segunda-feira, 6 de março de 2017

O grande temor da oposição

Os apoiadores de Dilma Rousseff almejavam que a força da Constituição não fosse suficiente para sustentar Temer no cargo presidencial e que o discurso repetitivo do golpe maculasse a legitimidade do governo.

Editorial O Estado de São Paulo
06 Março 2017 | 05h00

O grande temor da oposição vai-se tornando realidade: a plena consolidação do governo do presidente Michel Temer. Os apoiadores de Dilma Rousseff almejavam que a força da Constituição não fosse suficiente para sustentar Temer no cargo presidencial e que o discurso repetitivo do golpe maculasse a legitimidade do governo. Nada disso ocorreu.

Da mesma forma como havia ocorrido com Fernando Collor, o impeachment de Dilma Rousseff deixou claro que existe lei no País e que ela vale para todos, também para os que estão no cume da hierarquia do poder público.

A consolidação do governo de Michel Temer vai, no entanto, além da questão meramente institucional. Ela é decorrência direta de um governo que, se não isento de erros, até o momento vem mostrando disposição de acertar. Logicamente, há ainda muito a ser corrigido, começando por retirar do governo pessoas que devem antes prestar esclarecimentos à população e, em alguns casos, à Justiça.

Mas isso não obscurece o fato de que o presidente Michel Temer, como há muito tempo não se via no Palácio do Planalto, está disposto a colocar o Brasil nos trilhos. Sua opção por uma equipe econômica de alta qualidade técnica, sem apegos político-partidários, começa a dar resultados. Ainda há uma longa distância para devolver ao País o dinamismo que ele precisa ter, mas é inegável o empenho para fortalecer os fundamentos macroeconômicos, em especial o equilíbrio das contas públicas. Nesse campo, a aprovação da Emenda Constitucional 95, estabelecendo um teto para os gastos públicos, foi uma vitória da racionalidade e da responsabilidade frente a um populismo que perdurou por longos anos, nas administrações de Lula – especialmente em seu segundo mandato – e de Dilma Rousseff.

Também é verdade que o presidente Michel Temer soube vislumbrar, ainda no exercício provisório da Presidência, que o ajuste fiscal, por si só, não seria suficiente para a retomada do crescimento econômico. Talvez aqui esteja a principal razão da consolidação do seu governo frente às frustradas tentativas da oposição de minguar sua legitimidade – a disposição de Temer de levar adiante reformas legislativas que não são fáceis de serem implementadas e, ao mesmo tempo, são tão necessárias.

Se as reformas previdenciária, trabalhista e tributária representam o grande desafio do governo Temer, já que uma eventual rejeição pelo Congresso põe em risco as conquistas até aqui alcançadas, a disposição de levar adiante essas alterações legislativas é, por sua vez, o grande mérito do governo. Seria, portanto, um equívoco pensar que transigências do Palácio do Planalto na tramitação das reformas facilitariam a trajetória de Temer na Presidência. Concessões nesse campo seriam tão somente derrotas.

Deve-se reconhecer que os acertos do governo de Michel Temer ainda não se refletiram em popularidade. As pesquisas de opinião mostram uma avaliação que, se não chega a ser péssima, está longe de trazer tranquilidade a qualquer governante. De toda forma, a capacidade do governo para aprovar as reformas não depende, nesse momento, de sua popularidade. Manter-se firme na disposição de trabalhar pelo bem do País, sem dispor do conforto de um apoio massivo da opinião pública, é o atual desafio do presidente Temer.

A tarefa de reconstrução do País mal começou. Os desafios são enormes. Basta ver as dificuldades que o governo tem pela frente para aprovar uma tímida, porém imprescindível, reforma da Previdência. Agora, é preciso continuar no mesmo rumo, trabalhando com afinco pelas reformas, e corrigir os equívocos. Não é segredo, por exemplo, que há colaboradores de Temer que, mais do que ajudar, trazem sérios problemas ao Palácio do Planalto. Urge trocá-los.

É justamente essa atuação segura de Temer de que tanto o País necessita e que, ao mesmo tempo, faz a oposição ficar tão alarmada. O PT e seus aliados torciam por uma administração débil e, a cada dia que passa, vão percebendo que o impeachment não trouxe um golpe. Trouxe um governo.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Você dá esmolas na rua?

Esmola vicia e acomoda, diz Içami Tiba.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

"All the lonely people, where do they all come from? Where do they all belong?"

Enquanto dirijo ouço os Beatles e faço algo que adoro: observar as pessoas, suas reações, o que fazem, o que falam. As vezes basta uma frase pra você escanea-la e traçar um perfil, o que pensam, do que gostam. Ou odeiam.

Recentemente passei a observar os esmoleiros que constantemente te abordam nos cruzamentos das cidades. De onde vem, pra onde vão, no que se transformarão essas pessoas?. As vezes apenas imploram esmolas expondo suas chagas. Outros, como um conhecido mudo e surdo da cidade, exploram suas deficiências pra ganhar uns trocados.

Mas surgiram os malabaristas para fazer concorrência. Em cada cruzamento, um show. E mais moedas. O mudinho perdeu espaço, apesar da sua simpatia e os shows se diversificaram. Em Floripa um drogado foi explícito e sincero: - Me arranja 10 porque tô na secura e preciso de um pino, senhor.

Entre tantos, um artista de rua me impressionou: vestindo-se de palhaço mas fazendo-se de policial, só nas expressões, repreendia o motorista infrator, sacava o talão e multava. Depois de algum tempo sugeria uma propina, rasgava a multa - olhando para os lados para não ser flagrado - e pegava e colocava a "propina" no bolso que, de verdade, eram  as moedas que ele recebia pela sua performance. Nem Lula faria melhor, apesar de mestre dos mal feitos.

Mas, afinal, você dá esmola na rua?

Alguns filosofam dizendo que "a indiferença é a forma contemporânea da barbárie". Que é preferível dar porque você estará oferecendo uma oportunidade de crescimento. Outros, como o Içami Tiba, discorda e ataca: Esmola vicia e acomoda. A Care Brasil, Ong que combate a pobreza, diz que "esmola não contribui para transformar a condição de miserabilidade dos pedintes".

E você sabe quanto ganha um surdo/mudo/malabarista/artista/esmoleiro de rua? Vamos as contas?

O ciclo de dois minutos de um semáforo permitirá um minuto de carros esperando num dos lados do cruzamento. Se um esmoleiro conseguir uma moeda de R$ 1,00 por minuto, ele terá R$ 30 numa hora considerando que ele "trabalhe" só de um lado. Em um dia de oito horas de atividades ele receberia R$ 240. Em 22 dias (descanso de sábados e domingos) ele terá arrecadado R$ 5.280. Sem impostos. Compare com seu salário.

Entenderam porque o mudinho nunca quis mudar de vida?

Artistas de asfalto podem ganhar de R$ 100 a R$ 300, por dia.
PS: O artigo 254, do Código de Trânsito Brasileiro, proíbe a permanência de pedestres nas pistas de rolamento, exceto para atravessa-la em local permitido. Não é permitido a utilização da rua para a prática de folguedos, esportes, desfiles e similares, sem licença para tal. É considerada infração cabível de multa.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Semáforos sincronizados

Parar e sair consome mais combustível
e polui mais, além da irritação.
Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Semáforos sem sincronização mais causam problemas do que ajudam. Motoristas se irritam com os chamados ciclos curtos porque param a cada quarteirão.

Frenar e sair é o processo que mais causa consumo de combustível e poluição. Com semáforos sincronizados e com ciclos maiores, o motorista pode andar, em velocidade compatível, maiores distâncias, poluindo e consumindo muito menos. Os modelos matemáticos de otimização de tráfego semaforizado são muitos e são complexos. De uma forma mais simplista, porém, é possível explicar.

COMO SE FAZ?

Para se descobrir o ciclo ideal num cruzamento, baseia-se em alguns fatores, como o fluxo de veículos, por minuto, lombadas, carros estacionados ao longo da vida e largura da rua. Ciclo é o tempo que o semáforo faz numa volta completa nas três cores.

Quanto maior for o tráfego no cruzamento, maior será o ciclo. Decidido o ciclo ideal, busca-se distribuir o tempo verde. Ele será muito maior se o congestionamento for grande num dos lados. Após, procura-se fazer a sincronização entre demais cruzamentos. O ideal é criar o que se chama de "onda verde", onde carros possam "andar um espaço maior", sem interrupção, evitando-se o "para e sai".

EVOLUÇÃO DOS SEMÁFOROS

Primeiros semáforos com o aspecto dos
atuais, 1914 - Cleveland
O modelo de semáforo que conhecemos hoje surgiu em 1914, no começo da primeira guerra mundial, em Cleveland, Estados Unidos. Mas o primeiro no mundo foi instalado na cidade de Westminster, bairro de Londres, em 1868. Mais recentemente surgiram os digitais. Alguns fabricantes de carros introduziram tecnologia que permite ao motorista saber, pelo seu painel, quando o semáforo ficará verde.

Países primeiro mundistas instalam semáforos inteligentes que usam sensores no asfalto que calculam em tempo real o fluxo de cada lado, permitindo ajustar o verde no tempo correto. 

domingo, 29 de janeiro de 2017

O muro de Donald Trump

Bill Clinton começou a construção do muro em 1994. Trump disse que vai termina-lo.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

O anúncio da construção de um muro para separar Estados Unidos e México, feito pelo republicano Donald Trump, causou estrondosa repercussão no Brasil, principalmente na esquerda tupiniquim. Nas redes sociais não faltaram críticas contundentes ao presidente americano eleito, taxado com todos os piores nomes possíveis. e imagináveis.

No LinkedIn um cidadão com jeito moralista e com toda pompa de um desses PC - politicamente correto - lamentou que "isso será um retrocesso social e fraterno". Nos faces da vida uma petista disparou que "uma ideia dessas só poderia vir de uma mente doentia como a de Trump".

O que mais impressiona não é nem o plano proposto do muro, mas a ignorância da esquerda brasileira ou pelo menos que se diz petista, inclusive de muitos professores e dos "intelectuais" ignorantes.

O muro já existe


O muro que Trump diz que vai construir para combater a imigração ilegal, já existe em boa parte da fronteira entre os dois países. São mais de 1.130 quilômetros, cerca de um terço de toda divisa e sua construção começou em 1994, durante o governo do presidente democrata Bill Clinton que havia lançado o programa anti-imigração, denominado "Operation Gatekeeper". Clinton não apenas começou a construção do muro mas instalou forte iluminação, detectores de movimento, sensores eletrônicos e policiamento com visão noturna, vigilância com veículos terrestres e helicópteros. A construção continuou nos governos Bush e inclusive, de Barack Obama, que dobrou o número de vigilantes, ampliou seu comprimento e reformou vários trechos, mais recentemente. O muro já cobre mais de 34% da extensão fronteiriça e Trump disse que vai concluir os mais de 3.200 quilômetros restantes.

Por que separar os dois países?

Negros e brancos americanos perderam empregos com a invasão de imigrantes latinos ilegais. Foi exatamente a promessa de combater duramente a imigração ilegal que convenceu a maioria negra do país a votar em Trump.

Considere que, até então, os negros americanos acompanhavam o Partido Democrata. Michele Obama foi a TV impor que "negros tem que votar nos Democratas, independente de quem seja o candidato". Isso causou revolta  entre eles e nas redes sociais do país explodiram frases do tipo "ninguém vai me obrigar a ficar em senzala", referindo-se ao Partido Democrata e chamando Michelle de "Capitão do Mato". Deu no que deu: Trump recebeu a maior votação dos negros americanos, particularmente na Flórida, berço democrata.

Muros foram construídos, ao longo da história, em varias regiões, por questões de segurança, como o Muro da China (21.196 quilômetros) contra a invasão dos bárbaros mongóis, de Israel (760 quilômetros) receiando a chegada de terroristas árabes ou o de Berlin, já derrubado, construindo pelos comunistas para separar ideologias.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

Não esperem milagres dos novos prefeitos.

A bomba relógio: a crise instalada pelo petismo explode no colo dos prefeitos

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

A frase "o brasileiro não tem memória" parece ser correta. De repente todos se esqueceram que o país vive sua mais grave crise econômica e institucional - instalada pelo governo petista - e passam a creditar aos novos prefeitos a obrigação e o dever de resolver todas as mazelas que não lhes cabe.

Basta ouvir as manifestações de puro otimismo vindas das quase 5 mil e 500 cidades brasileiras que empossaram seus novos prefeitos e o tamanho da confiança que depositaram neles. Em alguns casos, específicos, até com razão. Mas, na maioria, os governantes municipais eleitos e ungidos como salvadores da pátria viverão os mesmos efeitos da maior crise econômica instalado no país e suas consequências, vividas pelos anteriores, sem por ou tirar. Com certeza, até pior.

Ao apostar que um prefeito possa mudar a paisagem econômica da sua cidade é esquecer que o Brasil está em falência, inflação alta e PIB baixo graças a irresponsabilidade de Lula, Dilma e petistas idiotizados por ideologias que fracassaram no mundo inteiro. E o fundo do poço ainda não chegou. O índice de desempregados aumentou e a atividade industrial não reage. Como um prefeito conseguirá fomentar a economia da cidade diante desse quadro? Sequer os repasses federais e estaduais tem chegado aos municípios e, quando chegam, vem com atrasos imensos. Milagres em economia, não existem. Portanto, não esperem milagres dos novos prefeitos.

Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional de Municípios, diz que os prefeitos eleitos enfrentarão um “cenário terrível” causado pela crise financeira mesmo que reduzam seus quadros de funcionários - geralmente inchado por compromissos com as coalizões eleitorais - como as mais de 45 mil secretarias municipais. “Se os prefeitos deixarem os partidos indicarem ocupantes de cargos, o colapso é garantido”, afirma ele.

Cerca de 77,4% dos municípios brasileiros, dos 3.155 que informaram o seu quadro financeiro ao Tesouro Nacional, estão no vermelho. A informação é da Confederação Nacional dos Municípios divulgada em agosto deste ano. Cerca de 402 prefeituras do Estado de São Paulo registraram déficit e no Rio Grande do Sul, 371 cidades. Mais de 576 prefeituras atrasaram salários. O quadro do trimestre final de 2016 foi de catástrofe considerando que houve queda violenta na arrecadação tributária sem contar que o Fundo de Participação dos Municípios em 2016 tinha previsão de R$ 100 bilhões e não chegará a R$ 80 bilhões. Os custos municipais com a previdência dos funcionários aumentaram quase 14% entre 2014 e 2015 enquanto as receitas subiram apenas 6,81% em cidades acima de 200 mil habitantes.

Com a PEC dos Gastos já funcionando neste ano, os novos prefeitos terão que demitir e reduzir os serviços prestados à população ao nível mínimo. Portanto, diante de um quadro nacional de catástrofe econômica, poucas alternativas restarão aos novos prefeitos. Michel Temer - o que segurou a escada para os ladrões e não objetiva candidatura nas próximas eleições - toma medidas antipopulares tentando ficar para a história como o presidente das reformas da previdência, trabalhista, tributária e política, essenciais para o Brasil sobreviver. A PEC do teto de gastos foi o começo. Mas até os resultados chegarem, vai tempo.

Pelas redes sociais soam infantis, quase ridículas, as manifestações de esperanças que parte da população deposita nos novos prefeitos sob o argumento que o anterior não fez porque não quis. O novo também não fará ou pouco conseguirá, com certeza. E não deverá ser culpado por tal.

sábado, 24 de dezembro de 2016

Jesus não era bonito


Imagem de como seria Jesus baseado em pesquisas de cientistas forenses: um judeu comum

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

A publicação divulgada por um grupo de cientistas forenses em 2001 e que mostrou como seria realmente a imagem de Jesus, causou muitas críticas entre os cristãos que se acostumaram a concepção de um Cristo caucasiano, olhos verdes e cabelos longos e lisos. Relatos bíblicos de Isaias, entretanto, profetizavam que Jesus "não tinha beleza nem formosura e olhando nos para ele, nenhuma beleza víamos para que o desejássemos... (Is.53.2b). Exceto nessa passagem, não há na bíblia referência maior sobre sua aparência.

Essa ausência permitiu aos pintores renascentistas criarem a imagem de Cristo conforme sua concepção de beleza, no caso, retratado como um caucasiano. No cinema, Jesus só foi interpretado por atores altos, brancos e de cabelos lisos. Mas Jim Caviezel, que estrelou Jesus no filme de Mel Gibson, teve seus olhos azuis alterados por lentes castanhas.

A nova concepção científica mostra Jesus como um judeu de pele escura, como qualquer outro homem da região, de aparência comum, baixo (entre 1:55m a 1:65m), cabelos duros e curtos e rosto marcado. O pesquisador britânico Richard Neave, especialista em ciência forense, usou três crânios do século 1 para compor a imagem aproximada do rosto de Jesus. O processo foi elaborado por softwares 3D de modelagem.

Mosaico do século 5 encontrado no Mausoléu Gala de Placídia,em Ravena, Itália: Jesus sem barba

Em 1 Coríntios 11:14 o apóstolo Paulo questiona: "Ou não vos ensina a mesma natureza que é desonra para o varão ter cabelo crescido?" Acredita-se, então, que Paulo não falaria em desonra de homens com cabelos longos se Cristo os tivesse também. Já no século 3 Jesus era representado em pinturas sem barba e com cabelos curtos. Dois séculos após ele já aparecia de barba e cabelos longos, como os imperadores bizantinos e, na Itália, parecido com os nobres brancos, cabelos dourados e olhos claros.

O mesmo Isaias profetizou qual seria a aparência do filho de Deus antes da sua crucificação, após os açoites: "...sua aparência estava tão desfigurada, que ele se tornou irreconhecível como homem; não parecia um ser humano" (Isaías 52:14).

"The Passion of The Christ", filme de Mel Gibson, retrata fielmente os últimos momentos de Jesus e as pesquisas são puramente o evangelho. O filme mostra como realmente foi violenta a agressão que sofreu antes da crucificação. Portanto, próximos dos relatos bíblicos.

Em Mateus 26:67 e 27:30 (Então cuspiram-lhe no rosto e lhe davam murros, outros o esbofeteavam / E, cuspindo nele, tiraram-lhe a cana e batiam-lhe com ela na cabeça) indicam que Cristo foi severamente machucado: "Sua aparência era tão terrível que as pessoas olhavam para Ele com espanto." Por retratar a realidade bíblica, o filme de Gibson foi recusado pelas grandes produtores americanas e, mesmo pronto, bancado pelo ator, as maiores distribuidoras não aceitaram o serviço. O filme foi considerado antissemita.

The Passion of The Christ", fontes bíblicas retrataram a realidade do sofrimento de Jesus

quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

Roberto Carlos tem perna mecânica?

Por Edson Joel Hirano kamakura de Souza

Faz algum tempo que troquei alguns comentários com Nery Porchia - vice reitor da Unimar por muitos anos - pelo Facebook, sobre a época que ele trabalhou para o Grupo Silvio Santos. Nery coordenava a equipe que organizava e realizava feiras agro-pecuárias, por todo país. Foi nesse período, na feira de Tupã, que o conheci e, junto com ele, o Leon Abravanel, o Leo Santos, irmão do Silvio.

O Leo era grandão e despachado, cara do irmão. Ele apresentava um programa de televisão veiculado nos estados do nordeste. Lá o Silvio Santos era conhecido como irmão do Leo. Ele mesmo fazia questão de contar.

Um dia descobri, no parque da feira, que o Leo tinha uma perna amputada e usava uma prótese mecânica. Ele tinha convidado muitas garotas para brincar e eu, sem saber, chamei todas para o tobogã. Elas subiram comigo. Menos ele, que ficou amuado, encostado na grade nos vendo divertir. Quando quis saber por que ele não subira foi que percebi a gafe que dei. Ele arregaçou a calça mostrando sua perna mecânica e, falando um palavrão, me perguntou "como eu vou descer no tobogã assim".

O Nery me contou que um dia, num elevador lotado, o Leo perguntou ao Roberto Carlos, em voz alta, qual era a marca da perna mecânica dele e ficou comparando as vantagens das próteses de cada um. Roberto, falando baixinho, se limitava a pedir para o Leo parar com aquele papo. Na Feira do Zebu, em Uberaba, jogaram o Leo na piscina, sem a perna. E depois, a perna mecânica.

O despachado Leo nunca fez questão de esconder que usava uma prótese, ao contrário de Roberto Carlos que pediu a proibição de uma biografia não autorizada escrita por Paulo Cesar Araújo - Roberto Carlos em Detalhes - que narra o acidente que amputou sua perna direita, ainda criança, num acidente com uma locomotiva no dia 29 de junho de 1947.

Durante 16 anos Araújo pesquisou a vida do cantor e seu livro foi proibido pela justiça sob alegação de invasão de privacidade. Mais recentemente vários "artistas" apoiaram a ideia da proibição de biografias não autorizadas.

O jornal Notícias Populares, há 30 anos, também sofreu pressão para cessar matérias relativas ao acidente. Mas o fato é que Roberto continua se negando a falar sobre um tema conhecido de todos. O livro de Araújo narra esse episódio.

"Naquele dia, Cachoeiro amanheceu sorrindo e em festa para saudar o seu santo padroeiro que, segundo a Igreja Católica, foi morto e crucificado nessa data em Roma, durante o reinado do imperador Nero, no ano 65 d. C. Era feriado na cidade, dia de desfiles, músicas, bandeiras, discursos, ruas cheias de gente e muita alegria. (…)

Como tantas outras crianças da cidade, naquele dia Roberto Carlos saiu cedo e animado de casa para assistir aos festejos. Era tanta badalação que muitos pais preparavam roupa nova para os filhos estrearem justamente nesse dia. Por isso Zunga (como Roberto era chamado na infância) estava ainda mais contente, porque iria desfilar com os sapatinhos novos que ganhara na véspera. E qual criança não fica feliz ao ganhar uma roupinha ou um novo par de sapatos? Logo que saiu à porta de casa, Roberto Carlos se encontrou com sua amiga Eunice Solino, uma menina da sua idade, que ele carinhosamente chamava de Fifinha. (…)

Pois naquela manhã os dois desceram mais uma vez juntos em direção ao local dos desfiles. Ao chegarem num largo, logo abaixo da rua em que moravam, já encontraram todos em plena euforia. Desfiles escolares, balizas e muitos balões coloriam o céu do pequeno Cachoeiro, ao mesmo tempo em que locomotivas se movimentavam para lá e para cá. Construída na época dos barões do café, no século XIX, quando a cidade era um paradouro de trem de carga, a Estrada de Ferro Leopoldina Railways atravessava Cachoeiro de ponta a ponta.

Por volta de nove e meia da manhã, Zunga e Fifinha pararam numa beirada entre a rua e a linha férrea para ver o desfile de um grupo escolar. Enquanto isso, atrás deles, uma velha locomotiva a vapor, conduzida pelo maquinista Walter Sabino, começou a fazer uma manobra relativamente lenta para pegar o outro trilho e seguir viagem. Uma das professoras que acompanhava os alunos no desfile temeu pela segurança daquelas duas crianças próximas do trem em movimento e gritou para elas saírem dali. Mas, ao mesmo tempo em que gritou, a professora avançou e puxou pelo braço a menina, que caiu sobre a calçada. Roberto Carlos se assustou com aquele gesto brusco de alguém que ele não conhecia, recuou, tropeçou e caiu na linha férrea segundos antes de a locomotiva passar.

A professora ainda gritou desesperadamente para o maquinista parar o trem, mas não houve tempo. A locomotiva avançou por cima do garoto que ficou preso embaixo do vagão, tendo sua perninha direita imprensada sob as pesadas rodas de metal. E assim, na tentativa de evitar a tragédia com duas crianças, aquela professora acabou provocando o acidente com uma delas.

Diante da gritaria e do corre-corre, o maquinista Walter Sabino freou o trem, evitando consequências ainda mais graves para o menino, que, apesar da pouca idade, teve sangue-frio bastante para segurar uma alça do limpa-trilhos que lhe salvou a vida. Uma pequena multidão logo se aglomerou em volta do local e, enquanto uns foram buscar um macaco para levantar a locomotiva, outros entravam debaixo do vagão para suspender o tirante do freio que se apoiava sobre o peito da criança. Com muita dificuldade, ela foi retirada de debaixo da pesada máquina carregada de minério de ferro. “Eu estava ali deitado, me esvaindo em sangue”, recordaria Roberto Carlos anos depois numa entrevista. Mas naquele momento alguém atravessou apressado a multidão barulhenta e tomou as providências necessárias. “Será uma loucura esperarmos a ambulância”, gritou Renato Spíndola e Castro, um rapaz moreno e forte, que trabalhava no Banco de Crédito Real.

Providencialmente, Renato tirou seu paletó de linho branco e com ele deu um garrote na perna ferida do garoto, estancando a hemorragia. “Até hoje me lembro do sangue empapando aquele paletó. E só então percebi a extensão do meu desastre”, afirma Roberto, que desmaiou instantes após ser socorrido. Esse momento trágico de sua vida ele iria registrar anos depois no verso de sua canção O Divã, quando diz: “Relembro bem a festa, o apito/ e na multidão um grito/ o sangue no linho branco…”, numa referência à cor do paletó que Renato Spíndola usava no momento em que o socorreu. (…)

Naquela mesma manhã, no hospital da Santa Casa, o médico aplicou uma anestesia local de novocaína no acidentado e deu início à cirurgia. (…)

Na época, em casos semelhantes, era comum fazer a amputação da perna acima do joelho, prática mais rápida e segura. Mas Romildo tinha acabado de ler um estudo americano sobre ciência médica que explicava que os membros acidentados devem ser cortados o mínimo possível. Assim, a amputação da perna do garoto foi feita entre o terço médio e o superior da canela – apenas um pouco acima de onde a roda de metal passou. Essa providência fez com que Roberto Carlos não perdesse os movimentos do joelho direito e pudesse andar com mais desenvoltura."






terça-feira, 13 de dezembro de 2016

O professor não tem culpa

O vexame do Ensino Médio começa no primeiro ano do Ensino Fundamental

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

O professor não tem culpa pela tragédia da educação brasileira. Apesar da sua precária formação, são os menos responsáveis por esse caos. O problema está centrado no processo de alfabetização utilizado no Ensino Fundamental, método usado que não alfabetiza. Os parâmetros Curriculares Nacionais introduziram teorias pedagógicas mofadas que a ciência já condenou faz mais de 30 anos e que confundem os professores. E alunos.

Os resultados estão ai: no 5.º ano do ensino fundamental, a criança não consegue entender o que lê. Considere que, pelo método fônico, qualquer criança brasileira pode ser alfabetizada em menos de um ano. Isso já ocorre em muitos municípios que abandonaram as cartilhas federais.

Diante de resultados ruins, o MEC criou os projetos Alfabetização na Idade Certa (copiando um projeto do governo do Ceará), Ler e Escrever e EMAI, este último para melhorar o ensino de matemática. Nada adiantou e os resultados pioraram.

Enganos pedagógicos

Os mesmos enganos pedagógicos são repetidos por muitos governos estaduais e municipais em suas cartilhas próprias e com resultados trágicos. Sequer as escolas públicas fazem uma adequada apresentação dos fonemas e grafemas, essencial no processo de alfabetização ou atividades próprias para desenvolver fluência de leitura. Os autores das cartilhas do MEC consideram importante a promoção do "letramento, a intertextualidade, os usos sociais da língua e suas múltiplas linguagens..." mas jogam código alfabético no lixo. O método utilizado nas escolas públicas brasileiras não alfabetiza.

Quem afirma isso são os maiores neurocientistas do planeta e todos os resultados de avaliações conhecidas. Todos, inclusive do Terceiro Estudo Regional Comparativo e Explicativo, divulgados em julho de 2015, no Chile, que colocam a educação Fundamental do Brasil em posições decepcionantes. Nossos alunos ocuparam os mais baixos níveis de aprendizado (I e II numa escala que chega a IV). A avaliação, que é coordenada pelo Escritório Regional de Educação da UNESCO, considerou o desempenho de 134 mil alunos do ensino fundamental, de 15 países, em matemática, leitura e ciências.

Líderes no PISA usam método fônico

O MEC ainda insiste em teorias ultrapassadas que a ciência condena, apesar dos resultados péssimos nos últimos 25 anos. Com o avanço da neurociência os países desenvolvidos adotaram os métodos fônicos pela sua evidente superioridade como Coreia do Sul, Japão, China, Hong-Kong, Singapura... ,os tops do ranking em educação no mundo. Só o Brasil, México, Argentina e alguns latinos persistem no erro. É bom lembrar que todos eles estão nas últimas posições do PISA.

As novas orientações curriculares dos Estados Unidos romperam, definitivamente, com teorias ultrapassadas ao publicar novas orientações curriculares. Nenhum projeto educacional tem apoio governamental ou privado naquele país caso a base curricular seja, por exemplo, construtivista.

Faltam investimentos?

Falta investimento na educação brasileira? Sim, mas a essência do problema é a formulação da política de alfabetização. Mesmo porque, apesar do Brasil triplicar seus investimentos em educação na última década, nada melhorou. Em 2012, por exemplo, o país foi o 15º que mais investiu, no mundo, entre todos os participantes do PISA. Mas continuamos na rabeira. Como explicar, por exemplo, que o Vietnã, destruído por uma guerra violenta, uma economia paupérrima e investimentos infinitamente menores que o Brasil, está no topo da educação e nós, nas últimas colocações? Uma intelectóide do MEC disse que a Coreia do Sul investe três vezes mais que o Brasil. Mas ela não disse que os coreanos investem quatro vezes menos que os Estados Unidos que amargam um 22º colocado contra os primeiros lugares dos asiáticos. E que países latino americanos que ficaram à frente do Brasil investem 10 vezes menos que nós.

Falta melhor formação para os professores? Sim, mas eles foram treinados para replicar bobagens pedagógicas que nem os professores unespianos entendem. Falta melhor salário na área? Sim, ganhos melhores incentivam mas, nem isso ajudará a promover avanços se mantidos os atuais métodos de alfabetização.

PISA derruba mitos

Salas de aulas com número reduzido de alunos, segundo estatística do PISA, tem ganho irrelevante e a desculpa do nível social é desmentido por outros números da OCDE - Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico - que mostram que os alunos mais pobres de Xangai sabem mais matemática que os alunos mais ricos dos Estados Unidos e Europa. O Brasil tem exemplos de regiões paupérrimas com excelentes índices na educação, a maioria no Ceará. Em 6 anos algumas escolas subiram o Ideb de 2,9 para 7,2. Na classificação do Ideb de 2015, das 100 melhores escolas públicas do Ensino Fundamental dos anos iniciais, 77 são do Estado do Ceará. As 24 melhores escolas classificadas entre as 100, são todas daquele estado com notas 9,8. O segredo é que essas escolas abandonaram as invencionices pedagógicas e partiram para os métodos fônicos.

É preciso colocar a neurociência em sala de aula para vencermos essa guerra que já vitimou milhões de jovens que continuam analfabetos, protagonistas dos maiores fracassos da nossa educação. Pior é lembrar que o processo é irreversível. Em 2015 o Brasil ficou em 63ª posição em ciências (401 pontos), na 59ª em leitura (407 pontos) e na 66ª colocação em matemática (377 pontos).

É preciso compreender que o vexame do Ensino Médio brasileiro começa no primeiro ano do Ensino Fundamental.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

PISA avalia resultados dos alunos brasileiros

Andreas Schleicher, criador do
PISA e ainda seu coordenador.
Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Os resultados obtidos com a avaliação do PISA, um programa internacional que avalia a qualidade do ensino nos países de todo mundo, aponta o Brasil com graves problemas na área. Basta citar que estamos nas últimas posições: na 63ª posição em ciências (401 pontos), na 59ª em leitura (407 pontos) e na 66ª colocação em matemática (377 pontos). O Brasil patina desde 2000 quando o país entrou no PISA, como convidado. Alunos na faixa dos 15 anos são avaliados em todo mundo. Este ano o foco foi ciências. O ranking mundial pode ser visto neste link. Os dados abaixo, sobre o Brasil, são observações do PISA ainda coordenado por Andreas Schleicher, seu idealizador.

Resultados principais

• O desempenho dos alunos no Brasil está abaixo da média dos alunos em países da OCDE em ciências (401 pontos, comparados à média de 493 pontos), em leitura (407 pontos, comparados à média de 493 points) e em matemática (377 pontos, comparados à média de 490 pontos).• A média do Brasil na área de ciências se manteve estável desde 2006, o último ciclo do PISA com foco em ciências (uma elevação aproximada de 10 pontos nas notas - que passaram de 390 pontos em 2006 para 401 pontos em 2015 – não representa uma mudança estatisticamente significativa). Estes resultados são semelhantes à evolução histórica observada entre os países da OCDE: um leve declínio na média de 498 pontos em 2006 para 493 pontos em 2015 também não representa uma mudança estatisticamente significativa. 

• A média do Brasil na área de leitura também se manteve estável desde o ano 2000. Embora tenha havido uma elevação na pontuação de 396 pontos em 2000 para 407 pontos em 2015, esta diferença não representa uma mudança estatisticamente significativa.  Na área de matemática, houve um aumento significativo de 21 pontos na média dos alunos entre 2003 a 2015. Ao mesmo tempo, houve um declínio de 11 pontos se compararmos a média de 2012 à média de 2015.

• O PIB per capita do Brasil (USD 15 893) corresponde a menos da metade da média do PIB per capita nos países da OCDE (USD 39 333). O gasto acumulado por aluno entre 6 e 15 anos de idade no Brasil (USD 38 190) equivale a 42% da média do gasto por aluno em países da OCDE (USD 90 294). Esta proporção correspondia a 32% em 2012. Aumentos no investimento em educação precisam agora ser convertidos em melhores resultados na aprendizagem dos alunos. Outros países, como a Colômbia, o México e o Uruguai obtiveram resultados melhores em 2015 em comparação ao Brasil muito embora tenham um custo médio por aluno inferior. O Chile, com um gasto por aluno semelhante ao do Brasil (USD 40 607), também obteve uma pontuação melhor (477 pontos) em ciências. 

• No Brasil, 71% dos jovens na faixa de 15 anos de idade estão matriculados na escola a partir da 7a. série, o que corresponde a um acréscimo de 15 pontos percentuais em relação a 2003, uma ampliação notável de escolarização. O fato de o Brasil ter expandido o acesso escolar a novas parcelas da população de jovens sem declínios no desempenho médio dos alunos é um desenvolvimento bastante positivo.

Resumo dos resultados nacionais do PISA 2015

• Entre os países da OCDE, o desempenho em ciências de um aluno de nível sócioeconômico mais elevado é, em média, 38 pontos superior ao de um aluno com um nível sócioeconômico menor. No Brasil, esta diferença corresponde a 27 pontos, o que equivale a aproximadamente ao aprendizado de um ano letivo.

• No Brasil, menos de 1% dos jovens do sexo masculino estão entre os alunos com rendimento mais elevado no PISA em ciências (aqueles com pontuação no nível de proficiência 5 ou superior). Entre os países da OCDE, esta proporção corresponde a 8.9% dos jovens do sexo masculino. Apenas 0.5% do grupo feminino no Brasil alcançou este mesmo nível de desempenho. Entre os países da OCDE, 6.5% das meninas se destacaram neste nível elevado de proficiência.  No Brasil, entre alunos de baixo rendimento em ciências (aqueles com pontuação inferior ao nível básico de proficiência, o nível 2), uma proporção maior entre o grupo feminino espera seguir uma carreira na área de ciências.

• Menos de 10% dos alunos que participaram do PISA 2015 no Brasil são imigrantes (primeira ou segunda geração). Numa comparação entre alunos de mesmo nível sócioeconômico, a média dos alunos imigrantes em ciências é 66 pontos inferior à média de alunos não-imigrantes.

• O Brasil tem uma alto percentual de alunos em camadas desfavorecidas: 43% dos alunos se situam entre os 20% mais desfavorecidos na escala internacional de níveis sócioeconômicos do PISA, uma parcela muito superior à media de 12% de alunos nesta faixa entre os países da OCDE. Esta proporção, no entanto, é semelhante àquela observada na Colômbia. Apenas dois outros países latino-americanos possuem uma proporção ainda maior de alunos neste nível sócio-econômico, o México e o Peru.

• Uma parcela muito reduzida de pais de alunos alcançou o nível superior de ensino no Brasil. Menos de 15% dos adultos na faixa etária de 35 a 44 anos de idade possuem um diploma universitário, uma taxa bem menor que a média de 37% observada entre os países da OCDE. Entre os países que participaram do PISA 2015, o Brasil está entre os dois países com a menor proporção de adultos com nível superior, ficando atrás apenas da Indonésia onde menos de 9% dos adultos nesta faixa etária alcançaram este nível de escolaridade. A faixa etária entre 35 e 44 anos corresponde aproximadamente à idade dos pais de alunos que participaram do PISA 2015.

• No Brasil, 36% dos jovens de 15 anos afirmam ter repetido uma série escolar ao menos uma vez, uma proporção semelhante à do Uruguai. Entre os países latino-americanos que participaram do PISA 2015, apenas a Colômbia possui uma taxa de repetência escolar (43%) superior à do Brasil. Esta prática é mais comum entre países com um baixo desempenho no PISA e está associada a níveis mais elevados de desigualdade social na escola. No Brasil, altos índices de repetência escolar estão ligados a níveis elevados de abandono da escola. Entre 2009 e 2015, houve um declínio de 6% na taxa de repetência escolar no Brasil, observado principalmente entre os alunos do ensino médio.

O problema está no Fundamental

Na última década o Brasil triplicou seu investimento em educação mas os resultados continuaram péssimos. Em 2012 o Brasil foi o 15º que mais investiu na área mas a qualidade do ensino continua ruim. Curioso é que países que estão no topo tem investimentos menores que grandes potências, como os Estados Unidos. O próprio PISA detectou que os alunos mais pobres de Xangai sabem mais matemática que os 10% dos alunos norte americanos mais ricos. Na América Latina países que investiram menos que o Brasil se saíram melhores na avaliação.

O ministro da Educação Mendonça Filho afirmou que "as políticas públicas de educação do Brasil falharam nos últimos anos e os resultados da avaliação do PISA foram "uma tragédia". E concluiu dizendo que "as ações serão prioritárias na alfabetização, porque os alunos chegam ao ensino médio com acúmulo de deficiências muito grave".

Ocorre que o método de alfabetização utilizado no Brasil, lastreado no construtivismo, não alfabetiza. A afirmação vem da neurociência e todas as avaliações comprovam. Aos 15 anos de idade nossos alunos ainda são analfabetos. Provas? Olha o PISA.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Últimos no PISA: a tragédia da educação brasileira

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza 

Mendonça Filho, Ministro da Educação, disse ontem que as políticas públicas de educação do Brasil falharam nos últimos anos e os resultados da avaliação do PISA foram "uma tragédia". Seu discurso ocorre depois da divulgação dos números do programa internacional de avaliação de estudantes que colocou o Brasil nas últimas colocações. Interessante é ouvir um membro do governo afirmar algo que já ocorre no país desde 1980/90.

O PISA avalia a educação em todo mundo, a cada três anos, entre estudantes de 15 anos de idade. Leitura, matemática e ciências são as três faixas focadas. O Brasil, como ocorre desde o ano 2000, está patinando: em 2015 ficou em 63ª posição em ciências (401 pontos), na 59ª em leitura (407 pontos) e na 66ª colocação em matemática (377 pontos).


Os países líderes em matemática foram 1º Cingapura: 564 pontos, 2º Hong Kong (China): 548 pontos, 3º Macau (China): 544 pontos, 4º Taipei chinesa: 542 pontos, 5º Japão: 532 pontos.

Em leitura, 1º Cingapura: 535 pontos, 2º Hong Kong (China): 527 pontos, 3º Canadá: 527 pontos, 4º Finlândia: 526 pontos, 5º Irlanda: 521 pontos.

Em ciências os cinco melhores foram 1º Cingapura: 556 pontos, 2º Japão: 538 pontos, 3º Estônia: 534 pontos, 4º Taipei chinesa: 532 pontos, 5º Finlândia: 531 pontos.

A Finlândia surge em 5º porque este ano o foco foi Ciências. Em matemática, o país que foi modelo em educação no ano 2000, caiu para 12º em 2012 e se manteve este ano.

A distância entre as crianças brasileiras e os líderes do PISA assusta. Basta lembrar que 70,25% deles estão abaixo do nível básico de proficiência em matemática, 50,99% em leitura e 56,6% em ciências. Os níveis de avaliação são abaixo do básico, básico, adequado e avançado.

Investimentos sem resultados

Considerando que o Brasil triplicou os investimentos em educação na última década fica claro, portanto, que o problema não tem muito a ver com falta de verba. Mas, a cada resultado ruim, os "doutores em educação" do MEC justificam como falta de investimento e melhor infra estrutura. Em 2012 o Brasil foi o 15º país que mais investiu em educação e os resultados continuaram pífios.  

Outra desculpa, comum entre os intelectóides da educação também foi desmentida: jogam a culpa sobre a condição social das crianças brasileiras, particularmente do ensino público. Então, como explicar que os alunos mais pobres dos países que lideram o PISA sabem mais de matemática que os alunos mais ricos dos Estados Unidos e Europa? A fonte dessas informações está nas estatísticas do PISA que também mostram que salas de aulas com menos alunos tem resultados irrelevantes. No Brasil os investimentos precisam reverter em resultados, o que não ocorre faz décadas.

Mas o ministro teve um relampejo de inteligência ao citar que "as nossas ações serão prioritárias para alfabetização, porque os alunos chegam ao ensino médio com acúmulo de deficiências muito grave". Caramba, Mendonça! Você disse o que qualquer imbecil sabe, faz 30 anos. As crianças do Fundamental, pelo método aplicado hoje, não são alfabetizadas. Não compreendem o que leem e mal conseguem entender um enunciado de matemática. Por isso são péssimos nessa matéria, também. Para tentar compensar o atraso criaram EMAI e Ler e Escrever, projetos que tentam melhorar o nível em matemática e línguas com resultados absurdamente negativos. Prova disso? Olhem os resultados!

Todos as avaliações nacionais ou internacionais mostram que a mudança deve começar nos anos iniciais. Na verdade o problema está na alfabetização no primeiro ano do Ensino Fundamental onde se utiliza teorias mofadas. Os maiores neurocientistas do planeta afirmam que o método utilizado no Brasil, não alfabetiza. A prova está ai.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Internet que envergonha os brasileiros

A piada: a velocidade média da internet banda larga no Brasil não passa 2,7 Mbps. Em Hong kong é de 65.4 Mbps. A internet mais barata é a  do Japão.
Por Edson Joel

O Brasil tem uma das piores velocidades de navegação de internet do mundo e operadoras que cobram os maiores preços do planeta. Este é o resultado catastrófico de dois fatores: usuários que não reclamam ou só reclamam mas não brigam pra valer por mais qualidade, combinado com governantes frouxos, corruptos e ignorantes.

Os economistas Samy Dana e Victor Candido consideraram a relação do valor cobrado pelas operadoras por 1 Mbps e a renda da população pesquisada em 15 países e concluíram que o Brasil tem a segunda internet mais cara do planeta. Significa dizer que o brasileiro precisa trabalhar mais de 5 horas por mês para pagar uma conexão de 1 Mbps enquanto o japonês precisaria de apenas 0,015. Pra você entender, considere que no Brasil há um tributo cobrado pelo governo que chega a estonteantes 40% enquanto no Japão, apenas 5%. Pior, são poucas empresas oferecendo os serviços. Sem concorrência, tributos altos e ineficiência da agência reguladora, o resultado é esse quadro patético de comunicação.

A velocidade média nacional mal chega a 2,7 megabytes por segundo, conforme publicação “State of the Internet”, de 2014, da Akamai Technogies, empresa especializada nesse tipo de medição (quantos mgabytes por segundo nos picos médios de navegação). Esse valor é uma piada.

Hong Kong tem 65.4 Mbps de pico, Coreia 63.6, Japão 52.0 são os três primeiros do mundo com velocidades consideradas altíssimas. Em 4º lugar está Singapura com 50.1 Mbps seguida de Israel, em 5º (47.7), 6º Romênia (45.4), 7º Letônia (43.1), 8º Taiwan (42.7), 9º Holanda (39.3), 10º Bélgica (39.6).

Vivo,  GVT, Net, Oi, Claro, Tim são algumas das empresas que envergonham os brasileiros pelos serviços de baixíssima qualidade e preços exorbitantes nesse segmento. Não há pra onde correr e nem governantes responsáveis para se fiar. O Brasil vai acumulando títulos de pior do mundo também na internet.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Glutamato Monossódico faz mal?

O uso constante desse sal pode causar, além das dores de cabeça e dores nas articulações, ganho de peso, hipertensão, formigamento, erupção cutânea, falta de ar, taquicardia, dores nos músculos e distúrbios no sistema nervoso.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Sabe aquela sua dor de cabeça que, sem motivos, vai e volta, sem explicação? Ou aquela quase enxaqueca perturbadora e irritante que ninguém consegue descobrir a causa? Ou aquelas dores nas articulações, parecidas com artrite? Ou a pressão arterial que "do nada", aumenta?

Pois bem, prepare-se para descobrir que as causas podem estar dentro da sua casa, guardadas na cozinha. Chama-se glutamato monossódico ou GMS (sal sódico do ácido glutâmico), um aminoácido (aminoácido é a molécula que forma a proteína) encontrado na maioria dos alimentos processados para realçar o sabor de alimentos como hambúrgueres, sopas, batatas fritas, salsichas, molhos para saladas, carnes defumadas e grelhadas, condimentos preparados, molhos e biscoitos. Aji-No-Moto é seu nome comercial.

O uso constante desse sal pode causar, além das dores de cabeça e dores nas juntas, hipertensão, formigamento, erupção cutânea, falta de ar, taquicardia, ganho de peso, dores nos músculos e distúrbios no sistema nervoso.

"Brain lesions, obesity, and other disturbances in mice treated with monosodium glutamate" (lesões cerebrais, obesidade e outros distúrbios em ratos tratados com glutamato monossódico), de John Olney, pesquisador e professor de Psiquiatria, Patologia e Imunologia da Universidade de Washington é um estudo que os "defensores" do sal não conseguem contestar. O consumo de GMS aumenta a concentração de ácido glutâmico no organismo e isso pode desencadear o transtorno de hiperatividade. Já se associou este sal com depressão, fadiga, dores no peito e náuseas. Quimicamente o glutamato é 78% ácido glutâmico livre, 21% sódio e 1% de contaminantes, considerado excito-toxina, uma substância que estimula células.

O médico Robert Ho Man Kwok foi o primeiro a estabelecer relação entre o mal estar que sentia depois de comer em restaurante chinês com o glutamato. Em 1968 ele escreveu para o New England Journal of Medicine e o assunto tornou-se conhecido. Este aminoácido é comum em muitos alimentos, incluindo cogumelo seco, tomate, queijo parmesão e até mesmo no leite materno. Entretanto, os problemas relatados vem do consumo de GMS proveniente da cana de açúcar, presente na maioria dos alimentos industrializados.

A Federação das Sociedades Americanas de Biologia Experimental, a pedido da Food and Drug Administration (FDA) - órgão norte americano que regula o comércio de alimentos - promoveu uma avaliação de todos os estudos científicos a respeito. Concluíram que havia "evidências suficientes apontando para a existência de um grupo de indivíduos saudáveis que reagiam mal a altas doses de glutamato", geralmente uma hora após a ingestão de 3 gramas ou mais de glutamato, diluído em água. O experimento, entretanto, deveria considerar o consumo do sal misturado em alimentos e não em água.

E, segundo a FDA, o consumo diário da maioria dos indivíduos, no ano 2000, era de 0,55 gramas. Atualmente a presença do glutamato nos alimentos processados é quase 80% e a concentração consumida é muito maior. Mesmo assim a FDA considerou seguro seu consumo. O site do fabricante tenta desqualificar as denúncias.

A experiência de uma família, sem glutamato

Durante anos uma família de Marília, de nosso relacionamento, consumiu fartamente Aji-No-Moto na comida caseira e em restaurantes. Os três filhos se queixavam de dores nas juntas e constantes dores de cabeça. Uma delas fez tour em diversos especialistas para descobrir o que provocava dores nas articulações dos pés, sem sucesso. O marido, apesar da boa saúde, queixava-se de dores de cabeça e taquicardia constantes e a esposa incluía, além, pressão alta.

Somente alguns anos após a morte da mulher e um novo casamento, percebeu-se a diminuição drástica dos problemas, em pouco tempo: a nova esposa não usa glutamato na comida de casa. Ela mesma já tinha vivido uma experiência de falta de ar, pressão alta, alteração no ritmo de batimentos cardíacos e dores de cabeça constantes, até abolir este sal do seu cotidiano. Alertados, os filhos passaram a evitar o consumo do glutamato com fantásticos resultados. O que se pensou ser artrite herdado da mãe era, na verdade, resultado do consumo de Aji-No-Moto.

Se você tem dúvidas a respeito, faça uma experiência bem simples: deixe de usar glutamato ou de comprar alimentos processados com este sal. O único inconveniente é ter que ler os rótulos dos produtos para descobrir se contém glutamato monossódico ou não. Vale a pena e você não corre nenhum risco.

Glutamato monossódico

Composto químicoFórmula: C5H8NO4Na
IUPAC: Sodium 2-Aminopentanedioate
Massa molar: 169,111 g/mol
Ponto de fusão: 232 °C
Densidade: 1,62 g/cm³
Classificação: Aminoácido
Solúvel em: Água

Fontes de pesquisa: BBC Brasil, LUCAS, D.R. and NEWHOUSE, J. P. The toxic effect of sodium-L-glutamate on the inner layers of the retina. AMA Arch Ophthalmol 58: 193-201, 1957. – Link: http://archopht.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=625186 OLNEY, J.W. Brain lesions, obesity, and other disturbances in mice treated with monosodium glutamate. Science 164: 719-721, 1969. – Link: http://www.sciencemag.org/content/164/3880/719, FAO Nutrition Meetings -Report Series No. 48A WHO/FOOD ADD/70.39 TOXICOLOGICAL EVALUATION OF SOME EXTRACTION SOLVENTS AND CERTAIN OTHER SUBSTANCES” – Link: http://www.inchem.org/documents/jecfa/jecmono/v48aje09.htm / "Brain lesions, obesity, and other disturbances in mice treated with monosodium glutamate" (lesões cerebrais, obesidade e outros distúrbios em ratos tratados com glutamato monossódico). Autor: John Olney, pesquisador e professor de Psiquiatria, Patologia e Imunologia da Universidade de Washington.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Vietnã: cadê o socialismo que estava aqui?

Faz 40 anos que os norte americanos foram expulsos do Vietnã, tomado por comunistas depois de contabilizar mais de 2 milhões de vítimas em toda guerra. O socialismo não funcionou e o Vietnã se transformou num dos mais importantes países capitalistas do planeta. E suas fábricas trabalham para os americanos. O comunismo perdeu, de novo.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

A guerra do Vietnã começou, na verdade, em 1955, mas foi a partir de 1959 que as escaramuças provocadas pelos guerrilheiros do norte se tornaram mais sérias. O país se dividiu ao meio - comunistas, do norte, apoiados pela China e soviéticos - e o sul, que a partir de 1965 passou a receber um maior apoio bélico dos Estados Unidos, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia.

Foi a guerra do socialismo x capitalismo. Os americanos perderam 58 mil soldados até o final do conflito. Em 30 de abril de 1975, Saigon, capital do sul, caiu e o Vietnã passou a se chamar República Socialista do Vietnã e Saigon se chama hoje Ho Chi Minh, líder dos vencedores. Quase 4 milhões de soldados do norte e sul morreram no conflito que acabou envolvendo também a Coreia do Sul que lutou ao lado dos americanos. Os comunistas venceram a guerra.

E o que virou o Vietnã?


O sonho capitalista dentro do Vietnã: as conquistas sociais e melhor qualidade de vida chegaram pelo livre mercado. Restam dois países comunistas fundamentalistas: Coreia do Norte onde 18 dos 24 milhões habitantes passam fome e a falida Cuba até então liderada por um patético. Cuba, em breve, será o novo paraíso capitalista.