quinta-feira, 25 de agosto de 2016

A história do Hino Nacional Brasileiro


Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

O Hino Nacional Brasileiro, um dos quatro símbolos oficiais do país, - a bandeira, as armas nacionais e o selo nacional são os demais - tem a música de autoria de Francisco Manoel da Silva (1795-1865) e a letra de Joaquim Osório Duque Estrada (1870-1927).

Na verdade, a marcha foi composta em 1822 para se comemorar a independência brasileira e se chamava Marcha Triunfal e sua letra não é a que conhecemos hoje. De autoria de Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva, foi um desacato ao ex-imperador Dom Pedro I, que voltava para Portugal depois de abdicar ao trono brasileiro, em 7 de abril de 1831.

Os bronzes da tirania
Já no Brasil não rouquejam;
Os monstros que o escravizavam
Já entre nós não vicejam.

(estribilho)
Da Pátria o grito
Eis que se desata
Desde o Amazonas
Até o Prata

Ferrões e grilhões e forcas
D'antemão se preparavam;
Mil planos de proscrição
As mãos dos monstros gizavam

A letra atual foi escrita pelo poeta, jornalista e diplomata Joaquim Osório Duque Estrada somente 87 anos depois da música composta por Francisco Manuel da Silva, inicialmente para banda. Após desaforar Pedro I, a letra foi trocada, mais uma vez, para comemorar a coroação de Dom Pedro II (18 de dezembro de 1841, aos 15 anos) e, praticamente, tornou-se o Hino Nacional Brasileiro não oficial. Deodoro da Fonseca, com a instauração da república, promoveu um concurso para a escolha do novo Hino Nacional vencido pela letra de Medeiros e Albuquerque e música de Leopoldo Miguez. O povo não aceitou o novo hino que acabou sendo oficializado, em 1890, como Hino da República..

A composição de Francisco Manuel da Silva acabou sendo instituída como o Hino Nacional Brasileiro mas a letra que conhecemos hoje só foi cantada em 1922, nas comemorações do Centenário da Proclamação da Independência. O hino foi orquestrada por Antônio de Assis Republicano e instrumentalizado, para banda, pelo tenente Alberto Nepomuceno.


Somente em 1922, ao preço de 5:000$ cinco contos de réis, é que o direito sobre a composição foi oficialmente garantido (Decreto nº 4.559, de 21 de agosto daquele ano pelo Presidente Epitácio Pessoa decreto n.º 4.559 e oficializado em 2 de setembro de 1971.

Poucos sabem que nosso Hino Nacional Brasileiro, em sua introdução, tinha letra. Era de autoria de Américo de Moura
(natural de Pindamonhangaba e que tinha governado a província do Rio de Janeiro nos anos de 1879) mas, acabou excluída da versão oficial do hino.


LETRA DE INTRODUÇÃO DO HINO NACIONAL BRASILEIRO

Espera o Brasil que todos cumprais com o vosso dever
Eia! Avante, brasileiros! Sempre avante

Gravai com Buril nos pátrios anais o vosso poder
Eia! Avante, brasileiros! Sempre avante

Servi o Brasil sem esmorecer, com ânimo audaz
Cumpri o dever na guerra e na paz
À sombra da lei, à brisa gentil
O lábaro erguei do belo Brasil
Eia! sus, oh, sus!

"Sus" é uma interjeição que vem do latim e quer significar ânimo, avante, erga-se, coragem.



Hino Oficial Brasileiro cantado pelo Coral BDMG e Orquestra Sinfônica da Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, sem introdução cantada.

HINO NACIONAL BRASILEIRO OFICIAL
Primeira Parte / Segunda Parte

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heroico o brado retumbante,
E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó Liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido,
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo
És mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores,
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio "mais amores". (*)

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- Paz no futuro e glória no passado.

Mas se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada
Entre outras mil
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo
És mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

Executado para instrumentos, toca-se apenas a primeira parte.
Neste caso, não se canta. Em execução vocal exige-se a interpretação completa do hino.

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Imigração: Japoneses eram considerados raça inferior no Brasil

Defensores da eugenia chamavam imigrantes de aborígenes nipões

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Com a expansão cafeeira e falta de mão de obra pelo fim da escravidão, o Brasil implantou uma política de imigração com dois objetivos: suprir a mão de obra e "civilizar e branquear" a raça brasileira com a facilitação da entrada de imigrantes europeus. Em 1890 o presidente Deodoro da Fonseca assinou o decreto Nº 528 que proibia asiáticos e negros entrar no país, exceto se houvesse autorização do Congresso Nacional. Em 1892 a Lei 97 liberava a imigração de chineses e japoneses, tornando sem efeito a anterior.

Nina Rodrigues, o pai da Medicina Legal brasileira e Francisco José de Oliveira Viana (autor de "Populações Meridionais do Brasil", de 1918), foram os principais responsáveis pela propagação da ideia de "branqueamento" da raça, sem miscigenação, naquele período.

Kasato Maru, no Porto de Santos, em 1908. Este navio era russo e chamava-se Kazan, antes de ser tomado pelos japoneses durante a guerra contra a Rússia, entre 1904 e 1905. Esse conflito enfraqueceu o regime Czarista culminando com a revolução de 1918.
Primeiro imigrantes japoneses na chegada em Santos, 1908

Havia, para a recém república instaurada, o receio do expansionismo militar japonês que derrotou a China em 1895 e a Rússia em 1905. No começo de 1900, com a recuperação do preço do café, derrubado por uma superprodução nos últimos 5 anos, o governo federal incentivou a contratação de mão de obra japonesa, apesar do preconceito contra os orientais.

A diplomacia brasileira deu parecer contrário, como manifestou Manuel de Oliveira Lima ao Ministério das Relações Exteriores, considerando um perigo a miscigenação com "raças inferiores". Mas havia um grande problema: o governo da Itália havia proibido a emigração de italianos para o Brasil. Em 1907 criou-se a Lei de Imigração e Colonização cessando, assim, os efeitos da antiga Lei 528, de Deodoro da Fonseca.

O primeiro acordo firmado entre Brasil e Japão foi feito em 1907. A imigração se iniciou em 18 de junho de 1908 com a chegada do navio Kasato Maru que trouxe 781 lavradores japoneses cujo destino eram as lavouras de café no interior paulista. O último navio com imigrantes - Nippon Maru, chegou em 1973, cessando o período migratório.

No Brasil, durante o período da ditadura de Getúlio Vargas (1930/1945) discutiu-se, com mais ênfase, a necessidade do branqueamento da população brasileira com a vinda de imigrantes brancos europeus e a proibição para a entrada de negros e asiáticos.

Uma marca registrada de Vargas foi seu extremo rigor contra a imigração e ações contra núcleos de estrangeiros no país. A repressão aumentou consideravelmente durante o período da Segunda Grande Guerra especialmente contra japoneses, alemães e italianos e ações sigilosas para evitar a vinda de refugiados judeus. Os japoneses eram considerados raça inferior e leis foram propostas para impedir a chegada de mais "aborígenes nipões", como eram chamados por Miguel Couto, médico e deputado pelo Rio de Janeiro que liderava esse movimento. Couto defendia a eugenia (*). Durante a Assembleia Nacional Constituinte, de 1933, vários deputados defenderam essa posição, inclusive o sanitarista baiano Arthur Neiva e o cearense Antônio Xavier de Oliveira.

(*) Eugenia significa "bem nascido", termo cunhado por volta de 1880, por Francis Galton (1922-1911), tese científica que estuda o controle consciente da melhoria genética do ser humano, enriquecendo ou empobrecendo suas qualidades mentais e físicas. É de sua autoria o livro “Hereditary Talent and Genius”. Técnicas são utilizadas atualmente, em larga escala, para melhoramento genético de animais e plantas com a seleção dos melhores reprodutores.

A prática foi levada aos extremos no período nazista com a eliminação de "indivíduos indignos de viver", conforme a política social racial de Adolph Hitler que matou milhões de judeus além "degenerados, criminosos, deficientes mentais, homossexuais, insanos e fisicamente fracos".

(*) Em 1918 nasceu a Sociedade Paulista de Eugenia com o único objetivo de discutir o ideal de regeneração física e moral do homem e o primeiro Congresso de Eugenismo ocorreu em 1929. Nessa época discutiu-se "O problema Eugênico da Migração" com propostas claras de proibição da imigração de pessoas não-brancas ao Brasil.

A favor do branqueamento da raça, o congresso aprovou uma emenda constitucional que determinava "cotas" (julho de 1934), sem citar raças. Mas, pouco antes, a votação de um projeto de lei que simplesmente proibia a chegada dos "aborígenes nipões", terminou empatada. O desempate ocorreu pelo voto do presidente da casa. Italianos, espanhóis, portugueses não sofreram restrições.

Bento de Abreu Sampaio Vidal, então presidente da Sociedade Rural Brasileira e deputado estadual paulista, discursou a favor da necessidade da "raça brasileira se defender de imigrantes indesejáveis". Mas, por outro lado, defendia a qualidade da mão de obra dos japoneses e não os incluía entre os rejeitados:

"Conheço, como ninguém, o valor dos japoneses. Marília, a minha querida cidade, é o maior centro de japoneses no Brasil. É a gente mais eficiente para o trabalho, educada, culta, sóbria... Durante a noite escura, em que os fazendeiros não podiam pagar regularmente seus colonos, não se viu um colono japonês impaciente ou reclamando. Quanto à raça, não sei se os grandes médicos (referia-se aos eugenistas Miguel Couto e Arthur Neiva) terão razão, porque em Marília existem, entre os colonos, homens e mulheres bonitos e robustos."

Nas décadas de 30/40 somente os agricultores japoneses produziram mais 75% de todo chá plantado no Brasil e foram responsáveis pela produção de quase 60% da seda e de mais de 45% de todo algodão brasileiro. Quase 90% dos japoneses assinavam jornais impressos na sua língua quando Vargas proibiu impressos ou transmissão de rádio que não em português. Em pouco tempo ganharam a confiança dos donos de terras e passaram a produzir no sistema de arrendamento.

Em 1941, ao pedir a proibição do ingresso de 400 japoneses em São Paulo, Francisco Campos, Ministro da Justiça, justificou que "o padrão de vida desprezível dos nipões representa uma concorrência brutal com o trabalhador do país e seu egoísmo, sua má-fé, seu caráter refratário, fazem deles um enorme quisto étnico e cultural na mais rica das regiões do Brasil."

Hoje o Brasil abriga mais de 1,5 milhão de nikkeis, considerada a maior população japonesa fora do seu pais de origem. Nikkeis são os descendente de japoneses. Seus filhos são denominados nisseis, os netos sanseis e bisnetos, yonseis.

Declaração Universal dos Direitos do Homem (Nº 2 do artigo 13º): "Toda a pessoa tem o direito de abandonar o país em que se encontra, incluindo o seu, e o direito de regressar ao seu país"

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

"El gobierno te quiere estúpido", diz Gloria Álvarez


Gloria Álvarez, cientista política guatemalteca, analisa o populismo dos governantes latino-americanos e diz que o grau de liberdade de uma sociedade é resultado direto da auto estima individual. Quando o povo é tratado como eterno dependente da caridade estatal, mais submisso e manipulado será a governos populistas que se beneficiam com os baixos níveis da educação do povo. "O governo te quer estúpido" - publica Gloria Álvarez em seu Facebook. A entrevista foi concedida ao jornalista Adalberto Piotto. Assista!

- Vemos Cristina Kirchner nadando em dinheiro, Dilma Rosseff envolvida em casos de
corrupção, uma nova oligarquia de "boliburgueses" como são chamados os que a revolução bolivariana criou.
São mais direitistas que os direitistas que criticavam - diz Gloria sobre a esquerda latino americana.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

Pokémon e os professores analfabetos digitais

Aliar-se à tecnologias para melhorar a educação: como fazer isso com professores analfabetos digitais? 

Por Edson Joel

Alessandra entrou na sala dos professores e, entusiasmada, anunciou a descoberta fantástica que acabara de fazer:

- Gente, descobri que existe um tal de Google Map onde você coloca o endereço de destino e ele traça a rota mostrando como chegar lá. E ainda pinta o caminho de azul. Não é maravilhoso?

Se a descoberta da professora Alessandra, de 45 anos, tivesse ocorrida há 11 anos, ótimo. Mas isso tem apenas dois anos e mostra o enorme abismo entre professores e alunos. Como educar uma geração que nasce com smatphone nas mãos e caça pokémons se os professores são analfabetos digitais e ainda utilizam teorias mofadas de séculos passados como seu principal instrumento de alfabetização?

As tecnologias deveriam fazer parte do cotidiano escolar e, no lugar de pokémons, os alunos e seus professores caçariam verbos, adjetivos e soluções matemáticas "escondidos" nas salas de aulas. Os professores deveriam estar, pelo menos, nivelados com o grau de domínio dos seus alunos sobre tecnologias, mas, pasmem, a maioria é analfabeta digital e mal domina seu próprio celular. Estão apavorados com a implantação das secretarias digitais (que estão chegando com um atraso de 20 anos) e insistem em preencher as velhas talas, manualmente.

- Agora que eu estou quase me aposentando não quero saber dessa tal secretaria digital, Deus me livre - disse uma professora, no alto dos seus quase 50 anos. Oras, como entender uma colocação dessas, dentro de um ambiente que tem como única proposta a promoção do conhecimento? Por que a Secretaria da Educação não organiza cursos para treinar esse pessoal que treme ao ouvir falar de computador? 

Mas a culpa pelo caos na educação do país não está apenas na ausência de tecnologias nas salas de aulas ou no despreparo do professor - o menos culpado -, mas nos métodos de alfabetização que não alfabetizam e nas invencionices pedagógicas. E quem diz isso é José Morais, português especialista em alfabetização, emérito da Universidade de Bruxelas, doutor em desenvolvimento da cognição e psicolinguística que defende a neurociência na sala de aula.

O resultado é esse que já conhecemos: o Ensino Básico do Brasil está nas posições mais baixas nas avaliações coordenadas pela UNESCO, na América Latina (em leitura, matemática e ciência ficamos nas posições mais baixas (I e II, de uma escala que vai até IV) e 60º lugar no PISA, de 72 países avaliados). No
Enem 2014 o Ensino Médio, da rede pública, deu novo e enorme vexame.

Cognitivamente - segundo a neurociência - a criança pode aprender a ler aos 5 anos sem influenciar na maior ou menor habilidade para a leitura. Pelo método fônico uma criança brasileira pode se alfabetizar em menos de um ano, com excelente velocidade de leitura e compreensão.

Sabendo ler e entender o que leem, já no primeiro ano do Ensino Fundamental, a criança construirá, então, seu conhecimento, com muito mais facilidade e sem necessidade de se criar "programas de incentivos de leitura" que não conseguirão nenhum bom resultado entre analfabetos.

Em muitas cidades brasileiras o atual método de alfabetização (abençoado pelo Ministério da Educação e endeusado pelos intelectuais unespianos), foi colocado de lado e os resultados apareceram rapidamente. Por exemplo, Brejo Santo, uma pequena cidade com 45 mil habitantes, no Ceará cuja renda per capita é 70% menor que a média nacional, consegue alfabetizar seus alunos já no primeiro ano do Ensino Fundamental (99%) e seus alunos do 5º ano obtiveram excelente aproveitamento em matemática. Muitas unidades da rede da rede municipal chegam a 100%. O IDEB de Brejo Santo, há seis anos, era de 2,9. Hoje, 7,2, melhor que muitas capitais do país. Sabem o segredo? As invencionices construtivistas foram deixadas de lado e o método fônico foi aplicado.

Antes, a justificativa para o fracasso recaia no fato da comunidade escolar ser de baixíssima renda. Pois a mesma comunidade pobre, em menos de 6 anos, deu a volta por cima. Mais um mito derrubado. Na verdade, mais uma desculpa dada pelos pseudo pedagogos do Ministério da Educação contrariada na raiz do problema.

Basta lembrar que os dados do PISA mostram que os alunos mais pobres de Xangai sabem mais matemática que os alunos mais ricos dos Estados Unidos e Europa. Os defensores das teorias se calaram diante da constatação divulgada pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes - programa criado e ainda coordenado pelo matemático, físico e estatístico alemão Andreas Schleicher - que também fez o favor de publicar outros números que derrubaram vários
mitos da educação.

Atualização em 26.08.2016
Uma diretora de escola infantil de Bruxelas criou um aplicativo que caça livros ao invés de Pokémons. Os livros são espalhados pela cidade e os "caçadores" vão busca-los. Depois de ler, devolvem nos endereços indicados.
 

domingo, 31 de julho de 2016

Dores de cabeça, nas articulações e hipertensão: a causa pode estar na sua cozinha

O uso constante desse sal pode causar, além das dores de cabeça e dores nas articulações, hipertensão, formigamento, erupção cutânea, falta de ar, taquicardia, ganho de peso, dores nos músculos e distúrbios no sistema nervoso.

Por Edson Joel

Sabe aquela sua dor de cabeça que, sem motivos, vai e volta, sem explicação? Ou aquela quase enxaqueca perturbadora e irritante que ninguém consegue descobrir a causa? Ou aquelas dores nas articulações, parecidas com artrite?

Pois bem, prepare-se para descobrir que as causas podem estar dentro da sua casa, guardadas na cozinha. Chama-se glutamato monossódico ou GMS (sal sódico do ácido glutâmico), um aminoácido (aminoácido é a molécula que forma a proteína) encontrado na maioria dos alimentos processados para realçar o sabor de alimentos como hambúrgueres, sopas, batatas fritas, salsichas, molhos para saladas, carnes defumadas e grelhadas, condimentos preparados, molhos e biscoitos.

O uso constante desse sal pode causar, além das dores de cabeça e dores nas juntas, hipertensão, formigamento, erupção cutânea, falta de ar, taquicardia, ganho de peso, dores nos músculos e distúrbios no sistema nervoso.

"Brain lesions, obesity, and other disturbances in mice treated with monosodium glutamate" (lesões cerebrais, obesidade e outros distúrbios em ratos tratados com glutamato monossódico), de John Olney, pesquisador e professor de Psiquiatria, Patologia e Imunologia da Universidade de Washington é um estudo que os "defensores" do sal não conseguem contestar. O consumo de GMS aumenta a concentração de ácido glutâmico no organismo e isso pode desencadear o transtorno de hiperatividade. Já se associou este sal com depressão, fadiga, dores no peito e náuseas. Quimicamente o glutamato é 78% ácido glutâmico livre, 21% sódio e 1% de contaminantes, considerado excito-toxina, uma substância que estimula células.

O médico Robert Ho Man Kwok foi o primeiro a estabelecer relação entre o mal estar que sentia depois de comer em restaurante chinês com o glutamato. Em 1968 ele escreveu para o New England Journal of Medicine e o assunto tornou-se conhecido. Este aminoácido é comum em muitos alimentos, incluindo cogumelo seco, tomate, queijo parmesão e até mesmo no leite materno. Entretanto, os problemas relatados vem do consumo de GMS proveniente da cana de açúcar, presente na maioria dos alimentos industrializados.

A Federação das Sociedades Americanas de Biologia Experimental, a pedido da Food and Drug Administration (FDA) - órgão norte americano que regula o comércio de alimentos - promoveu uma avaliação de todos os estudos científicos a respeito. Concluíram que havia "evidências suficientes apontando para a existência de um grupo de indivíduos saudáveis que reagiam mal a altas doses de glutamato", geralmente uma hora após a ingestão de 3 gramas ou mais de glutamato, diluído em água. O experimento, entretanto, deveria considerar o consumo do sal misturado em alimentos e não em água.

E, segundo a FDA, o consumo diário da maioria dos indivíduos, no ano 2000, era de 0,55 gramas. Atualmente a presença do glutamato nos alimentos processados é quase 80% e a concentração consumida é muito maior. Mesmo assim a FDA considerou seguro seu consumo.

A experiência de uma família, sem glutamato

Durante anos uma família de Marília, de nosso relacionamento, consumiu fartamente Aji-No-Moto na comida caseira e em restaurantes. Os três filhos se queixavam de dores nas juntas e constantes dores de cabeça. Uma delas fez tour em diversos especialistas para descobrir o que provocava dores nas articulações dos pés, sem sucesso. O marido, apesar da boa saúde, queixava-se de dores de cabeça e taquicardia constantes e a esposa incluía, além, pressão alta.

Somente alguns anos após a morte da mulher e um novo casamento, percebeu-se a diminuição drástica dos problemas, em pouco tempo: a nova esposa não usa glutamato na comida de casa. Ela mesma já tinha vivido uma experiência de falta de ar, pressão alta, alteração no ritmo de batimentos cardíacos e dores de cabeça constantes, até abolir este sal do seu cotidiano. Alertados, os filhos passaram a evitar o consumo do glutamato com fantásticos resultados. O que se pensou ser artrite herdado da mãe era, na verdade, resultado do consumo de glutamato.

Se você tem dúvidas a respeito, faça uma experiência bem simples: deixe de usar glutamato ou de comprar alimentos processados com este sal. O único inconveniente é ter que ler os rótulos dos produtos para descobrir se contém glutamato monossódico ou não. Vale a pena e você não corre nenhum risco.

Glutamato monossódico
Composto químico
Fórmula: C5H8NO4Na
IUPAC: Sodium 2-Aminopentanedioate
Massa molar: 169,111 g/mol
Ponto de fusão: 232 °C
Densidade: 1,62 g/cm³
Classificação: Aminoácido
Solúvel em: Água


Fontes de pesquisa: BBC Brasil, LUCAS, D.R. and NEWHOUSE, J. P. The toxic effect of sodium-L-glutamate on the inner layers of the retina. AMA Arch Ophthalmol 58: 193-201, 1957. – Link: http://archopht.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=625186 OLNEY, J.W. Brain lesions, obesity, and other disturbances in mice treated with monosodium glutamate. Science 164: 719-721, 1969. – Link: http://www.sciencemag.org/content/164/3880/719, FAO Nutrition Meetings -Report Series No. 48A WHO/FOOD ADD/70.39 TOXICOLOGICAL EVALUATION OF SOME EXTRACTION SOLVENTS AND CERTAIN OTHER SUBSTANCES” – Link: http://www.inchem.org/documents/jecfa/jecmono/v48aje09.htm / "Brain lesions, obesity, and other disturbances in mice treated with monosodium glutamate" (lesões cerebrais, obesidade e outros distúrbios em ratos tratados com glutamato monossódico). Autor: John Olney, pesquisador e professor de Psiquiatria, Patologia e Imunologia da Universidade de Washington.

sábado, 16 de julho de 2016

O exagero das festas infantis não existe na Alemanha

O exagerado consumismo e endeusamento de datas para se comemorar torna as pessoas mais felizes? Ivana
Ebel pergunta: Quando os pais transformam cada aniversário do filho em um show pirotécnico, o que sobra para eles na hora de festejar o que realmente importa na vida?

Por Ivana Ebel

Se tem uma coisa que eu nunca entendi no Brasil foi o exagero dos pais na hora de organizar uma festa de aniversário para as crianças. Isso é mesmo parte da nossa tradição cultural? O país tem uma verdadeira indústria em torno do parece um desfile carnavalesco temático encerrado em qualquer dos salões de festa de Norte a Sul. Não, não me entenda mal: não sou contra celebrar a vida, festejar mais um ano. Mas chamar cem pessoas para um cenário emaranhado de figuras de isopor e balões porque o bebê está fazendo um aninho é de um exagero.

Quando cheguei aqui na Alemanha notei essa diferença antes mesmo de ter amigos com filhos. Nas lojas e supermercados, o setor das festinhas é bem pequeno. Velinhas, um ou dois brinquedinhos e deu. Pratos, copos, chapéus temáticos são raridade. As decoradoras de festas infantis morreriam de fome por aqui e os adultos gulosos pelos docinhos podem tirar o cavalinho da chuva.

Primeiro que os salgadinhos, docinhos e afins não existem. Alemães geralmente
detestam brigadeiro: acham doce demais. Em algumas comunidades brasileiras aparecem pessoas que oferecem os serviços pela internet para mães brasileiras que querem fazer as festas como na terra natal, para espanto e choque dos alemães. Ninguém por aqui entende o motivo de tanta pompa e circunstância – e eu compartilho esse sentimento: por aqui se celebra muito mais o primeiro dia de aula de uma criança do que o fato de ela fazer mais um ano.

Os primeiros anos dos bebês alemães que vi por aqui foram festejados pelo pai, pela mãe e, em alguns casos, pelos avós. Um bolo na mesa marcou a data, mas a vida não mudou seu curso por causa disso. E é assim até quando a criança está maiorzinha e passa a ter relações de amizade no jardim. Só então a festinha passa a ser mais importante. Aos 4 anos, ela pode convidar quatro amiguinhos. Aos 5, cinco. O convite para a festa é específico: tem a hora em que os pais devem deixar os filhos na casa do aniversariante e a hora em que devem busca-los.

Os pais dos convidados não ficam na festa. Geralmente a mesa é posta com bolo,
salsichas (claro!) e salgados feitos em casa, não se bebe refrigerante e, depois de comer, as crianças participam de brincadeiras organizadas pela mãe anfitriã. Nessas brincadeiras existem pequenas prendas e no final todos ganham uma sacolinha de balas para levar para casa. Mas a festa não precisa ser necessariamente uma festa. Pode ser apenas um dia especial em que a criança comemora com os amigos em um programa que ela escolheu: ir ao cinema, ir a um parque fazer piquenique, um parque de diversões.

Na escolinha, nada de frescura. A mãe leva um bolo ou muffins e algo salgado. Podem ser palitos de cenoura ou rodelas de pepino, por exemplo. Nada de decoração. O aniversariante usa uma coroa e é o rei da turma naquele dia. Geralmente se senta em uma cadeira em forma de troninho e é isso. A vida por aqui é muito, muito menos complicada. E
menos consumista também.

Os casamentos seguem a mesma linha. Muita gente se casa apenas no civil, festeja no quintal de casa, faz fotos com amigos queridos em um parque e ninguém acha que por isso exista menos amor. Na verdade, confesso que a simplicidade da cerimônia me faz crer na cumplicidade do casal, mas isso é outro debate. Nunca fui uma moçoila casadeira mesmo.

Mas depois de alguns anos aqui começo a achar que uma coisa é o resultado da outra. Quando os pais transformam cada aniversário do filho em um show pirotécnico, o que sobra para eles na hora de festejar o que realmente importa na vida?

Estamos constantemente preocupados em mostrar para o vizinho que a Pepa Pig da festa do nosso filho tem mais purpurina do que Elza do cenário do outro. No fundo, em vez de passarmos tempo de qualidade com quem amamos correndo por um parque ou cuidando do jardim, estamos mais preocupados em decidir o tema da próxima festa de isopor.

É na simplicidade de viver que os alemães e seu jeito austero nos fazem pensar no porquê de tanta complicação. Sem arcos de balões, eles dão de mil a zero na nossa pretensão de sermos calorosos, porque investimos mais nas aparências e convidamos dezenas de pessoas que nem gostamos tanto assim. Apostamos mais no cenário do que nas relações verdadeiras.

domingo, 22 de maio de 2016

O projeto totalitário do PT

Editorial O Estado de São Paulo

A resolução divulgada pelo PT no dia 17 passado finalmente expôs por inteiro o projeto totalitário do partido. Ficou claro, pelo texto, que os petistas pretendiam submeter o conjunto da sociedade brasileira, inclusive suas instituições basilares, a seus tenebrosos propósitos, tornando-a prisioneira de um simulacro de democracia que, a pretexto de satisfazer os interesses do “povo”, serviria apenas para permitir que um sindicato de mafiosos se apossasse definitivamente do poder.

Não se trata de nada revolucionário, tampouco inédito. Pelo que se depreende da resolução, o modelo almejado – além de ter salientes aspectos do gangsterismo sindical – é o do populismo militar, cujo exemplo sonhado pelos lulopetistas é o do caudilho venezuelano Hugo Chávez. De acordo com esse pensamento, as Forças Armadas não existem como instituição do Estado, cuja função é zelar pela integridade territorial e pela garantia dos Poderes constitucionais, mas sim como um braço do Executivo em sua tarefa de sufocar os demais Poderes e, no limite, ser a vanguarda da militarização de toda a sociedade, deixando-a sempre de prontidão para obedecer às ordens do líder, sejam elas quais forem. Enquanto isso, a vanguarda partidária e associados podem assaltar o Estado à vontade.

Movidos por esse espírito, os petistas chegaram ao atrevimento de sugerir, em sua resolução, que os militares deveriam ter interferido no processo de impeachment em defesa da presidente afastada Dilma Rousseff – e só não o fizeram, conforme se deduz do texto, porque falta às Forças Armadas um oficialato com vocação democrática e nacionalista. Ou seja, para o PT, o Exército deveria igualmente afrontar as demais instituições e submeter-se de corpo e alma ao projeto do partido, já que este, segundo a convicção dos ideólogos petistas, é o único porta-voz e intérprete do povo, o que inclui os militares.

Na resolução, o PT colocou a questão militar entre os “descuidos” que cometeu ao longo dos mais de 13 anos em que esteve no poder. Depois de declarar que o partido deveria ter se preocupado não apenas em realizar “administrações bem-sucedidas”, mas principalmente em concentrar “todos os fatores na construção de uma força política, social e cultural capaz de dirigir e transformar o País” – ou seja, aparelhar todo o Estado –, o PT disse ter falhado ao não “modificar os currículos das academias militares” e ao não “promover oficiais com compromisso democrático e nacionalista”.

Ou seja, os petistas acreditam que as Forças Armadas carecem de líderes alinhados aos interesses do “povo” que o PT julga representar, razão pela qual os militares não entenderam o impeachment de Dilma como um movimento “golpista” essencialmente oligárquico e estimulado pelo imperialismo americano, como se lê na resolução do partido.

“O que eles queriam, que os militares tivessem ido às ruas defender o governo?”, questionou o general Gilberto Pimentel, presidente do Clube Militar, ao “As Forças Armadas são uma instituição de Estado. O erro deles, entre outros, foi ter tentado nivelar o Brasil por governos populistas como Bolívia e Venezuela”, completou Pimentel, expressando a indignação que a resolução petista causou entre os militares.

Na mesma linha foi o general Rômulo Bini Pereira, ex-chefe do Estado Maior da Defesa, para quem os petistas “queriam militares que abaixassem a cabeça para eles, como se tivéssemos Forças Armadas bolivarianas, como na Venezuela”.

O comportamento sereno das Forças Armadas em meio a toda a tensão causada pelo processo de impeachment é exemplo cabal da consciência dos militares a respeito de seu papel na democracia. Somente aqueles desprovidos de vocação democrática, como o PT, são capazes de enxergar nesse distanciamento dos militares um sinal de descompromisso com o País e com o povo. Felizmente a ousadia populista e autoritária do PT, que confessou agora sua intenção de aparelhar também o Exército, foi devidamente denunciada.

Completou-se o círculo. Vê-se pela resolução do PT, além de qualquer dúvida, que o objetivo do partido era – e é – moldar todas as instituições nacionais para que servissem a uma ideologia e a um bando que de democráticos nem o nome têm.

sábado, 21 de maio de 2016

Os "professores" de esquerda e a corrupção do caráter

Luiz Felipe de Cerqueira e Silva Pondé
Luiz Felipe de Cerqueira e Silva Pondé é um filósofo e escritor, autor do Guia Politicamente Incorreto da Filosofia. Aos 57 anos o pernambucano já chamou os professores esquerdistas das universidades brasileiras de "ratazanas com PhD".

Ele tem uma explicação que enquadra bem aqueles "professores" chatos ateus petistas das universidades e com conhecimento wikipediano. Assista ao vídeo publicado por Contraponto. Pondé explica os professores de esquerda.




Nobel Mário Vargas Lhosa: Lula é uma fonte de corrupção sem precedentes



O prêmio Nobel, o peruano Mário Vargas Lhosa, falando na Câmara de Comercio, em Buenos Aires, disse claramente que o governo Lula foi uma fonte de corrupção sem precedentes no Brasil.

A democracia estava gangrenada pela corrupção, afirmou durante o encontro "América Latina de cara para o futuro". Lhosa disse que "o mundo inteiro tinha santificado Luis Inácio da Silva mas os brasileiros descobriram que o governo de Dilma herdou e manteve uma corrupção que começou com Lula e estão desmitificando seus santos".

A justiça começou a investigar Lula, Dilma, 3 ministros e mais 27 pessoas ligadas a corrupção.

Lhosa é escritor, jornalista, ensaísta e político do Peru e conquistou o Prêmio Nobel de Literatura de 2010.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Qual é a menina dos olhos do Secretário da Educação?

José Renato Nalini, Secretário da Educação do Estado de São Paulo: prioridade com os grêmios

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

José Renato Nalini, Secretário da Educação do Estado de São Paulo que assumiu no lugar do unespiano construtivista Herman Voorwald, tem como menina dos seus olhos um projeto que está longe de fechar escolas - como seu antecessor desejava - mas igualmente muito distante do principal problema da rede pública que é a alfabetização: Nalini quer criar grêmios estudantis em toda rede.

O estado mais rico da federação que não consegue, sequer, alfabetizar suas crianças, (por conta de métodos, metodologias e invencionices pedagógicas cheias de teorias mofadas e nenhum resultado) agora está mais preocupado em implantar "grêmios estudantis", segundo nota da própria secretaria. Nalini tem esse projeto como menina dos seus olhos e está infernizando a rede para que todas as escolas instituam seus grêmios "para dar voz ativa em decisões do ambiente escolar, inclusive com apresentação de pauta de reivindicações às diretorias", segundo ele. Das mais de cinco mil escolas paulistas, 3,5 mil já tem seus representantes eleitos.

Este súbito interesse surgiu depois que Alckmin "ouviu" as reivindicações nascidas das manifestações dos estudantes que invadiram as próprias escolas... para exigir melhoria na educação, um pleito antigo mas nunca ouvido.

Criar grêmios é mais simpático que fechar escolas. Mas não resolve nada. O problema da educação nacional começa no primeiro ano do ensino básico: o atual método de alfabetização... não alfabetiza. As avaliações produzidas pelo próprio governo demonstram isso. A neurociência também.

Mas parece que Nalini ignora tudo isso.

domingo, 15 de maio de 2016

Neurocientista apresenta método de alfabetização letra por letra

A neurociência mostra que o construtivismo
 ensina o lado errado do cérebro,
afirmou Dehaene.
Site da Secretaria da Educação de Santa Catarina

Estudos indicam que o método fônico é o mais eficiente e que qualquer criança pode ser alfabetizada em português em menos de um ano. Estas foram algumas das principais conclusões apresentadas pelo neurocientista francês Stanislas Dehaene durante seminário na Secretaria Estadual de Educação de Santa Catarina (SED) em 2012.

“Embora desagrade a muitos, não se aprende a ler de cem maneiras diferentes. Cada criança é única, mas, quando se trata de alfabetização, todas têm basicamente o mesmo cérebro que impõe a mesma sequência de aprendizagem.

Quanto mais respeitarmos sua lógica, mais rápida e eficaz será a alfabetização”, garantiu o neurocientista. Dehaene frisa que é essencial ensinar explicitamente às crianças a relação entre fonemas (sons) e grafemas (letras) porque é dessa forma que elas ativam os circuitos decisivos para ler, ganhando velocidade e autonomia para lerem palavras novas, de forma muito mais rápida.

“Meus filhos fizeram na escola muitos exercícios de observar a forma global das palavras, mas as imagens do cérebro mostram que isso não ativa os circuitos que importam para a leitura”, acrescentou. 

Ele garantiu que a ineficácia do método global ou construtivista está provada não só em laboratório, mas em centenas de experimentos realizados em inúmeros países e que esses conhecimentos científicos vêm reorientando as políticas públicas de vários governos. Dehaene admite que o construtivismo e o método global nasceram da ideia generosa de evitar o adestramento acrítico de fazer as crianças repetirem sílabas sem sentido, da preocupação com fazê-las prestar atenção no significado.

“O problema é que o cérebro precisa decodificar para ler, só consegue prestar atenção no significado quando a leitura ganha certa velocidade e que conseguimos isso muito mais rápido com o método fônico”.

Dehaebe conta que, na França, testes que compararam crianças de mesmo nível socioeconômico no final da escolarização mostraram que os alunos que haviam sido alfabetizados pelo método global não só liam mais lentamente, como tinham mais dificuldade para compreender textos do que os que haviam aprendido pelo método grafo-fonológico.

Segundo o cientista, com a metodologia adequada, em português, uma criança leva poucos meses, no máximo um ano, para aprender a ler e escrever. No Brasil, como na maioria dos países, a alfabetização tem início aos seis anos, mas, a despeito das evidências científicas, o Ministério da Educação admite que se estenda até os oito.

O cientista aproveitou para apontar as implicações destas descobertas para a prática em sala de aula. “A escola precisa ser organizada para a aprendizagem. Um ambiente atrativo facilita o processo da leitura. O docente tem que observar em que nível de progressão a criança se encontra e uma avaliação permanente, por parte do professor e a auto avaliação do aluno, são essenciais para esse processo”, afirma Dehaene.

Além do método fônico, ele destacou a importância do ensino estruturado, que é feito uma sequência que respeita a lógica de como o cérebro aprende, começando do simples para o complexo, ensinando uma letra de cada vez, começando pelas mais regulares na sua relação com os sons, as mais fáceis de serem pronunciados separadamente e pelas mais frequentes. Ele também destaca a importância dos erros e da recompensa, o reconhecimento pelos avanços. “Os erros são mais úteis para a aprendizagem do que os acertos, mas só se a criança receber logo o feedback da correção. Ela não deve ser castigada, mas deve ser corrigida e reconhecida, elogiada por seus avanços”.

Exercícios abundantes e diversificados adequados ao nível de progressos da criança são outros elementos da receita de sucesso de Dehaene. “Se não diversificarmos, as crianças memorizam os exercícios sem aprender a decodificação que lhes permitirá ler qualquer palavra”. Os programas Alfa e Beto foram mencionados pelo pesquisador como bons exemplos de ensino estruturado de alfabetização a partir do método fônico.

PS: Para Dehaene, em matéria do jornal O Globo, o construtivismo ensina o lado errado do cérebro.

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quinta-feira, 21 de abril de 2016

Quanto custa ser entrevistado pelo Jô Soares?

O que você pensa quando Jô Soares entrevista o autor de um livro? Que ele é um homem letrado que adora divulgar cultura? Cada entrevista custa milhões e quem paga são as editoras.

Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

Você sabe quanto custa para veicular um comercial de 30", em rede nacional, na novela Velho Chico, da rede Globo? Exatos R$ 715.000,00, por inserção. Por cada comercial veiculado. Os grandes anunciantes pagam porque o retorno vem.

No Jornal Nacional, R$ 708.000,00, com um descontozinho de uns 5%. No Bom Dia Brasil, cujo universo de audiência é menor, porém eficaz no seu target, é bem mais barato: R$ 85.400,00, cada inserção. No Programa do Jô Soares, cada comercial de 30" custa R$ 72.000,00. Exceto nos intervalos do Jornal Nacional - que só aceita 30" - o formato de 15", tem coeficiente de 0,50 no período matutino e vespertino, até as 17 horas, com exceções do Globo Esporte e Jornal Hoje.

Este é o mundo profissional da televisão.

Existem outros formatos de anúncios. O merchandising é muito utilizado e o telespectador, geralmente, nem percebe que está consumindo. A exposição ou degustação de produtos por uma atriz, numa ação dentro de uma novela, é muito comum, porém, perceptível. Ela toma uma bebida e faz um comentário descontraído do tipo "que delícia". A atriz que atuou recebe um belo cachê (o valor depende de quanto é famosa) e a emissora leva seu naco maior, claro, que pode variar dependendo do programa.

Mas tem "anúncio" disfarçado que a maioria da audiência não identifica.

Por exemplo, o que você pensa quando Jô Soares entrevista o autor de um livro? Que ele é um homem letrado que adora divulgar cultura? Que tudo não passa de humor quando o entrevistado mostra uma toalha pendurada no pênis e narra peripécias sexuais? Neste segundo caso, mesmo que o nome Viagra não tenha sido citado na "divertida" entrevista, o laboratório Pfizer pagou uma bela grana pela propaganda do azulzinho.

As editoras são grandes clientes da Globo. A emissora explora bem o perfil do programa do Jô para divulgação de seus títulos, um mercado bilionário. Faça as contas: um bom livro vende 800.000 cópias rapidamente. Multiplique por um preço razoável de R$ 35,00 cada e veja o volume do negócio. Porque a Globo faria de graça? Muito menos o Jô. A editora fatura, a emissora também. Jô recebe sua parte como cachê, normalmente 20%. Estamos falando de merchandising que podem custar um ou dois milhões ao cliente. Isso é ação publicitária para vender produtos ou serviços. Você compra se achar conveniente.

Mas, quando se tenta vender ideologia e o futuro de uma pátria colocando-se em jogo a liberdade de uma nação, para uma maioria, é alta traição. Mas, como Jô, dezenas de "artistas" fisgaram altos cachês para dar uma piscada simpática a uma senhora que levou o país ao caos, tem sérios problemas mentais e é manipulada por um bufão populista, envolvido em corrupção e, talvez, assassinato.

No marketing político o merchandising é exaustivamente e abusadamente utilizado. Esta comunicação gera empatia com o candidato e cria sentimentos positivos se a ação for bem executada. Camufladamente pessoas influentes pagas com cachês altíssimos dão testemunhos a favor de um concorrente. O eleitor se convence.

A entrevista com Dilma Rousseff, foi o que? Jornalismo? Não mesmo. Foi merchandising, negociado pelo hoje encarcerado João Santana, especialista no uso destas técnicas. Durante esse festival de asneiras, o gordo vomitava um "é verdade", quase sem respiração, assinalando concordância com a trágica e cômica explanação de Dilma sobre a bíblia e outros temas. Patético! Doente e sem crédito, Jô sairá de cena no final do ano. 

E por que Wagner Moura, que surgiu do nada, testemunharia em defesa de um governo corrupto, vândalo e prostituto político com confesso interesse de controlar a imprensa? O que levaria alguém, que se supõe melhor informado, apoiar uma causa indefensável contrariando a vontade das ruas? Por cachê, tal e qual se paga pra um artista que vende carne, sabonete ou cerveja em anúncios de revistas, jornais e televisão.

Considerando que a maioria nessa área está falida, qualquer valor é bem vindo. Um bom cachê pode chegar entre 100 mil a 800 mil pra se anunciar um bom produto, em rede nacional. Mas se envolver politicamente, como no caso de Moura e outros, a verba pode chegar entre um e 10 milhões. Mas receber "apoio" da classe artística melhora o nível de aceitação do governo? As ruas tem mostrado que é dinheiro jogado fora. Mas, considerando que o dinheiro saiu da corrupção, tanto faz tentar.

Lula não pode aparecer em público que é alvo de xingamentos, Dilma sequer se expõe em eventos esportivos onde a vaia é geral. O que fazer? Quem respondeu "dar verba para torcidas organizadas" em troca de "apoio" a Dilma, acertou! O governo petista não tem ideologia, na verdade. Tem marketing sujo, aquele que usa de mentiras para eleger inelegíveis.

Por cachê pago pelo PT artista de novela até cospe, quando confrontados. Foi o caso de José de Abreu contra um casal em um restaurante que repetiu o gesto já praticado pelo deputado Jean Wyllys. Além de burros, são sujos.

domingo, 10 de abril de 2016

Voltaire nunca disse isso

Evelyn Beatrice Hall
Por Edson Joel Hirano Kamakura de Souza

"Desaprovo o que dizes mas, defenderei até a morte o vosso direito de dizê-lo". Essa citação, explorada nos discursos de todos os parlamentos do planeta e discutida em prosa e verso, erroneamente foi creditada ao escritor e filósofo francês François Marie Arouet, mais conhecido por Voltaire (1694-1778).

A frase tornou-se bandeira das lutas pela liberdade de expressão. Mas não foi Voltaire quem disse tal e sim sua biógrafa Evelyn Beatrice Hall (1868/1939). Evelyn chegou a usar o pseudônimo de S.G. Tallentyre durante algum tempo.

No livro de sua autoria "Os amigos de Voltaire" que trata sobre a vida e pensamento de dez dos mais próximos de Voltaire - obra, lançado na capital inglesa em 1906 - há registro da frase "I disapprove of what you say, but I will defend to the death your right to say it" quando se refere a Helvétius com quem Voltaire teve algumas discordâncias ao longo da vida. Por volta de 1758, Claude-Adrien Helvétius lançou o livro "De l'espirit" que afrontou a igreja Católica que mandou queima-lo. Mas o parlamento francês, como a intelectualidade de Sorbonne, também não aprovaram.

Como Voltaire deixou claro seu desagrado pelo ato da igreja contra o livro de Helvétius, a autora acabou cunhando a frase entre aspas, causando a confusão, já que estava na primeira pessoa. Evelyn voltou a repetir a frase com aspas no livro "Cartas de Voltaire" de 1919 o que reforçou a ideia de ter sido dita pelo biografado. Porém, a própria Evelyn se desculpou, em carta reproduzida na revista Modern Language Notes, em 9 de maio de 1939, confessando ser de sua autoria e não de Voltaire tal frase.

Acreditou-se que Voltaire teria dito algo próximo para um tal Monsieur Le Riche, por volta de 1770. Em uma carta teria dito "Senhor abade, detesto o que escreve, mas eu daria minha vida para que pudesse continuar escrevendo", o que seria uma variação da frase que Evelyn escrevera. Mas isso também não se confirmou depois de se buscar tal citação ao Monsieur Le Riche
.

Agonia moral


"Sua batalha está perdida porque ele perdeu o bem mais precioso que poderia ter ─ a força moral decisiva para tornar-se alguém que valha a pena como pessoa e como homem público."

J.R.GUZZO / Revista Veja

O ex-presidente Lula perdeu a batalha mais importante de sua vida. Tem pela frente, ainda, um demorado tiroteio nas altas, médias e baixas cortes da Justiça Penal brasileira. Mas não tem mais esperanças de sobreviver a uma doença para a qual não existe cura conhecida: a destruição de sua força moral. Trata-se do conjunto de atributos que realmente separa os homens, e mesmo as nações, em matéria de sucesso ou fracasso, e ao qual se costuma dar o nome genérico de caráter. Sabe-se desde sempre o que entra nesse conjunto. Entram aí o valor da palavra dada, a reputação, o respeito aos outros e a si próprio, a capacidade de transmitir confiança. É a força que faz uma pessoa falar e ser naturalmente acreditada. É a coragem para assumir responsabilidades, enfrentar momentos adversos, não abandonar os amigos em dificuldade. É o exercício da honestidade e da integridade comuns. Em suma, é o que na linguagem do dia a dia se chama de “vergonha na cara” ─ ou honra pessoal. Muito mais que fama, força ou riqueza, é o que realmente faz a diferença. Fará toda a diferença para Lula. Sua batalha está perdida porque ele perdeu o bem mais precioso que poderia ter ─ a força moral decisiva para tornar-se alguém que valha a pena como pessoa e como homem público.

Hoje, vivendo acuado num prédio de escritórios do bairro paulistano do Ipiranga, com suas despesas pagas por magnatas, cercado não pela massa dos pobres que diz ter salvado, mas por negociantes de “marketing”, burocratas do PT, parasitas variados e uma armada de advogados que pouquíssimos brasileiros poderiam pagar, Lula está só. Do povo, nem sinal. O homem que tanto menosprezou os adversários falando de sua popularidade de 100% não pode ir a um campo de futebol ─ nem ao estádio do Corinthians, em Itaquera, cuja construção impôs para a Copa do Mundo de 2014, da qual não conseguiu assistir a um único jogo. Não pode ir jantar um frango com polenta em São Bernardo. Não pode ir a uma loja, comer um pastel de feira ou andar sem a proteção de um regimento de seguranças. Não pode ir ao infeliz sítio de Atibaia que tanto frequentou até faz pouco, e no qual empreiteiros amigos socaram uma fortuna em reformas ─ nem, menos ainda, a esse amaldiçoado tríplex do Guarujá. Não pode, no fim das contas, sair à rua ─ e, como se fosse um castigo, não pode gastar livremente no próprio país os milhões de reais que ganhou fazendo palestras para construtoras de obras públicas e outros colossos da elite empresarial brasileira. Que líder de massas é esse? Aos 70 anos de idade, Lula veio acabar metido na situação contrária à que Guimarães Rosa descreve num conto particularmente genial de sua vasta coleção de contos geniais, o Burrinho Pedrês. Como se lembram os leitores da história, o modesto burrinho sabia uma coisa mais importante que todas as outras, para quem, como ele, tinha sido sorteado com uma vida difícil ─ jamais entrava em lugar algum de onde não soubesse como sair depois. O ex-presidente entrou com tudo. Agora precisa sair, mas não sabe onde está a saída.

É certo que Lula não será ajudado, nessa procura por um caminho capaz de tirá-lo do buraco, por nenhuma das manobras que vem utilizando há trinta anos para dar a volta em seus problemas. A causa verdadeira do colapso que vive hoje é o fato de ter entrado em estado de coma moral ─ e isso não se resolve chamando um gerente de propaganda para bolar comerciais de TV, da mesma forma que “imagem”, por mais esperteza que se empregue em sua criação, não substitui caráter. Também não adianta gastar dinheiro com advogados que passam o tempo armando chicanas processuais e outros truques destinados a impedir que se julgue o mérito real dos fatos alegados contra ele; isso pode funcionar como estratégia de fuga, mas não cria valores em cima dos quais se consiga construir uma reputação. Não é possível sair do lugar em que o ex-presidente se enfiou distribuindo camisetas vermelhas, fretando ônibus e pagando diárias, sempre com dinheiro público, a milícias que se apresentam como “movimentos sociais”. Dá errado, cada vez mais, continuar atirando em Fernando Henrique Cardoso ─ isso para ficar apenas no alvo que se tornou sua ideia fixa ─ na esperança de provar que “todo mundo é igual”; quanto mais tentam fazer a comparação, mais chocantes ficam as diferenças de conduta entre os dois. Enfim: tem-se tentado de tudo, e nada dá certo. Continuará assim, pois nada altera a pane central que existe nessa história: Lula não é o homem que diz ser. Também não é o que seus admiradores, de boa-fé ou por interesse, acham que seja.

A desmontagem da estrutura ética do ex-presidente está sendo feita unicamente através de fatos, não de alegações; e são fatos que não precisam mais ser provados, pois todas as provas já foram exibidas e confirmadas. Mais: nenhum deles, até agora, foi apresentado ao público brasileiro pela oposição, que se limita a acompanhar sua divulgação na imprensa e fazer o mínimo possível de comentários.

A derrota, enfim, não veio por causa de nenhuma batalha dessas que fazem tremer a terra ─ nada de Waterloo, ou de invasão da Normandia no Dia D. Tudo veio acabar em mesquinharia e pequenez, nas miudezas miseráveis da reforma de um sítio de segunda linha, nas 200 caixas de mudança da “transportadora Cinco Estrelas”, nos desvãos de uma arapuca imobiliária que lesou 3 000 famílias com um golpe na praça. Não houve a discutir, nessa demolição, uma única questão de princípio, filosofia política ou consciência ─ ficou tudo exclusivamente numa conversa de fim de feira sobre quem é o dono do tríplex na cooperativa falida, quem pagou a cozinha Kitchens, quem mora de graça na casa de quem. Mais que qualquer outra coisa, ficou uma palavra-guia, a palavra que não pode mais calar na biografia de Lula: empreiteira, empreiteira, empreiteira. É aí, na hora da verdade, que ele encontrou de fato sua perdição.

Nada destruiu tanto a autoridade moral de Lula quanto seu convívio com as empreiteiras de obras brasileiras, durante e depois de seus dois mandatos. Nunca antes, em toda a história do Brasil, houve um presidente da República com tantos e tão íntimos amigos entre os empreiteiros. Alguém é capaz de citar outro? Em apenas quatro anos, de 2011 a 2014, momento em que a casa começou enfim a cair, Lula recebeu 27 milhões de reais para fazer palestras encomendadas pelos gigantes da construção pesada no país. Foi presenteado, também, com contribuições milionárias para sustentar as despesas do seu Instituto Lula ─ isso e mais viagens de jatinho, uma antena de celular a 100 metros do sítio que utiliza em Atibaia, e as obras de reforma nesse mesmo e malfadado sítio, que agora atormentam sua vida. Os presentes não vieram apenas das empreiteiras, certo, mas isso não melhora sua situação em nada ─ vieram de fontes mais sombrias ainda, como um consórcio de estaleiros que vivem de contratos com a Petrobras, o Banco BTG Pactual, um “centro de estudos” de Angola. Através da francesa GDF Suez, há traços até da inesquecível Astra Oil, que vendeu à Petrobras o ferro-velho da refinaria americana de Pasadena, algo tão parecido com uma negociata em estado puro, mas tão parecido, que até hoje não foi possível descobrir a diferença. Ganhar dinheiro fazendo palestras para essa gente está dentro da lei? Está. Está dentro da moral comum? Não está, e é aí que começa e acaba o problema. Um ex-presidente da República não pode, simplesmente não pode, aceitar dinheiro de empresas que dependem do Tesouro para sobreviver. É isso, e ponto final.

Como seria possível confiar na imparcialidade, na palavra e na integridade de valores de alguém que anda em tais companhias, ainda mais quando se sabe da influência que exerce no governo que está aí? Lula recebeu dinheiro das empreiteiras porque foi presidente do Brasil por oito anos, e não por seus conhecimentos em matéria de viadutos, ferrovias e usinas hidrelétricas; ninguém lhe daria um tostão furado se tivesse sido apenas presidente de sindicato. Lula diz o tempo todo que só chegou ao comando da nação porque os pobres votaram nele. Mas não vê nenhum problema no ato de transformar em dinheiro vivo, agora, o apoio que recebeu dos humildes ─ a quem deve tudo, inclusive sua transformação em milionário. O ex-presidente, de tempos em tempos, diz que tem o direito de ser rico. Tem, mas não tem. Não pode botar no bolso, sem se desmoralizar, 27 milhões de reais de empreiteiros ─ nem ser seu amigo íntimo, prestar-lhes serviços, permitir que lhe paguem despesas, aceitar que sejam sócios de um dos seus filhos e sabe-se lá ainda o que mais. Um homem público como ele não pode, nessas coisas, ser igual aos demais cidadãos. Tem de abrir mão de uma porção de confortos; é o preço a pagar para manter inteira a sua moral. Se achar injusto, bastará deixar a vida pública; ninguém é obrigado a ser presidente da República.

Lula acostumou-se a achar que tem direito a tudo, e não está sujeito a nada. Imaginou que pudesse ser o mais querido entre as empreiteiras ─ e que isso não iria lhe trazer problema algum. Achou que seus dois filhos pudessem ganhar milhões fazendo negócios com empresas que dependem do governo. Não viu nada de mais em meter-se com uma quadrilha que vendeu apartamentos na planta a bancários, roubou o dinheiro que recebeu deles e foi à falência sem entregar os prédios. Com exceção, claro, de um ou outro que foi concluído por uma empreiteira, mais uma, e reservado aos amigos ─ entre eles o que abriga o tríplex do Guarujá. O que Lula, que nem bancário é, estava fazendo no meio dessa gente? As histórias vão adiante e adiante; o que apareceu escrito aqui está muito longe de ser tudo. Mas é o suficiente. Este é um combate que claramente chegou ao fim.