domingo, 19 de janeiro de 2014

Antonio Fagundes: Temos censura que não tivemos nem na ditadura.

Esperava o PT ético, mas abriu os caminhos do roubo.
Revista Isto/É

Na portaria do Projac, estúdios de gravação da Rede Globo, no Rio de Janeiro, o funcionário alerta: “Antonio Fagundes? Olha, ele é muito pontual.” Nos bastidores, a fama do ator é outra, talvez porque cumprir horários seja algo pouco comum no País. Fagundes, porém, começou a entrevista na hora marcada e, simpático, discorreu sobre vários assuntos, como eleições, política cultural e preconceito.

Aos 64 anos, esse carioca que se mudou para São Paulo aos 8 anos até hoje se divide entre as duas cidades. No Rio, encarna o médico machista César Khoury, da novela “Amor à Vida”. Fagundes deu uma virada na trama e seu personagem, que deveria morrer no meio, será mantido até o capítulo final. Em São Paulo, dedica-se ao teatro nos fins de semana.
ISTOÉ - O sr. sempre defendeu a necessidade de as pessoas terem participação política. Já tem candidato para 2014?
ANTONIO FAGUNDES - Sempre dei meu apoio para a turma do PT. Enquanto estava no Legislativo, tudo bem. Quando botaram a mão na grana, começou a acontecer, infelizmente, o que acontece com todos os outros partidos. É uma pena que o PT tenha entrado nisso, era realmente uma possibilidade de mudar a cara do País.

Eu esperava um partido íntegro, que tivesse um sentido de ética muito forte e que impedisse as pessoas de roubar, e não que abrisse outros caminhos de roubo. Então agora vou ter que rever. A perspectiva não é muito boa, mas sei que democracia é entre os males o menor. Vamos ver quem é que pode fazer menos mal ao País.

ISTOÉ - Aposta em novos partidos?
ANTONIO FAGUNDES - Você tem 30 e tantos partidos e não sabe o que eles pensam, de onde vieram. Sabe que são sustentados pela venda de votos e do espaço a que têm direito na televisão. O (José) Serra (PSDB) já está querendo ir para outro partido; é um absurdo. Se o cara está saindo de um partido e indo para outro, ele mudou de ideologia? Porque o certo é cada partido ter sua ideologia, uma forma de resolver os problemas que a sociedade apresenta.

Mas política no Brasil é uma zona, tem alguns partidos e alguns políticos que, pelo menos, deveriam ter vergonha na cara. Serra, me desculpe, mas fique quietinho no seu partido...

ISTOÉ -As recentes manifestações populares podem mudar nossos políticos?
ANTONIO FAGUNDES - Os governantes fizeram uma coisinha aqui, outra ali, voltaram atrás em uma leizinha e acabou? Não, não. O imposto eu pago e tem um cidadão lá no Congresso que deve cuidar das coisas em meu nome.

Isso é representatividade. Se por acaso esse cidadão vai lá e rouba o meu dinheiro, tenho que tirar esse cara de lá e botar outro. Não sou obrigado a aceitar o (deputado federal Paulo) Maluf, por exemplo, como meu representante.

ISTOÉ - Mas eles foram eleitos direta e democraticamente.
ANTONIO FAGUNDES - Não sei se nós votamos mal ou se o sistema eleitoral é muito malfeito e nos encaminha para isso. Ver o (senador José) Sarney no poder há tantos anos é um contrassenso. Ele mudou o título para o Amapá para se eleger. É uma vergonha ele ser eleito pelo Amapá.

ISTOÉ - A peça que o sr. vai estrear fala de uma família disfuncional. Que paralelos vê com o mundo de hoje?
ANTONIO FAGUNDES - A peça se chama “Tribos” e fala um pouco sobre preconceito, de como o mundo está surdo. Essa peça é de uma família disfuncional, meio louca, de pais intelectuais que têm um filho surdo, mas decide que ele não deve ser considerado surdo.

Até que ele conhece uma menina que sabe a língua dos sinais e começam a aparecer os preconceitos. É muito interessante porque estamos vivendo num mundo surdo mesmo.

ISTOÉ - Mas essa não é a era da comunicação?
ANTONIO FAGUNDES - É. Mas na era da comunicação as pessoas estão se excluindo porque elas estão em tribos, separadas e surdas. Porque nem a voz mais você ouve. Eu não tenho computador. Eu sou um analfabyte. E isso é uma opção ideológica.

Lembro sempre dos criadores de cavalo quando o automóvel foi inventado. Para eles foi o fim do mundo, mas era o futuro. O cavalo que se dane. Então, é inevitável que daqui a alguns anos não tenha mais livro físico. Mas espero que demore muito porque eu gosto do livro de papel.

ISTOÉ - Tem página no Facebook?
ANTONIO FAGUNDES -Não. As pessoas falam: “Como é que você consegue?” A internet é o maior exemplo de exibicionismo da humanidade. Só que vai chegar uma hora em que as pessoas vão se sentir angustiadas, porque precisam da privacidade. A gente jogou a privacidade no lixo. Em troca do quê?

ISTOÉ - O que acha das leis de incentivo à cultura, como a Lei Rouanet?
ANTONIO FAGUNDES - Estamos vivendo um momento delicado com a Lei Rouanet. Muita gente vai cair em cima de mim por causa disso, mas essas leis de incentivo são improdutivas. Uma lei cultural deve financiar o estímulo à cultura, o aumento de pessoas com acesso a isso. E não é o que está acontecendo, porque o governo deixou de decidir quem merece ou quem não merece, quem estimula e quem não estimula.

Agora, são os gerentes de marketing que determinam a política cultural do País, mesmo sem entender nada de teatro. Quando o governo passou isso para as mãos de gerentes de marketing, tirou o seu da reta. E nesse processo temos duas censuras, que não tivemos nem na época da ditadura.

ISTOÉ - Que censuras?
ANTONIO FAGUNDES - Censuras econômicas: uma delas é do governo dizendo se você pode ou não captar, porque eles recebem 20 mil projetos por ano e aprovam dois mil. Mas não sabemos o critério de aprovação. A outra censura é a do gerente de marketing, porque se ele disser que não, você não monta seu espetáculo.

Então você vê espetáculos que seriam importantes de serem montados, mas não são, e espetáculos que não têm tanto valor sendo montados.

ISTOÉ - Não se consegue montar espetáculo sem patrocínio?
ANTONIO FAGUNDES - Atualmente, somente com patrocínio. Ninguém mais consegue se manter apenas com a bilheteria. Os custos subiram tanto que você pode cobrar o ingresso que quiser que não se mantém. Tanto que os espetáculos não ficam mais de dois meses em cartaz, a não ser aqueles que têm um aporte contínuo de patrocínio.

Nos meus 47 anos de profissão, tive três patrocínios. Sempre acreditei que enquanto tivesse público continuaria em cartaz. Hoje em dia não interessa mais isso, você pode lotar que vai ter de sair dois meses depois. E, nesse círculo perverso, os teatros não alugam o espaço mais do que dois meses. Eu diria que, assim como o livro, o teatro está acabando.

ISTOÉ - O cinema está na mesma situação?
ANTONIO FAGUNDES - Hoje em dia, nenhum filme brasileiro se paga, nem o que teve dez milhões de espectadores. E 90% dos filmes brasileiros têm menos de 20 mil espectadores. E menos de 20 mil não são 19 mil, são 500, 600, 1,2 mil pessoas. A gente ouve falar que determinado filme teve mais de um milhão de espectadores.

Mas são apenas uns quatro que conseguem e nós fazemos 100 longas por ano. Na última pesquisa que vi, tinha uma fila de 200 filmes na prateleira porque não conseguiam sala para exibição, embora o Brasil tenha 2,5 mil salas. Competimos com cinema americano, francês, alemão, etc.

ISTOÉ - Para muitos, César, seu personagem em “Amor à Vida” (César Khoury), é um vilão. Para outros, ele é um típico cidadão brasileiro. O que o sr. acha?
ANTONIO FAGUNDES - O César é um cara eticamente inabalável, tem as convicções dele no hospital, e é íntegro. Mas tem amante, é homofóbico convicto e já fez umas cagadas no passado. Isso faz você pensar na complexidade do ser humano.

O Walcyr (Carrasco, autor da novela) tem essa característica que acho ótima: foge do maniqueísmo, da caricatura do bom e do mau. Isso dá profundidade, humanidade para os personagens e confunde o público, de certa forma. Mas ter uma surpresinha é sempre bom.

ISTOÉ - Muita gente se identifica com o César?
ANTONIO FAGUNDES - Isso é surpreendente. Uma pesquisa mostrou que 50% das pessoas se identificam com ele. Deve ter homossexual homofóbico também, o que aparentemente pode ser um contrassenso, mas não é. Tem pessoas que são preconceituosas com a própria classe, a própria tribo. Mas essa reação do público mostra que o tema merece discussão mesmo.

A gente sempre ouve falar de homofobia e imagina aquelas cenas horríveis, dos caras batendo em homossexual. Mas a homofobia pode ser mais violenta ainda sem levantar a mão. Acho que o Walcyr foi muito feliz e muito corajoso nessa abordagem.

ISTOÉ - Qual é a sua opinião sobre homossexualidade?
ANTONIO FAGUNDES - Acho que a opção sexual é como ser vegetariano. Foro íntimo. Esse negócio de mandar as pessoas saírem do armário é questionável. Por que a pessoa tem que sair do armário? Não precisa!

Ela faz o que quiser na vida íntima, não é obrigada a abrir sua intimidade. A cobrança acaba sendo outro tipo de preconceito. Agora, aqueles que saíram têm que ser respeitados. A verdadeira ausência de preconceito é respeitar tudo.

Proibir armas de brinquedo resolve?


Com a justificativa de que as armas de brinquedos são utilizadas na prática de crimes, os deputados paulistas promulgaram uma lei que proíbe sua fabricação e venda, sob pena de multa. O autor é o deputado André do Prado, do Partido da República. Isso, porém, já está previsto no Estatuto do Desarmamento, uma lei federal de 2003. Cerca de 40% das armas apreendidas pela polícia na capital paulista, em 2012, 40% eram de brinquedos. O Instituto Sou da Paz comemora como resultado da implantação do Estatuto. Mas não explica porque os crimes, inclusive de mortes, aumentaram no mesmo período.

Os políticos, diante de um quadro de extrema violência no país, só tem uma saída para mascarar a incompetência de seus governos: programas de desarmamento - outra falácia - e leis inócuos, como a proibição da fabricação de armas de brinquedos. Mas a base do problema continua intacta.

Em em 2010 foram 36 mil mortos catalogados como vítimas de armas de fogo, no Brasil, um número quase 4 vezes maior que as mortes nos Estados Unidos (9.960 no mesmo período). Mas tem outro detalhe: os americanos tem 295 milhões de armas contra 15 milhões no Brasil. Mata-se no Brasil 19,3 pessoas para cada 100 mil habitantes. Nos Estados Unidos, 3,2 mortos para cada grupo de 100 mil. A Venezuela, o país mais violento do mundo, este índice é de 39.

As campanhas de desarmamento no Brasil - demagogia dos governantes populistas diante de um quadro gravíssimo - recolheram, até então, 620 mil armas. Não há motivos para otimismo enquanto os responsáveis pela politica de segurança continuarem acreditando em bobagens como estas.

Desarmar civis não resolve
500 policiais são mortos, por ano, no Brasil

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Promotoria denuncia funcionários da PM de Marília

Grupo de 17 pessoas foi levado contra a
vontade para Ibitinga
MP denuncia 4 agentes públicos por retirarem à força moradores de rua de Marília
 
A Promotoria de Justiça de Marília ofereceu, na segunda-feira (13/01), denúncia (acusação formal) à Justiça contra o Secretário Municipal de Assistência Social de Marília Hélio Benetti, por abuso de autoridade - e outras três pessoas - Jair Dias de Oliveira Filho, Carlos Roberto Valdenebre Silva e Paulo Roberto Vieira da Costa – todos funcionários da pasta, pelos crimes de abuso de autoridade e coação no curso no processo. Eles são acusados de retirar à força de 15 a 17 moradores de rua de Marília, que foram levados para a cidade de Ibitinga.

De acordo com a denúncia formulada pelo Promotor de Justiça Gilson César Augusto da Silva, de Marília, na noite de 29 de abril do ano passado, os três funcionários da Secretaria de Assistência Social abordaram moradores de rua em diversos pontos de Marília e os colocaram em um veículo da Prefeitura, levando-os até um ônibus estacionado às margens da Rodovia do Contorno. Dali, os moradores de rua foram levados até o trevo de Ibitinga, onde foram deixados sozinhos e sem qualquer auxílio. Aqueles que ofereceram resistência, segundo a denúncia, foram tratados de maneira agressiva e colocados à força no veículo da Prefeitura, inclusive mediante o uso de um aparelho de choque.

Tudo com a aquiescência do Secretário de Assistência Social, que acompanhou os fatos, testemunhados por pessoas ligadas a instituições religiosas que distribuíam alimentos aos moradores de rua.

Para o Ministério Público, o objetivo dos agentes públicos era livrar-se do problema social dos moradores de rua de Marília.

O fato chegou ao conhecimento do Secretário de Segurança, Trânsito e Tecnologia de Ibitinga, que noticiou o ocorrido ao Ministério Público, registrou boletim de ocorrência, colheu o depoimento de alguns moradores de rua e forneceu auxílio para aqueles que pretendiam retornar a Marília.
Em junho e julho, quando a Promotoria de Justiça já havia instaurado um inquérito civil para apurar os fatos, Jair Dias de Oliveira Filho e, depois, Carlos Valdenebre Silva e Paulo Vieira da Costa se encontraram, em um albergue, com um dos moradores de rua que estava no grupo levado à força para Ibitinga e, sabendo que ele havia prestado depoimento na Delegacia de Polícia, ameaçaram o homem para que ele não confirmasse o teor do depoimento em juízo.

O Secretário Hélio Benetti foi denunciado por abuso de autoridade. Os três funcionários da Secretaria foram denunciados por abuso de autoridade e por coação no curso no processo. A denúncia foi oferecida ao Juízo da 2ª Vara Criminal de Marília.

Site do MPSP
Núcleo de Comunicação Social

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O velhote assassino de Cuba


Raúl Castro: São 86 mortes na lista tornada pública pelo Arquivo Cuba na prisão, 46 suicídios de presos e 15 homicídios

Pablo Afonso

O governo de Raul Castro tem um impressionante recorde de mais de 200 casos de assassinatos e desaparecimentos em Cuba, 166 deles documentados, durante os sete anos de seu mandato como Cuba Archive revela em seu último relatório.

A lista relaciona 86 mortes de presos por recusa de assistência médica na prisão, 46 suicídios de presos e 15 execuções. A contagem inclui os presos mortos em greve de fome:. Wilman Villar Mendoza, Orlando Zapata Tamayo, Roberto Ramirez e Yordanis Ballagas Rivalta Antonio Junco, e qualifica-se a morte de Oswaldo Paya Sardinas e Harold Cepero Escalante como supostas execuções extrajudiciais.

Há dois casos relatados como desaparecimentos forçados. O primeiro identificado como Alberto Sigas Hechevarría, 32 anos, membro de um grupo de oposição pacífica, que havia sido ameaçado de morte por agentes de segurança do Estado. Em 15 janeiro de 2010, deixou sua casa para visitar a sua mãe e nunca mais foi visto. Sua esposa informou seu desaparecimento. A polícia informou, três dias depois, que ele fora detido na sede Villa Marista da Segurança do Estado. Mas nunca mais voltou.

Em condições semelhantes desapareceu o ativista político, Amelio Franco Roberto Alfaro, 62 anos, que saiu de casa pela última vez em 20 de maio de 2009, assinala o Cuba Archive.

O relatório inclui 10 páginas, entre 31 de julho de 2006 até 15 de dezembro de 2013 e está disponível no site cubaarchive.org.

Cuba Archive é um programa do Projeto Sociedade Livre (FSP), uma organização independente fundada em 2001, em Nova York, presidido por Maria Werlau, a fim de promover o respeito pelos direitos humanos e preservar a memória histórica através de pesquisa, bolsas de estudos e publicações. A organização tem uma ampla base de dados digitais que documentam os crimes políticos em Cuba desde o triunfo da revolução de Fidel Castro, há 55 anos.

Pablo Alfonso, en 1971 fue condenado a 20 años de cárcel por dirigir junto a otros jóvenes de procedencia cristiana un movimiento opositor contra el régimen de Fidel Castro. Indultado en 1979, viajó a Miami donde todavía reside.

Entrevista a María Werlau por Carmen María Rodríguez

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Ceia de révellion de Dirceu teve arroz, feijão e frango

Arroz, feijão e frango na ceia dos
mensaleiros

Revista Veja / Maquiavel


Acostumado a passar o révellion na companhia de amigos famosos, em jantares regados a champanhe e pratos refinados, o ex-ministro José Dirceu virou o ano com os colegas de cela no Complexo Penitenciário da Papuda, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, os ex-deputados Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Bispo Rodrigues (PR-RJ), e o ex-tesoureiro do PL, Jacinto Lamas.

A de Natal dos políticos presos, assim como dos demais encarcerados, foi composta por arroz, feijão, salada e frango, arranjados em marmitex. Na véspera de 2014, o frango foi substituído por carne. Os homens não tiveram a mesma regalia das presas do centro de detenção feminino. Por conta do ano novo, as mulheres receberam um incremento na marmita: pernil assado e "farofa rica".

Dirceu ganhou de Natal bermudas e camisetas brancas novas, sem bolso, conforme as regras da Papuda. Presente de sua primeira ex-mulher, a empresária Clara Becker.

(Com Estadão Conteúdo)

Outro petista vai para a cadeia. João Paulo Cunha será recolhido nesta terça.

Prisão decretada: Cunha vai para a
Penitenciária da Papuda
O STF determinou a prisão do deputado João Paulo Cunha, do PT, condenado no processo do mensalão a cumprir a pena de seis anos e quatro meses em regime semiaberto. Ele foi acusado de peculato e corrupção passiva e sera recolhido ao xadrez, na Penitenciária da Papuda, onde já se encontram outros 17 sentenciados do total de 25 condenados, inclusive o chefe da quadrilha, José Dirceu. Cunha diz que não pretende renunciar.

A decisão para o recolhimento do deputado aos costumes da Papuda veio do despacho do Ministro Joaquim Barbosa, presidente do STF: “nego seguimento ao recurso do embargante quanto aos crimes de corrupção passiva e peculato relativo à contratação da empresa SMP&B por faltar-lhe requisito objetivo essencial de admissibilidade e por considerá-lo meramente protelatório. Determino, como consequência, a imediata certificação do trânsito em julgado quanto a essas condenações e o início da execução do acórdão condenatório", sentenciou ele.

Além dos seis anos e quatro meses, Cunha também foi condenado a mais três anos por lavagem de dinheiro, totalizando 9 anos e quatro meses. Mas neste crime pode haver contestação com os embargos infringentes. Esse recurso pode permitir até novo julgamento. 

José Genoino, outro petista condenado, deve voltar a penitenciária para cumprir sua pena depois que terminar o período de 90 dias concedido para tratamento da saúde . Barbosa já deixou isso bem claro.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Estudo comprova que empresa que doa dinheiro para políticos tem retorno de 850%

A maioria dos contratos não é cumprida e além disso, a maior parte das empresas recebe aditivos de até 50% e são comandadas por "laranjas".

Da Folha Centro Sul

Após as manifestações de junho, o debate em torno da reforma política dominou o noticiário do País e o financiamento das campanhas políticas se tornou um dos principais temas da discussão.

ESTUDO

Um estudo feito no Brasil pelo Instituto Kellogg, dos Estados Unidos, indica que as empresas que doam dinheiro para campanhas eleitorais têm um retorno de até 850% em cima do valor que investiram no candidato.

Idealizador da Lei da Ficha Limpa, que impede a participação de candidatos condenados criminalmente em tribunais colegiados, o juiz eleitoral Márlon Jacinto Reis é um dos criadores do movimento de combate à corrupção. Reis, que também é diretor do MCCE (Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral), afirma que o negócio é lucrativo para empresas que investem em políticos.

— Há uma pesquisa do Instituto Kelloggs no Brasil que mostra que a cada R$ 1 investido nas campanhas [políticas] há um retorno em contratos públicos da ordem de R$ 8,50. É um lucro de 850%. É o melhor negócio que conheço até agora. É melhor do que vender água. Nesta semana, o MCCE se encontrou com a presidente Dilma Rousseff em Brasília para expor os pontos da “Campanha Eleições Limpas”. O projeto prevê o fim do financiamento de campanhas eleitorais por empresas privadas, limite para doação de pessoa física para partidos e eleição para o Legislativo em dois turnos, com a escolha dos partidos no primeiro e dos candidatos propriamente ditos no segundo. O brasileiro, quando vai às urnas, não escolhe o candidato por ideologia ou pelas propostas de governo que oferece ao eleitor, explica Reis.

O processo eleitoral atualmente está focado basicamente em dinheiro, segundo o juiz de direito.

— O começo da coisa [campanha eleitoral] hoje tem a ver com um binômio: dinheiro, que movimenta as eleições; e a maneira como as campanhas são conduzidas, com que as candidaturas são apresentadas. No primeiro ponto, nós identificamos como imprescindível proibir doações empresariais porque o dinheiro usado para comprar votos e para praticar as distorções do processo tem uma origem e precisamos nos preocupar com essa origem. Temos eleições caríssimas, mais caras que a maior parte das democracias.
As eleições de 2010, que escolheram o presidente da República, custaram R$ 4,9 bilhões em financiamentos, de acordo com Reis.

PRINCIPAIS DOADORAS

As principais doadoras para campanhas são corporações ligadas à construção civil, mineração e bancos. Em comum, todas fornecem produtos e serviços para governos federal, estaduais e municipais, ressalta o juiz eleitoral. — [Para chegar a esse cálculo], pega-se apenas o financiamento declarado e mesmo assim é um absurdo. Apenas dez empresas, nas últimas cinco eleições, doaram R$ 1 bilhão. Temos uma presença maciça das empreiteras, seguidas pelos bancos no processo de doação. Depois temos outros grupos ligados, de mineração por exemplo. Estão sempre ligados a setores que contratam diretamente com o poder público. São grupos que estão interessados em interferir na Comissão Mista de Orçamento para definir para onde vai o dinheiro.

PÓS CRÍTICAS DO FINANCIAMENTO DA CAMPANHA

Após tantas críticas ao financiamento de campanha por empresas particulares, a principal proposta apresentada para controlar o repasse de dinheiro é vetar a doação de dinheiro por empresas e liberar apenas para pessoas físicas. Para o MCCE, o teto seria o valor de um salário mínimo, ou seja, R$ 678 por pessoa. O financiamento de campanha seria um dos pontos tratados no plebiscito, sugerido pela presidente Dilma Rousseff, mas a proposta de consulta popular não decolou no Congresso Nacional. A ideia é que a nova regra já valesse nas eleições de 2014.

TENTATIVA DE MUDAR O JOGO

Conforme as regras atuais, qualquer pessoa ou empresa pode dar dinheiro para partidos ou candidatos realizarem suas propagandas eleitorais. Bancos, empreiteiras e empresas de mineração estão entre as organizações que mais investem em políticos. Para que as mudanças propostas pelo MCCE valessem já nas eleições de 2014, seria necessário que os parlamentares apreciassem e votassem o Projeto de Lei Ordinário até o próximo dia 5 de outubro — exatamente um ano antes das eleições. Cerca de 130 deputados já manifestaram apoio à causa. No entanto, o próprio MCCE admite ser difícil que o texto seja analisado ainda neste ano.

Educação em Portugal

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

José Carrancudo é um professor em Portugal e se confessa preocupado com os rumos da educação em seu país. Portugal adotou há mais de 30 anos o método de alfabetização construtivista e lá, tal cá, os jovens mal sabem ler um jornal ou concluir uma operação de matemática simples. 

"Pra que formar cidadãos assim", pergunta Nuno Crato, o novo ministro da Educação e Ciências de Portugal faz dois anos e meio no cargo e com a missão de recuperar o tempo perdido. Ele rompeu com o radicalismo do método global e impôs novas regras: ao mesmo tempo que defende mais autonomia para as escolas, Nuno Crato não abre mão de um ensino rigoroso, lastreado em conteúdos curriculares (Português, Matemática, História, Geografia, Ciências e Inglês), metas, avaliações e mérito. Para o novo ministro o construtivismo - principalmente as vertentes imbecilizadas pelo radicalismo - dão uma noção vaga de "competências" que secundariza o conhecimento.

Agora os alunos portugueses terão avaliações e objetivos cognitivos bem definidos ao contrário do construtivismo que não permite jamais que o professor corrija o erro de um aluno para que ele não se sinta constrangido ou seja que seja avaliado. O artigo de Carrancudo, escrito em 2007, é uma proposta de educação para Portugal e que mostra porque métodos como o construtivismo não alfabetizam.

ENSINO ESCOLAR: METAS E MEDIDAS

Por José Carrancudo

O estado deplorável do sistema escolar nacional é do conhecimento público, e cada um consegue apresentar diversos exemplos ilustrativos deste fenómeno. Vários remédios foram propostos, uma grande parte dos quais, incluindo as recomendações das entidades europeias, cita a necessidade de transformar o ensino num conjunto de prestadores de serviços educativos, de modo que os alunos e os seus pais possam escolher aquele prestador que proporciona um serviço educativo melhor.

Todavia, todos estes remédios falham em vários pontos importantes, nomeadamente:

1. O principal objectivo do sistema escolar é de proporcionar ao aluno as ferramentas necessárias para a sua aprendizagem futura, tanto no ensino superior, como ao longo da sua vida, além de conhecimentos e competências concretas.

2. Um sistema escolar, correctamente construído, deve proporcionar uma formação adequada (equivalente a uma avaliação objectiva de “Bom”) a um aluno médio.

As principais ferramentas do nosso aluno são o Português, e a Matemática, sendo esta última a língua comum das ciências exactas e tecnologias. As notas médias dos exames nacionais destas duas disciplinas são de 7, o que mostra uma incapacidade do nosso sistema escolar de proporcionar as ferramentas essenciais ao aluno médio. Não devemos esquecer ainda que a nossa taxa de abandono escolar é de 40%, assim, o sistema escolar consegue ensinar, com uma grande ajuda dos explicadores, apenas 1/5 dos alunos que entram no primeiro ano da escolaridade.

Analisando objectivamente os currículos escolares, concluímos que estes são suficientes, do ponto de vista de conhecimentos e competências que o aluno deveria obter. O problema, então, não está no que estamos a ensinar, mas sim no como.

Olhando atentamente para o ensino escolar, detectamos duas falhas metódicas gravíssimas, que impossibilitam um desenvolvimento intelectual adequado de um aluno médio.

A primeira é a aposta no pensamento crítico dos alunos, em detrimento de memorização sistematizada de conhecimentos, e em detrimento do desenvolvimento de capacidade de memorização. Há 30 anos, apostamos na criação de um ensino mais democrático, baseado no desenvolvimento da capacidade de pensamento crítico e criativo, eliminando por isso os exercícios para desenvolvimento da memória dos currículos de todos os anos. Esta aposta falha em dois aspectos. Em primeiro lugar, um aluno típico da escola primária (primeiro ciclo) não tem capacidade de pensamento crítico, aceitando de bom grado tudo que lhe seja dito pelos adultos. Mesmo que este aluno aparente uma capacidade razoável de pensamento crítico, na realidade apenas interpreta as dicas do professor, dadas voluntária ou involuntariamente. Entretanto, o pensamento crítico do aluno pode e deve ser desenvolvido, mas gradualmente, e nos alunos já com idade mais avançada, e, consequentemente, com capacidades mentais mais desenvolvidas. Em segundo lugar, abstendo do desenvolvimento da capacidade de memorização sistematizada do aluno, a escola não aproveita deste recurso que o aluno já possui, e que deve ser desenvolvido, desde logo, para proporcionar as bases para o próprio pensamento crítico, pois não há lugar para qualquer pensamento sem recurso aos conhecimentos memorizados.

A segunda é a aposta no método global (visual) de ensino de leitura. Este método para sua implementação correcta necessita de professores excelentes e bem preparados, pois na consequência de erros comuns na sua implementação os alunos não aprendem a ler fluentemente em tempo útil, o que consideramos ser o segundo ano da escola primária (primeiro ciclo). As tentativas falhadas dos últimos 30 anos de usar este método mais que justificam a sua proibição oficial, pois na consequência do seu uso cerca de 80% dos nossos alunos não aprendem a leitura atempadamente, com consequências graves para todo o seu percurso escolar.

Assim, para começarmos a reconstruir a nossa escola, devemos eliminar, e o mais depressa possível, as falhas metódicas mencionadas, sendo certo que os exercícios de memorização sistematizada devem ser reintroduzidas em todas as disciplinas de todos os ciclos, e não apenas na escola primária. Devemos ainda prescindir das tentativas fúteis de usar o "pensamento crítico e independente" dos alunos do 1º e 2º Ciclos do Ensino Básico, cujo cérebro ainda não desenvolveu esta capacidade. Devemos admitir ainda que o processo de reconstrução vai ser demorado, pois as alterações introduzidas hoje não trarão grandes vantagens para os alunos que se encontram nos ciclos preparatórios e na escola secundária. Podemos tentar ensinar a estes alunos, mais uma vez, aquilo que não aprenderam quando deviam ter aprendido, embora sem grande esperança de sucesso.

Precisamos de corrigir, urgentemente, o paradigma do nosso ensino, fatalmente viciado por razões ideológicas.

sábado, 4 de janeiro de 2014

Lula colaborou com militares para abafar MDB

Romeu Tuma Jr e José Nêumanne Pinto contam
a mesma história.
Lula e os militares

Ruy Fabiano

A denúncia do ex-delegado Romeu Tuma Jr., publicada no recém-lançado livro “Assassinato de Reputações”, de que Lula atuou como delator junto ao Dops ao tempo do regime militar, não é exatamente inédita – nem exata, em seus termos.

Antes dele, o jornalista José Nêumanne Pinto já a havia feito, no livro “O que Sei de Lula”, publicado há mais de um ano. Ambos, cada qual a seu modo, conviveram com Lula ao tempo em que sua liderança sindical emergia e o inseria na cena política nacional.

Não havia ainda o PT, mas Lula já pensava em criá-lo. Era o final dos anos 70 e o PT surge em 1980. Nêumanne, então repórter do Jornal do Brasil, foi destacado para cobrir o sindicalismo do ABC paulista, que surgia como o fato novo da política brasileira.

Tuma Jr. era já agente da Polícia Federal e assessorava o pai, Romeu Tuma, chefe do Dops. Lula já contou – e há um vídeo na internet com esse relato – que era tratado a pão-de-ló por Tuma pai, ao tempo em que esteve preso no Dops.

Nêumanne diz que, nessa época, em que, para além dos contatos profissionais, desfrutava da companhia de Lula em mesas de bar, deu-lhe carona para um encontro (de que não participou) com personagens do governo militar – entre outros, um representante do general Golbery do Couto e Silva, que nele via uma peça-chave para desmontar a frente oposicionista, abrigada no MDB.

Lula se recusava a integrar a frente oposicionista. Não se via um discípulo de Ulysses Guimarães ou Tancredo Neves. E não via com simpatia a volta dos mais eminentes anistiados, como Miguel Arraes e Leonel Brizola, embora não pudesse dizê-lo de público.

Para a opinião pública, eram aliados; no campo da realidade nua e crua da política, já eram concorrentes. Numa coisa e noutra – na recusa à frente oposicionista e na rejeição aos líderes anistiados -, coincidia com o pensamento do governo militar, então presidido pelo general Figueiredo.

Natural que o estrategista do regime, general Golbery, então chefe do Gabinete Civil, se interessasse em conversar com Lula e examinar pontos de convergência. Esses encontros e acertos, mencionados à época, no entanto, não fazem de Lula um dedo-duro, nos termos, por exemplo, do que, na sequência da implantação do regime militar, se imputou ao ex-cabo Anselmo.

As informações de Anselmo aos órgãos de repressão não só provocaram prisões e violências, como foram feitas a partir do que obteve em confiança, de pessoas que o julgavam um companheiro de luta. Há aí uma transgressão bem mais grave que a que se queira atribuir a Lula.

Não se trata de absolvê-lo ideologicamente com ele. A rigor, tal avaliação diz respeito ao campo moral, não ideológico. Trata-se de examinar com objetividade e isenção o que se passou.

Não foi algo muito diferente, do ponto de vista prático, de sua recente aliança com Paulo Maluf. Em nome de interesses imediatos e fisiológicos – a eleição do prefeito de São Paulo -, abjurou de tudo o que dele dissera ao longo de duas décadas.

Uniu-se a quem julgava politicamente indecente para atender a seu projeto de poder. É claro que há aí uma questão moral, mas que deve ser julgada nos seus termos, sem deles extrapolar.

Lula, quando emerge no cenário político, a conjuntura era bem distinta. Já não havia, desde o final de 1978, o AI-5, revogado no apagar das luzes do governo Geisel; já não havia, desde a anistia, em 1979, presos políticos – e, por conseguinte, já não havia exilados.

O temor dos militares era com a ascensão de uma oposição unida, que levasse ao revanchismo, hoje, ironicamente, materializado na Comissão da Verdade, instalada pelo PT.

A Lula, interessava então formar o seu partido, no qual, a princípio, não queria nem a presença dos intelectuais acadêmicos, que acabaram por dar o estofo ideológico que até hoje o preside.

O jogo que fez, do ponto de vista dos que lutaram anos contra a ditadura e o viam como aliado, pode ser tachado de desleal ou egoísta – ou ambas as coisas. Mas nada tem a ver com delação. É o mesmo jogo que fez ao proibir o partido de votar em Tancredo Neves no Colégio Eleitoral e de assinar a Constituição de 88 sob protesto.

De suas conversas com lideranças do regime não resultaram prisões, torturas ou exílios – e pelo simples motivo de que o regime militar não tinha mais meios de promover aqueles atos. Já estava jogando o jogo político e lhe interessava apenas garantir uma retirada honrosa e segura, afinal obtida.

Lula já estava construindo o seu projeto pessoal, mas não colaborou para a permanência do regime – e sim para sua retirada segura, que hoje paradoxalmente seu partido quer revogar.

Ruy Fabiano é jornalista

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Feliz Ano Novo?

O superávit comercial brasileiro em 2013 foi o pior em 13 anos. O país exportou U$ 242,178 bilhões e importou U$ 239,617 bilhões, um "lucro maquiado" de apenas U$ 2,561 bilhões porque o governo incluiu como "exportação" plataformas petrolíferas produzidas no Brasil e alugadas para a própria Petrobras. Em novembro o superávit comercial da China foi de U$ 34 bilhões.

O grande vilão das importações foi a gasolina que a falida Petrobras não consegue produzir nem pro gasto do país. Faltam investimentos. Basta citar que a Petrobras tem uma dívida impagável de mais de U$ 7,5 bilhões. De dólares.

O dólar disparou em 2013 com alta de mais de 15% levando a taxa de juros com ele. Dilma e Mantega teimaram e perderam: a bandeira de juros baixos, levantada para campanha política, levaram a alta da inflação e, de volta, as maiores taxas de juros do mundo.

O comércio teve um dos piores desempenhos no período de Natal nos últimos 10 anos com um acanhado aumento de 1,5% a 2,5% segundo alguns levantamentos. Os shoppings registraram aumento real de 2,5%, descontada a inflação que hoje beira 5,80%.

A previsão de crescimento da economia no Brasil em 2013 recuou para 2,40% segundo o Banco Central e para este ano a previsão que era de 3,10% já caiu para 3%.

Economia em frangalhos, corrupção galopante, saúde, educação, segurança e justiça falidas. E os governantes investindo em copa do mundo.

Feliz Ano Novo, pra quem?

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Telefonica assume Vivo e baixa qualidade


Telefônica lidera lista de queixas
Empresa fecha o ano de 2013 no topo entre as que mais motivaram reclamações no Procon
 
30 de dezembro de 2013 | 2h 06
JERUSA RODRIGUES - O Estado de S.Paulo

A Telefônica/Vivo é a primeira da lista das mais reclamadas no Procon-SP, com 27.770 registros no ranking do acumulado do ano de 2013, de um total de 784.812 atendimentos. Das queixas recebidas pelo jornal, tanto de órgãos públicos quanto de estabelecimentos privados, a empresa também foi a que rendeu a maior demanda, com 446 casos de cerca de 5 mil queixas.

O número de telefone da Vivo do cirurgião Tiago Szego foi portado para a Oi sem a solicitação dele. "Há cinco anos tenho a linha e sempre estou de sobreaviso, por causa da minha profissão", diz. "Na loja da Vivo, não explicaram como isso ocorrera e ainda prometeram solução em três dias, o que não foi feito."

Procurada, a Telefônica/Vivo informa que o problema foi solucionado.

O leitor confirma, mas explica que só conseguiu seu número de volta passado mais de um mês da queixa.

De acordo com o professor de Direito do Consumidor da Faculdade Mackenzie Bruno Boris, as hipóteses de portabilidade apenas devem ocorrer mediante autorização do próprio consumidor. "Caso tenha havido um erro por parte da operadora, esta poderá ser responsabilizada pelos prejuízos causados", ressaltou.

Sem sinal."Desde novembro estou com o sinal de internet intermitente, diz a professora Angela M. Damaso, de 61 anos. "Ao ligar na Vivo, sou transferida a setores diversos e cada atendente diz algo diferente." A Telefônica/Vivo responde que o serviço foi normalizado. Já a leitora relata que ficou mais de dez dias sem internet e a velocidade do Speedy continua ruim. "Nem a velocidade mínima é cumprida", afirma.

Segundo o advogado Josué Rios, no período em que a consumidora não recebeu o serviço na sua totalidade o valor da mensalidade não pode ser cobrado. "Caso tenha havido cobrança, o valor deve ser devolvido em dobro. "

Se o serviço funcionou parcialmente, deve haver desconto proporcional no valor cobrado, explica. "Os prejuízos econômicos sofridos pela consumidora, durante os dias em que não pôde usar o serviço, devem ser devidamente reparados, assim como a contratante também tem o direito de ser indenizada por dano moral, conforme o grau de transtorno sofrido, em razão de se ver privada do uso de um serviço essencial." O dano moral, afirma Rios, tem a relevante função de reprimenda pedagógica contra o fornecedor.

Quanto à redução da velocidade contratada, em certas situações operacionais, se a informação sobre tal redução não constar de forma destacada no contrato e não for informada no ato da venda do serviço, o consumidor tem o direito de exigir a devolução proporcional do valor cobrado, diz.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Santa Catarina tem a melhor educação do Brasil. São Paulo fica em 5º lugar.

Por Estados, só 4 redes públicas conseguem superar média; Brasil ficou em 57º lugar entre 65 países na avaliação internacional. São Paulo tem educação abaixo da média do País segundo dados do Pisa

30 de dezembro de 2013
Paulo Saldaña - O Estado de S.Paulo
 
Apenas quatro redes de ensino estaduais brasileiras têm resultados superiores à média geral do Brasil, de acordo com dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa, na sigla em inglês) de 2012. A rede de São Paulo, o Estado mais rico do País, fica abaixo do Brasil na média das áreas avaliadas.

Os dados desagregados pelas redes de cada Estado são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), que trabalha com a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) na realização do Pisa. A OCDE realiza a avaliação nos 34 países considerados de primeiro mundo e em outros convidados, como o Brasil.

Nesta última edição, o País ocupou 57.º lugar entre os 65 países participantes. O Brasil está entre os que mais cresceram em pontuação desde 2000, quando a prova foi criada, mas ainda não conseguiu sair das últimas posições. O índice geral leva em consideração as redes particular e pública. Quando separadas apenas as redes estaduais (que concentram 85% das matrículas do ensino médio, fase em que está a maioria dos alunos avaliados no Pisa), o cenário é mais preocupante.

Até a rede estadual mais bem colocada no Pisa, a de Santa Catarina, com 422 pontos, ainda fica a 75 pontos de distância da média dos países ricos. A pontuação equivale a quase dois anos de aprendizado.

São Paulo. A rede estadual de São Paulo é a quinta melhor rede estadual do País, mas está um ponto abaixo da média geral do País. Apenas na área de Matemática o resultado paulista é superior à média do Brasil.

Se São Paulo fosse um país, estaria na 58.ª posição, abaixo de Brasil, Uruguai e Chile e acima somente de oito países, incluindo Jordânia, Argentina, Colômbia e Peru.

A Secretaria de Educação do Estado tem como objetivo (em seu programa Educação - Compromisso de São Paulo, lançado pela atual gestão) que a educação paulista figure entre as mais avançadas do mundo até 2030, com base nos dados do Pisa. O plano é que São Paulo chegue à 25.ª posição. Se levar em consideração também a rede particular, São Paulo subiria para 54.º, com média de 415 pontos.

Para a professora Maria Izabel Noronha, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), os resultados mostram uma falta de continuidade na política educacional nos últimos 20 anos. "São Paulo tem tomado medidas muito pontuais na educação, responde a questões emergenciais. Falta um plano estadual de educação, um projeto articulado", diz Maria Izabel.

A consultora em educação Ilona Becskeházy concorda que o sistema educacional ainda é deficiente em São Paulo, mas ressalta que a amostra do Pisa para a rede estadual pode, na comparação, esconder alguns aspectos positivos. "São Paulo é a rede que tem mais gente dentro da escola e mais gente no ensino médio. Fica difícil penalizar."

Análise. A Secretaria afirmou, em nota, que a análise do Pisa 2012 é feita pela Coordenadoria de Informação e Monitoramento e Avaliação (Cima). "As escolas estaduais de São Paulo são caracterizadas pelo atendimento universal, inclusivo, e que respeita a diversidade da maior rede de ensino do País, com 4,3 milhões de alunos."

A pasta refutou a comparação da rede estadual com a média geral do País, afirmando que o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do governo federal, aponta evolução no desempenho dos alunos de São Paulo. No Ideb de 2011, o ensino médio de São Paulo teve melhora, mas os dois ciclos do ensino fundamental ficaram estagnados, com o mesmo resultado no índice de 2009.

Baixista dos Incríveis morre

Morre, aos 65 anos, Nenê Benvenuti, baixista dos "Incríveis"

Do UOL, em São Paulo  30/01/201313h06
  • Gil Passarelli/Folhapress
    Nenê Benvenuti (de camisa xadrez) com os integrantes da banda Os Incríveis, em foto de 1967
    Nenê Benvenuti (de camisa xadrez) com os integrantes da banda Os Incríveis, em foto de 1967
Morreu na manhã desta quarta-feira (30), aos 65 anos, o músico Lívio Benvenuti Júnior, mais conhecido como Nenê. Benvenuti foi baixista da banda de rock Os Incríveis entre 1966 até 1972, quando a banda se separou. Nenê foi diagnosticado com câncer de pulmão em outubro de 2012. As informações são da rádio CBN.

O velório se realiza no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, informação confirmada pela assessoria de imprensa da instituição. A família ainda não divulgou o local do enterro.

O músico começou a carreira aos 12 anos de idade como baterista da banda "The Rebels". Na década de 1960 chegou a montar um grupo cover dos Beatles até entrar na banda Os Incríveis, que fez parte da Jovem Guarda.

Chegou a atuar como ator na TV Tupi e tocou ao lado de Raul Seixas em uma apresentação em um garimpo do Pará, em 1985. Também tocou com Elis Regina e Roberto Carlos. Entre alguns projetos, nos últimos anos, atuava como produtor musical.

Em outubro de 2011, morreu o saxofonista da banda Os Incríveis, Antônio Rosas Seixas, o Manito, que tratava desde 2006 de um câncer na laringe.

GM paralisa linha em São José dos Campos

GM demite centenas de operários
Na véspera do novo ano a GM anunciou a demissões de centenas de operários da linha de São José dos Campos onde é montado o modelo Classic. O comunicado foi feito por e-mail. Cerca de 750 funcionários perderam o emprego no momento em que o IPI - Imposto sobre Produto Industrializado - deve voltar a ser cobrado na venda de carros, 3% em janeiro e 7% em julho. Antes do Natal a empresa comunicara que eles entrariam em férias coletivas entre 2 e 20 de janeiro. 

A nota emitida pela GM diz que o sindicato da categoria tinha sido informado em 28 de janeiro deste ano sobre o encerramento das atividades daquela linha de montagem conhecida como MVA.

Os metalúrgicos lembram que isso ocorre quatro dias antes do aumento do IPI e que as indústrias tem pacto com o governo para evitar demissões.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Natal ruim para os shoppings

Vendas de natal em shoppings foram ruins em todo país

Em comparação com o ano passado, as vendas de natal em shoppings, em todo país, foram consideradas ruins - as piores nos últimos 5 anos - segundo a Associação Brasileira de Logistas de Shopping. As vendas cresceram pouco e, em alguns setores, como vestuário, caíram em relação ao ano anterior.

Os motivos são vários: inflação alta, endividamento das famílias e crédito mais restrito. O aumento nas vendas de 8% é observado apenas quando se considera a abertura de novas lojas. No setor de perfumarias e cosméticos houve aumento de 10% nas vendas.

A associação esperava um amento em torno de 10% a 12%. Considerando a inflação, o crescimento nas vendas não passou de 2,5%. A previsão para o próximo ano é de 3% mais por conta da inauguração de novos shoppings ou centros de compras. O dólar alto em 2014 pode complicar o setor de confecções que tem peso alto nas vendas em shoppings.

O risco da volta a 2003

Editorial O Globo

Os quase 16 anos deste ciclo do PT no Palácio do Planalto começaram de uma forma, na condução da política econômica, e entram no último ano de mandato de Dilma Rousseff de outra maneira. Uma das diferenças marcantes — pelo menos até agora — ocorre na condução da política fiscal.

Em 2003, quando o partido e aliados subiram a rampa do Palácio do Planalto com Lula de faixa presidencial, a política de gastos públicos seguiu os manuais clássicos. Foi uma administração atenta, contra abusos, restritiva, coerente com a necessidade daquele momento.

A inflação, atiçada pela subida do dólar em função do “risco-PT”, chegou aos píncaros dos dois dígitos e precisou ser debelada por uma política de contenção de despesas governamentais conjugada com a elevação dos juros básicos (política monetária).

Deu certo, como previsto, e o IPCA se aproximou da meta dos 4,5%, estabelecida com dois pontos de margem para cima ou para baixo. A partir do final do segundo governo Lula, o respeito à política do tripé — cumprimento das metas de inflação, do superávit primário e câmbio flutuante —, mantida, com êxito da Era tucana, foi, digamos, flexibilizado.

Sob inspiração da ideologia “desenvolvimentista”, lastreada no intervencionismo estatal, lançou-se a política do “novo marco macroeconômico”, consubstanciada em câmbio desvalorizado, juros baixos e nenhuma maior preocupação com os gastos — para ativar a demanda — e inflação.

Neste aspecto, dentro da ideia equivocada, e tantas vezes comprovada como míope, de que vale a pena “um pouco de inflação, para se obter um crescimento maior”. Ora, a inflação corrói o crescimento. Como mais uma vez o país testemunha.

O abandono do “tripé” ficou bastante visível na “perna” fiscal. O recurso constante a subterfúgios para se abater a meta de superávit primário foi, aos poucos e implacavelmente, abalando a credibilidade da política fiscal, ponto-chave para investidores no país e credores do Tesouro. Pois se trata de saber sobre a capacidade que o Estado brasileiro possui de pagar as suas dívidas.

Não há qualquer risco de desastre na esquina. Mas a tendência de aumento constante das despesas em custeio, acima da arrecadação, faz o mercado precificar o futuro.

Ele passa, por exemplo, a exigir rendimentos mais elevados em títulos do Tesouro com taxas prefixadas. Aumenta o custo do Estado para a sociedade. E isto já acontece.

Com o advento da “contabilidade criativa”, capaz de gerar receita primária, por exemplo, por meio de dividendos de bancos públicos pagos na verdade com dinheiro de dívida do Tesouro, o quadro piorou para o país.

A meta de 3,1% do PIB de superávit primário foi reduzida para 2,1%, mas deverá ser abaixo disso. Há sinais de que o Planalto percebeu o erro do sepultamento do “tripé”. Tem 2014, ano eleitoral, para tentar consertar os estragos. Se não, 2015 pode repetir 2003.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A estrela do PT brilha na Papuda


As autoridades reforçaram a segurança na penitenciária da Papuda - onde estão presos os corruptos do PT, envolvidos com o escândalo do mensalão - depois da descoberta de um plano de rebelião.

Os presos aparentam descontentamento desde que os mensaleiros chegaram ao local cercados de regalias, inclusive com horários de visitas especiais na sexta feira, enquanto na quarta e quinta centenas de familiares de presos comuns se espremem ao relento esperando para visita-los. O dia de visita especial, criado pelo diretor do presídio para favorecer os corruptos, causou indignação entre os demais prisioneiros e a justiça determinou que fosse proibido. 

José Dirceu e Delúbio, como os demais detentos, ficarão sem visitas de Natal. Mas eles terão uma comida especial para a data. A quentinha que será servida no jantar, entre 16 e 17 horas, terá fatias de peru com farofa, arroz e feijão. A comida é servida num prato de plástico, parte de um kit que os presidiários recebem quando entram para cumprir pena. Dirceu, quando chegou na penitenciária recusou-se a receber o kit mas foi informado que não tinha opção. Entre outras normas está a de vestir o uniforme do presídio. Normalmente a marmita contém arroz, feijão e carne de frango ou moída. Dirceu come três refeições por dia: o café da manhã com pão e leite, almoço e o jantar. Quem tem dinheiro pode comprar algum produto na cantina da Papuda. Os mensaleiros não terão direito ao "saidão". 

Além de Delúbio - que disse que o mensalão iria virar piada de salão - e Dirceu, também cumprem pena na Papuda os ex-deputados Pedro Henry e Pedro Corrêa, Marcos Valério e seus sócios Ramon Hollerbach e Cristiano Paz.

Neste Natal a estrela do PT vai brilhar na Papuda.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Hábito de leitura entre os brasileiros é uma vergonha

Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Agora a pouco notei que o prédio da Secretaria da Cultura de Marília, na avenida Sampaio Vidal, onde se localiza também uma biblioteca municipal, está pichada. Trata-se de uma reivindicação: biblioteca na periferia, diz a inscrição.

Aparentemente o pedido parece lógico. Afinal, o conhecimento se conquista assim, com leituras.

Mas, sabendo-se que a maioria das escolas da cidade dispõe de salas de leitura (inclusive com orientadoras, vasto número de títulos e atualíssimos) abertas aos alunos e à comunidade e que a frequência é mínima - principalmente a externa - a conclusão é que a reivindicação não tem tanta procedência.

BRASIL EM 27ª LUGAR EM LEITURA

Conheci uma, dentro de uma escola do fundamental e médio, em Marília e soube que apesar da oferta de tantos títulos, a sala é pouco visitada pela comunidade. O índice de leitura no Brasil é vergonhoso. Uma vergonha conhecida lá fora que espanta tanto quanto o índice de criminalidade e a corrupção no país. Imaginem que apenas um adulto alfabetizado em cada três, lê livros. Uma das últimas pesquisas aponta o Brasil em 27ª colocação, dentre 30 países pesquisados sobre hábito de leitura.

Pesquisas mostram que entre 2007 e 2011 o hábito de leitura no país caiu 5% entre aqueles entrevistados que leram um livro, pelo menos, nos últimos três meses, antes da consulta. E entre os hábitos mais apreciados, antes dos livros, vem assistir TV (85%), ouvir música ou rádio (52%), descansar (51%), estar com a família e amigos (44%), assistir filmes em DVD (38%) e sair com amigos (34%).

Apesar de projetos de leitura espalhadas em todo país a frequência nas salas de leitura é mínima. A maioria dos "alfabetizados nas escolas públicas brasileiras" não sabe ler. E a era digital não mudou muito esse péssimo hábito, apesar das ofertas grátis da web.

ALUNOS BRASILEIROS MAL NO PISA  

Como melhorar tudo isso sabendo-se que o Brasil continua ocupando as últimas posições (58º lugar entre 63 países pesquisados em 2012) em qualquer avaliação em educação, como o PISA - Programme for International Student Assessment - levantamento realizado a cada três anos?

Entre 2009 e 2012, os estudantes brasileiros mantiveram a mesma pontuação em ciências (405 pontos), caíram em leitura (412 pontos para 410) e "evoluíram" pífios 5 pontos em matemática (de 386 para 391). Nenhum brasileiro conseguiu o nível 6 e a média ficou entre os piores. Basta dizer que em ciências 53,7% atingiram apenas o nível 1. Em leitura cerca de 75,3% atingiram os níveis 2 e 3 apenas. Em matemática 67,1% conseguiram o nível 1 também.

ENTRE OS PIORES DO MUNDO

Mesmo diante de resultados tão catastróficos, o nosso ministro da Educação, Aloísio Mercadante, anunciou com estardalhaço que o Brasil foi o país que mais evoluiu em matemática entre 2003 e 2013: 35 pontos (saiu de 356 para 391) em 10 anos. Basta dizer que essa "evolução" foi apenas suficiente para ficar entre os piores.

Se o Brasil evoluiu 5 pontos em matemática entre 2009 e 2013, Xangai avançou 13 pontos chegando aos 613, em primeiro lugar. Com um detalhe importante: para quem já está no topo é muito mais difícil evoluir.

Xangai (China) ficou em primeiro com 613 pontos em matemática, 119 pontos acima da média de conhecimento que fixa o Pisa, de 494 pontos. Em seguida vem Cingapura (573 pontos), Hong Kong (China, 561), Taiwan (China, 560), Coreia do Sul (554), Macau (China, 538) e Japão (536), Liechtenstein (535), Suíça (531) e Holanda (523).

Os jovens estudantes brasileiros não sabem escrever, ler ou compreender o mínimo que conseguem ler.  Portanto, para aumentar o hábito de leitura entre os brasileiros é preciso alfabetiza-los, primeiro.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Fila que envergonha


Luiz Garcia, O Globo

Como o nome indica, a Defensoria Pública da União existe para defender direitos e necessidades do respeitável público sempre que ele estiver ameaçado — frequentemente por departamentos e outros setores da acima citada União.

É uma missão de alta importância. Temos exemplo recente: um levantamento dos nossos defensores mostrou que, em seis hospitais federais do Rio, há mais de 12 mil pacientes, pacientemente esperando por atendimento. E haja paciência: alguns estão na fila há sete anos. E a incompetência hospitalar inclui todo tipo de procedimentos. Por exemplo, cirurgias vasculares, cardíacas, neurológicas, ortopédicas, urológicas etc.

Os defensores não se limitaram a constatar a situação — pode-se dizer, a crise — e pretendem processar, na Justiça Civil, o Ministério da Saúde. Vão exigir que o Ministério da Saúde apresente, dentro de dois meses, um cronograma completo das operações em atraso, cobrindo os próximos dois anos. O projeto deverá, como é óbvio, dar prioridade a crianças, adolescentes e idosos — assim como levar em conta a gravidade de cada caso.

Não será fácil. Só no Hospital de Bonsucesso, há exatamente 1.642 cidadãos esperando para serem operados, o que explica outra exigência: o ministério deverá realizar concurso para acabar com o déficit de profissionais nos hospitais públicos.

No Hospital do Andaraí, segundo denúncia do Sindicato dos Médicos do Rio de Janeiro, doentes em macas são atendidos nos corredores, e cirurgias eletivas — ou seja, não urgentes — são simplesmente adiadas sem prazo marcado.

O Ministério da Saúde anuncia algumas providências. Por exemplo, a convocação de todos os pacientes pacientemente esperando a sua vez de serem atendidos, para uma avaliação dos casos que exijam cirurgia. Num sistema mais bem organizado, isso seria feito no primeiro dia em que o cidadão batesse à porta do hospital.

O que mais assusta e preocupa o respeitável público é o fato de que os responsáveis pela saúde dos cidadãos não anunciaram medidas óbvias e importantes por sua própria iniciativa, e sim apenas quando a crise — não há outra palavra — foi denunciada pela Defensoria Pública. Os médicos não são culpados: a responsabilidade é, toda ela, do Estado.

E é bom não esquecer: essa crise — não há outra palavra para definir uma fila de mais de 12 mil doentes esperando cirurgia — acontece no Rio de Janeiro. Alguém se arrisca a imaginar a qualidade do atendimento médico nas regiões mais pobres do Brasil?

Luiz Garcia é jornalista.





Palavras, gestos e atos

Dilma Rousseff e os ex presidentes do Brasil viajam juntos para velório de Mandela.

Por Sandro Vaia

A palavra “estadista” nunca foi tão usada e abusada quanto nesta semana em que o mundo parou para lembrar, dançar, chorar e enterrar Nelson Mandela.

E a civilização do espetáculo, em que a cultura foi substituída pelo culto ao entretenimento, para simplificar a tese do Nobel Vargas Llosa, teve alguns momentos de culminância: o show Obama-Michelle-Cameron na sessão “selfie” com a loira dinamarquesa; o aperto de mão de Obama e o ditador cubano Raul Castro; o engodo universal do falso intérprete de sinais para deficientes auditivos, com seu irônico espetáculo cheio de gestos e vazio de conteúdo.

A presidente Dilma também reservou para si um cantinho do palco. Escalada para ser um dos oradores oficiais das exéquias, contribuiu para o espetáculo não só com seu modorrento discurso, mas também com seu voo ecumênico, onde inclui como passageiros todos os ex-presidentes vivos do País -- entre os quais um que foi obrigado a renunciar para não sofrer impeachment por corrupção.

Se Obama levou os Bush pai e filho, Clinton e Carter, por que Dilma não podia dar a sua lição de tolerância carregando seus antecessores, mesmo aqueles que, segundo declarações que deu num seminário antes da viagem, contribuíram para “aumentar as desigualdades do país”, que ela pretende extinguir?
Um gesto espontâneo de grandeza. Tão espontâneo que foi cantado em prosa e verso pela máquina de propaganda do Planalto e alardeada pela própria presidente em seu twitter oficial, como lição de convivência democrática. Uma convivência mercadologicamente conveniente.

Enquanto o tamanho de Mandela ficava em discussão, com a grande maioria convergindo para a tese do estadista, alguns intolerantes preferiam classificá-lo como “terrorista”, como se a luta contra a infâmia do apartheid pudesse ser comparada à delicadeza e arte de uma competição de florete.

O colunista Thomas L. Friedan, do The New York Times, escreveu sobre a “reserva moral” que Mandela acumulou ao longo de sua vida. E cita como exemplo singelo uma cena do filme “Invictus”, de Clint Eastwood, onde o presidente sul-africano (interpretado por Morgan Freeman) se manifesta contra a mudança das cores da seleção nacional de rúgbi, que durante anos foram símbolo da suposta supremacia branca. “Isto não serve à nação. Temos de surpreendê-los (referindo-se aos brancos) com moderação e grandiosidade”.

“Há muitas grandes lições nessa cena curta” -- escreveu Friedan. “A primeira é que, uma maneira de os líderes criarem autoridade moral é estarem dispostos a desafiar as suas próprias bases, às vezes -- e não somente o outro lado. É fácil liderar dizendo à sua própria base o que ela quer ouvir. É fácil liderar quando se está dando coisas. É fácil liderar quando as coisas vão bem. No entanto, é realmente complicado conseguir que sua sociedade faça algo grande e difícil”.

Tão complicado quanto juntar palavras, gestos e atos num mesmo significado.

Sandro Vaia é jornalista

sábado, 7 de dezembro de 2013

Justiça proclama a República na Papuda!

Penitenciária da Papuda em dia de visita: justiça acabou com privilégios
dos corruptos do PT
Por Reinaldo Azevedo

Afirmei isto no debate da VEJA.com, na quinta-feira, e reitero: os companheiros mensaleiros do PT — na verdade, parece que só eles importam (ver texto abaixo) — estão fazendo um esforço brutal para provocar uma rebelião na Papuda. Se acontecer, serão eles os únicos culpados. A Justiça decidiu (leiam post) que, a partir de agora, todos são iguais: não haverá mais distinção entre quem roubou dinheiro público e quem cometeu outros crimes.

Todos terão os mesmos dias de visita, e os familiares deverão ser previamente cadastrados. Salve! Proclamaram a República na Papuda! Os aristocratas do petismo não mais gozarão de direitos especiais. Desde 1980, quando foi criado, o PT tem um inimigo ideológico a ser combatido sem trégua: a “Dona Zelite”. O discurso já havia se provado falacioso em várias instâncias.

A farsa só não havia se revelado na cadeia. Chega a ser espantoso que a Justiça tenha de agir para que a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, sob o comando do petista Agnelo Queiroz, cumpra… a lei.

Fernanda Lima foi elogiada em todo mundo

Fernanda Lima é a apresentadora do sorteio dos grupos da Copa de 2014 Sergio Moraes/Reuters

Fernanda Lima dá show na festa e vira 'deusa'
Brasileira é elogiada por estrangeiros e ganha destaque internacional

Da Revista Veja

Quando foi anunciado que os atores Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert seriam os apresentadores da cerimônia do sorteio dos grupos da Copa de 2014, nesta sexta-feira, a Fifa foi acusada de racismo – os indicados teriam sido inicialmente Lázaro Ramos e Camila Pitanga. Simpática e muito elegante, Fernanda Lima apareceu de Louboutin e tubinho dourado de lurex com um decote para lá de generoso. Foi muito bem na função e ganhou elogios na imprensa internacional – sem falar nos jornalistas e dirigentes estrangeiros que estavam na Costa do Sauípe e passaram a maior parte da cerimônia sem tirar os olhos da brasileira. "Quem é Fernanda Lima, a deusa que apresentou o sorteio do Mundial", diz a manchete do site do diário argentino Clarín. A reportagem conta que a modelo é atriz da TV Globo e, para infelicidade dos leitores, casada com Hilbert. No site do italiano La Gazzetta dello Sport, tem destaque uma foto de Fernanda com o título: "Fernanda, magia no sorteio. Ela já é a musa do Mundial."

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Dirceu desiste do emprego

O presidente do Hotel Saint Peter, de Brasília, é um auxiliar de escritório que mora
num bairro pobre da capital do Panamá.

Advogados de Dirceu deliram e acusam imprensa

"Tendo em vista o linchamento midiático instalado contra José Dirceu e contra a empresa que lhe ofereceu trabalho, anunciamos que o ex-ministro decidiu abrir mão da oferta de emprego" diz uma nota assinada pelos advogados de José Dirceu, José Luis Oliveira Lima e Rodrigo Dall''Acqua.

Na falta de argumentos jurídicos, os advogados preferiram - para justificar os gordos honorários - atuar como grupo partidário, invocando que o condenado a 10 anos e 10 meses por corrupção e formação de quadrilha no processo do mensalão é um perseguido da imprensa. A nota, eminentemente de caráter político, soa tão frágil quanto as acusações de internautas financiados pelo governo federal que alegam pressão da mídia.


Dirceu recebera proposta para gerenciar um hotel em Brasilia - Hotel Saint Peter - com oferta de um salário de R$ 20.000, mas, diante das denúncias de que a empresa hoteleira possa estar metida em maracutaias fiscais e financeiras, o ex-ministro condenado desistiu alegando "sofrimento vivido pelos empresários". Basta dizer que o presidente do hotel é um auxiliar de escritório que trabalha numa banca de advogados no Panamá e mora num bairro pobre da capital. E, depois das denúncias, rapidamente o contrato social foi alterado.

Sem base jurídica para contrapor, os advogados falam que seu cliente tem sido "alvo de ódio e perseguição" e acusam a mídia de atuar de forma que impeça que seu cliente possa trabalhar.

José Luis Oliveira Lima e Rodrigo Dall''Acqua deveriam, na ausência de melhores argumentos, se calarem. Mas perderam esta chance.

PS: a revista Veja publica hoje que "a Cooperativa Sonho de Liberdade, da qual integram oitenta presidiários, formalizou no Supremo Tribunal Federal (STF) oferta de emprego para o trio petista formado por José Dirceu, José Genoino e Delúbio Soares. No caso do ex-ministro da Casa Civil, a proposta é para ser administrador da parte de fabricação de artefatos de concreto, com salário de 508,50 reais, vale-transporte e refeição no local de trabalho."