terça-feira, 29 de novembro de 2016

Mortos no acidente podem ser 76

Avião bateu em local de difícil acesso próximo de Ciudad Union, Colombia

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

São mais de 76 vítimas fatais com a queda do avião quadrimotor da Empresa Aérea Lamia que transportava a equipe da Chapecoence, anunciaram autoridades da Colômbia. A equipe viajava para participar da final da Copa Sul América. Chovia no momento do acidente. Falou-se em pane elétrica. O acidente ocorreu nesta madrugada próximo de Ciudad La Únion, Colombia. O aparelho deveria ter pousado em Medellin as Há registro de cinco sobreviventes.

O comentarista do canal FoxSports, o ex-jogador Mario Sergio também está entre as vítimas. Os jogadores da equipe de Santa Catarina que estavam no voo eram Danilo, Follmann, Gimenez, Dener, Alan Ruschel e Caramelo, Marcelo, Filipe Machado, Thiego, Neto, Josimar, Gil, Sérgio Manoel, Matheus Biteco, Cleber Santana, Arthur Maia, Kempes, Ananias, Lucas Gomes, Tiaguinho, Bruno Rangel e Canela.

Além dos jogadores, viajavam vários jornalistas de rádio e TV. Cinco sobreviventes foram levados para hospitais da região. O aparelho caiu perto de La Ceja em local de difícil acesso. Estavam à bordo 81 pessoas sendo 9 tripulantes.

Um dos acidentados resgatado com vida

Cai na Colômbia avião que transportava Chapecoence. Fala-se em 20 a 25 mortos, mas não há registro oficial

Foto do aparelho da Lâmia, acidentado com a equipe da Chapecoence
Por Edson Joel

O avião quadrimotor que transportava a euipe da Chapecoence para a final da Copa Sul-América, contra o Atlético Nacional da Colombia, sofreu pane e fez pouso de emergência nesta madrugada de terça feira. Chovia no momento do acidente.

O avião RJ85, da empresa aérea Lamia, fez um pouso forçado às 22 horas locais, em Ciudad La Únion, Colombia. Além dos jogadores, o aparelho transportava vários jornalistas de rádio, jornal e televisão brasileiros.

O piloto anunciou emergência devido a pene elétrica, segundo informou a torre de controle do aeroporto. Seis sobreviventes teriam sido resgatados do aparelho e levado para hospitais da região, mas não há registro oficial. Um militar anunciou que o número de mortos seria muito maior.


Alan Ruschel, lateral da equipe foi o primeiro a ser socorrido. O pouso forçado ocorreu perto de La Ceja em local de difícil acesso. Estavam à bordo 81 pessoas sendo 9 tripulantes. As informações são confusas e fala-se em mais de 28 mortos, porém não confirmados. O local do acidente é de difícil acesso.




O que o Jornal Nacional precisa saber sobre Cuba.

Como era Cuba antes de 1959: maior renda per capita entre países ibero-americanos

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Cuba divide-se em duas épocas: antes e depois da revolução de Fidel Castro, em 1959. E o que existia em Cuba, antes do comunismo? O que você sabe sobre o país antes da chegada de Castro no poder? Se você desconhece, não se sinta mal. A Globo mostrou que também não sabe.

O jornalismo da emissora, na cobertura da morte de Fidel, passou uma falsa ideia do "líder do povo cubano", como denominou a emissora em seu principal jornal e da realidade do país. Sempre simpático e sorridente nas imagens selecionadas pela Globo, Castro posou de herói. Oras, o "presidente de Cuba"  nunca foi eleito e o povo, sob armas, nunca pode contesta-lo. Que líder foi esse?

Na verdade Fidel permaneceu no poder sob um regime de ditadura extrema e violenta e a custa de mais de 120 mil fuzilamentos e prisões de opositores que promoveu logo no início do seu governo. E, até mais recentemente, fuzilamento dos que tentavam fugir da ilha. Desde 1959, quando tomou o poder pelas armas, nunca houve eleição em Cuba. Jornal, apenas um, o Granma, oficial do regime. A emissora de TV é controlada pelo governo. Nenhuma liberdade individual. Até o sorvete na praça só o fabricado pelo governo. A comida conseguida pelo cartão de racionamento dura 5 dias e o salário de um cubano dá pra comprar 4 quilos de carne de frango. As "casas" dadas pelo governo são prédios antigos, construídos antes do socialismo.

Restaram os carros antigos - americanos - da década de 50 e esperança de dias melhores, sem a revolução que separou famílias e gerações. Os jovens cubanos pouca importância dão para Fidel e sua revolução. Eles não tem internet em casa porque é proibido e nas lan-houses só podem acessar os sites autorizados pelo governo. Tudo é controlado.

Pior que a simpatia global foram citações mentirosas como creditar a Castro a excelente qualidade da educação e a saúde pública do país.  Oras, uma pesquisa simples mostraria que já em 1956 a ONU reconhecia Cuba como o país íbero americano com o menor índice de analfabetismo. O que Fidel fez foi apenas manter a mesma estrutura e política educacional implantada 20 anos antes da Revolução Cubana. Segundo Yoani Sánchez, opositora ao regime, também é falsa a informação de que a educação é grátis pois, os pais são obrigados a comprar material escolar, consertar cadeiras e pagar por lâmpadas e encanamentos. Nem refeições para crianças do fundamental existem. O "lanche" obrigatório oferecido pelo governo é recusado pelas crianças e os pais levam comida de casa que geralmente é repartido com os professores.

Mais por ignorância jornalística que má fé, a emissora brasileira deu a entender que foi graças a "revolucion" que Cuba forma uma grande quantidade de médicos, um mito comunista. Mentira: antes de Fidel, por volta de 1957, Cuba já detinha o maior número de médicos per-capita, segundo a ONU, entre países ibero-americanos. Hoje os serviços desses profissionais são "vendidos" pelo governo de Cuba que fica com 70% do salário pago por outros países. Os hospitais da "revolucion" são sujos, mal conservados e os pacientes são obrigados a levar roupa de cama, produtos de higiene pessoal e para limpeza dos banheiros, material hospitalar como injeções, gases, material cirúrgico e até medicamentos. O que estão fazendo, então, tantos repórteres na ilha?


Cuba em 1956: renda per capita invejável

A ilha cubana foi um enorme centro turístico - até a chegada de Fidel - com moderníssimos hotéis, com maior número de carros entre países ibero-americano e, na década de 50, chegou a ocupar a segunda posição em renda per-capita entre países do centro e sul da América, maior que a Itália e mais que o dobro da Espanha e causava inveja a Áustria, Irlanda e Japão. Por volta de 57 a paridade dólar/peso cubano era 1 por 1.


O Captólio cubano - cópia do americano - e todos os prédios em concreto armado, foram construídos antes de Fidel e sua revolução. Hoje Havana é um amontoado de lixo e prédios desabando. Como Havana transformara-se num paraíso para turistas, a tecnologia chegava fácil e rápido à ilha, como ar condicionado central no Hotel Riviera, muito antes de chegar ao Brasil, por exemplo.

A jornada de trabalho de 8 horas, salário mínimo e autonomia universitária já existiam em  Cuba por volta de 1937. Não foi obra do socialismo. A TV em cores, que no Brasil chegou na década de 70, já existia em Cuba no ano de 1958. Havana já tinha mais de 160 emissoras de rádio na década de 50/60 e mais de um milhão de rádios receptores e mais de 350 salas de cinema. A primeira estação de rádio foi fundada em 1922.

O país, que hoje vive de cotas de alimentos, já foi segundo colocado na América no consumo calórico per-capita diário. Bem antes, por volta de 1829, Cuba já se utilizava de máquinas e barcos à vapor. A ferrovia foi instalada em 1837. Telefonia sem interferência de telefonistas foi implantada em Cuba muito antes que nos países latino-americanos. Em 1918 o país já concedia o divórcio que só chegou ao Brasil quase 60 anos depois.

A democracia cubana elegeu na década de quarenta seu primeiro presidente negro, fato que só ocorreu nos Estados Unidos 68 anos depois. Cuba detinha uma constituição considerada avançadíssima para a época como reconhecer o direito do voto das mulheres, igualdade de direitos entre sexos e raças e direitos trabalhistas. A ilha, antes da revolução, era a terceira maior produtora de arroz nas Américas Central e do Sul.


As desigualdades sociais - comuns na maioria dos países, naquele período - levaram Fidel Castro liderar uma guerrilha contra Fulgêncio Batista, derrubado em janeiro de 1959. As promessas da "revolucion" eram de fartura e igualdade. Castro tomou o poder, acabou com as eleições, implantou uma ditadura violenta, matou mais de 120 mil cubanos opositores e destruiu o país. O comunismo cubano foi sustentado pela URSS até falir em 1989. Sem a ajuda soviética, Cuba definhou mais rapidamente.

Sem sucessores, o comunismo acabou em Cuba sem Fidel.

Fontes: ONU, NY Times, Yaoni Sànchez
Capitolio cubano, construção antes da revolução
Construções modernas, antes da revolução
Bondes chegaram em Cuba no começo do século
"Fuzilaremos, sim. Temos fuziliado. Fuzilaremos e continuaremos fuzilando se for necessário" Discurso de Che Guevara na ONU.
Fidel Castro: discurso de 9 horas falando da revolução. Os jovens ignoram Fidel e a história revolucionária.
Fidel amarra opositor que será fuzilado. Raul Castro coloca venda enquanto Guevara observa. Mais de 120 mil fuzilados por discordar da revolução. Muitos morreram tentando escapar da ditadura.
O que restou de Cuba: prédios antigos construídos antes da revolução.
Na foto o capitão Gracia Olay é fuzilado em Santa Clara, sob o comando de Che Guevara.
Cuba hoje, 57 anos de revolução: decadência e pobreza. Faixa tenta motivar o povo cansado de ter esperança e viver sem liberdade.

sábado, 26 de novembro de 2016

Havana. Como me dóis!


YOANI SÁNCHEZ, La Habana | 16/11/2014
Posted on Janeiro 11, 2015 by H. Sisley

Ser “habanero” não é ter nascido numa cidade, é levar essa região nas costas e não poder se desligar dela. Na primeira vez em que me dei conta de que pertencia a esta cidade eu tinha sete anos. Estava num pequeno povoado de Villa Clara, tratando de alcançar umas goiabas num galho quando um monte de crianças daquele lugar rodeou a mim e a minha irmã. “São de Havana! São de La Habana!” berravam. Nesse instante não entendíamos tanto alvoroço, porém com o tempo nos demos conta que nos havia tocado um triste privilégio: haver nascido nesta urbe em declínio, nesta cidade cujo maior atrativo é o que pôde ser e não o que é.

Sou totalmente urbana, citadina. Criei-me num local do bairro Cayo Hueso onde as árvores mais próximas ficavam a mais de quinhentos metros. Sinto-me filha do asfalto, do odor de querosene, dos varais que gotejam nas varandas e das tubulações de alvenaria que transbordam de vez em quando. Esta nunca foi uma cidade fácil. Nem sequer nos postais para turistas com suas cores retocadas se pode ver uma Havana cômoda e que possa ser resumida.

Às vezes já não quero caminhar por ela, porque me dói. Vou subindo pela Belascoaín e as minhas costas o mar fica com essa brisa que conheço tão bem. Chego à esquina da Rua Reina. Há uma igreja no estilo gótico que quando menina me dava a impressão que se perdia entre as nuvens. Ali vi pela primeira vez, quando tinha dezessete anos, uma árvore de Natal. Avanço pelos portais dando um pulo aqui e outro lá. Fios de água correm de algumas escadas e uma senhora tenta me vender uns doces de leite que têm a mesma cor da rua.

Havana é uma cidade de gritos e sussurros. Quem só ouve sua tagarelice nunca poderá escutar os seus cochichos.

Já vejo o sinal de trânsito de Galiano, porém o passo se torna mais lento porque há muita gente. Um policial dobra a esquina e alguns se escondem atrás das portas ou entram nas lojas como se fossem comprar algo. Quando o guarda se for voltarão a oferecer suas mercadorias num murmúrio. Porque Havana é uma cidade de gritos e sussurros. Quem só ouve sua tagarelice nunca poderá escutar os seus cochichos. O mais importante é sempre dito com um sinal, um gesto ou um simples movimento dos lábios que te adverte: “cuidado, aí vem, siga-me”. Uma linguagem desenvolvida em décadas de clandestinidade e ilegalidade.

A Rua Netuno está próxima. Ouvi um casal de anciãos dizer em frente a uma fachada: “Ha, não era aqui que ficava…?” Porém não consegui ouvir o final da frase. Melhor assim, porque Havana é uma sequencia de nostalgias e recordações. Quando alguém caminha é como se transitasse por um caminho de perdas. Onde desaba um edifício se mantém os escombros por dias ou por semanas. Depois fazem um estacionamento no buraco que restou ou colocam um quiosque metálico para vender sabonetes, miudezas e rum. Muito rum, porque esta é uma cidade que afoga seus sofrimentos em álcool.

 Esta é uma cidade que afoga seus sofrimentos em álcool 

Chego ao malecón. Em menos de meia hora percorri a porção da cidade que, na minha infância, parecia conter toda a urbe. Porque fui uma “camponesa de Centro Havana”, dessas que pensam que depois da Rua Infanta começam “as zonas verdes”. Com o tempo compreendi que esta capital é muito grande para se conhecer. Também soube que a mesma sensação de dor é percebida por quem nasceu em Diez de Octubre, El Cerro, El Vedado ou Marianao. Dá no mesmo, Havana mostra suas feridas em qualquer bairro.

Toco o muro que nos separa do mar. É áspero e quente. Onde estarão aquelas criancinhas que na minha infância – e num povoado diminuto – olhavam-me assombradas porque eu era “habanera”? Desejarão carregar este fardo? Terão também terminado nesta urbe, vivendo entre suas latas de lixo e suas luzes? Dói-lhes tanto como a mim? Estou certa que sim, porque La Habana não é só essa localidade escrita em nosso documento de identidade. Esta cidade é uma cruz que se leva a todas as partes, uma região em que uma vez que nela viveste já não te abandona.

Tradução por Humberto Sisley

terça-feira, 15 de novembro de 2016

O que os "doutores em educação" brasileiros devem aprender

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Enquanto as crianças cingapurianas, coreanas, japonesas e chinesas conquistam as primeiras posições na educação (são alfabetizados por método fônico, sem invencionices pedagógicas e muita disciplina) e dominam o mundo, os doutores em educação do MEC assistem, passivos e carregados de justificativas, o caos do Ensino Básico, Médio e Universitário, no Brasil.

Não explicam porque alunos do Fundamental não conseguem compreender um simples enunciado de matemática ou o vexame dos jovens brasileiros no Ensino Médio, últimos colocados no PISA (um programa que avalia jovens de 15 anos em 73 países no mundo). Todos os países bem avaliados no PISA são, igualmente, os melhores também no Ensino Fundamental.

Como o Brasil, Argentina e México ocupam, também, a rabeira da lista dos piores em educação no planeta e, notem a coincidência: esse trio usa métodos e metodologias lastreadas nas crendices construtivistas de Piaget e no radicalismo pedagógico de Emília Ferrero, uma argentina radicada no México. Estamos patinando e o problema não está no Ensino Médio, mas nos anos iniciais.

E não apenas isso: por que há tanta indisciplina em sala de aula ou tanta depredação de escolas brasileiras? Segundo estatística do PISA, o Brasil ocupa o topo da lista quando se fala em violência nas escolas. Muito por conta do Estatuto da Criança e Adolescente, considerado por muitos juízes, delegados e promotores como uma licença para menores praticaram todo tipo de violência, inclusive matar com fartura. Essa lei foi obra da "esquerda intelectualizada" que lotava o governo de Fernando Henrique Cardoso e ainda permanece no MEC.

Fácil entender. Leia a matéria da BBC Brasil que reproduzimos abaixo recheada de exemplos tão possíveis de replicar em nosso país. Mas, pra isso se tornar possível, será necessário demitir um amontado de abobalhados pseudo intelectuais que povoam o MEC.

No Japão, alunos limpam até banheiro da escola para aprender a valorizar patrimônio

Ewerthon Tobace / BBC Brasil / 11 de novembro 2015

Ajudar na limpeza ensina estudantes a terem responsabilidades e consciência social

Enquanto no Brasil escolas que "obrigam" alunos a ajudar na limpeza das salas são denunciadas por pais e levantam debate sobre abuso, no Japão, atividades como varrer e passar pano no chão, lavar o banheiro e servir a merenda fazem parte da rotina escolar dos estudantes do ensino fundamental ao médio.

"Na escola, o aluno não estuda apenas as matérias, mas aprende também a cuidar do que é público e a ser um cidadão mais consciente", explica o professor Toshinori Saito. "Ninguém reclama porque sempre foi assim." Nas escolas japonesas também não existem refeitórios. Os estudantes comem na própria sala de aula e são eles mesmos que organizam tudo e servem os colegas.

Depois da merenda, é hora de limpar a escola. Os alunos são divididos em grupos, e cada um é responsável por lavar o que foi usado na refeição e pela limpeza da sala de aula, dos corredores, das escadas e dos banheiros num sistema de rodízio coordenado pelos professores.

Reunidos em grupos, alunos se revezam nas tarefas

"Também ajudei a cuidar da escola, assim como meus pais e avós, e nos sentimos felizes ao receber a tarefa, porque estamos ganhando uma responsabilidade", diz Saito.

Michie Afuso, presidente da ABC Japan, organização sem fins lucrativos que ajuda na integração de estrangeiros e japoneses, diz ainda que a obrigação faz com que as crianças entendam a importância de se limpar o que sujou.

Um reflexo disso pôde ser visto durante a Copa do Mundo no Brasil, quando a torcida japonesa chamou atenção por limpar as arquibancadas durante os jogos e também nas ruas das cidades japonesas, que são conhecidas mundialmente por sua limpeza quase sempre impecável.

"Isso mostra o nível de organização do povo japonês, que aprende desde pequeno a cuidar de um patrimônio público que será útil para as próximas gerações", opina.


Estrangeiros

Michie Afuso, da ONG ABC Japan, sugere intercâmbio educacional entre Brasil e Japão

Para que os estrangeiros e seus filhos entendam como funcionam as tradições na escola japonesa, muitas prefeituras contratam auxiliares bilíngues. A brasileira Emilia Mie Tamada, de 57 anos, trabalha na província de Nara há 15 e atua como voluntária há mais de 20.

"Neste período, não me lembro de nenhum pai que tenha questionado a participação do filho na limpeza da escola", conta ela.

Michie Afuso diz que, aos olhos de quem não é do país, o sistema educacional japonês pode parecer rígido, "mas educação é um assunto levado muito à sério pelos japoneses", defende.


Prática é aplicada nas escolas japonesas há várias gerações

Recentemente no Brasil, um vídeo no qual uma estudante agride a diretora da escola por ela ter lhe confiscado o telefone celular se tornou viral na internet e abriu uma série de discussões sobre violência na escola.

Outros casos de agressão contra professores foram destaques de jornais pelo Brasil nos últimos meses, como da diretora que foi alvo de socos e golpes de caneta em Sergipe e da professora do Rio Grande do Sul que foi espancada por uma aluna e seus familiares durante uma festa junina.

No Japão, este tipo de abuso dentro da escola é raro. "Desde os tempos antigos, escola e professores são respeitados. Os alunos aprendem a cultivar o sentimento de amor e agradecimento à escola", diz Emília.


Violência


 Educadores explicam que, desta forma, estudantes aprendem a 'limpar o que sujaram'

No ano passado, durante as eleições, a BBC Brasil publicou uma série de reportagens sobre a violência de alunos contra professores no Brasil. As matérias revelaram casos de professores que chegaram a tentar suicídio após agressões consecutivas e apontaram algumas das soluções encontradas por colégios públicos para conter a violência – da militarização à disseminação de uma cultura de paz entre escolas e comunidade.

Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que ouviu mais de 100 mil professores e diretores de escola em 34 países, o Brasil ocupa o topo de um ranking de violência em escolas – 12,5% dos professores ouvidos disseram ser vítimas de agressões verbais ou intimidação pelo menos uma vez por semana.

"Assim como o Brasil tem um programa de intercâmbio com a polícia japonesa, poderíamos ter um na área educacional", propõe Michie, da ABC Japan, ao se referir ao sistema de policiamento comunitário do Japão que foi implantado em algumas cidades do Brasil.

A brasileira lembra que a celebração dos 120 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Japão seria uma ótima oportunidade para incrementar o intercâmbio na área social e não apenas na comercial.

"Dessa forma, os professores poderiam levar algumas ideias do sistema de ensino japonês para melhorar as escolas no Brasil", sugere Michie.

Os próprios alunos servem a merenda escolar aos colegas

Nota do autor: quando questionei um desses "intelectuais" da educação, sobre disciplina em sala de aula, ele respondeu que não se pode comparar o povo japonês e sua cultura com nossos alunos, pela condição social que vivem. Quando demonstrei que centenas de crianças brasileiras que frequentam escolas japonesas são tão disciplinadas quanto as nativas, ele se calou. Muitas dessas crianças voltam ao Brasil e se assustam com tanta baderna em sala de aula do país.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Freud, além da alma: uma experiência divertida.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Minha primeira tentativa de conhecer a mente humana foi aos 11 anos de idade quando tentei ler "Freud além da alma". Risos à parte, aprendi pouco e acabei levado para Araçatuba, pelo meu pai, pra conversar com um psiquiatra. Oras, o livro estava na prateleira do armário e eu, com algum tempo e coragem para me aventurar na sua leitura. Deu ruim.

O filme Freud além da alma foi lançado em 1962, mostra a trajetória de Sigmund Freud no estudo da histeria por meio da hipnose e acaba criando o método da psicanálise. Complexo de Édipo, Teoria dos Sonhos, as fases do desenvolvimento sexual... temas que retomei em leituras resumidas, mais tarde.

A consulta começou com questionamentos comportamentais, idade, escola, atividades extra curriculares, valores, sonhos... e vozes.

- Você ouve vozes? - perguntou-me o psiquiatra. Naquela época ainda não "existiam" psicólogos. O cara avançou rápido para tentar um diagnóstico.
 
- Sim! - respondi. Percebi na expressão do rosto que ele se sentia seguro no controle da entrevista.
- Que tipo de vozes? - continuou ele.

Fiz uma pausa dramática, olhei para o lado, pensei e respondi:
- Ouvir vozes são alucinações auditivas, delírios típicos da esquizofrenia. O senhor está me analisando por essa hipótese? Na verdade a única voz que ouço, de vez em quando, é do meu pai muito bravo quando faço bagunça - respondi rindo e olhando curioso a cara de espanto do doutor das mentes. Na medida que falava percebia que ele se afundava na cadeira. Assustado.

- Moleque, quantos anos você disse que tem?
- Onze.
- Onde você leu isso?
- Num livro chamado Freud além da alma.

O médico acertou o foco do olhar em meu rosto, fez alguns segundos de silêncio e quis ter certeza do que ouvira: 

-   Você está lendo o quê? - perguntou com aquela cara de surpresa e estranheza, silabando a frase. Freud além da alma? - reperguntou pra ter certeza. Quem te deu isso pra ler?
- Peguei na estante de casa, do meu irmão que se formou professor - expliquei ao atônico psiquiatra.

O cara, de uns 50 anos, recompôs-se na cadeira e permaneceu me olhando de braços cruzados. Analisando, na verdade. Então ele deu um leve sorriso em resposta ao meu concordando que a consulta de 10 minutos tinha encerrado.

Enquanto dirigia, no retorno para casa, meu pai colocou a mão na minha cabeça e disse, orgulhoso:

- O doutor fez um elogio e deu um conselho. Que você não tem nada e é muito inteligente.
- E qual foi o conselho? - quis saber.
- Pra eu sumir com aquele livro e só te entregar quando tiver 18 anos - falou, se divertindo.

No verão seguinte voltei ao Freud, seus Ids, egos e superegos.

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Afro-americanos deixaram a senzala dos Democratas


Por Edson Joel

O que a imprensa internacional não conseguiu detectar na eleição americana, minha tia da Filadélfia já sabia, três meses antes. E sem bola de cristal.

- Muitos negros votarão em Trump e os cristãos contra Obama - disse Lídia.
Parei pra pensar e, de pronto, confesso, não entendi.

- Tia, negros votando em Trump é de difícil compreensão. Como assim? - quis saber dela que já vive na América faz 40 anos.

- Muitos negros perdem seus empregos para imigrantes latinos ilegais. E Trump prometeu ser duro com a imigração desordenada que Obama permitiu. Eles se sentiram seguros e os latinos legalizados, também - filosofou ela. 

Isto é, pretendendo angariar a simpatia dos latinos, Obama se deu mal com os afro-americanos. O partido de Obama sempre apostou na fidelidade do voto dos negros.

Somente na Flórida mais de 770 mil negros foram às urnas. Isso, em outra época poderia assustar os Republicanos. Não agora. Trump venceu na Florida, mesmo com o apoio velado de Jef Bush. Soma-se a isso a onda branca, principalmente de trabalhadores sem nível universitário que deixaram de votar nos democratas. Exatamente porque eles, como os negros, perderam vagas de empregos para imigrantes ilegais para quem Obama flertava. 


Mas, na verdade, os negros se mostraram cansados de viver na senzala dos Democratas. Durante a campanha, Michele Obama pregava que os negros, independente de quem estivesse candidato, deveriam votar nos Democratas.

"Não somos mais escravos para obedecer o Capitão do Mato - assim chamados os negros indicados pelos brancos que mandavam nos escravos - reagiram os negros que, depois de décadas fieis aos Democratas, não avançaram como esperavam. Os Democratas sentem-se senhorios dos negros assim como os partidos à esquerda, como o PT, pensam dos negros brasileiros. Oferecem-lhes cotas em troca da fidelidade dos votos. Libertados em 1888, continuam escravos do paternalismo estatal e eternos dependentes da bondade dos brancos pseudo intelectuais da esquerda.

 E os votos contra Obama? Fácil explicar.

A América é cristã - 36% dos americanos frequentam regularmente os cultos - e ficou irritada com a política de simpatia de Obama com gays e lésbicas. Ele foi considerado traidor, entre as igrejas. Fotos e vídeos de alguns focos de protestos contra a eleição de Donald Trump mostram grupos de gays, lésbicas e imigrantes ilegais além de alguns simpatizantes brancos. O periódico Los Angeles Times, em parceria com a Universidade Sul da Califórnia, foi a única pesquisa que acertou os resultados. E a minha tia Lídia.

Alguns focos de protestos ocorreram nos Estados Unidos, logo após a eleição de Donald Trump . Gays e lésbicas, comunistas e imigrantes ilegais, todos brancos, gritaram Fora Trump. Poucos americanos e praticamente nenhum negro. Os americanos votaram contra essa gente.

Nota do autor: Tia Lídia é um nome fictício.
Segundo a Pesquisa Americana de Identificação Religiosa, de 2008, 76% se declaram cristãos (51% protestantes e 25% católicos), 4% seguem o judaísmo, hinduísmo, islamismo e budismo e 15% não tem filiação religiosa. Os demais não souberam responder.

Leitura Relacionada: O Muro de Donald Trump

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Eu, o exorcista


Por Edson Joel Hirano Kamakura Barbosa de Souza

Certo dia de 1979, como repórter numa emissora da região, recebi uma ligação informando sobre uma menina endemoniada.

A parapsicologia era uma pauta interessante no meu noticiário e servia para desmistificar eventos creditadas ao além. Padre Quevedo, professor no tema, sempre afirmava que 99% dos chamados fenômenos paranormais... eram farsas. Quem sabe fosse esse outro caso.

Fui para o endereço, desci do carro e analisei o local. Era uma rua larga sem saída e sem calçamento. Um terreno grande, cheio de plantas, abrigava, à esquerda, uma casa de alvenaria, simples, antiga, pintada de branco e cerca de 30 metros de onde eu estava. À direita, árvores maiores. Uma grande sibipiruna produzia uma sombra imensa e agradável. Era um dia de muito calor. Aproximei-me do portão. Não havia ninguém no quintal enorme. A porta da casa estava fechada. Sentia cheiro de mato. Exceto o sussurro das folhas, tudo estava calmo.

Bati palmas. Repeti as palmadas. Silêncio.
As janelas também estavam trancadas. 
Estranho para um dia quente.

De repente, no quintal, um cachorro começou a latir, nervosamente. Estranhei o som. Não era um latido alertando seus donos da presença de algum estranho, no portão. Um latido incomum, agressivo e nervoso. Tentei localizar o cachorro no meio das plantas e então percebi que ele não latia pra mim. O cão estava com os pelos eriçados nas costas e latia olhando para o lado de baixo, à direita, onde havia muitas árvores. Ele latia para algo que eu não enxergava.

A porta da casa se abriu e aquele que parecia ser seu dono surgiu, assustado. Olhou para o cão que persistia latir para algo que eu não via. O senhor da porta olhava para a mesma direção do cachorro e ora para mim, no portão. Desceu alguns lances da escada e caminhou em minha direção sempre voltando o olhar para os latidos. Mesmo sem entender, permaneci calmo.

- Boa tarde. Sou repórter e soube da existência de uma menina endemoniada nesta casa. Isso é mesmo verdade? - apresentei-me e já perguntando.

O homem voltou-se, de novo, em direção ao cão e quando me olhou, de volta, tinha uma expressão de dúvida e certo receio.

- Sim. É minha filha Sonia - respondeu.
- E ela está possuída, agora?
- Sim. - confirmou o pai. E logo em seguida, com testa franzida, devolveu a pergunta:
- Como o senhor sabe que o demônio esta aqui, agora?

Apontei, com o rosto, em direção ao cachorro e para o lado que latia. Ele apenas concordou com a cabeça.

Caminhamos do portão até a casa, subindo os degraus. A mãe de Sônia estava à porta, esperando, receosa. Antônio, o pai, explicou rapidamente que eu era jornalista e queria ajudar. A sala era muito simples e a casa cheirava pobreza. Passei pelas cortinas de plástico que separavam os cômodos e entrei num quarto.

O quadro era estranho. Uma menina, de uns 12 anos, muito franzina, estava deitada numa imensa cama de casal. Dois homens fortes seguravam seus braços, um de cada lado da cama. Os pés estavam presos pelas mãos rudes de outro homem, um tio. Ela olhava fixamente para o teto.

As histórias narram que, possuídas pelo demônio, suas vítimas ganham uma força indominável. Mas era impossível que uma menina tão frágil precisasse ser presa por mãos tão fortes. Era risível aquela contraste de forças. Precaução? Excesso de zelo? Medo?

Armei meu gravador e aproximei-me da cama, sem medo. Sonia permanecia com um olhar fixo no teto. Olhei pro teto. Não havia forro e as telhas antigas ficavam à mostra. A temperatura no quarto era agradável. Sobre uma cômoda havia uma imagem de santa. No criado mudo, ao lado, uma cruz. A menina respirava fundo mas não emitia sons.
Ela usava um vestidinho de algodão.

Permaneci calado, apenas olhando aquela garota contida por mãos fortes. E todos olhavam pra mim, silenciosos como que esperando por uma ação. Sonia estaria mesmo possuída por algum espírito mal ou encenava uma história assustadora?

- Qual é seu nome? - perguntei com voz calma, colocando o microfone próximo de sua boca. E esperei alguns segundos. Quem sabe algum demônio resolvesse me assustar... e responder usando aquela voz grave e fora de rotação, como nos filmes de terror. Talvez conseguisse a primeira entrevista com um capeta, ria comigo mesmo.

- Você é a Sonia? Seus pais estão assustados. Porque não me responde? Posso te ajudar! - insisti. Silêncio. Sonia ou, seja lá quem fosse, não estava a fim de conversa. O cheiro do mato não existia mais. O quarto estava mais quente. E então comecei a ouvir um som sufocado na sua respiração. O show ia começar?

- Quem é você? - comecei a provocar. - Você está amedrontando a família, não a mim. Seja quem for, responda. Tem medo? Você é um demônio covarde?
Ou você é a Sonia fazendo palhaçada pra assustar a família? Você é uma idiota que vai levar uma surra daqui a pouco. Você nunca mais vai repetir essa estupidez.

Minha intervenção era provocação pura e, para cada pergunta, enfiava ostensivamente o microfone na rosto dela. Ou dele. Aquele que segurava as pernas moveu-se como que esperando uma reação. O gesto dele me chamou a atenção. Olhei pra ele e para os outros dois.

Então, fantasticamente, a menina subiu em velocidade, como que levitasse e sua coluna arqueou-se em semicírculo. Um som gutural irrompeu o local com uma respiração pesada. O espasmo prolongou-se por longos cinco segundos como nunca cinco segundos pudessem ser tão longos no espaço e no tempo. Era um espetáculo que nunca vira antes, além do cinema. Aquela menina frágil de uns 12 anos subia e descia, presa por seis mãos. Antônio, o pai, correu para ajudar o tio. O corpo desceu e a coluna arqueou-se, de novo. A respiração era rápida com estrangulamento na voz. Não falava, mas mantinha um som estranho e persistente.

- Cala a boca! Não tenho medo desta farsa - gritei muito alto. Confesso que naquela exato momento não tinha muita convicção do que dissera. Mas, considerando que fosse uma farsa, Sonia saberia que eu não estava para brincadeiras. Considerando que Sonia, naquele momento, não fosse ela... bem, já tinha ofendido o malévolo e tanto faria uma ou outro.

Os quatro brutamontes que seguravam a menina, suavam. E olhavam pra mim. Certamente e de novo, esperando uma sequência lógica para aquela "sessão de exorcismo" que tinha virado aquela inocente reportagem.

- Quem é você? - insisti sem demonstrar medo. O microfone, meu inseparável microfone, naquele momento era meu único escudo. Por decisão minha já tinha nomeado aqueles quatro cavaleiros do apocalipse como meus anjos da guarda.

O corpo já estava de volta à cama. A respiração desordenada permanecia. O olhar, que antes mirava para o teto, de repente fixou-se nos meus olhos. Levei um susto. O maior susto da minha vida. Aquele ser resolveu me encarar. E sem piscar por longos segundos. Balancei a cabeça, negativamente, como demonstração de dó. Acho que não devia ter demonstrado esse sentimento porque, de novo, levei mais um grande susto.

Aquela coisa soltou um cusparada em minha direção e acertou meu rosto. Uma toalha salvadora me foi trazida. Poderia afirmar que demônios tem boa pontaria.

- Não tenho medo, imbecil! Seja quem for, cai fora! - disse, agora com muita convicção.

Sonia fechou os olhos, o corpo esparramou-se pela cama e ela desmaiou. A família aliviou-se... e eu, nem se fala.

Em alguns minutos a menina franzina acordou, olhou em volta e sentiu-se acanhada. Extremamente tímida, sempre de olhos baixos, envergonhada, sussurrou algumas palavras com uma voz doce e calma, como uma menina de 12 anos.

Soube, muitos anos depois, que Sonia nunca mais se sentiu incomodada com manifestações daquele tipo. Esta história ocorreu em Promissão.

Fenômenos paranormais

"Se o universo é constituído e sustentado por energia, fenômenos paranormais podem ser aceitos com facilidade dentro do meio científico".

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza  Atualizado em 29/01/2021 

De repente, e de forma assustadora, as pedras caíram sobre o telhado da casa provocando medo em sua moradora. Era noite e dona Isabel, uma senhora com seus 70 anos, rapidamente ligou para o filho contando o ocorrido. Alguns vizinhos ainda cercavam o local quando Cidinho chegou. Filho único, ele estava prestes a se casar depois de enrolar a noiva por 15 anos. Já beirava os 40 e tantos de idade.

Duas semanas antes ele mesmo presenciara fenômenos estranhos na casa da mãe, onde também morava, como panelas voando na cozinha ou objetos se quebrando na sala. Os vizinhos estavam tão amedrontados quanto dona Isabel.

- Eu vi a panela voando - contou uma delas. A narrativa era idêntica: do nada vinha um estrondo e objetos caiam.

Algum tempo depois Cidinho me confidenciou essa história, demonstrando intensa preocupação. Contou os muitos sustos e o medo que começava apavora-lo. O que estava ocorrendo? Poderia ser um sinal do além?

- Pra quando está marcado seu casamento? perguntei-lhe.
- Daqui dois meses. Mas, o que isso tem a ver com o que lhe contei? - respondeu Cidinho, reperguntando.
- Tudo. O único recado que observo é da sua mãe e não do além - disse. É ela que esta provocando isso pra chamar sua atenção - acusei, sem a preocupação de ferir suscetibilidades.
- Minha mãe é séria e não faria isso - defendeu Cidinho.
- Você é filho único e a sensação de perda é o sentimento da sua mãe.

E fiz uma proposta.

- Quando voar panela na sua casa, fique espreitando, por trás dela - sugeri.

Um mês depois, chorando, Cidinho contou-me que viu a mãe, furtivamente, jogando os objetos e as pedras no telhado. Nada era do além e o mistério estava desvendado. Na verdade eu tinha seguido alguns conselhos do Padre Quevedo, estudioso e professor de parapsicologia que afirmava que 99% dos chamados fenômenos paranormais ou "coisas do além" eram fraudes. Diz Quevedo que "o povo, mesmo culto, quando não sabe explicar um fato, em vez de admitir sua ignorância o atribui ao além". Eu tinha lido muito sobre o assunto e o entrevistei algumas vezes tal e qual o Benoni, professor de português nas escolas de Tupã e estudioso do tema.

Levei para o rádio muitas matérias com Padre Quevedo, ex-professor universitário de parapsicologia na UNISAL e no Centro Latino-Americano de Parapsicologia (hoje Instituto Padre Quevedo de Parapsicologia), um tema que sempre me atraiu durante minha vida de jornalista.

Todo fenômeno que transcende o conhecimento científico ou as leis da natureza, pode ser considerado paranormal. No Brasil a parapsicologia não é reconhecida como ciência baseando-se nos atuais métodos que produzem conhecimento científico. Entre vários exemplos de fenômenos parapsíquicos em estudo estão a telecinésia, telepatia, clarividência, precognição, transposição de sentidos, psicometria, poltersgeit, apport, aparições, materialização e desmaterialização.

"Se o universo é constituído e sustentado por energia, fenômenos paranormais podem ser aceitos com facilidade dentro do meio científico", afirmava Quevedo. Norte americanos e russos investem muito nesse tipo de pesquisa.

Exemplo de telecinésia: os livros da biblioteca do pai queimam, sem motivo aparente. Causa: o filho, na puberdade, extremamente irritado com o pai que o punira, espontaneamente gera energia suficiente para destruir algo considerado importante pra ele, como vingança. Para Quevedo isso seria possível mas não controlável, isto é, este adolescente não conseguiria repetir o fato a hora que desejasse. E fenômenos assim podem ocorrer em casas com crianças na puberdade, com mais frequência entre meninas, dizia Quevedo. Fenômenos paranormais podem ocorrer mas, repetia, geralmente é fraude.

Óscar González-Quevedo (nasceu em Madri em 15 de novembro de 1930) é um padre Jesuíta, radicado no Brasil desde 1950 com formação na Faculdade de Comillas, Doutor em Teologia e autor de diversos livros (A Face Oculta da Mente e Antes que os Demônios Voltem). Aposentado, viveu numa comunidade da igreja católica, em Belo Horizonte e faleceu em 9 de janeiro de 2019.

Um caso típico de fraude foram as camas de um hotel, em Tupã-SP, que apareciam queimadas. Estive no local e conversei com o gerente e funcionários e a história era a mesma: de repente surgia fumaça e uma cama queimando. Observei, porém, que um jovem funcionário entrevistado descreveu com muitos detalhes as cenas do fogo. Lembro que alertei ao gerente que nada havia do além e que o tal funcionário seria o provável autor da confusão. Dito e feito. Enquanto estava no local ele se aproximou gritando sobre nova ocorrência. Lá estava a cama chamuscada. Uma semana depois confessou a arte. Livrei o "além" de levar a culpa, de novo.

As posições da parapsicologia no campo religioso geram conflitos. O Instituto Padre Quevedo de Parapsicologia diz, claramente, que Nossa Senhora nunca apareceu nem em Lourdes, nem em Fátima e muito menos em Medjugorge. "Até  mesmo Jesus Cristo, salvo um curto período de tempo em que teria aparecido em diversas oportunidades, nunca mais apareceu". Porque os mortos não aparecem - diz a publicação na página do Facebook.

Quevedo sempre afirmou que, na verdade, ocorreram visões criadas pelo cérebro ou ilusão de ótica para algumas pessoas e não aparições que pudessem ser vistas por uma multidão. "A Igreja jamais disse que Nossa Senhora apareceu. A Igreja sempre disse, oficialmente, que foram visões" - diz uma nota do Instituto. Isso causou confusão entre os fiéis. Quevedo teve até um livro censurado pela igreja - Antes que os demônios voltem - e só foi liberado depois de levar um corretivo da Santa Sé. Chegou a dar aulas de parapsicologia para padres em formação.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Modelo de escola global/construtivista fica em 4.771º lugar no Enem

Enem mostra que modelo educacional precisa mudar... nos anos iniciais. Alunos das escolas públicas
do Ensino Médio não estão alfabetizados. A reforma tem que ser feita na Educação Básica.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Em 2014 fiquei surpreso com a comemoração promovida pela diretora da Escola Estadual Professor Eduardo Velho Filho, de Bauru. Jornais e tvs publicaram que aquela unidade de tempo integral classificara-se em "primeiro lugar", entre as escolas públicas do Estado de São Paulo, nas provas do Enem. Na verdade a escola ficou em 4.071º lugar, na classificação nacional, um resultado pífio e vergonhoso para a educação pública. No Estado sua posição foi 1.342º. Mas, de onde veio, então, o primeiro lugar?

A diretora excluiu 138 escolas técnicas, também públicas, que estavam à sua frente (com notas muito melhores) e, mesmo assim, ficou 1.205 posições atrás de escolas particulares que estavam do topo da lista estadual. Bingo!

Pior que tudo isso foi ouvir a direção da Escola Eduardo Velho Filho enaltecer as teorias mofadas de Jean Piaget, estas sim, responsáveis pelo descalabro da educação nacional. Que papelão!

Em 2015 a situação piorou porque os resultados do Enem foram igualmente péssimos para a escola bauruense: ela classificou-se em 4.771º posição - Quarto milésimo septingentésimo septuagésimo primeiro - com notas péssimas. Eduardo Velho é um modelo de escola construtivista que colhe estrondoso fracasso, o mesmo fracasso iniciado nos primeiros anos do Ensino Fundamental de qualquer escola pública lastreada nas invencionices pedagógicas de Emílias Ferreros da vida. México, Brasil, Portugal, Argentina estão nas últimas colocações do PISA (Programa de Avaliação de Estudantes). Coincidentemente todos eles se utilizam das teorias de Piaget e das suas vertentes radicais.

O Ensino Médio vai mal porque seus alunos continuam analfabetos desde do Ensino Fundamental. O problema está nos anos iniciais. O método de alfabetização não alfabetiza, afirma a ciência.

Maria Inês Fini, presidente do Inep, tentando justificar o fracasso da educação joga a culpa nas diferenças sociais. “As melhores escolas públicas têm nível socioeconômico bastante alto. Ela diz que esse ranking não serve para indicar a qualidade da escola e aponta a reforma do ensino médio como solução.

Os países melhores ranqueados no PISA mostram exatamente o contrário: os alunos mais pobres de Xangai, por exemplo, sabem mais de matemática que os alunos mais ricos dos Estados Unidos. Isso derruba os argumentos dos "doutores em educação brasileiros" que adoram jogar a culpa nas diferenças sociais.

Outro mito derrubado - e não explicado pelos professorinhos unespianos, adeptos das crendices de Piaget - é a falta investimento na educação. Estatísticas do PISA indicam que a Coreia do Sul, no topo dos países com melhores indicadores em educação, investe muitíssimo menos que os Estados Unidos, por exemplo, que ocupa posições intermediárias. Dependesse de investimento financeiro, os norte americanos estariam em primeiro, há muito tempo. O Brasil, em 2012, foi o 15º maior investidor em educação no mundo... mas ficou em 53º, em qualidade, entre 65 nações avaliadas. Portanto, a desculpa não cola. Nem mesmo o número de alunos numa sala pode justificar melhor qualidade de ensino. As estatísticas do PISA mostram que a média, por sala, em países com educação avançada, é de 35 alunos.

Coreia, Xangai, Hong Kong, Japão alfabetizam com o método fônico e não se apegam a invencionices pedagógicas. As crianças deixam o ensino fundamental completamente alfabetizados, ao contrário das crianças brasileiras. O resultado, todos sabemos.

terça-feira, 11 de outubro de 2016

Lula, um leão rouco, sem dentes, nem garras

Lula desmascarado, réu em vários processos de corrupção e formação de quadrilha

Por José Nêumanne / 05 Outubro 2016

O profeta Lula estava particularmente inspirado quando foi votar para prefeito em São Bernardo do Campo, onde mora. “O PT vai surpreender nesta eleição”, previu com precisão instantânea. Pois seu partido surpreendeu mesmo, ao cair de terceiro em número de prefeituras em 2012 para décimo lugar neste pleito. “Quanto mais ódio se estimula, mais amor se cria a favor”, disse, em forma de oração. “Só há um jeito de eles tentarem me parar: evitar que eu ande pelo Brasil”, ameaçou o santo guerreiro contra o dragão da maldade da burguesia infame. O loroteiro está de volta, olê, olê, olá!

Não tardou para as urnas o estarrecerem. Nem precisou sair de casa: Orlando Morando (PSDB) e Alex Manente (PPS) disputam o segundo turno em São Bernardo. O companheiro Tarcísio Secoli, favorito do prefeito Luiz Marinho, seu sucessor no Sindicato dos Metalúrgicos, do qual Lula ascendeu para a glória política, ficou em terceiro, com menos de um quarto dos votos válidos: 22,6%. Em termos proporcionais, superou o poste que ele elegeu em São Paulo em 2012: Fernando Haddad protagonizou o maior vexame da história do partido ao ser massacrado pelo tucano João Doria, que o derrotou no primeiro turno por 53,3% a 16,7%. Em gíria de turfe, Haddad nem pagou placê.

E no dia em que constatou que as eleições “consolidam a democracia no Brasil”, Lula deu uma desculpa esfarrapada para o fiasco histórico: “A imprensa está em guerra com o PT há sete anos”. Para ele, “as pessoas se enganam quando (pensam que) uma TV, um jornal, pode tudo. Não pode. O povo é que pode tudo”. No caso, não lhe falta razão: numa democracia, como reza a Constituição da República, todo o poder emana do povo e para ele é exercido. As urnas não falam, mas o povo fala nelas. E a lorota de Lula tornou-se senha para a violência: mais tarde, constatada a derrota de Haddad, militantes petistas impediram que a repórter Andréia Sadi, da GloboNews, concluísse um boletim ao vivo na sede do PT, no centro de São Paulo.

Um tsunami de votos soterrou o partido que se diz da classe operária, mas passou 13 anos, 4 meses e 12 dias usando o poder federal para atuar como despachante de empreiteiros e amigos empresários emergentes que, em troca de contratos superfaturados, engordaram os cofres dos petistas e do PT em proporções nunca ousadas antes. Até recentemente, ingênuos, como o autor destas linhas, imaginavam que havia apenas uma corrente de escândalos de corrupção – Santo André, mensalão, petrolão, etc. –, conectados e consequentes um do outro. Agora é possível perceber que não é só isso. Trata-se, sim, de um assalto planejado, organizado e realizado para esvaziar todos os cofres públicos ao alcance de suas mãos.

A 53.ª (Arquivo X) e a 54.ª (Ormetà) fases da Operação Lava Jato trouxeram à tona revelações impressionantes sobre a gestão dos desgovernos Lula e Dilma. Nunca antes na História deste país um chefe da Casa Civil respondera por violações do Código Penal. José Dirceu, “capitão” do time de Lula em seu primeiro governo, está preso em Curitiba, acusado de haver delinquido quando cumpria pena na Papuda, em Brasília, condenado por corrupção e outros crimes pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no caso mensalão. Antônio Palocci Filho, primeira eminência parda de Dilma, após ter sobrevivido a 19 processos criminais no mesmo STF e ter violado o sigilo bancário de um pobre trabalhador, o caseiro Francenildo dos Santos Costa, foi recolhido ao xadrez, acusado de ter pago dívidas de campanha da chefe com dinheiro sujo.

Gleisi Hoffmann, ex-chefa da Casa Civil e senadora (PT-PR), é acusada de ter recebido R$ 1 milhão de propina da Petrobrás para comprar votos. Acusação igual é feita ao marido dela, Paulo Bernardo, suspeito de haver furtado R$ 7 milhões em prestações mensais de funcionários do Ministério do Planejamento que requeriam empréstimos consignados.

Guido Mantega, preso e solto pelo juiz Sergio Moro, foi outro ex-ministro do Planejamento a protagonizar processo criminal, em que foi delatado por Eike Batista, “bom burguês” escalado por Lula entre “campeões mundiais” do socialismo de compadrio, de havê-lo achacado no gabinete do Ministério da Fazenda. Palocci também foi ministro da Fazenda de Lula, que se diz o mais “honesto dos seres humanos”. Enquanto Dilma se põe acima de suspeitas por não ter contas bancárias no exterior.

No palanque, a esquerda insistiu que Dilma foi usurpada por Michel Temer, o vice duas vezes eleito com ela, no impeachment, cujo rito legal foi cumprido à exaustão. Em São Paulo, Luiza Erundina, do PSOL, e, no Rio, Jandira Feghali, do PCdoB, pediram votos repetindo essa patranha de consolar devoto. A ex-prefeita teve 3,2% dos votos e a carioca, 3,3%.

Fernando Haddad, contrariando o comportamento belicoso de seus apoiadores, cumprimentou João Doria pela vitória. No entanto, a agressão à repórter de televisão não foi, como devia ter sido, evitada por seu candidato a vice, Gabriel Chalita, nem por seu antigo colega de Ministério de Lula, Alexandre Padilha, que, conforme depoimento do colunista doGlobo Jorge Bastos Moreno, se mantiveram impassíveis diante do lamentável fato. Assim, deram o sinal de que a oposição do PT e aliados de esquerda não se limitará à irresponsável tentativa de impedir que sejam feitos os ajustes sem os quais o Brasil não conseguirá recuperar-se da crise provocada pela longa duração do próprio reinado na República.

O governo de Temer, também cúmplice no desmantelamento do Estado brasileiro nas gestões petistas, sofrerá boicote impiedoso. Mas a maior vítima será, como sempre, o cidadão, que amarga desemprego, inflação e quebradeira. E se verá às voltas com vândalos nas ruas queimando carros e quebrando vidraças. O PT não é cachorro morto e seu chefão, Lula, ainda será o leão rouco que ruge mesmo tendo perdido dentes e garras.

José Nêumanne é jornalista, poeta e escritor