem a inexistência de relação consistente entre gastos e desempenho. Estudos do PISA - sigla inglesa para o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes, mantido pela OCDE - derrubam esse mito, pelo menos na esfera pública.

Para responder se "Dinheiro investido na educação garante bom desempenho no PISA?" os pesquisadores da Organização para Cooperação ao Desenvolvimento Econômico analisaram os países participantes do PISA em 2012 e concluíram que não importa "maior renda do país ou maior gasto em educação" para garantir bom desempenho nas provas de matemática, língua e ciência realizadas cada três anos, entre alunos na faixa de 15 anos, em todo mundo. E os resultados mostram que os melhores do PISA não são de países ricos que investiram mais na área.

MAIS DINHEIRO NA EDUCAÇÃO GARANTE BOM DESEMPENHO NO PISA?

- Países com maior renda ou que investem mais na educação não garantem melhor desempenho dos seus alunos.

- Mais importante não é quanto se investe mas como o dinheiro é investido.

- Os países líderes no PISA não são os mais ricos ou que investem mais em educação.

- A maior média na prova de Leitura do Pisa está entre países com com PIB per cápta em torno de US$ 20.000 e maior renda.

- As despesas com educação não tem relação com desempenho acadêmico quando os investimentos ultrapassam US$ 50.000 de despesa/aluno.

- Países como Estados Unidos, Noruega e Suíça que investem mais de US$ 100.000 por aluno, dos 6 aos 15 anos, tem níveis de desempenho iguais a países que investem a metade desse valor, como Estônia, Hungria e Polônia.

- Países líderes no PISA, como Coreia do Sul, China/Hong Kong, os professores tem prestígio, ganham bons salários e tem boa formação acadêmica. Nesses países os alunos com melhor desempenho não são separados dos alunos com desempenho pior.

- Cingapura investe o mesmo que Finlândia e Itália mas o desempenho em matemática dos seus alunos está muito acima destes dois países.

- Shangai (China), apesar de investir a metade dos US$ 100.000 que os Estados Unidos gastam com alunos entre 6 e 15 anos, tem o melhor desempenho acadêmico do mundo.

- Os 10% dos alunos mais pobres de Shangai sabem mais matemática que os 10% dos alunos mais ricos da Europa.

- O Brasil investe, na educação, o mesmo que Turquia e Tailândia mas seus estudantes têm desempenho pior.

O PISA ainda mostrou que há um limite mínimo para investimento por alunos dos 6 anos 15 anos: a partir de US$ 7.000 os investimentos não impactam na qualidade.

A conclusão dos estudos Educação Baseada em Evidências (Como saber o que funciona em educação) diz que "As evidências produzidas por pesquisas científicas sobre a relação entre investimento em Educação e desempenho acadêmico dos alunos indicam que não adianta simplesmente injetar mais recursos nas escolas, embora também não se possa concluir que os recursos não sejam importantes, como pondera Hanushek em vários trabalhos (1998, 2001, 2010, dentre outros). Importa menos quanto se investe do que como se gastam os recursos."

Em seu relatório, sobre o tema, considera "quando o nível de gasto em educação é baixo, é muito provável que aumentar o investimento gere ganhos de aprendizagem."

O documento considera, também, que países pobres que investem na infraestrutura da escola possa aumentar a frequência e o desempenho de alunos. Outra consideração é que há correlação entre bons professores X melhor desempenho dos alunos.

Diz o estudo: "Com algumas exceções nos países da OCDE, os gastos públicos em Educação vêm aumentando na Educação Básica (que inclui Pré Escola, Ensino Fundamental e Ensino Médio). O Brasil não investe pouco, mas gasta mal, seja na distribuição entre os níveis ou dentro dos mesmos. O país investe um pouco menos da média dos membros da OCDE e acima dos EUA, por exemplo, como proporção do PIB. O gasto por aluno no Ensino Superior no Brasil é cinco vezes o gasto por aluno no Ensino Fundamental. Isso é muito acima da média dos países da OCDE, que fica na razão de 2 / 1."