Assessores? Tratar no Planalto. |
Dilma foi mal assessorada na questão da Constituinte exclusiva para a reforma política e por isso ela voltou atrás e resolveu trocar tudo por um plebiscito.
Mas Dilma foi mal assessorada na questão do plebiscito porque, entre outros problemas, não haveria tempo útil de formular uma série de perguntas tão claras, definitivas e incisivas a ponto de responder as questões controversas que formariam o perfil de uma reforma política que pudesse atender aos interesses da Nação, se é que a Nação está tão interessada mesmo numa reforma política.
Como Dilma foi mal assessorada, o PMDB, que é quem dá as cartas no Congresso, não jogou o plebiscito na lata do lixo por uma certa delicadeza, mas deixou o tema para o ano que vem, o que, em outras palavras, pode significar que deixou o tema para aquilo que antigamente se chamava de “calendas gregas”.
A mal assessorada presidente também não foi muito bem instruída na questão da importação de médicos para preencher as necessidades das comunidades mais carentes, e depois de criar atritos incontornáveis com as associações de classe, resolveu repensar a questão da importação de médicos cubanos.
Acontece o seguinte: a presidente foi mal assessorada e não sabia que o modelo de exportação de médicos cubanos, tal como adotada na Venezuela, por exemplo, era uma espécie de modalidade de exploração de mão de obra escrava, pois o governo exportador - Cuba - se apropriava da maior parte da renda originária do aluguel dos profissionais e destinava a eles uma pequena parcela desses ganhos. Péssima ideia para um país que tenta implantar um modelo de “inclusão social”.
Ia pegar mal. A presidente, mal assessorada, parece ter desistido da desastrada ideia.
A presidente, precisando desesperadamente de uma agenda positiva para apagar a má impressão da vaia do Mané Garrincha, resolveu juntar alguns milhares de prefeitos e vice-prefeitos para anunciar seu pacote de bondades e distribuir 3 bilhões de reais para aliviar as finanças mal paradas dos municípios.
Mal assessorada, a presidente anunciou 3 bilhões (que divididos por mais de 5 mil municípios não chegam a somar a média de 600 mil reais para cada um) para todos, e foi vaiada. Os prefeitos esperavam o anúncio de um aumento substancial e permanente do repasse do Fundo de Participação dos Municípios e não um mero ajutório. Por isso vaiaram.
“Ninguém sabe hoje quem apoiará Dilma em 2014”, disse o presidente do PT, Ruy Falcão, com a sabedoria dos alquimistas. Alguém será capaz de captar o verdadeiro sentido da mensagem cifrada emitida por uma eminência tão parda num momento mais pardo ainda para a popularidade e o prestígio da presidente?
Nunca antes na história deste país uma gerente tão eficiente conseguiu ser tão mal assessorada em tantos assuntos e em tão pouco tempo.
Sandro Vaia é jornalista.