sábado, 2 de fevereiro de 2013

Um criminoso preside a Celac

O "durão" na frente da CELAC

Gabriel Salvia (Infobae) 31 de janeiro de 2013
  
Raul Castro, líder cubano e presidente da Celac
Um dos grandes paradoxos dos setores pseudo-progressistas não é apenas defender um regime de partido único em Cuba, mas endossar suas idéias, tais como a aplicação da pena de morte no país.

É contraditório, por exemplo, o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel e o prefeito deposto de Buenos Aires, Aníbal Ibarra que ensinaram direito penal fazendo seus alunos lerem Reflexões sobre a guilhotina, de Albert Camus. O mesmo se aplica a muitos outros personagens latino-americanos de questionáveis ​​convicções democráticas, que defendem aberta e impunemente o regime militar dos irmãos Castro.

Assim, não é de surpreender que, imprudentemente, Raul Castro tente justificar a aplicação da pena de morte em Cuba como fez durante a recente reunião da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). Ele justificou alegando ameaças de tráfico de drogas, alguns credíveis vindos de um aliado das FARC, mas também em resposta aos alegados "ataques e sabotagens".

Vale lembrar que em março de 2003, o regime de Castro aplicou a pena de morte a três cubanos que, para fugir da ilha, sequestraram um barco sem causar qualquer dano a outros. Ou seja, essas três pessoas não mataram ninguém mas, como um alerta "exemplar" a sociedade cubana que vive sob escravidão política foram condenados à morte e executados em uma semana depois de um julgamento sumário. 

Daí a famosa "Eu vim aqui", de José Saramago e, como muitos intelectuais de esquerda, até então partidários da revolução, incluindo os líderes do Partido Comunista Italiano, a estes assassinatos o regime cubano, no âmbito da Primavera Negra de 2003, que incluiu a detenção e condenação a longas penas de prisão para 75 opositores pacíficos para o exercício de direitos fundamentais em Cuba são crimes.

Em episódio de 2003 deve adicionar um péssimo desempenho da ditadura cubana sobre as execuções, muitos dos quais são de responsabilidade de Raul Castro. Ou seja, o representante de Cuba que vai presidir a CELAC não é apenas um líder que carece de legitimidade democrática, mas também uma pessoa acusada de ter cometido execuções extrajudiciais.

O engraçado é que muitos pensam que Cuba, com um sistema que reprime obscenamente os direitos humanos deve estar no CELAC. Será que eles pensariam o mesmo se um Pinochet, Videla ou Stroessner estivesse no lugar de Raul Castro?

Como pode ser visto, esta combinação de calor e hipocrisia democrática da América Latina é o que permite que os irmãos Castro inflexivelmente mantenham sua ditadura e continuem a violar as liberdades fundamentais do povo cubano. Quando as ditaduras acabam, tudo vem à luz. E quando isso acontecer em Cuba, o impacto político será enorme na América Latina, especialmente nos setores autoritários e complacentes da esquerda regional.

Gabriel Salvia

Director del Centro para la Apertura y el Desarrollo de América Latina (CADAL). Miembro del Consejo Editorial de Perspectiva: Revista Latinoamericana de Economía, Política y Sociedad. Realiza colaboraciones periodísticas para varios medios de Argentina y América Latina.