terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Telefonica assume Vivo e baixa qualidade


Telefônica lidera lista de queixas
Empresa fecha o ano de 2013 no topo entre as que mais motivaram reclamações no Procon
 
30 de dezembro de 2013 | 2h 06
JERUSA RODRIGUES - O Estado de S.Paulo

A Telefônica/Vivo é a primeira da lista das mais reclamadas no Procon-SP, com 27.770 registros no ranking do acumulado do ano de 2013, de um total de 784.812 atendimentos. Das queixas recebidas pelo jornal, tanto de órgãos públicos quanto de estabelecimentos privados, a empresa também foi a que rendeu a maior demanda, com 446 casos de cerca de 5 mil queixas.

O número de telefone da Vivo do cirurgião Tiago Szego foi portado para a Oi sem a solicitação dele. "Há cinco anos tenho a linha e sempre estou de sobreaviso, por causa da minha profissão", diz. "Na loja da Vivo, não explicaram como isso ocorrera e ainda prometeram solução em três dias, o que não foi feito."

Procurada, a Telefônica/Vivo informa que o problema foi solucionado.

O leitor confirma, mas explica que só conseguiu seu número de volta passado mais de um mês da queixa.

De acordo com o professor de Direito do Consumidor da Faculdade Mackenzie Bruno Boris, as hipóteses de portabilidade apenas devem ocorrer mediante autorização do próprio consumidor. "Caso tenha havido um erro por parte da operadora, esta poderá ser responsabilizada pelos prejuízos causados", ressaltou.

Sem sinal."Desde novembro estou com o sinal de internet intermitente, diz a professora Angela M. Damaso, de 61 anos. "Ao ligar na Vivo, sou transferida a setores diversos e cada atendente diz algo diferente." A Telefônica/Vivo responde que o serviço foi normalizado. Já a leitora relata que ficou mais de dez dias sem internet e a velocidade do Speedy continua ruim. "Nem a velocidade mínima é cumprida", afirma.

Segundo o advogado Josué Rios, no período em que a consumidora não recebeu o serviço na sua totalidade o valor da mensalidade não pode ser cobrado. "Caso tenha havido cobrança, o valor deve ser devolvido em dobro. "

Se o serviço funcionou parcialmente, deve haver desconto proporcional no valor cobrado, explica. "Os prejuízos econômicos sofridos pela consumidora, durante os dias em que não pôde usar o serviço, devem ser devidamente reparados, assim como a contratante também tem o direito de ser indenizada por dano moral, conforme o grau de transtorno sofrido, em razão de se ver privada do uso de um serviço essencial." O dano moral, afirma Rios, tem a relevante função de reprimenda pedagógica contra o fornecedor.

Quanto à redução da velocidade contratada, em certas situações operacionais, se a informação sobre tal redução não constar de forma destacada no contrato e não for informada no ato da venda do serviço, o consumidor tem o direito de exigir a devolução proporcional do valor cobrado, diz.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Santa Catarina tem a melhor educação do Brasil. São Paulo fica em 5º lugar.

Por Estados, só 4 redes públicas conseguem superar média; Brasil ficou em 57º lugar entre 65 países na avaliação internacional. São Paulo tem educação abaixo da média do País segundo dados do Pisa

30 de dezembro de 2013
Paulo Saldaña - O Estado de S.Paulo
 
Apenas quatro redes de ensino estaduais brasileiras têm resultados superiores à média geral do Brasil, de acordo com dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês) de 2012. A rede de São Paulo, o Estado mais rico do País, fica abaixo do Brasil na média das áreas avaliadas.

Os dados desagregados pelas redes de cada Estado são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), que trabalha com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) na realização do Pisa. A OCDE realiza a avaliação nos 34 países considerados de primeiro mundo e em outros convidados, como o Brasil.

Nesta última edição, o País ocupou 57.º lugar entre os 65 países participantes. O Brasil está entre os que mais cresceram em pontuação desde 2000, quando a prova foi criada, mas ainda não conseguiu sair das últimas posições. O índice geral leva em consideração as redes particular e pública. Quando separadas apenas as redes estaduais (que concentram 85% das matrículas do ensino médio, fase em que está a maioria dos alunos avaliados no Pisa), o cenário é mais preocupante.

Até a rede estadual mais bem colocada no Pisa, a de Santa Catarina, com 422 pontos, ainda fica a 75 pontos de distância da média dos países ricos. A pontuação equivale a quase dois anos de aprendizado.

São Paulo. A rede estadual de São Paulo é a quinta melhor rede estadual do País, mas está um ponto abaixo da média geral do País. Apenas na área de Matemática o resultado paulista é superior à média do Brasil.

Se São Paulo fosse um país, estaria na 58.ª posição, abaixo de Brasil, Uruguai e Chile e acima somente de oito países, incluindo Jordânia, Argentina, Colômbia e Peru.

A Secretaria de Educação do Estado tem como objetivo (em seu programa Educação - Compromisso de São Paulo, lançado pela atual gestão) que a educação paulista figure entre as mais avançadas do mundo até 2030, com base nos dados do Pisa. O plano é que São Paulo chegue à 25.ª posição. Se levar em consideração também a rede particular, São Paulo subiria para 54.º, com média de 415 pontos.

Para a professora Maria Izabel Noronha, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), os resultados mostram uma falta de continuidade na política educacional nos últimos 20 anos. "São Paulo tem tomado medidas muito pontuais na educação, responde a questões emergenciais. Falta um plano estadual de educação, um projeto articulado", diz Maria Izabel.

A consultora em educação Ilona Becskeházy concorda que o sistema educacional ainda é deficiente em São Paulo, mas ressalta que a amostra do Pisa para a rede estadual pode, na comparação, esconder alguns aspectos positivos. "São Paulo é a rede que tem mais gente dentro da escola e mais gente no ensino médio. Fica difícil penalizar."

Análise. A Secretaria afirmou, em nota, que a análise do Pisa 2012 é feita pela Coordenadoria de Informação e Monitoramento e Avaliação (Cima). "As escolas estaduais de São Paulo são caracterizadas pelo atendimento universal, inclusivo, e que respeita a diversidade da maior rede de ensino do País, com 4,3 milhões de alunos."

A pasta refutou a comparação da rede estadual com a média geral do País, afirmando que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do governo federal, aponta evolução no desempenho dos alunos de São Paulo. No Ideb de 2011, o ensino médio de São Paulo teve melhora, mas os dois ciclos do ensino fundamental ficaram estagnados, com o mesmo resultado no índice de 2009.

Baixista dos Incríveis morre

Morre, aos 65 anos, Nenê Benvenuti, baixista dos "Incríveis"

Do UOL, em São Paulo  30/01/201313h06
  • Gil Passarelli/Folhapress
    Nenê Benvenuti (de camisa xadrez) com os integrantes da banda Os Incríveis, em foto de 1967
    Nenê Benvenuti (de camisa xadrez) com os integrantes da banda Os Incríveis, em foto de 1967
Morreu na manhã desta quarta-feira (30), aos 65 anos, o músico Lívio Benvenuti Júnior, mais conhecido como Nenê. Benvenuti foi baixista da banda de rock Os Incríveis entre 1966 até 1972, quando a banda se separou. Nenê foi diagnosticado com câncer de pulmão em outubro de 2012. As informações são da rádio CBN.

O velório se realiza no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, informação confirmada pela assessoria de imprensa da instituição. A família ainda não divulgou o local do enterro.

O músico começou a carreira aos 12 anos de idade como baterista da banda "The Rebels". Na década de 1960 chegou a montar um grupo cover dos Beatles até entrar na banda Os Incríveis, que fez parte da Jovem Guarda.

Chegou a atuar como ator na TV Tupi e tocou ao lado de Raul Seixas em uma apresentação em um garimpo do Pará, em 1985. Também tocou com Elis Regina e Roberto Carlos. Entre alguns projetos, nos últimos anos, atuava como produtor musical.

Em outubro de 2011, morreu o saxofonista da banda Os Incríveis, Antônio Rosas Seixas, o Manito, que tratava desde 2006 de um câncer na laringe.

GM paralisa linha em São José dos Campos

GM demite centenas de operários
Na véspera do novo ano a GM anunciou a demissões de centenas de operários da linha de São José dos Campos onde é montado o modelo Classic. O comunicado foi feito por e-mail. Cerca de 750 funcionários perderam o emprego no momento em que o IPI - Imposto sobre Produto Industrializado - deve voltar a ser cobrado na venda de carros, 3% em janeiro e 7% em julho. Antes do Natal a empresa comunicara que eles entrariam em férias coletivas entre 2 e 20 de janeiro. 

A nota emitida pela GM diz que o sindicato da categoria tinha sido informado em 28 de janeiro deste ano sobre o encerramento das atividades daquela linha de montagem conhecida como MVA.

Os metalúrgicos lembram que isso ocorre quatro dias antes do aumento do IPI e que as indústrias tem pacto com o governo para evitar demissões.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Natal ruim para os shoppings

Vendas de natal em shoppings foram ruins em todo país

Em comparação com o ano passado, as vendas de natal em shoppings, em todo país, foram consideradas ruins - as piores nos últimos 5 anos - segundo a Associação Brasileira de Logistas de Shopping. As vendas cresceram pouco e, em alguns setores, como vestuário, caíram em relação ao ano anterior.

Os motivos são vários: inflação alta, endividamento das famílias e crédito mais restrito. O aumento nas vendas de 8% é observado apenas quando se considera a abertura de novas lojas. No setor de perfumarias e cosméticos houve aumento de 10% nas vendas.

A associação esperava um amento em torno de 10% a 12%. Considerando a inflação, o crescimento nas vendas não passou de 2,5%. A previsão para o próximo ano é de 3% mais por conta da inauguração de novos shoppings ou centros de compras. O dólar alto em 2014 pode complicar o setor de confecções que tem peso alto nas vendas em shoppings.

O risco da volta a 2003

Editorial O Globo

Os quase 16 anos deste ciclo do PT no Palácio do Planalto começaram de uma forma, na condução da política econômica, e entram no último ano de mandato de Dilma Rousseff de outra maneira. Uma das diferenças marcantes — pelo menos até agora — ocorre na condução da política fiscal.

Em 2003, quando o partido e aliados subiram a rampa do Palácio do Planalto com Lula de faixa presidencial, a política de gastos públicos seguiu os manuais clássicos. Foi uma administração atenta, contra abusos, restritiva, coerente com a necessidade daquele momento.

A inflação, atiçada pela subida do dólar em função do “risco-PT”, chegou aos píncaros dos dois dígitos e precisou ser debelada por uma política de contenção de despesas governamentais conjugada com a elevação dos juros básicos (política monetária).

Deu certo, como previsto, e o IPCA se aproximou da meta dos 4,5%, estabelecida com dois pontos de margem para cima ou para baixo. A partir do final do segundo governo Lula, o respeito à política do tripé — cumprimento das metas de inflação, do superávit primário e câmbio flutuante —, mantida, com êxito da Era tucana, foi, digamos, flexibilizado.

Sob inspiração da ideologia “desenvolvimentista”, lastreada no intervencionismo estatal, lançou-se a política do “novo marco macroeconômico”, consubstanciada em câmbio desvalorizado, juros baixos e nenhuma maior preocupação com os gastos — para ativar a demanda — e inflação.

Neste aspecto, dentro da ideia equivocada, e tantas vezes comprovada como míope, de que vale a pena “um pouco de inflação, para se obter um crescimento maior”. Ora, a inflação corrói o crescimento. Como mais uma vez o país testemunha.

O abandono do “tripé” ficou bastante visível na “perna” fiscal. O recurso constante a subterfúgios para se abater a meta de superávit primário foi, aos poucos e implacavelmente, abalando a credibilidade da política fiscal, ponto-chave para investidores no país e credores do Tesouro. Pois se trata de saber sobre a capacidade que o Estado brasileiro possui de pagar as suas dívidas.

Não há qualquer risco de desastre na esquina. Mas a tendência de aumento constante das despesas em custeio, acima da arrecadação, faz o mercado precificar o futuro.

Ele passa, por exemplo, a exigir rendimentos mais elevados em títulos do Tesouro com taxas prefixadas. Aumenta o custo do Estado para a sociedade. E isto já acontece.

Com o advento da “contabilidade criativa”, capaz de gerar receita primária, por exemplo, por meio de dividendos de bancos públicos pagos na verdade com dinheiro de dívida do Tesouro, o quadro piorou para o país.

A meta de 3,1% do PIB de superávit primário foi reduzida para 2,1%, mas deverá ser abaixo disso. Há sinais de que o Planalto percebeu o erro do sepultamento do “tripé”. Tem 2014, ano eleitoral, para tentar consertar os estragos. Se não, 2015 pode repetir 2003.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A estrela do PT brilha na Papuda


As autoridades reforçaram a segurança na penitenciária da Papuda - onde estão presos os corruptos do PT, envolvidos com o escândalo do mensalão - depois da descoberta de um plano de rebelião.

Os presos aparentam descontentamento desde que os mensaleiros chegaram ao local cercados de regalias, inclusive com horários de visitas especiais na sexta feira, enquanto na quarta e quinta centenas de familiares de presos comuns se espremem ao relento esperando para visita-los. O dia de visita especial, criado pelo diretor do presídio para favorecer os corruptos, causou indignação entre os demais prisioneiros e a justiça determinou que fosse proibido. 

José Dirceu e Delúbio, como os demais detentos, ficarão sem visitas de Natal. Mas eles terão uma comida especial para a data. A quentinha que será servida no jantar, entre 16 e 17 horas, terá fatias de peru com farofa, arroz e feijão. A comida é servida num prato de plástico, parte de um kit que os presidiários recebem quando entram para cumprir pena. Dirceu, quando chegou na penitenciária recusou-se a receber o kit mas foi informado que não tinha opção. Entre outras normas está a de vestir o uniforme do presídio. Normalmente a marmita contém arroz, feijão e carne de frango ou moída. Dirceu come três refeições por dia: o café da manhã com pão e leite, almoço e o jantar. Quem tem dinheiro pode comprar algum produto na cantina da Papuda. Os mensaleiros não terão direito ao "saidão". 

Além de Delúbio - que disse que o mensalão iria virar piada de salão - e Dirceu, também cumprem pena na Papuda os ex-deputados Pedro Henry e Pedro Corrêa, Marcos Valério e seus sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz.

Neste Natal a estrela do PT vai brilhar na Papuda.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Hábito de leitura entre os brasileiros é uma vergonha

Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Agora a pouco notei que o prédio da Secretaria da Cultura de Marília, na avenida Sampaio Vidal, onde se localiza também uma biblioteca municipal, está pichada. Trata-se de uma reivindicação: biblioteca na periferia, diz a inscrição.

Aparentemente o pedido parece lógico. Afinal, o conhecimento se conquista assim, com leituras.

Mas, sabendo-se que a maioria das escolas da cidade dispõe de salas de leitura (inclusive com orientadoras, vasto número de títulos e atualíssimos) abertas aos alunos e à comunidade e que a frequência é mínima - principalmente a externa - a conclusão é que a reivindicação não tem tanta procedência.

BRASIL EM 27ª LUGAR EM LEITURA

Conheci uma, dentro de uma escola do fundamental e médio, em Marília e soube que apesar da oferta de tantos títulos, a sala é pouco visitada pela comunidade. O índice de leitura no Brasil é vergonhoso. Uma vergonha conhecida lá fora que espanta tanto quanto o índice de criminalidade e a corrupção no país. Imaginem que apenas um adulto alfabetizado em cada três, lê livros. Uma das últimas pesquisas aponta o Brasil em 27ª colocação, dentre 30 países pesquisados sobre hábito de leitura.

Pesquisas mostram que entre 2007 e 2011 o hábito de leitura no país caiu 5% entre aqueles entrevistados que leram um livro, pelo menos, nos últimos três meses, antes da consulta. E entre os hábitos mais apreciados, antes dos livros, vem assistir TV (85%), ouvir música ou rádio (52%), descansar (51%), estar com a família e amigos (44%), assistir filmes em DVD (38%) e sair com amigos (34%).

Apesar de projetos de leitura espalhadas em todo país a frequência nas salas de leitura é mínima. A maioria dos "alfabetizados nas escolas públicas brasileiras" não sabe ler. E a era digital não mudou muito esse péssimo hábito, apesar das ofertas grátis da web.

ALUNOS BRASILEIROS MAL NO PISA  

Como melhorar tudo isso sabendo-se que o Brasil continua ocupando as últimas posições (58º lugar entre 63 países pesquisados em 2012) em qualquer avaliação em educação, como o PISA - Programme for International Student Assessment - levantamento realizado a cada três anos?

Entre 2009 e 2012, os estudantes brasileiros mantiveram a mesma pontuação em ciências (405 pontos), caíram em leitura (412 pontos para 410) e "evoluíram" pífios 5 pontos em matemática (de 386 para 391). Nenhum brasileiro conseguiu o nível 6 e a média ficou entre os piores. Basta dizer que em ciências 53,7% atingiram apenas o nível 1. Em leitura cerca de 75,3% atingiram os níveis 2 e 3 apenas. Em matemática 67,1% conseguiram o nível 1 também.

ENTRE OS PIORES DO MUNDO

Mesmo diante de resultados tão catastróficos, o nosso ministro da Educação, Aloísio Mercadante, anunciou com estardalhaço que o Brasil foi o país que mais evoluiu em matemática entre 2003 e 2013: 35 pontos (saiu de 356 para 391) em 10 anos. Basta dizer que essa "evolução" foi apenas suficiente para ficar entre os piores.

Se o Brasil evoluiu 5 pontos em matemática entre 2009 e 2013, Xangai avançou 13 pontos chegando aos 613, em primeiro lugar. Com um detalhe importante: para quem já está no topo é muito mais difícil evoluir.

Xangai (China) ficou em primeiro com 613 pontos em matemática, 119 pontos acima da média de conhecimento que fixa o Pisa, de 494 pontos. Em seguida vem Cingapura (573 pontos), Hong Kong (China, 561), Taiwan (China, 560), Coreia do Sul (554), Macau (China, 538) e Japão (536), Liechtenstein (535), Suíça (531) e Holanda (523).

Os jovens estudantes brasileiros não sabem escrever, ler ou compreender o mínimo que conseguem ler.  Portanto, para aumentar o hábito de leitura entre os brasileiros é preciso alfabetiza-los, primeiro.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Fila que envergonha


Luiz Garcia, O Globo

Como o nome indica, a Defensoria Pública da União existe para defender direitos e necessidades do respeitável público sempre que ele estiver ameaçado — frequentemente por departamentos e outros setores da acima citada União.

É uma missão de alta importância. Temos exemplo recente: um levantamento dos nossos defensores mostrou que, em seis hospitais federais do Rio, há mais de 12 mil pacientes, pacientemente esperando por atendimento. E haja paciência: alguns estão na fila há sete anos. E a incompetência hospitalar inclui todo tipo de procedimentos. Por exemplo, cirurgias vasculares, cardíacas, neurológicas, ortopédicas, urológicas etc.

Os defensores não se limitaram a constatar a situação — pode-se dizer, a crise — e pretendem processar, na Justiça Civil, o Ministério da Saúde. Vão exigir que o Ministério da Saúde apresente, dentro de dois meses, um cronograma completo das operações em atraso, cobrindo os próximos dois anos. O projeto deverá, como é óbvio, dar prioridade a crianças, adolescentes e idosos — assim como levar em conta a gravidade de cada caso.

Não será fácil. Só no Hospital de Bonsucesso, há exatamente 1.642 cidadãos esperando para serem operados, o que explica outra exigência: o ministério deverá realizar concurso para acabar com o déficit de profissionais nos hospitais públicos.

No Hospital do Andaraí, segundo denúncia do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, doentes em macas são atendidos nos corredores, e cirurgias eletivas — ou seja, não urgentes — são simplesmente adiadas sem prazo marcado.

O Ministério da Saúde anuncia algumas providências. Por exemplo, a convocação de todos os pacientes pacientemente esperando a sua vez de serem atendidos, para uma avaliação dos casos que exijam cirurgia. Num sistema mais bem organizado, isso seria feito no primeiro dia em que o cidadão batesse à porta do hospital.

O que mais assusta e preocupa o respeitável público é o fato de que os responsáveis pela saúde dos cidadãos não anunciaram medidas óbvias e importantes por sua própria iniciativa, e sim apenas quando a crise — não há outra palavra — foi denunciada pela Defensoria Pública. Os médicos não são culpados: a responsabilidade é, toda ela, do Estado.

E é bom não esquecer: essa crise — não há outra palavra para definir uma fila de mais de 12 mil doentes esperando cirurgia — acontece no Rio de Janeiro. Alguém se arrisca a imaginar a qualidade do atendimento médico nas regiões mais pobres do Brasil?

Luiz Garcia é jornalista.





Palavras, gestos e atos

Dilma Rousseff e os ex presidentes do Brasil viajam juntos para velório de Mandela.

Por Sandro Vaia

A palavra “estadista” nunca foi tão usada e abusada quanto nesta semana em que o mundo parou para lembrar, dançar, chorar e enterrar Nelson Mandela.

E a civilização do espetáculo, em que a cultura foi substituída pelo culto ao entretenimento, para simplificar a tese do Nobel Vargas Llosa, teve alguns momentos de culminância: o show Obama-Michelle-Cameron na sessão “selfie” com a loira dinamarquesa; o aperto de mão de Obama e o ditador cubano Raul Castro; o engodo universal do falso intérprete de sinais para deficientes auditivos, com seu irônico espetáculo cheio de gestos e vazio de conteúdo.

A presidente Dilma também reservou para si um cantinho do palco. Escalada para ser um dos oradores oficiais das exéquias, contribuiu para o espetáculo não só com seu modorrento discurso, mas também com seu voo ecumênico, onde inclui como passageiros todos os ex-presidentes vivos do País -- entre os quais um que foi obrigado a renunciar para não sofrer impeachment por corrupção.

Se Obama levou os Bush pai e filho, Clinton e Carter, por que Dilma não podia dar a sua lição de tolerância carregando seus antecessores, mesmo aqueles que, segundo declarações que deu num seminário antes da viagem, contribuíram para “aumentar as desigualdades do país”, que ela pretende extinguir?
Um gesto espontâneo de grandeza. Tão espontâneo que foi cantado em prosa e verso pela máquina de propaganda do Planalto e alardeada pela própria presidente em seu twitter oficial, como lição de convivência democrática. Uma convivência mercadologicamente conveniente.

Enquanto o tamanho de Mandela ficava em discussão, com a grande maioria convergindo para a tese do estadista, alguns intolerantes preferiam classificá-lo como “terrorista”, como se a luta contra a infâmia do apartheid pudesse ser comparada à delicadeza e arte de uma competição de florete.

O colunista Thomas L. Friedan, do The New York Times, escreveu sobre a “reserva moral” que Mandela acumulou ao longo de sua vida. E cita como exemplo singelo uma cena do filme “Invictus”, de Clint Eastwood, onde o presidente sul-africano (interpretado por Morgan Freeman) se manifesta contra a mudança das cores da seleção nacional de rúgbi, que durante anos foram símbolo da suposta supremacia branca. “Isto não serve à nação. Temos de surpreendê-los (referindo-se aos brancos) com moderação e grandiosidade”.

“Há muitas grandes lições nessa cena curta” -- escreveu Friedan. “A primeira é que, uma maneira de os líderes criarem autoridade moral é estarem dispostos a desafiar as suas próprias bases, às vezes -- e não somente o outro lado. É fácil liderar dizendo à sua própria base o que ela quer ouvir. É fácil liderar quando se está dando coisas. É fácil liderar quando as coisas vão bem. No entanto, é realmente complicado conseguir que sua sociedade faça algo grande e difícil”.

Tão complicado quanto juntar palavras, gestos e atos num mesmo significado.

Sandro Vaia é jornalista

sábado, 7 de dezembro de 2013

Justiça proclama a República na Papuda!

Penitenciária da Papuda em dia de visita: justiça acabou com privilégios
dos corruptos do PT
Por Reinaldo Azevedo

Afirmei isto no debate da VEJA.com, na quinta-feira, e reitero: os companheiros mensaleiros do PT — na verdade, parece que só eles importam (ver texto abaixo) — estão fazendo um esforço brutal para provocar uma rebelião na Papuda. Se acontecer, serão eles os únicos culpados. A Justiça decidiu (leiam post) que, a partir de agora, todos são iguais: não haverá mais distinção entre quem roubou dinheiro público e quem cometeu outros crimes.

Todos terão os mesmos dias de visita, e os familiares deverão ser previamente cadastrados. Salve! Proclamaram a República na Papuda! Os aristocratas do petismo não mais gozarão de direitos especiais. Desde 1980, quando foi criado, o PT tem um inimigo ideológico a ser combatido sem trégua: a “Dona Zelite”. O discurso já havia se provado falacioso em várias instâncias.

A farsa só não havia se revelado na cadeia. Chega a ser espantoso que a Justiça tenha de agir para que a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, sob o comando do petista Agnelo Queiroz, cumpra… a lei.

Fernanda Lima foi elogiada em todo mundo

Fernanda Lima é a apresentadora do sorteio dos grupos da Copa de 2014 Sergio Moraes/Reuters

Fernanda Lima dá show na festa e vira 'deusa'
Brasileira é elogiada por estrangeiros e ganha destaque internacional

Da Revista Veja

Quando foi anunciado que os atores Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert seriam os apresentadores da cerimônia do sorteio dos grupos da Copa de 2014, nesta sexta-feira, a Fifa foi acusada de racismo – os indicados teriam sido inicialmente Lázaro Ramos e Camila Pitanga. Simpática e muito elegante, Fernanda Lima apareceu de Louboutin e tubinho dourado de lurex com um decote para lá de generoso. Foi muito bem na função e ganhou elogios na imprensa internacional – sem falar nos jornalistas e dirigentes estrangeiros que estavam na Costa do Sauípe e passaram a maior parte da cerimônia sem tirar os olhos da brasileira. "Quem é Fernanda Lima, a deusa que apresentou o sorteio do Mundial", diz a manchete do site do diário argentino Clarín. A reportagem conta que a modelo é atriz da TV Globo e, para infelicidade dos leitores, casada com Hilbert. No site do italiano La Gazzetta dello Sport, tem destaque uma foto de Fernanda com o título: "Fernanda, magia no sorteio. Ela já é a musa do Mundial."

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Dirceu desiste do emprego

O presidente do Hotel Saint Peter, de Brasília, é um auxiliar de escritório que mora
num bairro pobre da capital do Panamá.

Advogados de Dirceu deliram e acusam imprensa

"Tendo em vista o linchamento midiático instalado contra José Dirceu e contra a empresa que lhe ofereceu trabalho, anunciamos que o ex-ministro decidiu abrir mão da oferta de emprego" diz uma nota assinada pelos advogados de José Dirceu, José Luis Oliveira Lima e Rodrigo Dall''Acqua.

Na falta de argumentos jurídicos, os advogados preferiram - para justificar os gordos honorários - atuar como grupo partidário, invocando que o condenado a 10 anos e 10 meses por corrupção e formação de quadrilha no processo do mensalão é um perseguido da imprensa. A nota, eminentemente de caráter político, soa tão frágil quanto as acusações de internautas financiados pelo governo federal que alegam pressão da mídia.


Dirceu recebera proposta para gerenciar um hotel em Brasilia - Hotel Saint Peter - com oferta de um salário de R$ 20.000, mas, diante das denúncias de que a empresa hoteleira possa estar metida em maracutaias fiscais e financeiras, o ex-ministro condenado desistiu alegando "sofrimento vivido pelos empresários". Basta dizer que o presidente do hotel é um auxiliar de escritório que trabalha numa banca de advogados no Panamá e mora num bairro pobre da capital. E, depois das denúncias, rapidamente o contrato social foi alterado.

Sem base jurídica para contrapor, os advogados falam que seu cliente tem sido "alvo de ódio e perseguição" e acusam a mídia de atuar de forma que impeça que seu cliente possa trabalhar.

José Luis Oliveira Lima e Rodrigo Dall''Acqua deveriam, na ausência de melhores argumentos, se calarem. Mas perderam esta chance.

PS: a revista Veja publica hoje que "a Cooperativa Sonho de Liberdade, da qual integram oitenta presidiários, formalizou no Supremo Tribunal Federal (STF) oferta de emprego para o trio petista formado por José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. No caso do ex-ministro da Casa Civil, a proposta é para ser administrador da parte de fabricação de artefatos de concreto, com salário de 508,50 reais, vale-transporte e refeição no local de trabalho."

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Problemas da aeromoça com passageiros da Azul


Uma comissária enfrenta problemas com os passageiros no filme criado pela pela DPZ para as Linhas Aéreas Azul que passou a oferecer canais da Sky durante seus voos. Hilário, o comercial agrada pela interpretação da atriz que merece o seu Oscar. Publicaram a ficha completa, mas não o nome da atriz.

Ficha Técnica:
CLIENTE: Azul
PRODUTO: TV ao vivo
TÍTULO: Não saio
SECUNDAGEM: 3’10”
DIRETORES DE CRIAÇÃO: José Zaragoza, Rafael Urenha, Cássio Zanatta
CRIAÇÃO: Cássio Zanatta
PRODUTORA IMAGEM: TALK Filmes
DIREÇÃO IMAGEM: Caio Cobra
FOTOGRAFIA: Anderson Capuano
MONTAGEM: Caio Cobra
PRODUTORA DE ANIMAÇÃO E COMPUTAÇÃO: TALK Filmes
FINALIZAÇÃO: QuantaPost
PRODUTORA TRILHA: Cream
LOCUTOR: Marat
RTV-C: Paulo Moraes / Caroline Bonani
ATENDIMENTO: Elvio Tieppo, Thais Piassa
APROVAÇÃO CLIENTE: Gianfranco Beting, Dilson Gonçalves

Genoino foge da raia

Não há dúvidas de que a renúncia de José Genoino foi uma maneira de evitar o constrangimento de ser cassado pela Câmara dos Deputados, fato que ocorreria se permanecesse deputado. A cúpula do PT sabia que os membros da oposição e da base aliada ao governo votariam contra Genoino. Para Roberto Freire, do PPS, um dos principais críticos do PT, Genoino evitou novo vexame público.Genoino na verdade não conseguiu eleger-se deputado, ficando na suplência. 

Ele tenta se aposentar por invalidez alegando problemas de saúde, fato já descartado por duas juntas médicas invocadas pelo STF e pela própria Câmara dos Deputados. O ex-guerrilheiro que tentou se passar por herói se entregou aos mesmos descaminhos de políticos fisiologistas por ele mesmo condenados: fugir da raia para garantir uma gorda aposentadoria, usando atalhos obscuros.

José Genoino foi condenado a 6 anos w 11 meses de prisão no regime semi-aberto no processo do mensalão e fica para a história como um corrupto. Nada além disso.

Fugindo da raia: em sua carta renúncia fala em condenação política e show da mídia. Acusa mas não explica os milhões surrupiados dos cofres públicos que levaram mais de duas dezenas para a cadeia.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Educação: Avaliação internacional coloca o Brasil, de novo, nas últimas colocações

Brasil em 58ª em educação, entre 65 países avaliados
Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza
Entre 65 países avaliados pelo PISA - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - o Brasil ficou em 58ª colocação. E, pior, a evolução é lenta. Basta comparar que do exame anterior, realizado em 2009, para o do ano passado, nossos alunos evoluíram apenas um ponto. Todos os 34 países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, os chamados de primeiro mundo, participam dessas avaliações que englobam matemática, ciência e leitura. O Brasil participa como convidado desde o ano 2000.

XANGAI, CINGAPURA, HONG KONG, TAIWAN, CORÉIA DO SUL, MACAU E JAPÃO NA FRENTE

Xangai (China) ficou em primeiro com 613 pontos em matemática, 119 pontos acima da média de conhecimento que fixa Pisa, de 494 pontos. Em seguida vem Cingapura (573 pontos), Hong Kong (China, 561), Taiwan (China, 560), Coreia do Sul (554), Macau (China, 538) e Japão (536), Liechtenstein (535), Suíça (531) e Holanda (523).

Vergonhosamente o Brasil está na rabeira da educação ao lado de Portugal, Turquia, México, Chile, Eslováquia, Cazaquistão, Hungria e Polônia. O Brasil melhorou, desde 2003 cerca de 35 pontos, mas permanece nas últimas colocações. Nossos alunos melhoraram apenas 1,2 pontos por ano em leitura desde 2000 e apenas 2,3 pontos em ciências, desde 2006.

BRASIL:  O baixo nível dos nossos alunos é assustador nas três áreas: nenhum brasileiro conseguiu o nível 7 - o mais alto - e a média ficou entre os piores níveis. Basta dizer que em ciências 53,7% atingiram apenas o nível 1. Em leitura cerca de 75,3% atingiram os níveis 2 e 3 apenas. Em matemática 67,1% conseguiram o nível 1 também.

Onde está o erro? Certamente não é falta de verbas e nem reside no despreparo dos professores, embora sua formação seja questionável. O problema está no primeiro ano do ensino básico: as crianças brasileiras são "alfabetizadas" por um método (globa/construtivista) que não alfabetiza.  As estatísticas mostrados por todas avaliações internacionais ou internas apontam isso.

O PROBLEMA BRASILEIRO É O MÉTODO DE ALFABETIZAÇÃO

Para alguns educadores internacionais, como é o caso do ministro de Portugal, Nuno Crato, o problema está no método de alfabetização. Crato, que é matemático e incentivador das ciências, assumiu o compromisso de recuperar o tempo perdido em seu país. Ele é autor de "O eduquês em discurso directo: uma crítica da pedagogia romântica e construtivista" e "Desastre no ensino da matemática: como recuperar o tempo perdido", onde pontua críticas, mostra falhas e aponta soluções.

"De que adianta formar cidadãos que mal sabem ler jornais e muito menos entender o que leem" - pergunta Nuno Crato, um severo crítico do construtivismo que levou Portugal e a maioria dos países que adotaram o método, a falência na educação.

"O construtivismo de hoje (vertente radical das teorias do psicólogo Piaget) é um completo erro. Ela se baseia no fato de que o professor deve ser um mero "facilitador" do aprendizado. Um professor, diz Nuno Crato, deve transmitir aos alunos todo conteúdo nos quais se graduou. "É ingênuo acreditar que o estudante vai descobrir tudo sozinho quando julgar interessante" - afirma o ministro português.

Nuno Crato defende mais autonomia paras as escolas e um ensino rigoroso baseado em conteúdos curriculares (Português, Matemática, História, Geografia, Ciências e Inglês), metas, avaliações e mérito. Para o novo ministro o construtivismo dá uma noção vaga de "competências" que secundariza o conhecimento.

Agora os alunos portugueses terão avaliações e objetivos cognitivos bem definidos ao contrário do construtivismo que não permite jamais que o professor corrija o erro de um aluno para que ele não se sinta "constrangido" ou seja que seja avaliado.

NEUROCIÊNCIA: MÉTODO FÕNICO ALFABETIZA

A tragédia só mostra um caminho: é preciso mudar. Porque não seguir os passos da neurociência?

O neurocientista Stanislas Dehaene há 25 anos estuda o impacto dos números e das letras no cérebro humano. Recentemente afirmou que "o método mais eficaz de alfabetização é o que chamamos fônico. Ele parte do ensino das letras e da correspondência fonética de cada uma delas, como se fazia antigamente. Estudos mostraram que a criança alfabetizada por esse método aprende a ler de forma mais rápida e eficiente.

Os métodos de ensino que seguem o conceito de educação global, por outro lado, mostraram-se ineficazes." No método global, usado no Brasil e boa parte do mundo, a criança deve, primeiro, aprender o significado da palavra e, numa próxima etapa, as letras que a compõem. O método construtivista não funciona tanto que as crianças do fundamental estão terminando seu ciclo sem se alfabetizar e os do ensino médio, na rede pública, não sabem ler e escrever. Alguém contesta essa realidade?

Por que os sistemas que seguem o método global são ineficazes?

Dehaene explica que se verificou em pesquisas com pessoas de diferentes idiomas que o aprendizado da linguagem se dá a partir da identificação da letra e do som correspondente. Esse processo ocorre no lado esquerdo do cérebro. No método construtivista a criança primeiro aprende o sentido da palavra, sem necessariamente conhecer as letras. Neste caso o lado direito do cérebro é ativado. Mas a decodificação dos símbolos terá que chegar ao lado esquerdo para que a leitura seja concluída.  Para Dehaene é um processo mais demorado, que segue na via contrária ao funcionamento do cérebro.

- Num certo sentido, podemos dizer que esse método ensina o lado errado primeiro. As crianças que aprendem a ler processando primeiro o lado esquerdo do cérebro estabelecem relações imediatas entre letras e seus sons, leem com mais facilidade e entendem mais rapidamente o significado do que estão lendo - diz o neurocientista.

O principal legado de Piaget é uma falácia, então. Quem diz isso é a ciência. E duvidar dela é temeroso.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

O lado escuro da força

por Nelson Motta, O Globo

O avô do Jabor era uma figuraça. Quando o neto lhe contava entusiasmado uma boa novidade, o velho logo o advertia: “Cuidado, Arnaldinho, nada é só bom.” Sim, tudo também tem um lado ruim, o das coisas boas que vão ter fim.

A máxima do velho antecipava o irônico paradoxo da era digital: nunca na história deste planeta houve algo tão bom para aproximar as pessoas — e nada que as dividisse tanto — como a internet, onde todos se encontram e cada um pode mostrar, escondido pelo anonimato, o seu pior.

Chico Buarque, que um dia já foi chamado de maior unanimidade do Brasil, disse que sempre acreditou que era amado, até descobrir, na internet, que era odiado. Qualquer assunto ou pessoa que vá ao ar tem logo dois lados trocando insultos e acusações, dividindo o que poderia ser multiplicado.

No pesadelo futurista, a diversidade e a diferença são soterradas pela ignorância e o ódio irracional, que impedem qualquer debate produtivo, assim como os black blocks impedem qualquer manifestação pacífica.

Na última semana li vários editoriais de jornais e artigos de diversas tendências sobre o mesmo tema: a internet como geradora e ampliadora de um virulento e empobrecedor Fla x Flu, ou pior, de um PT x PSDB em que todos saem perdedores. E como disse o Pedro Dória: só vai piorar.

Todas as paixões e excessos que são permitidos, e até divertidos e catárticos, nas discussões de futebol só produzem discórdia, mentiras e mais intolerância no debate político e cultural. Simpatizantes de qualquer causa ou ideologia só leem os que dizem o que eles querem ouvir, nada aprendem de novo, chovem no molhado.

Mas até esse lado ruim também tem um lado bom, de revelar as verdades secretas, expondo os piores sentimentos de homens e mulheres, suas invejas e ressentimentos, sua malignidade, que nenhum regime político pode resolver. Sem o crescimento da consciência individual, como melhorar coletivamente?

Como Freud explicaria no seu Facebook, os comentários odiosos revelam mais sobre quem comenta do que sobre o odiado. Ou, como já dizia a minha avó, a boca fala (e agora digita) as abundâncias do coração.

Tô cansada, por Marli Gonçalves

Por Marli Gonçalves

Tô cansada. Física e emocionalmente falando. Mas sabe que me sinto assim justamente por estar cansada, muito cansada, mais ainda de suportar coisas, fatos, versões e etcs externos? E você vai concordar comigo, seja de direita, esquerda ou sei lá; seja branco, preto, amarelo, vermelho. Tédio e cansaço andam juntos.

Tô cansada da pobreza em que anda a política nacional, que consegue até fazer de gente inteligente uns verdadeiros imbecis na defesa do escancarado indefensável, e usando argumentos que ora, ora, ora, faça-me o favor! Tô cansada desse clima de beligerância, de torcida de futebol, de xingação que não leva a nada. Uns querendo que os caras morram; outros querendo que eles sejam incensados, santos, virem mártires. Apontando o dedinho: alguém aí já foi ou tem ideia do que é a vida numa prisão? Já não basta? Não querem também que eles durmam em cama de faquires, cheias de prego?

Tô cansada, e muito, por outro lado, de acharem que somos um tipo de idiotas que têm de aguentar ouvir dizer que os caras são coitadinhos. Que conseguem empregos de 20 mil em hotel porque "empregos regeneram detentos", como o dono do tal hotel ousou declarar (aliás, já pensou essa informação correndo na Detenção, a fila que se formará?). Enfim, tô cansada dessa política rastaquera que junta trem com fiscal, junta Brasil com Suíça e Alemanha, uma briga para saber quem é ou foi mais corrupto, quando, desde quando, em quais governos. Fora as indiretas: pegaram carregamento de cocaína em helicóptero de deputado mineiro, e a tocha acende no couro do Aécio. Quer acusar, acusa logo formalmente. Achar que ele cheira, cheirou ou cheirará é apenas chato, e também não vai ajudar ninguém a permanecer no poder fazendo campanha suja. Lula bebeu, mas não sei se bebe ainda ou se beberá, tá? Mas é que fotos dele para lá de Bagdá circulam desde os imemoriais tempos do sindicato. E não o impediram de chegar duas vezes à Presidência da República.

Tô cansada de sentir medo. E de ouvir sobre o medo dos outros, que paralisa os mercados. De andar olhando para tudo quanto é lado, suspeitando de todos. Cansada de viver nessa tensão de cidade. Cansada de invariavelmente abrir o jornal, site, portal, ligar o rádio ou tevê e em poucos minutos saber de mais um sem número de mulheres mortas em violência doméstica, criancinhas sendo usadas como trapinhos, inclusive sexuais. Tô cansada do trânsito. Da perda de tempo. Da violência nas ruas, com gente se matando e brigando por causa de latarias, buzinas. Tô cansada de ouvir os números de recordes de trânsito e de ver as faixas pintadas que inventaram, e que me lembram a história de como hipnotizar uma galinha. Risca o chão e põe o bico dela na faixa.

Tô cansada das deselegâncias. Da falta de educação e de um mínimo de civilidade. Da falta de reconhecimento. Das sacanagens vindas de todos os lados tentando botar a mão no seu bolso para arrancar algum. Tô cansada da indústria de multas. Da leniência da Justiça. Dos juízes que não leem os processos que julgam, e que decidem - claro, quando querem, num tempo considerável que se deram - com uma canetada a vida de quem tenta se defender de abusos.

Tô cansada dessa absurda e silenciosa alta de preços que todos nós sentimos e que eles negam porque negam quando reclamamos de nossas sacolas vazias, do que cortamos do orçamento, com mãos de tesoura. 

Tô cansada da falta de amizade, e da incompreensão das coisas mais básicas. Tô cansada de ver a miséria e a pobreza real, nas ruas, que desaparece nas propagandas oficiais com figurantes risonhos. Aliás, tô cansada das propagandas oficiais de um tudo que apenas disfarça campanhas ilegais, mais do que antecipadas, com uns cara de pau andando em campos verdes dizendo que vão melhorar coisas que já deviam ter melhorado faz muito tempo, já que estão no poder e me lembram o Cazuza - "meus inimigos estão no poder..."

Tô cansada de ver ainda existirem tantas tentativas de censura, e de algumas conseguirem sucesso. De ver triunfar nulidades. De ver o Brasil sempre pensando no futuro, que nunca chega.

"Mas o pior é o súbito cansaço de tudo. Parece uma fartura, parece que já se teve tudo e que não se quer mais nada" (Clarice Lispector)

São Paulo, fim do maldito ano de 2013
Marli Gonçalves é jornalista

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Luta por privilégios

Merval Pereira, O Globo

Os “presos políticos” José Dirceu e José Genoíno continuam sua “luta política” na tentativa de se livrarem da parte mais dura da condenação, mesmo no regime semiaberto a que estão condenados.

O terceiro membro petista do que até agora é considerado “uma quadrilha” pelo STF, Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT, parece ter se aquietado depois de ter assinado manifesto político no primeiro dia de prisão.

Quanto mais se debatem dentro da prisão em busca de privilégios que já são evidentes no dia a dia da cadeia, Dirceu e Genoíno vão produzindo fatos que apenas aumentam a visibilidade de suas condenações e expõem à opinião pública a tentativa de desmoralizar a Justiça e fugir de suas responsabilidades penais.

O caso que parecia mais simples, e acabou se transformando em uma complicação para o próprio condenado e também para o ministro Joaquim Barbosa, é o de Genoíno, que alega doença grave para pedir prisão domiciliar.

O petista fez uma cirurgia em julho e colocou uma prótese na aorta, procedimento sem dúvida arriscado, mas que, ao que tudo indica, teve êxito absoluto.

Parentes e amigos chegaram a falar em “risco de morte” se ele permanecesse na Papuda, mas duas juntas médicas deram pareceres contrários à necessidade da prisão domiciliar. Primeiro, uma indicada pela Universidade de Brasília a pedido do presidente do Supremo, ministro Joaquim Barbosa, definiu que seu caso não era para prisão domiciliar.

Em seguida, outra junta médica, esta da Câmara dos Deputados, deu o mesmo diagnóstico. Os médicos da UnB concluíram que Genoíno apresenta “excelente condição clínica atual, sem expectativa em qualquer prazo futuro de eventual insucesso cirúrgico ou complicação”. O petista é “portador de cardiopatia que não se caracteriza como grave”, o que permite que ele seja tratado normalmente no sistema prisional.

Os blogs chapas-brancas, muitos financiados pelo governo petista, tentaram, como sempre fazem, desacreditar os médicos brasilienses, chegando ao cúmulo de atribuírem o laudo a tendências políticas antipetistas.

A nomeação de uma junta distinta pela Câmara chegou a entusiasmar os apoiadores do PT, que viam na sua escolha uma posição independente dos deputados em relação a Joaquim Barbosa.

Mas o laudo médico da junta designada pela Câmara também concluiu que o deputado licenciado José Genoíno não é portador de cardiopatia grave.

O petista queria antecipar sua aposentadoria por invalidez para escapar da abertura de um processo de cassação. Os médicos, porém, disseram que, até o momento, não é possível atestar a sua incapacidade definitiva.

Eles prorrogaram a licença médica por mais 90 dias e disseram que queriam evitar o pior. “Rotular uma pessoa como inválida. Nessa doença há grande chance de melhora”. O que para um cidadão comum seria um laudo bem-vindo, para Genoíno, é um empecilho.

O caso de José Dirceu é mais patético. Depois de tentar reviver na prisão os tempos heroicos de preso político, orientando os companheiros de cela nas discussões políticas e dando conselhos de como se comportar, foi contratado para trabalhar de gerente num hotel de Brasília.

O salário de R$ 20 mil, embora risível diante dos ganhos com sua consultoria, ainda assim coloca Dirceu em posição de elite, ainda mais se comparado com o salário em torno de R$ 2 mil dos companheiros de trabalho.

O proprietário do hotel, Paulo Masci de Abreu, é também dono de uma empresa de comunicação que possui várias rádios, em São Paulo, na rede CBS (Comunicações Brasil Sat).

Há informações de que a relação com Dirceu vem do tempo em que o ex-ministro trabalhava com consultoria e teria ajudado o empresário a negociar com o governo concessões de mídia, entre as quais a da ex-TV Excelsior, que dependeria de uma aprovação de Dilma.

Embora, como preso em regime semiaberto, Dirceu tivesse que trabalhar, segundo o artigo 35 do Código Penal, “durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar”, o “trabalho externo é admissível”. Um privilégio que poucos conseguem.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Voz do passado

Por Ricardo Noblat

Foi o escritor Luis Fernando Veríssimo quem cantou a bola: a detenção de mensaleiros poderia melhorar o tratamento conferido aos ocupantes de cadeias país a fora.

Aconteceu pelo menos na Penitenciária da Papuda, em Brasília, que hospeda o ex-ministro José Dirceu e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares. Dali saiu o cardíaco José Genoíno na última quinta-feira para se internar em um hospital.

As filas de parentes continuaram se formando de madrugada nos dias de visita na Papuda. Não há acesso garantido para todos. Entram os que chegam mais cedo.

Mas os policiais não hostilizaram ninguém como costumavam fazer. Foram gentis. “Desde que eles chegaram que tudo melhorou”, testemunha uma mulher de 30 anos, moradora de uma das cidades-satélites de Brasília, cujo marido está preso na Papuda.

“Eles” são os 11 mensaleiros divididos entre várias alas da penitenciária. Mas os responsáveis pela mudança de ares ali são Dirceu e Delúbio. E foi Genoíno até o dia em que saiu para driblar o risco de morte.

Os três atraíram a visita do governador do Distrito Federal, de deputados federais e de senadores do PT em dias que não poderiam receber visitas. Foi a primeira vez que um governador visitou um preso na Papuda. Entrará para a História.

O jornal Correio Braziliense abriu generoso espaço para que as famílias de presos comuns reclamassem da regalia concedida aos políticos presos. Por causa disso foi alvo de denúncias nas redes sociais, acusado de querer intrigar as estrelas da Papuda com a opinião pública.

O Brasil na internet virou um gigantesco pastoril onde se torce apenas pelo cordão vermelho ou pelo cordão azul. Se você não gosta de um nem de outro fique de fora. Ou apenas observe.

Sem paixão é possível dizer que erros foram cometidos pelos dois maiores protagonistas do episódio ainda em curso da prisão dos mensaleiros – o ministro Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, e o PT por meio de sua direção ou dos seus principais líderes.

Se ainda faltava tomar algumas providências antes do encarceramento dos condenados por que transferi-los para Brasília com dois ou três dias de antecedência?

Ganhou um tempo extra em regime fechado quem fora condenado a regime semi-aberto. Dizer que não faz diferença é não fazer a mínima ideia do que seja uma cadeia.

O voo dos mensaleiros pareceu mais uma ação de marketing planejada para coincidir com um feriado nacional. Os veículos de comunicação mendigam por notícias em feriados e fins de semana. Fartaram-se com o voo.

O PT, entidades e juristas que costumam amplificar a voz do partido reclamaram da transferência dos presos para Brasília porque eles têm o direito de cumprir pena em presídios perto de onde morem.

Pois bem: parte dos presos, agora, pede para permanecer em Brasília. Alguns, apenas, querem trocar a Papuda por um local mais confortável e próximo do centro da cidade.

Experiente na arte de posar de vítima, o PT se diz perseguido e evita em tratar como crime o que o Supremo julgou como tal.

Dos restos do PT de antigamente, porém, emergiu a voz de Olívio Dutra, ex-governador do Rio Grande do Sul, o único a chamar as coisas pelo seu próprio nome. “Não é o passado que está em jogo, mas o presente, e eles (Dirceu, Genoíno e Delúbio) se conduziram mal”, decretou Olívio. E foi direto ao ponto:

- Eu não os considero presos políticos. Foram julgados e agora estão cumprindo pena por condutas políticas.

Dirceu exige posição de Lula e faz chantagem

Numa cela de seis metros quadrados José Dirceu comanda a quadrilha dos mensaleiros, organiza as atividades e dá ordens ao diretor. O Fernandinho Beira Mar da Papuda já conseguiu driblar as regras e exigiu um dia especial de visitas só para os políticos presos, contrariando a programação do presídio.

E queixa-se de Lula que, segundo ele, conduziu mal a questão do mensalão. Uma semana depois de perguntar se o Lula não ia se pronunciar a respeito, o ex-presidente fez um "inflamado" discurso contra Joaquim Barbosa e deixou uma pergunta se a lei só serve para o PT.

A irritação de José Dirceu com Lula á vem de longa data desde que estourou o escândalo de corrupção em 2005. A Revista Veja publicou que "em conversas mantidas dentro da cela, no presídio da Papuda, Dirceu tem dito que Lula errou ao não fazer o enfrentamento necessário para não deixar a denúncia de corrupção virar um fantasma que abala o PT e o governo." 

Ainda segundo a revista Genoíno teria dito que os condenados no mensalão "estão marcados como gado" e que eles perderam a batalha. Diz a revista que Dirceu afirmara em conversas com amigos dentro da Papuda que "Lula deixou a CPI dos Correios prosperar, em 2005, quando ainda teria condições de barrá-la. Por esse raciocínio, ao não politizar a denúncia da compra de votos no Congresso, Lula abriu caminho para a criminalização do PT." 

A última chance dos corruptos condenados era mobilizar o povo para protestar contra suas prisões elegendo-os como vítimas do sistema. Mas o povo se pergunta como pode haver preso político num governo governado por eles mesmos e julgados por 8 dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal indicados pelo PT?
 
Olívio Dutra, um dos fundadores do PT, defendeu a prisão dos petistas e afirmou que não acredita que o julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) tenha sido político.
Dutra disse que o STF julgou e a Justiça determinou a prisão, então cumpra-se a lei —analisou Dutra.

Dirceu, em pelo menos três ocasiões, teria dito a amigos, dentro da prisão, que a falta de postura de Lula em relação à sua prisão pode comprometer a eleição de Dilma. Pura chantagem. 

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Fernandinho Beira-Mar da Papuda revoltado com Lula


Marcos Valério e seus asseclas, operadores do mensalão, receberam pesadas condenações do STF por roubarem milhões dos cofres públicos em forma de empréstimos fraudulentos - comprovados com centenas de documentos que envolveram, inclusive, donos e diretores de bancos, igualmente condenados - ou falsos patrocínios publicitários bancados pelo Banco do Brasil cujo maior responsável pelos desvios acabou fugindo para a Itália.

Comprovadamente parte dos milhões surrupiados foram entregues a deputados da base de apoio do governo federal - vários também condenados - para que votassem a favor de projetos de Lula, então presidente. A isso dá-se o nome de corrupção.

Qual o interesse de Marcos Valério em roubar tanta grana e distribuir a deputados governistas? Porque ele quis? Do nada ele fez isso?

Ou a quem interessava tudo isso?
A Lula, que no primeiro momento das denuncias admitiu que tinha sido traído e exigiu que o PT pedisse desculpas ao povo. Depois negou. E agora diz que o mensalão não existiu.

E quem comandou o esquema?
O Fernandinho Beira Mar da Papuda, José Dirceu, encarcerado por condenação de corrupção já que entrou com os embargos infringentes no quesito formação de quadrilha.
José Genoino assinou os "empréstimos" alegando que nem conhecia Marcos Valério mas que assinou os mesmos documentos. Flagrado em provas e condenado, agora o guerrilheiro dedo duro se auto-intitula preso político e acusa o STF de tribunal de exceção. Preso político do próprio governo governado pelo seu próprio partido? Preso político condenado por um tribunal em cuja composição, dos 11 ministros 8 foram indicados por Lula e Dilma?

Os mais altos líderes do PT viraram piada de salão, mote levantado por outro corrupto, Delúbio Soares, que vaticinava, antes do julgamento, que o mensalão não ia dar em nada. Errou feio e agora ele e seus parceiros corruptos viram a piada.

Dirceu está revoltado com Lula, o maior beneficiário do esquema, a quem acusa de ter feito pouco para salvar a pele dos hoje enjaulados num presídio, bebendo água de torneira, tomando banho frio e sapateando em cima das chinelinhas. Dez anos e dez meses por comandar uma quadrilha de ladrões de dinheiro público é muito pouco. 
Alguns aloprados vez ou outra protestam em frente a Penitenciária da Papuda contra a prisão dos petis

as. Lula talvez vá visita-los. Seria o mínimo. Tentar-se-a uma mobilização a favor dos réus tentando resgata-los como heróis.Dirceu conseguiu que a direção do presídio lhes conceda um dia especial de visitas - enquanto centenas de familiares de presos esperam nas filas, dormindo ao relento - e provavelmente consiga água mineral e banho quente.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Puxa-sacos de ladrões!

Por Reinaldo Azevedo

No Brasil, não há presos políticos, mas políticos presos. A diferença entre uma coisa e outra é a que existe entre a ditadura cubana, que o governo petista financia, e a democracia, que o petismo difama. Se, no entanto, houvesse, a carcereira seria Dilma Rousseff. Ela pode fazer o STF sair com a toga entre as pernas. Basta evocar o inciso 12 do artigo 84 da Constituição: "Compete privativamente ao presidente da República (...) conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei". Também vale para "presidentas".

Paulo Vannuchi, um devoto da democracia à moda Carlos Marighella, comparou a condenação de José Dirceu à extradição de Olga Benário. É? Foi o STF que autorizou o envio para a Alemanha nazista de uma judia comunista. O fascistoide Getúlio Vargas, hoje herói das esquerdas, poderia ter impedido o ato obsceno. Deu de ombros. Que Dilma não cometa o mesmo erro e liberte a súcia de heróis. Ironia não tem nota de rodapé --ou vira alfafa.

Está em curso um processo inédito de satanização do Judiciário. A sanha difamatória, na semana em que se comemora o Dia da Consciência Negra, não poupa nem a cor da pele de Joaquim Barbosa. Racistas virtuosos acham que ele se comporta como um "negro de alma branca". Lula lhe teria feito um favor, e ele não beija a mão de nhonhô...

Protestar contra os três dias de regime fechado para José Genoino é do jogo. Intimidar o Judiciário é delinquência política. A doença do petista é real; a construção do mártir é uma farsa. No dia da prisão, ele recusou exame médico preventivo no IML. Era parte da pantomima do falso herói trágico. Barbosa não cometeu uma só ilegalidade. A gritaria é fruto da máquina de propaganda do PT, que se aproveita da ignorância específica de jornalistas. Não são obrigados a saber tudo; o problema, em certos casos, é a imodéstia...


Um dos bons fundamentos do cristianismo é amar o pecador, não o pecado. Fiel à tradição das esquerdas, o PT ama é o pecado mesmo. O pecador é só o executor da tarefa em nome da causa. Leiam a peça "As Mãos Sujas", de Sartre, escrita antes de o autor se tornar um comunista babão. É esquemática, mas vai ao cerne do surrealismo socialista.

Alguns de nossos cronistas precisam ler. Outros precisam ler Padre Vieira. No "Sermão do Bom Ladrão", ele cita a descompostura que Alexandre Magno passou num pirata. O homem responde ao Lula da Macedônia: "Basta, senhor, que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque roubais em uma armada, sois imperador?" Vieira emenda: "Assim é. (...) o roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres."

Na quarta, reportagem de Flávia Foreque, no site da Folha, foi ao ponto. Um grupo de deputados do PT visitou os varões de Plutarco na Papuda. Parentes de presos sem pedigree ideológico começaram a xingar os petistas: "Puxa-saco de ladrões!". A deputada Marina Sant'Anna (PT-GO) quis dialogar. Sem sucesso. A mulher de um dos piratas resumiu: "Qual é a diferença [entre presos do mensalão e os demais]? Só porque tem nível superior, porque roubou do povo?" Vieira via diferença, sim. Os bacanas são mais covardes.

Indulto já, presidente! Até porque, entrando no 12º ano de governo e com mensaleiros em cana, o PT descobriu a precariedade das prisões. Este ano vai terminar com uma queda de 34,2% no valor destinado ao Plano Nacional de Apoio ao Sistema Prisional: R$ 238 milhões, contra R$ 361,9 milhões em 2012. Nas cadeias, só havia piratas "pobres de tão pretos e pretos de tão pobres". Agora há os Alexandres vermelhos, mas não de vergonha.